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11 de set. de 2010

1 Timóteo 3:2-7 “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo.” Atos 20:28 “Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.”


João Calvino: Sua Visão Pastoral
por
Rev. Gildásio Reis

“Calvino é pastor zeloso e incansável no seu esforço em favor de suas muitas ovelhas, sofridas e angustiadas por males de toda sorte” –– Wilson Castro Ferreira


Muitos membros em nossas igrejas e principalmente nós pastores, estamos mais acostumados a pensar na figura do “Grande Reformador” como um Teólogo, do que como um pastor de almas (embora estas duas coisas não sejam excludentes ). É indiscutível a capacidade de João Calvino como estudioso, teólogo, escritor e expositor sério da Escritura; mas há um lado de Calvino muitas vezes esquecido, o qual precisamos resgatar – seu lado pastor. E penso que olhar para a figura de Calvino nessa perspectiva pastoral, pode em muito nos ajudar hoje em nossa caminha da como pastores.
Gostaria, portanto, mesmo que de maneira condensada, olhar para Calvino nesta perspectiva, e refletir como ele desenvolveu seu pastorado nas seguintes áreas: Na pregação, na visitação e no aconselhamento. Ninguém tem dúvida, de que estas três áreas são vitais no ministério pastoral.

1)  Calvino como pregador.
A pregação das Escrituras na sua totalidade, constituía o alicerce do seu trabalho pastoral. Diz ele que “A Escritura é a fonte de toda a sabedoria, e os pastores terão de extrair dela tudo o que eles expõem diante do rebanho”. [1] Sua convicção é de que pela exposição da Palavra de Deus as pessoas são conduzidas à liberdade e à segurança da fé salvadora, e a verdadeira pregação, tem o objetivo de abrir a porta do reino ao ouvinte. [2] Pela pregação, a plenitude da graça de Deus alcança o coração das almas carentes.
Em suas pregações, comentários e cartas pessoais dirigidas a amigos [3], Calvino ad verte os fiéis com respeito aos perigos da vida cristã, sobretudo em contato com a oposição de um mundo hostil aos valores do reino de Deus. Como pastor, Calvino também critica severamente seus oponentes teológicos e freqüentemente afirmava que “o verdadeiro pastor tem duas vozes: uma para chamar as ovelhas e outra para espantar os lobos devoradores”. [4]
É óbvio que, se entendemos que a pregação da Palavra é a comunicação da graça de Deus ao coração de nossos ouvintes, nós pastores precisamos ser mais zelosos na preparação e na entrega de nossos sermões. Isto porque, não pregamos para mostrar nosso conhecimento bíblico ou capacidades de oratória, mas para que vidas sejam edificadas e transformadas. Por isto, o Pastor Calvino exorta-nos sobre o grande privilégio e responsabilidade na exposição da Palavra, considerando que “a infidelidade ou negligência de um pastor é fatal à igreja”. [5]
Seguir o exemplo de Calvino na pregação, é pregar com o propósito de produzir pessoas que reflitam a medida de maturidade de que falou o escritor de Hebreus: “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Hb 5.14).
Infelizmente, a pregação em nossos dias, parece ter esquecido estas verdades. Algumas pregações hodiernas contêm mais entretenimento do que ensino. Na verdade, muitos pregadores consideram o ensino doutrinário (pregação expositiva) como algo indesejável e sem utilidade prática, preferindo um sermão repleto de histórias engraçadas, revelando muito pouco do coração de Deus. Não é o tipo de pregação que as Escrituras exigem de nós.
Temos de pregar a Palavra (2 Tm 4.2); falar “o que convém à sã doutrina” (Tt 2.1). É preciso resgatar a visão do pastorado de Calvino quanto a pregação, e este é o nosso grande desafio, numa época de superficialidades e entretenimento.

2) Calvino como visitador.
Expondo a idéia de Calvino quanto à visitação, Wallace diz que se o pastor tiver uma real preocupação pastoral para com aqueles para quem ele está pregando, irá procurar não falhar em visitá-los em seus lares. [6] É explícita esta idéia em Calvino, quando ao comentar Atos 20:20, diz que Paulo estabeleceu um modelo para o ministério da Palavra quando falava sobre como ele não cessava de admoestar tanto “publicamente” quanto de “casa em casa”. [7] “O que quer que os outros pensem, não consideramos nosso cargo como algo dentro de limites tão estreitos como se, quando o sermão estiver terminado, pudéssemos descansar como se nossa tarefa tivesse terminada. Aqueles cujo sangue será requerido de nós se os perdermos por causa de nossa preguiça, devem ser cuidados muito mais de perto e de modo mais vigilante”. [8]
Infelizmente essa prática vem aos poucos sendo esquecida, e mesmo aquelas igrejas que ainda valorizam a visitação, nem sempre a faz de maneira eficaz e com o propósito bíblico. Isto porque a visita para muitos, limita-se a uma conversa informal sobre muitos assuntos, acompanhada de uma xícara de café e bolinhos. [9] Contudo, há vários termos na Bíblia que mostram que a visitação pastoral é para encorajar os desanimados (I Tes 5:11,14;), fortalecer os fracos (Gl 6:1), repreender os desatentos (2 Tm 3:16,17), o instruir na sã doutrina (2 Tm 4.2), etc...
Calvino tinha uma visão clara da finalidade da visita por parte dos pastores e presbíteros. Para ele, a pregação pública deve ser suplementada com visitas pastorais: “Não é suficiente que, do púlpito, um pastor ensine todas as pessoas conjuntamente, pois ele não acrescenta instrução particular de acordo com a necessidade e com as circunstâncias específicas de cada caso”. [10]
É fato que o grande reformador, desenvolveu seu pastorado dispensando grande cuidado à visitação dos enfermos [11], e Ronald Wallace nos lembra que Calvino prescreveu em suas Ordenanças Eclesiásticas, que ninguém deveria permanecer três dias inteiros confinado à sua cama sem cuidar para que o ministro seja notificado e...quando qualquer pessoa desejar que o ministro vá à sua casa, deve cuidar de chamá-lo numa hora conveniente para a visita. [12]
Talvez alguém possa pensar que Calvino tinha tempo de sobra e só por isso ele conseguia fazer as visitas. Não é bem assim. Observe como Halsema fala sobre a agenda diária do Reformador:
Calvino trabalhava de uma maneira que teria esgotado qualquer homem com saúde. Estava em pé e ocupado às cinco da manhã. Se doente, ele estava na cama e ocupado, com livros espalhados sobre a colcha. Aos domingos ele pregava duas ou três vezes em Saint Pierre. Em semanas alternadas, pregava sermões na segunda, quarta e sexta-feira. Semanalmente, fazia conferências públicas na terça, quinta e sábado. Nas quintas-feiras ele também presidia a reunião do conselho da igreja, na qual todos os ministros e presbíteros se reuniam para estudar as Escrituras. Calvino assumia sua parcela de responsabilidades nas visitas aos doentes e prisioneiros. Visitava as famílias da sua paróquia com regularidade, como tivera estabelecido nas Ordens. Esses eram os deveres normais. [13]
Não tenho dúvidas de que o domingo é um dia essencial para a realização do serviço pastoral, mas Calvino adverte: “não consideramos nosso cargo como algo dentro de limites tão estreitos como se, quando o sermão estiver terminado, pudéssemos descansar como se nossa tarefa tivesse terminada” [14]. Lamentavelmente, existem pastores que pensam e agem desta maneira.
Ricardo Agreste citando Eugene Peterson, deixa muito clara a idéia de que o pastor não deve limitar seu pastorado apenas aos domingos. Diz ele:
Assim, como muitos outros pastores, deparo-me com a realidade de que, apesar do Domingo ser um dia essencial no serviço pastoral, muito deste ministério precisa ser feito em meio ao caos de Segunda a Sábado ....Nossas igrejas estão necessitando de pastores que conduzam suas ovelhas através de suas limitações e crises, com amor e paciência na direção da maturidade em Cristo Jesus. Nossas comunidades precisam de guias que, através da oração e da Palavra, ajudem as pessoas a caminharem através de suas crises e a viverem em meio ao caos. [15]
Mesmo sendo um pastor muito ocupado, Calvino encontrava tempo para a visitação. Mesmo porque, visitar as ovelhas não era uma questão de ter ou não tempo, mas uma questão de visão pastoral. Visitar fazia parte da sua filosofia ministerial. Mormente, precisamos compreender que, o ministério de visitação não teve sua importância apenas nos dias de Calvino. Visitar ainda é relevante para o ministério contemporâneo, pois pela visitação, o pastor adquire direta e imediatamente conhecimento dos problemas básicos e profundos de suas ovelhas, podendo orientá-las nas Escrituras; e é pela visitação que o pastor tem como aplicar de maneira mais pessoal e direta a Palavra de Deus; bem como, pela visitação, o pastor conhece os outros membros da família que porventura não são membros da igreja, tendo assim a oportunidade de falar-lhes de Cristo.

3)  Calvino como Conselheiro.
Calvino também no exercício de seu pastorado, sempre procurou encorajar pessoas sobrecarregadas, que não conseguiam encontrar consolo mediante sua própria aproximação de Deus, a procurarem seu pastor para aconselhamento particular e pessoal. Nas palavras de Ferreira, “Calvino é pastor zeloso e incansável no seu esforço em favor de suas muitas ovelhas, sofridas e angustiadas por males de toda sorte”. [16]
Conforme registro de um dos seus colegas pastores em Genebra, “(...) os que lhe procuram são recebidos com simpatia, gentileza e sensibilidade. Ele os atende e prontamente lhes responde as perguntas, mesmo as mais sérias delas. Sua sabedoria é demonstrada nas entrevistas particulares tanto quanto nas conversas públicas onde ele conforta os entristecidos e encoraja os abatidos...[17]
Como já dito, Calvino acreditava que o ensino, além de ser público nos cultos, deveria ser acompanhado por orientação pessoal e aplicado às circunstâncias específicas da vida de suas ovelhas. Atendia noivos que estavam se preparando para o casamento, pais que traziam seus problemas relacionados aos seus filhos, pessoas com dúvidas ou dificuldades doutrinárias, lutas com enfermidades, ouvia confissões de pecados, e a todos ele os recebia e levava o conforto e o encorajamento necessários. [18]
Penso eu, que a razão pela qual Calvino entendia que o aconselhamento era indispensável para o trabalho pastoral, é que Deus estabeleceu a igreja como seu principal instrumento para cuidar de nossas dores e sofrimentos pessoais. Portanto, na qualidade de conselheiro, o pastor não pode deixar para a psicologia secular o cuidado de suas ovelhas, ao contrário, deve assumir esta responsabilidade e restaurar pessoas perturbadas, e orientando-as biblicamente conduzi-las à vidas plenas e produtivas para a glória de Deus.
Concluindo, penso que podemos ter Calvino como um exemplo de pastor, pois o mesmo atende à orientação que Pedro dirige ao escrever a nós pastores nos dias atuais: “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos de rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (I Pe 5.1-4).
Sigamos o exemplo de Calvino. Sejamos pastores, pastores de almas.


(Texto primeiramente publicado na Revista PROPOSTA da UPH – Quarto Trimestre de 2004 )


NOTAS:
[1] - João Calvino, As Pastorais, Comentário em I Tm 4:13, p. 123
[2] - VALLACE, Ronald. Calvino, Genebra e a Reforma . São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. 2004 p. 145
[3] - Calvino tinha muitos amigos, ebtre eles Viret e Fare, e as cartas escritas a estes dois homens superam em número aquelas dirigidas a qualquer outra pessoa. A Viret escreveu ele mais de 60 cartas e a Farel mais de 90. Através destas cartas é possível conhecer muito o coração pastoral de Calvino. Cf. Ferreira, p. 155
[4] - Wallace, Op Cit., p. 144
[5] - João Calvino, As Pastorais,( comentário em I Tm 4:16 ), p. 126
[6] - VALLACE, Op Cit., p. 147
[7] - Calvin , John. Calvin´s Commentaries – The Acts Of The Apostles . Vol. II. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans Publishins Company. 1973 p. 175
[8] - Wallace, Op Cit., p. 147
[9] - SITTEMA, John. Coração de Pastor – Resgatando a Responsabilidade Pastoral do Presbítero . São Paulo , SP: Ed. Cultura Cristã. 2004 p. 198
[10] - Calvin , John. Calvin´s Commentaries – The Epistles Of Paul – The Apostle To The Romans And To The Thessalonians. Grand R apids , Michigan : Eerdmans Publishins Company. p. 345 ( Ao camentar I Tessalonissenses 2:11, Calvino insiste em que o pastor precisa ser um “pai” para cada pessoa.
[11] - LESSA, Vicente Tenudo. Calvino -1509-1564 – Sua Vida e a Sua Obra. São Paulo, SP: Casa Editora Presbiteriana. P. 119
[12] - Wallace. Op Cit., p. 148
[13] - HALSEMA, Thea B. Van. João Calvino Era Assim. São Paulo, SP: ED. Vida Evangélica. 1968. p. 139
[14] - Wallace, Op Cit., p 147
[16] - F erreira , Wilson Castro. Calvino: Vida, Influência e Teologia. Campinas, SP: LPC. 1985. p. 153.
[17] - Palavras de Nicolas des Gallars registradas por Richardr Staufer em The Humanness of John Calvin (New York: Abingdon Press, 1971) e citadas por Baumann.
[18] - Calvino , João. As Institutas da Religião Cristã. Vol. IV, 3: 6 - São Paulo, SP: Casa Editora Presbiteriana. 1989. 

Rev. Gildásio Reis, Pastor da Igreja Presbiteriana de Osasco, Psicanalista Clínico, Mestre em Teologia pelo centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (Educação Cristã) e Professor de Teologia Pastoral no Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição.
Agradecemos ao autor pelo envio do texto para publicação no Monergismo.com!


O Pastor como Despenseiro
por
John Stott



Muitos dizem que o Brasil é o país do futuro. No mínimo, é um dos países que irá influenciar o futuro do mundo. Tem uma grande potencialidade de recursos e é um dos maiores países em extensão. É, também, um dos maiores em população. Um país em que Deus está fazendo uma grande obra.

O pastor é, talvez, um dos homens mais importantes neste quadro. Ao lado do evangelista, do apóstolo e do profeta (Ef 4.12), o trabalho do pastor é chave para o estabelecimento de uma Igreja sadia, obediente e reprodutiva dentro da sociedade brasileira.

Sem o pastor, todo trabalho de evangelismo e estabelecimento de novas igrejas vai durar apenas uma geração. Deus tem confiado uma grande responsabilidade ao pastor: o fortalecimento do rebanho e a edificação do corpo de Cristo, em amor, para cumprir com Seus propósitos.

Para fazer isso, o pastor fala, ministrando a Palavra de Deus ao povo de Deus. A Bíblia usa a palavra “pregação”. Várias vezes, durante a semana, o pastor é chamado a pregar, quer dizer, a falar as palavras de Deus. Portanto, as perguntas básicas de todo pastor são: “O que falarei?” e “Onde descobrirei o que hei de falar?”. A resposta a essas perguntas está relacionada com aquilo que o pastor é e não é.

O que o pastor não é 


O pastor, primeiramente, não é como o profeta que recebeu a revelação original da boca de Deus. Basicamente, Deus já nos revelou tudo o que queria revelar. Tudo que nós precisamos para a vida já está na Bíblia. Quando Ele fala hoje, por meio do Seu Espírito, é para aplicar a Palavra às nossas vidas.

O pastor também não é um apóstolo, como os doze discípulos. Eles foram testemunhas oculares da ressurreição de Jesus e foram ordenados pessoalmente por Jesus Cristo a apascentar as Suas ovelhas. O pastor não tem a autoridade de uma pessoa que recebeu tudo pessoalmente das mãos de Jesus. O que ele fala é sujeito a discussão, porque ele não tem o monopólio da interpretação.

Em terceiro lugar, o pastor não é um papagaio. Ele não é uma pessoa que colhe idéias de outros e repassa-as adiante como conhecimento próprio.

Suas idéias não são achadas em qualquer lugar. Os seus sermões não são sacolas de trapos; quer dizer, idéias e pensamentos simplesmente colhidos de livros e de sermões que outros já pregaram. Não é errado usar as idéias de outras pessoas ou citar outros em nossos sermões. O problema com o papagaio é que ele não usa sua própria mente. Ele usa idéias, palavras e pensamentos de outros porque é preguiçoso.

O que o pastor é 


Como, então, o pastor resolverá o seu problema básico de conseguir o que vai falar? O pastor, como Paulo, é um despenseiro dos mistérios de Deus (1Co 4.1,2). Um despenseiro é um administrador que cuida dos bens de uma outra pessoa. Os mistérios são a revelação de Deus preservada na Bíblia. Portanto, a mensagem do pastor não vem diretamente da boca de Deus, como a mensagem do profeta ou do apóstolo, nem da mente de outras pessoas, como a mensagem do papagaio, mas, da Palavra de Deus da qual ele é o despenseiro privilegiado.

A palavra despenseiro significa “o gerente da casa”. O gerente da casa está debaixo da autoridade do dono da casa, com a responsabilidade de proteger, cuidar, ministrar e prestar contas de todos os bens ao dono. O depósito que Deus nos confiou é a Bíblia e o pastor, como despenseiro, tem a responsabilidade de distribuir este depósito ao povo com fidelidade (1Co 4.2).

A motivação do pastor 


O fato de sermos despenseiros, deve ser um incentivo ao nosso trabalho. Deus tem colocado a Sua confiança em nós e desejamos demonstrar que merecemos tal confiança.

É muito fácil para um pastor ficar desanimado ou abatido. Afinal, ele não lida com coisas mecânicas, mas com homens e mulheres. Nem sempre eles cooperam com as boas idéias do pastor. Muitas vezes, só reparam nos erros!
O fato de que Deus achou por bem nos confiar tesouros tão valiosos, nos deve dar confiança no que fazemos. Não é possível ficar desanimado quando consideramos que o Deus do Universo nos confiou algo tão essencial como a ministração dos Seus mistérios ao Seu povo.

Paulo diz que a pregação é algo que ele não pode deixar de fazer (1Co 9.16,17). É obrigado a trabalhar! Deus está dependendo do pastor, Seu despenseiro. Sua família também está esperando que o despenseiro a alimente. Só assim a casa terá sucesso. Só assim será bem administrada.

A mensagem fiel do pastor 


A mensagem do pastor depende do fato de que ele é um despenseiro: sua mensagem não lhe pertence, mas pertence ao Senhor. Ele não a inventou. É algo que ele recebeu. Ele tem a responsabilidade de ser fiel à mensagem que lhe foi confiada através da Palavra de Deus. Como ser fiel à mensagem? Há três coisas que podemos fazer: guardar o bom depósito, ministrar o bom depósito e disciplinar-nos.

Guardar o bom depósito 


Nas cartas a Timóteo, Paulo chama a sua atenção ao fato de que lhe foi confiado um depósito (1Tm 1.11; 2Tm 1.12) e exorta-o a guardar fielmente este depósito (1Tm 6.20; 2Tm 1.13,14).

Ele deseja que Timóteo não deixe a mensagem ser modificada por causa da oposição de palavras vãs, baseadas numa ciência falsa, mas que fique fiel ao modelo de palavras sãs que recebeu de Paulo.

Nós também recebemos, de Paulo e da Bíblia, as mesmas sãs palavras. Só podemos guardá-las bem, garantindo a comunicação pura e verdadeira, por meio do Espírito Santo que habita em nós (2Tm 1.14).

Paulo é mais específico sobre como guardar este depósito. Em 2Co 2.17, ele afirma que não faz como muitos que falsificam a Palavra de Deus. Ao contrário, Paulo usava a Palavra de Deus com seriedade, para aquilo que Deus a tinha destinado. Em 4.2, no grego, ele diz que “
não diluímos a Palavra de Deus”.

A palavra “diluir” era usada no comércio de vinho. Alguns colocavam água no vinho para lucrar mais. A idéia é de que alguns “vendiam” a Palavra de Deus, visando lucro. Adulteravam a Palavra de Deus para fazê-la mais aceitável. Esse não é o nosso alvo.

Não apresentamos a Palavra de Deus só para que os nossos ouvintes gostem. Porém, procuramos manifestar a verdade que nos foi confiada para que a tornemos conhecida. Somos despenseiros e é isso que nosso Mestre nos incumbiu a fazer.

Ministrar o bom depósito 


Esta é a pregação: manifestar a verdade tal como está escrita na Bíblia. Portanto, cada sermão que pregamos deve ser uma exposição da verdade de Deus. Paulo recebeu a comissão de dar pleno cumprimento à Palavra de Deus (Cl 1.25). Aos presbíteros em Éfeso, ele disse: “
jamais deixei de anunciar todo o desígnio de Deus!” (At 20.27).

Todos temos nossas doutrinas favoritas ou trechos prediletos para pregar. Mas um despenseiro fiel não serve somente arroz em cada refeição. Ele serve a refeição completa e variada visando a boa alimentação de todos, A casa de Deus precisa de despenseiros que ministram sistematicamente toda a Palavra de Deus, tanto as passagens bem conhecidas como as pouco conhecidas. Como fazer isto?

Precisamos nos avaliar: de que verdades estamos nos esquivando? Em quais estamos nos concentrando demais? Um método que nos mantém fiel à Palavra toda é seguir livros inteiros da Bíblia, capítulo por capítulo, versículo por versículo.

Nossa exposição tem que ser simples e direta. Devemos demonstrar claramente o caminho que o povo deve seguir. Em 2 Tm 2.15, Paulo exorta Timóteo a estudar a fim de manejar bem a Palavra. Manejar pode ser traduzido por “cortar reto”, como em Pv 3.6: “
Ele endireitará as tuas varedasNossa exposição da Bíblia tem que ser simples, direta e fácil de entender. O sermão deve preparar para o povo uma estrada reta, fácil de seguir.

A disciplina do pastor 


O bom despenseiro familiariza-se com todo o conteúdo do depósito. O depósito que está guardado nas Escrituras é tão extenso que uma longa vida de estudos não conseguiria esvaziar suas riquezas e variedades. A pregação expositiva não é fácil. Talvez por ser tão árdua é que ela é encontrada no ministério de tão poucos. Os únicos que estão preparados para realizar este ministério são os que estão preparados para seguir o exemplo dos apóstolos em Atos 6.4.

Eles acharam desperdício abandonar a pregação da Palavra para servir às mesas. Antes, “
nos consagraremos ao ministério da PalavraEsses eram despenseiros fiéis.

A pregação sistemática é impossível sem o estudo sistemático. Não é suficiente deslizar por cima de uns poucos versículos cada dia. Também não basta estudar um trecho quando vamos pregar sobre ele. Diariamente precisamos estar nos aprofundando na Palavra de Deus. Nós mesmos devemos estar imersos nela. Precisamos conhecer os grandes temas da Bíblia e aplicar os resultados do nosso estudo à nossa vida.

Quando nos toca pregar sobre algo específico, então devemos nos aplicar ao estudo disciplinado, usando todos os recursos à nossa disposição.

Queremos chegar ao entendimento pleno do significado da passagem e da aplicação dela à vida do povo. Isso é trabalho árduo. Para ser fiel (1Co 4.2), o despenseiro vai procurar conhecer bem o depósito que lhe foi confiado a favor do povo de Deus.


Adaptado de "Preacher's Portrait" de John Stott, por Douglas Spurlock.

Este site da web é uma realização de
Felipe Sabino de Araújo Neto®

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Mensagem do Dia

O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa Deus de maneira pura, legítima e eterna. A.W.Tozer

"A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão." JOHN WESLEY"

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Alimentar-se da Palavra "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4 : 12).Erram por não conhecer as Escrituras, e nem o poder de Deus (Mateus 22.29)Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3

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