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4 de jan. de 2011

Ate Quando Devemos Perdoar - Hernandes D.Lopes 1/2



Fixando Nossos Olhos em Jesus - Jerry Marcelino


Igrejas Que Seguem o Velho Testamento - Dennis Allan


MEDITAÇÃO PURITANA: O PORTÃO DA MENTE PARA O CORAÇÃO - Stephen Yuille



Uma definição 

Sobre o tema da meditação puritana, James Packer escreve: “Sabendo que eles próprios 
eram criaturas de raciocínio, afeições, e vontade, e sabendo que o caminho de Deus para 
o coração humano (a vontade) é através da cabeça humana (a mente), os puritanos 
praticaram a meditação, discursiva e sistemática, em todo escopo da verdade bíblica 
conforme viam-na sendo aplicada a eles mesmos”. De forma similar, Horton Davies 
descreve a meditação puritana como um “mover das questões intelectuais ao exercício 
das afeições do coração, a fim de libertar a vontade para se conformar a Deus”. 
Esta abordagem à meditação advém da convicção puritana que a vontade é uma 
faculdade “cega”. De acordo com Edward Reynolds (1599-1676), a vontade “não pode 
enxergar o bem devido que deveria influenciar sem a assistência de um poder 
informador” e nem “pode ver o caminho correto que deveria tomar para alcançar aquele 
bem, sem a direção de um poder condutor”. Este poder “informativo” e “condutor” é o 
entendimento: a faculdade principal da alma. Quando esta “mais nobre faculdade”, 
como Stephen Charnock (1628-1673) chama, é “empregada para o objeto mais 
excelente”, ela informa e conduz a vontade através das afeições para escolher o “bem 
correto”. 
Com este paradigma firmemente reconhecido, George Swinnock (1627-1673) define a 
meditação como “uma séria aplicação da mente a algum assunto sagrado, até que as 
afeições sejam aquecidas e despertadas, e a resolução elevada e fortalecida através 
disso, contra aquilo que é mal, e por aquilo que é bom”. 
O método da meditação 
De acordo com a definição de Swinnock, o método da meditação é uma séria aplicação 
da mente… até que as afeições sejam aquecidas e despertadas. Este método remonta a 
Joseph Hall (1574-1656), que afirma que “a prática da verdadeira piedade” depende da 
meditação – “o melhor aprimoramento do cristianismo”. Ele define essa meditação 
como “um voltar da mente para algum objeto espiritual, através de diversas formas de 
discurso, até que nossos pensamentos cheguem a uma conclusão”. Este voltar-se da 
mente se manifesta de duas formas: “extemporânea” e “deliberada”. Hall foca-se no 
segundo, buscando descrever o seu “processo”. 

Resumindo, a meditação deliberada “começa no entendimento, e termina na afeição; 
começa no cérebro, desce ao coração; começa na terra, ascende aos céus, não de 
repente, mas por determinados passos e degraus até que estejamos no topo”. Hall divide 
estes “passos e degraus” em duas seções. A primeira se refere à prática da meditação no 
entendimento. Ela envolve o estudo das verdades divinas de acordo com determinadas 
“cabeças”: descrição, divisão, efeitos, assuntos, qualidades, contras, comparações, 
títulos e testemunhos. A segunda se refere à prática da meditação nas afeições. Para 
Hall, essa “é a própria alma da meditação, para a qual todas as coisas anteriores sevem 
apenas como um instrumento”. Ela envolve pressionar as verdades divinas sobre as 
afeições através de sete passos: experimentação, queixa, desejo do coração, confissão, 
petição, aplicação e confiança. James Ussher (1581-1656) também recomenda essa 
abordagem dupla, afirmando que o “trabalho” da meditação consiste de “duas
faculdades principais da alma. Primeiro, o entendimento, o qual atribuo à memória; em 
segundo lugar a vontade, o qual atribui às afeições”. A primeira envolve um “chamado à 
mente”, onde as verdades bíblicas são lembradas e debatidas. A segunda envolve 
“depositar no coração” essas verdades. 
Swinnock descreve este “depositar no coração” como “uma consideração séria” ou “um 
ato de entendimento prático, mediante o qual reflete sobre suas ações e intenções, 
compara-as com a regra da palavra, e continua para colocar o seu mandamento sobre a 
vontade e afeições, a fim de colocar o que é bom em ação”. Essa “reflexão” geralmente 
consiste de solilóquios, que Richard Baxter (1615-1691) define como “questões 
despertadoras”. Seu objetivo é fazer com que as pessoas sintam a pulsação de sua alma 
com o propósito da auto-avaliação. Para Ussher, este é o “assunto mais importante” da 
meditação – “ver como a matéria se encontra entre Deus, e minha própria alma”. Com 
este objetivo em mente, ele sugere: “Primeiro olhe para trás, e diga, o que eu fiz? 
Depois olhe para frente e diga, o que farei?” De forma similar, William Gurnall (1617-
1679) escreve: “Reflita sobre si mesmo, e pense seriamente sobre o seu próprio 
comportamento – o que ele tem sido diante de Deus e dos homens ao longo do dia”. 
O objeto da meditação 
Em sua definição, Swinnock descreve o objeto da meditação como “algum assunto 
sagrado”. De sua parte, Hall fala “daquelas questões divinas que podem mais que tudo 
produzir compulsão no coração e levar-nos à devoção”. Ao todo, existem sete assuntos 
“sagrados” que aparecem de forma proeminente na meditação puritana. 
O primeiro é a majestade de Deus. “Acima de tudo”, escreve Swinnock, “medite na 
infinita majestade, pureza e misericórdia daquele Deus contra quem tens pecado”. 
Charnock concorda: “Tenham sempre em vista as excelências de Deus”. Gurnall 
encoraja seus leitores a meditarem na “infinita santidade de Deus”. Similarmente, 
Baxter direciona seu público a “mergulhar nas meditações do Todo-Poderoso”, 
adicionando: “Alguém pensaria que se eu não lhes desse nenhuma outra tarefa, e nem 
falasse de nenhuma outra questão para a meditação, esta seria suficiente; pois esta é, de 
certa forma, tudo”. A urgência de Baxter origina-se de sua convicção que o “melhor 
cristão” é aquele “que tem a mais plena impressão sobre a sua alma, pelo conhecimento 
de Deus em todos os seus atributos”. 
O segundo assunto é a severidade do pecado. Para os puritanos, o conhecimento do 
pecado e o conhecimento de Deus estão inescapavelmente relacionados. Swinnock 
explica: “O homem nunca chega ao conhecimento apropriado de si mesmo, que 
miserável deplorável e abominável ele é, até que chegue ao conhecimento apropriado de 
Deus, a saber, que incomparável majestade Ele é”. Charnock concorda: “Na 
consideração da santidade de Deus somos relembrados da nossa própria impureza… de 
forma que sua imensidão deveria nos fazer, segundo nossa própria natureza, parecer 
pequenos aos nossos próprios olhos”. Em outras palavras, as pessoas chegam a um 
entendimento apropriado da escuridão do pecado somente à luz da santidade de Deus, 
porque é então que podem enxergar seu pecado como um ataque contra Deus. Com isto 
em mente, Joseph Alleine (1634-1668) insta seu público a meditar sobre o “número”, 
“gravidade”, “deformidade”, e “torpeza” de seus pecados. 
O terceiro assunto é a beleza de Cristo, que só pode ser devidamente apreciada sobre o 
pano de fundo da majestade de Deus e a severidade do pecado.



“Enquanto os homens não estiverem cansados e oprimidos, e com seus corações aflitos, 
não buscarão a cura em Cristo nem perguntarão sinceramente: ‘O que devemos fazer?’”. 
Quando chegarem a esse ponto, eles verão a beleza do amor de Cristo conforme ele tapa 
a distância imensurável entre um Deus glorioso e uma criatura pecadora. Isso leva 
Gurnall a declarar: “Banhe a tua alma com a freqüente meditação do amor de Cristo”. 
O quarto assunto é a certeza da morte. “Se deseja se exercitar na santidade”, escreve 
Swinnock, “pense com freqüência no dia da sua morte”. Robert Bolton (1572-1631) 
direciona seus leitores a ponderar na certeza de que “todos os prazeres, tesouros, e 
confortos desta vida… precisam todos, diante do choque da morte... ser súbita, completa 
e eternamente deixados para trás.” 
O quinto assunto é a finalidade do julgamento. Gurnall lembra: “Certamente você não 
poderá dormir facilmente enquanto este trompete, que chamará toda a humanidade a 
julgamento, estiver tocando em seus ouvidos. A razão porque os homens dormem tão 
tranqüilamente em segurança é que ou não acreditam, ou pelo menos não pensam nisso 
com a seriedade que se espera”. Com esta letargia em mente, Bolton instrui as pessoas a 
ponderarem sobre como será dar um relato exato de “todas as coisas feitas na carne”, de 
testemunhar a revelação de todos os “pecados secretos” e as “vilanias escondidas”, e 
“ouvir a terrível sentença de condenação a tormentos e horrores eternos”. 
O sexto assunto é a miséria do inferno. Swinnock descreve o inferno como uma miséria 
“pessoal”, porque os pecadores perdem os “prazeres terrenos”, os “contentamentos 
carnais”, o “favor espiritual”, “a sociedade de todos os piedosos”, a “esperança”, a sua 
“preciosa alma” e “o Deus infinitamente bendito”. Da mesma forma, Bolton fala da 
“privação da gloriosa presença de Deus, e a separação eterna daquelas alegrias, 
felicidades e bem-aventurança eternas”. Swinnock também descreve o inferno como 
uma miséria “positiva”, por causa do que os pecadores ganham, explicando que “os 
perversos deverão no outro mundo se separar de Cristo para o fogo… Eles não somente 
serão privados de tudo o que é bom… mas também serão cheios de tudo o que é mau”. 
Nesse momento, eles ganharão uma “perfeição de pecado” e uma “plenitude de 
angústia”. 
O sétimo assunto é a glória do céu. Em termos de ganho “pessoal”, Swinnock diz que os 
cristãos obterão liberdade do mal do pecado, ou seja, liberdade de cometer o pecado e 
de ser tentado ao pecado. Eles também obterão liberdade do mal do sofrimento. Em 
termos de ganho “positivo”, eles receberão a companhia dos cristãos perfeitos, a 
comunhão mais próxima com Cristo, e a fruição plena e imediata de Deus. Para Baxter, 
esse ganho é da maior importância. “Eu não tiraria você de outras meditações”, ele diz, 
“mas certamente assim como o céu tem a preeminência na perfeição, deveria tê-la 
também em nossa meditação. Aquilo que nos dará a maior felicidade quando o 
possuirmos, nos fará mais alegres quando meditarmos nele”. 
O resultado da meditação 
Através da meditação, o significado destes assuntos “sagrados” é sentido na alma. Um 
vislumbre da majestade de Deus produz temor e amor. Um senso da severidade do 
pecado produz tristeza e ódio. Um gostinho da beleza de Cristo incita prazer e desejo. 
As verdades remanescentes, conhecidas como as “últimas quatro coisas”, produzem 
aquilo que os puritanos chamavam de uma “mentalidade celestial”. “A pessoa com uma 
mentalidade celestial”, explica o historiador Dewey Wallace, fica “absorvida nas coisas divinas, distante do mundo, e em profunda comunhão com Deus”. Seu objetivo é 
“meditar naquele estado, atando seu coração tão próximo de Deus que tudo o mais 
empalidece e se torna insignificante”. 
De acordo com a definição de Swinnock, este “aquecimento” e “despertar” das afeições 
levam a uma “elevação” e “fortalecimento” da “resolução” da vontade contra “aquilo 
que é mal e para o que é bom”. Como Gurnall explica: “As afeições são afetadas 
quando seu objeto está diante delas. Se amamos uma pessoa, o amor é excitado pela 
visão dela, ou qualquer coisa que a lembre; se odiamos alguém, nosso sangue ferve 
muito mais contra ela quando estamos diante da mesma”. Ao meditar nas verdades 
divinas, o amor é direcionado ao supremo bem (Deus) e o ódio ao supremo mal 
(pecado). Como resultado, a vontade fica resoluta em buscar a Deus e abandonar o 
pecado. Para os puritanos, esta “resolução” se manifesta em piedade: conformidade à 
vontade de Deus. Baxter estava tão convencido deste relacionamento entre meditação e 
piedade que escreve: “Se, por estes meios, tu não percebes um aumento de todas as tuas 
graças, não cresce além da estatura dos cristãos comuns, não te tornas mais útil em teu 
lugar, e mais precioso aos olhos de todas as pessoas com discernimento; se tua alma não 
desfruta de maior comunhão com Deus, e tua vida não se enche de conforto, e não estás 
mais preparado para a hora de tua morte: então jogue fora estes conselhos, e acuse-me 
eternamente de enganador”. 
Conclusão 
Para os puritanos, portanto, a meditação é essencial para a prática da piedade. Como 
Baxter observou, “o Espírito usa nosso entendimento para ativar nossas vontades e 
afeições”. Isto necessariamente implica que a meditação é um dos meios principais pelo 
qual o Espírito Santo santifica o cristão. 
É por esta razão que Hall muito lamentou a negligência generalizada da meditação em 
seus dias, comentando: “Se houver qualquer dever cristão cuja omissão é notoriamente 
vergonhosa e prejudicial para as almas dos professos, esse é o dever da meditação. Esse 
é o próprio fim para o qual Deus nos deu nossas almas, de forma que estaremos 
desperdiçando-a se não a usarmos assim”. As palavras de Hall são tão verdadeiras em 
nossos dias quanto no dia em que as escreveu, assim como Joel Beeke observa: “Um 
estorvo para o crescimento entre os cristãos hoje é o nosso fracasso em cultivar o 
conhecimento spiritual. Falhamos em dar tempo suficiente para a oração e a leitura da 
Bíblia, e temos abandonado o tempo para a prática da meditação”. Dado este fato, 
faríamos muito bem em escutar o pedido de Gurnall para “nos retirarmos 
freqüentemente para fazer algumas meditações que despertem a alma”, lembrando que 
“se a buscares como a prata e como a tesouros escondidos a procurares; então, 
entenderás o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de Deus” (cf. Pv. 2:5). 

Fonte: http://www.banneroftruth.org/pages/articles/article_detail.php?834

Tradução: Mauricio Fonseca Jr. 




A Maior Perda - J. C. Ryle



Ryle serviu por quase 40 anos como ministro do Evangelho. Foi um escritor prolífico, um pregador vigoroso e um pastor fiel. Muitas de suas obras têm sido reeditadas e servido como fonte de instrução e consolo para o povo de Deus. A Editora Fiel publicou algumas de suas obras em português: o clássico “Santidade”; “Uma palavra aos moços”; “Fé genuína” e os quatro volumes de meditações nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.


“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro


e perder a sua alma?” (Marcos 8.36)

Estas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo deveriam ressoar em nossos ouvidos como o retinir de uma trombeta. Elas se referem aos nossos melhores e mais elevados interesses. Dizem respeito à nossa alma.
Que pergunta solene está contida nestas palavras da Escritura! Que imensa soma de beneficio e de perda elas propõem ao nosso cálculo! Onde está aquele que é capaz de avaliá-la? Onde está o matemático que não ficaria perplexo com essa soma?  “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
Desejo oferecer algumas observações para ressaltar e ilustrar a pergunta que o Senhor Jesus nos faz nesta passagem. Rogo a atenção séria de todos os que lêem este artigo... Oh! que todos os que assim o fizerem sintam mais profundamente do que nunca o valor de uma alma imortal. Descobrir o valor de nossa alma é o primeiro passo em direção ao céu.
Minha primeira observação é esta: todos nós temos uma alma imortal. Não me envergonho de começar... com estas palavras. Ouso dizer que elas parecem estranhas e tolas para alguns leitores. Ouso dizer que alguns exclamarão: “Quem não sabe de coisas como essas? Quem jamais pensou em duvidar que temos alma?” Mas não posso esquecer que o mundo está agora fixando sua atenção nas coisas materiais em uma proporção sobremodo extravagante. Vivemos numa era de progresso... Vivemos numa época em que as multidões estão cada vez mais absorvidas nas coisas terrenas... Vivemos num tempo em que há um falso esplendor nas coisas temporais e grande obscuridade nas coisas eternas... Em uma época como esta, como ministros de Cristo, temos o sagrado dever de retornar aos princípios elementares. Ai de nós, se não incutirmos nos homens esta pergunta de nosso Senhor a respeito da alma! Ai de nós, se não clamarmos: “O mundo não é tudo. A vida que agora temos na carne não é a única vida. Há uma vida por vir. Temos uma alma”.
Fixemos em nossa mente o grande fato de que todos levamos em nosso íntimo algo que não morrerá. O nosso corpo, que demanda tanto de nosso tempo e pensamentos, para aquecê-lo, vesti-lo, alimentá-lo e torná-lo satisfeito – este corpo não é todo o homem. É apenas a habitação temporária de um morador nobre, e esse morador é a alma imortal!
A morte que todos temos de sofrer um dia não é o fim do homem. Tudo não se acaba quando uma pessoa dá o último suspiro e o médico lhe faz a última visita; quando o caixão é fechado, e fazem-se os preparativos do funeral; quando se pronuncia, sobre o caixão, a frase “e o pó volte ao pó”; quando nosso lugar no mundo é ocupado, e a nossa ausência da sociedade não é mais percebida. Não, tudo não acaba naquele momento! O espírito do homem continua vivendo. Todos possuem uma alma imortal...
E se não podemos ver nossa alma? Não existem milhões de coisas que nos são invisíveis a olho nu? Que não comprovou isso por olhar através do telescópio ou do microscópio? Se não podemos ver nossa alma, podemos senti-la.
Quando estamos sozinhos no leito de enfermidade e isolados do mundo; quando consideramos o leito de morte de um amigo; quando vemos aqueles que amamos serem entregues ao sepulcro – em ocasiões como essas, quem não sabe os sentimentos que nos vêm à mente? Quem não sabe que em horas como essas surge, em nosso coração, algo dizendo-nos que há uma vida por vir e que todos, desde o mais vil ao mais nobre, têm alma imortal?...
Posso imaginar que, às vezes, vocês são tentados a pensar que este mundo é tudo e que o corpo é tudo que devemos cuidar. Resistam a essa tentação e descartem-na. Digam para si mesmos, cada manhã, quando levantam, e cada noite, quando se deitam para dormir: “A aparência deste mundo passa. A vida que tenho agora não é tudo. Existe algo mais importante do que negócios, dinheiro, prazer e comércio. Há uma vida por vir. Todos nós temos alma imortal”.
Esta é a minha segunda observação: uma pessoa pode perder a sua alma. Essa é a parte desagradável de meu assunto. Contudo, é a parte que não ouso, nem posso, ignorar. Não tenho simpatia por aqueles que profetizam apenas paz e ocultam dos homens o terrível fato de que eles podem perder sua alma. Sou um daqueles antigos ministros que crêem em toda Bíblia e em tudo que ela diz. Não posso achar na Escritura qualquer fundamento para a teologia eloqüente que agrada muitos em nossos dias, de acordo com a qual todos chegarão ao céu, no final.
Creio que existem verdadeiramente tanto o Diabo como o inferno. Creio também que a caridade não pode impedir os homens de perderem sua alma... Se você visse um cego caminhando em direção a um precipício, você não gritaria: “Pare”? Lancemos fora as idéias erradas a respeito de caridade... A maior caridade é apresentar a verdade às pessoas. A verdadeira caridade consiste em adverti-las com bastante clareza, quando estão em perigo. Caridade é incutir nelas a verdade de que podem perder a sua alma para sempre no inferno...
Fracos como somos em tudo que é bom, temos um grande poder de causar dano a nós mesmos. Você não pode salvar a sua própria alma... lembre-se disso! Não pode estabelecer sua paz com Deus. Não pode remover um único pecado. Não pode apagar nenhuma das graves ofensas registradas no livro de Deus contra você. Não pode mudar seu próprio coração. Mas há uma coisa que você pode fazer: pode perder sua própria alma...
Quem é responsável pela perda de nossa alma? Ninguém, exceto nós mesmos. Nosso sangue cairá sobre nossa própria cabeça. A culpa estará em nós mesmos. Não teremos ao que apelar no Último Dia, quando estivermos diante do grande Trono Branco e os livros forem abertos. Quando o Rei vier para ver seus convidados e disser: “Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial?” (Mt 22.12), ficaremos sem resposta. Nada justificará a perda de nossa alma.
Aonde vai a alma quando se perde? Há apenas uma resposta solene para essa pergunta. Há somente um lugar para onde ela pode ir – o inferno. Não existe algo como a aniquilação. A alma perdida vai àquele lugar onde o verme não morre e o fogo jamais se apaga – onde há escuridão e trevas, miséria e desespero para sempre. Ela vai para o inferno – o único lugar que lhe é adequado, visto que ela não está preparada para o céu. “Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl 9.17).
Vivemos em época de grandes tentações. O Diabo está agindo, bastante ocupado. A noite vai alta. O tempo é curto. Não perca a sua própria alma.



Traduzido por: Pr. Wellington Ferreira
Copyright© Editora FIEL 2010
Extraído do capítulo “Nossa Alma”, no livro Old Paths, reimpresso por Banner of Truth Trust (www.banneroftruth.org).
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

As Exigências de Deus - C. H. Spurgeon (Sermão – Áudio)



- Ouça o Sermão - 


Domingo de Manhã – 11 de Outubro de 1874

Sermão 1197

"Sabei que o Senhor é Deus: foi ele, e não nós, que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com louvor, e em seus átrios com hinos; louvai-o e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade estende-se de geração a geração." - Salmos 100:3-5

É um truque de satanás tirar nossas mentes das questões mais importantes e essenciais, distraindo-nos com a sugestão de considerações triviais. Quando as melhores bênçãos estão solicitando que as aceitemos, ele trará às nossas mentes as coisas mais insignificantes. Quando Jesus pregava, o diabo tentava distrair a atenção humana através de debates sobre dizimar a hortelã, o endro e o cominho, alargar as franjas dos vestidos, usar filactérios, coar mosquitos, e não sei o que mais. Satanás empregou esse método junto ao poço de Jacó. Quando o nosso Senhor falou com a mulher sobre a água viva, e a salvação de sua alma, o maligno a impeliu a perguntar sobre Gerizim e Sião: "Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve orar".


Satanás ainda opera com essa mesma astúcia. Conhecendo as sutilezas do inimigo, é nossa responsabilidade superá-lo, deixando de lado as questões triviais e concentrando-nos nas verdades fundamentais, as pedras principais da fé, as realidades da vida eterna, a vitalidade da santidade; e essas nos levam a Deus e a Cristo, longe da sombra de cerimônias e das nuvens de vãs especulações, na direção da rocha eterna e das colinas eternas cujos topos são, aos olhos da fé, resplandecidos com a aurora. Corramos para lá, afastemo-nos das vaidades terrenas, e que o sopro do Espírito nos apresse em direção às realidades do céu, para que demos às coisas essenciais a atenção que lhes é devida.


Para o que, então, fomos criados? Não conheço melhor resposta do que a do Pequeno Catecisrno: "O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre" (deleitar-se com Ele). Há grande quantidade de teologia e filosofia nessa simples resposta, que nossos velhos sábios têm colocado na boca de crianças. Se o homem tivesse permanecido como Deus o fez, teria sido seu grande prazer glorificar a Deus; fazer a vontade de Deus seria tão natural para nós quanto respirar, se não tivéssemos caído da perfeição original. As criaturas que permanecem como Deus as fez obedecem à Sua vontade - inconscientemente, eu diria, mas onde há consciência um supremo prazer é acrescentado, o qual torna a consciência e a boa vontade em maiores bênçãos.


Vejam os planetas - eles não são teimosos; ao contrário, giram alegremente nas suas trajetórias predestinadas, porque Deus os ordena a manterem-se nos seus cursos estabelecidos. Olhem as estrelas vigilantes: não fecham seus olhos brilhantes, porém sorriem sobre nós de era em era; aquelas sentinelas do céu não extinguem suas luzes, mas continuam brilhando ininterruptamente, porque Deus disse: "Haja luz", e delas a luz há de vir. Não ouvimos falar de rebelião entre os corpos celestes ou de revolta contra a lei que os mantém nos seus cursos celestiais.


E onde há inteligência, contanto que a inteligência permaneça conforme Deus a tem feito, não há revolta contra a Sua vontade. O poderoso anjo conta como honra voar igual a um relâmpago à ordem do Eterno. Não rebaixa a sua dignidade, não diminui o seu prazer, cumprir as ordens do Altíssimo, respondendo à voz de Sua palavra. Se fôssemos hoje aquilo que deveríamos ser, seria nosso prazer amar, servir e adorar a nosso Deus, e não necessitaríamos de pastores para mover-nos à nossa obrigação prazerosa ou para lembrar-nos das reivindicações de Jeová. Até mesmo a augusta linguagem do nosso texto não seria necessária para nos exortar a adorar, a nos curvar e a saber que Jeová é Deus. Ele nos tem feito, e não nós mesmos, portanto devemos exibir essa verdade em toda partícula do nosso ser. Devido as coisas serem como são, no entanto, precisamos ser chamados de volta ao dever e impelidos à obediência, e agora, com a ajuda do bom Espírito de Deus, submeteremos nossos corações a tal chamado.

I

NO QUE SE BASEIAM AS EXIGÊNCIAS DE DEUS?

1. Sua deidade


As exigências (reivindicações) de Deus baseiam-se, primeiramente, na Sua deidade. "Sabei que o Senhor é Deus." Como Matthew Henry disse tão apropriadamente, a ignorância não gera a devoção, porém a ignorância gera a superstição. O verdadeiro conhecimento gera e faz crescer a piedade. Realmente conhecer a deidade de Deus e entender o que significa dizer que Ele é Deus, é ter imprimido sobre nossa alma o mais forte argumento para a obediência e o louvor.


A deidade deu autoridade à primeira lei que foi decretada quando Deus proibiu ao homem tocar no fruto de certa árvore. Por que Adão não podia colher o fruto? Simples e unicamente porque Deus o proibiu de fazê-lo. Se Deus tivesse permitido, teria sido lícito; todavia a proibição de Deus fez com que fosse pecado comer o fruto. Deus não deu nenhuma razão para Adão ao dizer: "porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás". Seu mandamento, desde que Ele era Deus, era a suprema razão, e ter duvidado de Seu direito de decretar a lei teria sido em si plena rebelião. Deus deveria ter sido obedecido simplesmente porque Ele era Deus. Era um caso onde a introdução de um argumento teria implicado indisposição da parte do homem para obedecer. Adão não poderia desejar mais do que saber que tal e tal coisa era a vontade de Deus. Essa mesma verdade da deidade é a base autoritária da lei moral dos dez mandamentos. Do Sinai, não houve outra reivindicação para obediência senão esta: "Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão". Nessa palavra, "Deus", compreendem-se as razões mais altas, mais importantes e mais justas para o homem render-se totalmente ao serviço divino. Visto que o Senhor é Deus deveríamos servir-Lhe com alegria, e apresentar-nos a Ele com canto.


Foi nessa questão que Deus testou Faraó, e Faraó pode ser visto como uma espécie de representante de todos os inimigos do Senhor. "Assim diz o Senhor Deus de Israel: deixa ir meu povo." Não foi dada nenhuma razão, nenhum argumento, mas simplesmente isto: "Assim diz o Senhor"; ao qual Faraó, entendendo perfeitamente o fundamento sobre o qual Deus estava agindo, respondeu: "Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei?". Então enfrentaram-se um ao outro, Jeová dizendo: "Assim diz o Senhor Deus de Israel: deixa ir meu povo", e Faraó respondendo: "Não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel". Sabem como terminou essa refrega. Aquele cântico de Israel ao lado do Mar Vermelho, quando o Senhor dos Exércitos triunfou gloriosamente, foi uma profecia da vitória que certamente será de Deus em todos os conflitos com Suas criaturas, nos quais Seu eterno poder e Sua deidade são assediados.


O argumento derivado da deidade não tem sido usado somente com rebeldes arrogantes mas também com questionadores e argumentadores. Observem como fala Paulo. Ele confronta a penosa questão da predestinação, questão  que   nenhum   de   nós   jamais compreenderá, questão sobre a qual é melhor acreditar do que argüir, e ele topa com isto: "Se tudo acontece como Deus ordena "por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem resiste à sua vontade?" O apóstolo responde simplesmente: "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus réplicas?". Não pode haver réplica contra Deus. Se é da Sua vontade, então que assim seja. É certo, é bom porque assim Ele decreta. Ele é Deus? Submetam-se. Se não houvesse nenhum outro argumento, nenhuma outra razão, deixem que a deidade os convença. Ateus, em períodos de tempestade e tumulto, têm encontrado pouca ajuda na sua filosofia; como Faraó, estiveram prontos a clamar: "Rogai ao Senhor". No entanto, a oscilação da terra, ou o céu em chamas, que significa isso? O toque de Seu dedo e o relance de Seu olho fariam muito mais. Ele toca as colinas, e elas entram em chamas, mas quanto a Ele mesmo, quem poderá entendê-lo? Adoremos Sua majestade irresistível, e curvemo-nos diante dEle, pois o Senhor é Deus.

2. Somos criação Sua  

Essa é a próxima razão pelas exigências do Senhor. "Foi ele, e não nós, que nos fez." Somos todos o fruto do poder divino. Esse é um fato do qual somos informados por revelação, todavia é também um fato com o qual concorda todo instinto de nossa natureza. Nunca viram uma criança espantar-se ao ouvir pela primeira vez que Deus a fez, pois naquela pequena mente existe um instinto que aceita essa declaração. A teoria de que não somos criados, mas que somos meros desen­volvimentos do materialismo, mostra claramente todos os sinais de ficção infundada. Certas declarações são chamadas de axiomas, porque são verdades indiscutíveis, porém esse é um axioma reverso, pois é uma mentira evidente. Não, não nos tornamos como somos por acaso ou por desenvolvimento. Deus nos fez. Essa crença é a maneira mais fácil de escapar de todas as dificuldades, e além disso, é verdade, e tudo dentro de nós nos diz o mesmo.

Uma vez que o Senhor nos fez, Ele tem direito a nós. O direito de propriedade que Deus tem no homem é provada além de qualquer argumentação por nós sermos Suas criaturas. O oleiro tem o direito de fazer o vaso para o fim que ele quiser, entretanto ele não tem direito tão absoluto sobre seu barro como Deus tem sobre nós, porque o oleiro não faz o barro; ele faz o vaso do barro, mas o barro já existia no começo. O Senhor, no nosso caso, tem feito o barro do qual nos tem formado, e portanto estamos totalmente a Seu dispor, e devemos servir-Lhe de todo o nosso coração. Ora, ó homem, se alguém cria uma coisa, ele espera usá-la. Se ele cria um instrumento para a sua profissão, ele pretende usá-lo assim como quiser; e se esse instrumento nunca se dobrasse de acordo com a sua vontade, ou fosse útil ao seu propósito, ele o descartaria rapidamente. É assim mesmo com você. O Senhor que o fez tem direito ao seu serviço e à sua obediência. Será que você não reconhecerá Seu direito?


Considerem o que Ele nos fez. Somos criaturas nada insignificantes! Quem, senão Deus, poderia fazer um homem? Rafael pega o lápis na mão e com o toque de mestre cria sobre a tela as formas mais magníficas; e o escultor com seu cinzel e seu buril desenvolve beleza extraordinária; mas aí não há vida, pensamento, intelecto e se você falar não há voz nem resposta. Quão diferente você é da tela e do mármore, visto que no seu interior há um princípio misterioso que o torna semelhante à deidade, pois sua alma pode conhecer, raciocinar, crer, entender e amar. Eu tinha quase chamado a alma de infinita, desde que Deus a tem feito capaz de tais coisas maravilhosas. Assim Ele tem nos confiado grandes capacidades e habilidades, e tem nos elevado a uma alta posição; certamente, então, cabe a nós servir-Lhe com terna lealdade.


Gosto de pensar que o Senhor nos tem feito e de dar-me a Ele por esse motivo, porque enquanto a grandeza do que Ele nos tem feito chama-nos a prestar-Lhe homenagem, até mesmo o lado ínfimo tem também seu direito. Nossas capacidades são finitas, e às vezes nos preocupamos com esse fato, desejando que pudéssemos fazer mais pelo nosso Senhor: entretanto não precisamos temer quando lembramos que Ele nos tem feito, e portanto tem determinado a medida de nossa capacidade.


Conseqüentemente, se formos pouco belos ou se tivermos pequeno talento, não queixemo-nos, mas sirvamos Aquele que nos tem feito o que somos. Se ficarmos maravilhados com uma verdade que não conseguimos entender, se encontrarmos porções da Palavra de Deus que ficam além da nossa compreensão, não queixemo-nos, mas lembremos que Deus poderia nos ter feito entender todas as coisas se assim Ele quisesse, e Ele não tem feito isso, "foi ele, e não nós, que nos fez". Quando outros nos disserem: "Olhem, sua religião está fora de seu alcance, as verdades nas quais vocês acreditam estão além de sua compreensão", responderemos, "Estamos satisfeitos de que seja assim, pois foi Ele, e não nós, que nos fez". Se Ele nos tem feito mais capazes do que outras pessoas, daremo-Lhe ainda mais honra; mas se formos vasos de pequena capacidade não desejaremos ser mais que o nosso Criador quiser que sejamos.


Não consigo imaginar exigência (reivindicação) mais elevada que esta para o nosso serviço, que Deus nos tem criado, a não ser que a mesma verdade seja cantada a um oitavo mais elevado. Homens comuns podem cantar: "Foi ele, e não nós, que nos fez"; até mesmo as criaturas irracionais podem concordar com essa confissão. Entretanto, crentes, sua nota é mais alta, porque têm sido feitos duas vezes, nascidos de novo, criados novamente em Cristo Jesus, e podem cantar de maneira mais esplêndida: "Foi ele, e não nós, que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto". A criação tem as suas reivindicações, mas a eleição e a redenção elevam-se ainda mais alto; daqueles especialmente favorecidos o Senhor deve receber louvor especial.

3. Seu apascentamento de nós

Somos "povo seu e ovelhas do seu pasto". Deus não tem nos deixado e ido embora. Ele não tem nos deixado como a avestruz deixa seus ovos, para serem quebrados pelos pés dos que passam. Ele está cuidando de nós a toda hora; assim como um pastor cuida de seu rebanho. Sobre todos nós Ele exerce um cuidado contínuo, uma providência vigilante, e por isso deveríamos louvá-lo diariamente. Tem sido bem expresso que algumas pessoas têm a visão de Deus como Alguém que, tomando o universo como um relógio, deu-lhe corda, colocou-o debaixo do travesseiro e foi dormir; mas esse não é o caso. O dedo de Deus está sobre toda roda da maquinaria do mundo; o poder de Deus é aquilo que dá força a todas as leis do universo, seriam meras leis sem força se Ele não estivesse poderosamente ativo para todo o sempre. Deus nos dá dia após dia o nosso pão diário. Deus nos veste; Ele dá respiração aos nossos pulmões ofegantes, e sangue aos nossos corações que pulsam; Ele nos mantém vivos, e se Seu poder fosse retirado, cairíamos mortos imediatamente. Portanto, devido ser assim, somos obrigados a prestar serviço diariamente ao nosso grande Pastor.


Vocês são as ovelhas de Sua mão; a vocês a provisão de hora em hora, a vocês a proteção contínua, a vocês o governo sábio e judicioso, a vocês a liderança real através do deserto até os pastos além do Jordão, a vocês o poder que faz fugir o lobo, a vocês a habilidade para encontrar pastos no deserto, a vocês aqueles sublimes confortos que vêm da presença do anjo remidor, e que fluem do próprio fato de que Ele é seu. Portanto, prestem homenagem ao Senhor e louvem-nO. Homens, visto que são homens, adorem ao Senhor que os mantém vivos; mas homens santos, renovados e alimentados dos tesouros da graça divina, sirvam ao seu Deus, rogo-lhes, de todo o coração, de toda a alma e de todas as forças, pois vocês em particular são as ovelhas de Seu pasto e o povo de Sua mão redentora.

4. O caráter divino

A razão para adorar e servir a Deus encontra-se no último versículo do nosso texto: "Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade estende-se de geração a geração". Aí estão três motivos principais para servirmos ao Senhor nosso Deus. O, que todos possam sentir o peso deles!

Primeiramente, Ele é bom. Ora, se eu levantasse uma bandeira e dissesse: "Esse pendão representa a causa de tudo o que é justo, correto, verdadeiro, gentil e benevolente", esperaria que muitos jovens corações alistar-se-iam sob ela, pois quando embusteiros de todas as nações têm falado de liberdade e virtude, excelentes almas têm se encantado e se apressado à morte pela velha e grande causa. Bem, Deus é justo, correto, verdadeiro, gentil e benevolente; numa só palavra, Deus é amor, e portanto quem não Lhe serviria? Quem recusaria ser o servo de infinita perfeição? Se Ele não fosse meu Deus, mas sim o Deus de outro homem, acho que fugiria às escondidas a Ele para alistar-me sob a bandeira de um Deus tal como Ele. Cumprir as Suas leis deve sempre ser a nossa obrigação, porque essas leis são a verdadeira essência do que é correto; nenhuma delas é arbitrária, todas são as exigências de santidade imaculada e de justiça imutável. De fato, os decretos de Deus são mais do que simplesmente corretos; são bons no sentido de serem benéficos. Quando Deus diz: "Não faça isto", é somente como uma mãe que proíbe seu filho de cortar os dedos num instrumento afiado, ou de comer frutas venenosas. Quando Deus diz: "Faça isto", é praticamente como uma instrução para sermos felizes, ou pelo menos para fazermos aquilo que no devido tempo levará à felicidade. As leis do Senhor nosso Deus são corretas com relação a tudo, e por isso exijo de todos vocês a obediência de seu coração a Deus.


Então é acrescentada: "e eterna a sua misericórdia". Quem não serviria a Alguém cuja misericórdia é eterna? Observem que Ele é sempre misericordioso. Nunca um pecador poderia chegar a Ele e encontrá-lo destituído de compaixão. O Senhor nos é misericordioso e cheio de graça na nossa infância, semelhantemente Ele nos é assim na meia idade, e quando ficamos velhos Ele ainda nos é misericordioso. Não nos é possível esgotar a Sua paciência ou exaurir o Seu amor perdoador. Ele nos tem dado um Salvador que vive para interceder pelos pecadores. Que bênção! Enquanto pecarmos teremos um Advogado que pleiteia por nós! Ele tem estabelecido um propiciatório a nosso favor, para sempre, e podemos ir aí tão freqüentemente quanto quisermos. Não é o caso que Ele ergueu um propiciatório na terra somente durante cem anos e então o retirou; ao contrário, bendito seja o Seu nome, temos sempre direito de acesso, e ainda temos um apelo a apresentar, pois o sangue de Jesus não tem perdido seu aroma. Há também o Espírito de Deus sempre à disposição para ajudar-nos a orar, e sempre que desejarmos nos aproximar do propiciatório Ele está pronto para ensinar-nos como e para o que deveríamos orar, e até mesmo para emitir gemidos que nós mesmos não seríamos capazes de fazer. O, quem não serviria a um Deus cuja misericórdia é eterna? Quão cruel é o coração que infinita ternura não consegue persuadir! Sendo que Deus é misericordioso, o homem não deveria mais ser rebelde.


O texto acrescenta ainda: "a sua verdade estende-se de geração a geração", isto é, não encontrará em Deus uma coisa hoje e outra amanhã. Aquilo que Ele promete Ele cumprirá. Toda palavra dEle permanece firme para sempre, como Ele, imutável.   Amigo, confie nEle hoje e você verá que Ele não lhe falhará, nem amanhã, e em nenhum dos dias de sua vida. O Deus de Abraão é o nosso Deus hoje, e não tem mudado com as mudanças dos anos. O Salvador em quem confiamos na nossa infância é ainda o mesmo, ontem, hoje e para todo o sempre. Bendito seja o Seu nome. Acho que era este atributo de Deus que mais encantou meu jovem coração; parecia-me tão agradável poder descansar a minha alma num Deus inalterável, tão deleitável saber que se uma vez eu desfrutasse de Seu amor Ele nunca tiraria isso de mim, que se uma vez Ele fosse reconciliado a mim através da morte de Seu Filho, sempre eu seria filho Seu e seria amado por Ele. Isso trouxe alegria ao meu coração e proclamo agora essa verdade como induzi-mento àquelas pessoas que não têm confiado no Senhor para que façam isso, pois o Senhor é bom e Sua misericórdia é eterna, e Sua verdade estende-se de geração à geração.


Assim, tenho lhes mostrado as bases das reivindicações de Deus; porventura são sólidas? Vocês concordam com elas? O, que a graça soberana constrinja cada um de nós a viver somente para a glória de Deus! É Seu direito, mais do que justo.


COMO TEMOS NOS
COMPORTADO DIANTE DAS
EXIGÊNCIAS DIVINAS?

Respondam por si mesmos. Alguns não têm prestado a mínima atenção a essas reivindicações (exigências) - de fato, eles as têm negado, e têm realmente dito: "Quem é o Senhor para que eu tenha que obedecer à Sua voz?". Existiria algum leitor assim? Peço a Deus que mude seu coração, pois o mosquito pode muito melhor lutar com a chama que já queimou suas asas do que você lutar com seu Criador. Tão certo quanto você vive, Deus lhe vencerá, e fará com que você admita Sua supremacia. Se não Lhe obedecer, Ele o quebrará em mil pedaços como um vaso de oleiro.


Um número muito maior de pessoas, no entanto, ignora a reivindicação de Deus ao invés de opor-se a ela. Elas já têm vivido neste mundo talvez até a meia-idade e nunca sequer pensaram em Deus, apesar de Deus tê-las feito e tê-las mantido vivas. E assim mesmo que muitos devedores têm feito com suas dívidas. Eles sentem-se despreocupados porque ninguém os tem importunado sobre essas; todavia, certamente é uma honestidade duvidosa que descansa em paz simplesmente porque o credor não está exigindo pagamento da dívida. Um homem realmente honesto não fica satisfeito até que tenha cumprido com suas obrigações, e todo espírito nobre ficará insatisfeito consigo mesmo porque não pagou sua dívida a Deus. E se o Senhor não tem usado severidades, não tem mandado nenhum emissário de doença ou de perda, será que não perguntaremos ainda mais ardentemente: "O que haverei de dar ao Senhor"? Roubaremos a Deus porque Ele é misericordioso? Faremos de Sua bondade uma razão para negligenciá-lo? Poderia ser certo nunca retribuirmos ao Altíssimo algo de acordo com todos os benefícios que recebemos?


Há multidões que, na teoria, reconhecem todas as reivindicações de Deus, mas que, na prática, as negam, ou esquivam-se delas através de uma religiosidade meramente externa. Não querem ser honestas, porém vão à igreja; não querem ser purificadas do pecado, mas querem ser batizadas; o viver uma vida piedosa não lhes interessa, mas querem participar da Ceia do Senhor; não querem crer em Jesus, e não querem se entregar ao amor de Deus, mas não se opõem nenhum pouco a juntar-se a uma  procissão ou a fazer uma romaria - assim dando a Deus dobrões de latão em vez de dobrões de ouro, aparências externas ao invés de verdadeira obediência. O homem recusa-se a dar ao seu Criador o amor de seu coração e a fé de seu espírito, e enquanto ele fizer isso, todas as suas ofertas serão vãs.


Com tristeza devemos todos confessar que quando temos tentado honrar a Deus, e temos conseguido isso até certo ponto pela Sua graça, ainda não chegamos a ser perfeitos; devemos muitas vezes admitir que a pressão do corpo que está perto, e das coisas visíveis e tangíveis, têm exercido mais influência sobre nós do que a força das coisas invisíveis, as quais são eternas. Temos nos rendido ao nosso ego demasia­damente, e temos roubado ao Senhor. O que faremos nesse caso? Ora, temos que louvar ao nosso eterno Deus e Pai, porque Ele tem providenciado um sacrifício satisfatório para todas as nossas fraquezas, e porque há Um, compartilhante da nossa natureza, o qual fica na brecha em nosso favor, por quem podemos ser aceitos, apesar de todas as nossas fraquezas e ofensas. Vamos a Deus através de Cristo Jesus. Ele nos exorta a crer em Jesus, e assegura-nos de que seremos perdoados e salvos naquele instante em que crermos. As exigências de Deus são cumpridas na vida e na morte de Seu Filho unigênito: a fé nos mostra que essas exigências foram cumpridas a nosso favor, e que somos livres.


Irmãos, temos crido, e continuaremos a acreditar, que Jesus morreu por nós, e eis a nossa alegria, que fomos libertados da ira de Deus, ainda que não tenhamos atingido Seus merecimentos. E o que segue agora? Sinto sobre isso que agora existem mais vínculos do que nunca para prender-me ao serviço de Deus; Ele tem me perdoado por causa do Seu nome, e tem me lavado no sangue do Seu próprio Filho, e sou Seu por vínculos mais fortes do que nunca. Não há obrigação mais convincente do que aquela que existe por causa da graça e do amor sacrifícial. O pecado perdoado não dá justificativa para cometer futuros pecados, ao contrário, é razão para futura piedade em cada coração que sente o poder do perdão. O santos de Deus, com o pecado apagado não quererão pecar mais; sendo Seus escolhidos, escolherão servir-Lhe; sendo Seus filhos adotivos, alegrar-se-ão em fazer a vontade do Pai; e, de agora para todo o sempre, serão do Senhor.


QUANDO AS EXIGÊNCIAS
DIVINAS SÃO CONSIDERADAS,
COMO ELAS NOS INFLUENCIAM?

Estou persuadido de que o tipo de pessoa mais nobre que existe na face da terra é aquele que serve a Deus; que todos os outros tipos de homens são falhos e imperfeitos em si, em altíssimo grau, e também são muito inferiores em força e beleza àquilo que é produzido nos homens pela dedicação ao serviço de Deus. Um homem guiado pelo Espírito Santo a viver para o Senhor é um ser totalmente mais nobre do que aquele que é movido por um motivo menos grandioso.


Deixem-me mostrar-lhes quão sadio é servir a Deus. O homem que serve a Deus, movido pelo Espírito de Deus para assim fazer, é humilde. Se ele fosse orgulhoso seria prova imediata de que ele não está servindo a Deus; contudo, lembrando que Deus é seu soberano, e que Ele o tem feito, que na mão dEle está sua vida, faz com que o homem bom se sinta nada mais do que pó e cinza. Servindo a Deus mantém o homem no seu devido lugar. E um ponto de equilíbrio para ele, sem o qual talvez fosse levado à destruição, como as miríades de borboletas que tenho visto em alto mar, condenadas logo a caírem nas ondas. Ao mesmo tempo, enquanto soleniza o homem, também o enche de alegria, de louvor, e de gratidão, assim dando-lhe força além de estabilidade. Alguém que ama servir a Deus recebe misericórdias de Sua mão com grande gratidão e gozo, e fica satisfeito com a vontade de Deus e, portanto, está cheio de gratidão para com Ele; e deixem-me dizer-lhes que não há momentos mais abençoados na vida de uma pessoa do que aqueles ocupados com gratidão adoradora.


Não há nada mais purgativo, ou que mais purifique um homem da grosseria mundana, e de toda a poluição do egocentrismo, do que servir ao Deus eterno e sempre bendito, e sentir que há Alguém tão maior, tão melhor do que ele mesmo, a quem almejamos, para quem vivemos. E assim que, simultaneamente, a pessoa sente-se humilde, encorajada e animada.


O serviço de Deus é nobre mais do que qualquer outro serviço. Vejam, por exemplo, um homem que vive para si mesmo; seu maior objetivo é ganhar dinheiro. Vejam-no e considerem-no bem! Acaso a avidez por riquezas não seria uma das paixões mais desprezíveis que o coração humano possa possuir? A formiga, que trabalha para sua comunidade, para mim fica lá entre os anjos, comparada a um homem que sofre, trabalha e se deixa morrer de fome, simplesmente a fim de juntar para si mesmo uma pilha de metal dourado. Será que eu poderia elogiar mais aquele que ama o prazer? Que é o prazer? Da maneira que o mundo o entende, é uma imitação vazia, uma aparência de alegria, cobrindo profunda descontentamento. Muitas vezes penso, quando ouço criaturas mundanas rindo sobre tolices tão ridículas, que devem estar caçoando uns dos outros e dizendo, "Ri. Você deveria rir". Não consigo ver a alegria de seus divertimentos, no entanto elas conseguem. Lutam para ser felizes, todavia, depois de tudo, o que adianta ter vivido somente para ser entretido? Ter consumido todas as energias matando tempo! Haveria qualquer coisa mais desprezível?


Quão horrível é quando o homem vive para a concupiscência e gasta todas as suas energias gratificando suas paixões! Bárbaros! Animais! Que infelicidade! Insulto os animais quando comparo-os a tais homens. O homem que vive para Deus é um ser muito mais nobre. Ora, no próprio ato de renunciar a si mesmo e de dedicar-se a Deus o homem tem sido levantado do mundo, e de tudo que o segura ao pó e ao lodo dele, e ele tem subido tão mais perto dos querubins, tão mais perto, de fato, do divino. Isso torna o homem um verdadeiro homem, pois aquele que serve a Deus é corajoso, e varonil demais para ser escravo. "Deus pede-me para fazer tal coisa", ele diz, "e eu o farei imediatamente; e mesmo que você tenha me pedido fazer tal e tal coisa, desde que Deus não me tenha pedido fazer isso, o que você me pede não é obrigatório. Meu joelho foi feito para dobrar diante de meu Deus e não diante de você, e minha mente foi feita para crer no que Deus revela e não no que você decide me dizer."


Livre é o homem que o amor de Deus torna livre. Como são maravilhosas as provas disso que tivemos no decorrer da história, pois os homens que serviram a Deus têm sido os mais intrépidos mortais. Vejam o forno de fogo ardente, e o rosto do tirano Nabucodonosor quase tão vermelho quanto o próprio fogo; quase que ele não consegue falar, ele fica engasgado de paixão, porque os três jovens não adorarão a estátua de ouro: mas vejam como estão calmos ao dizerem: "Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; e, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste". Eis o verdadeiro estilo de varonilidade. O amor a Deus faz heróis.


Dê a um homem a determinação de servir a  Deus  e  ele  fica  dotado de  gloriosa perseverança. Vejam os apóstolos, mártires e missionários da fé, como eles avançaram, apesar de um mundo hostil; quando uma nação tem sido aparentemente inacessível eles têm encontrado um meio de entrar nela; quando o primeiro missionário morre, logo outro tem estado pronto para seguir nos seus passos. A Igreja Primitiva, na sua fraqueza, pobreza e insipiência lutou contra a filosofia, a riqueza e todos os poderes da Roma paga, até que enfim o fraco superou o forte, e o ignorante derrotou o sábio. Aqueles que servem a Deus não podem ser vencidos; das derrotas eles aprendem a vitória. Se for necessário esperar, eles podem esperar, pois têm se juntado à vida do Eterno, e Deus não tem pressa, e nem eles. Se levar uma geração inteira para que a verdade seja escutada, deixe que leve uma geração; se levar cinqüenta gerações, que assim seja, contudo a obra será feita, a verdade será pregada, os ídolos serão abolidos e Deus será adorado. O Senhor, Seu serviço nos faz parecidos conTigo. Abençoados são os que usam o Teu jugo! Quão fortes eles crescem, quão pacientes para suportar, quão firmes para permanecer sólidos, quão rápidos para correr. Sobem com asas como águias quando aprendem a servir-Te.


Aquele que é guiado pelo Espírito Santo a servir a Deus é incitado, portanto, a um zelo, um fervor, e a um sacrifício de si mesmo ao qual nada mais poderia incitá-lo. Se vocês estão familiarizados com as vidas dos pioneiros da cruz, e especialmente das mortes dos mártires, terão visto o que a graça pode fazer dos homens. Acaso suas obras não são sublimes? Ora, esses homens riram na face de impossibilidades, e desprezaram dificuldades. Consideraram a roda e a tortura meras coisas do cotidiano, aprenderam a sorrir na face da própria morte, porque serviram a Deus. Nunca cogitaram em fugir, nem sonharam em retrair seu testemunho. Pessoas diziam, "Vocês são tolos": estavam dispostos a ouvi-los dizer isso e o consideravam cumprimento de profecia. Os reis da terra levantaram-se, e os governantes formavam conselhos e diziam: "Aniquilaremos vocês". Estavam dispostos a enfrentar isso também, no entanto não foram aniquilados. Aos olhos humanos, havia dificuldades insuperáveis em seus caminhos, porém não se importavam com o que os olhos humanos percebiam, viam através dos olhos da fé, e acreditando que estavam ocupados no serviço de Deus, sabiam que Deus estaria com eles. Sentiam que todas as forças da natureza na terra, todos os anjos no céu e todos os atributos da deidade, estavam do lado do homem que faz o serviço de Deus, e por isso foram em frente. Tenho ouvido que um louco muitas vezes demonstrará as força de dez homens; e sei que há outro lado desse fato, pois quando um homem é possuído pelo Espírito Santo, e é levado totalmente por Ele, não se sabe dizer que força há nele, ele será dez homens num só. Ora, existem casos quando uma nação inteira parece estar contida num só homem, quando esse homem tem se entregado ao serviço de Deus.


Vejam Martinho Lutero! Não podem considerá-lo um homem comum, é difícil vê-lo como qualquer coisa menos do que uma conglomeração de uma tribo inteira. Ele crê que possui a verdade e que deve proclamá-la, e no nome de Deus ele a prega, e se existirem tantos demônios em Worms quanto telhas em cima das casas, não é nada para Lutero; e se o Eleitor da Saxônia lhe disser que não irá mais abrigá-lo, o que fará Lutero? Ora, ele declara que se abrigará sob o largo escudo do eterno Deus. Quando o papa emite uma bula contra ele, Lutero queima o documento. O que importava isso para ele? Ele teria queimado até a própria Roma. O homem tinha coragem o suficiente para qualquer coisa.


Ou considerem John Knox, todo emaciado, fraco e prestes a morrer, e no entanto tão possuído por Deus, tão inspirado, que ele não prega por nem meia hora antes de sentir que ele despedaçará o púlpito; ele agita toda a Escócia, e a rainha papista lhe teme mais do que a um exército de dez mil homens, porque Deus está nesse homem. O, aprenda a sentir da seguinte forma: "É a vontade de Deus, e a todo custo vou fazer a Sua vontade, pois é Deus que está mandando". Eu lhes digo: seria mais fácil para alguém tentar parar o sol no seu curso do que parar um homem que é dominado por essa convicção.


Se algum dia esta época tola de pequenos homens for erguida como coisa que pareça respeitável, e redimida do pântano de falsidade na qual está apodrecendo, será necessário que criemos uma raça de homens cuja intenção é servir a Deus, haja o que houver, e que não faça avaliações além destas: "E certo? Será feito. E errado? Então, não será feito". Não deveremos comprometer nossa posição, nem falar sobre arruinar nossa utilidade e estragar nossa posição por sermos exatos demais. Utilidade e posição! Deixem que essas sejam arruinadas e estragadas se a verdade ficar no caminho, pois Deus deve ser seguido selva adentro, sim, até para dentro das gargantas dos animais ferozes, e para dentro da boca do inferno, se Ele mostrar o caminho. Deus há de ser o guia, e se O seguirmos tudo há de estar bem conosco.


Entretanto, senão O seguirmos, aquilo que o homem pensa será coisa mais fácil tornar-se-á a mais difícil.   Ele acha mais fácil sem correr riscos; ele acha melhor manter a paz em casa, conceder muitos pontos, não ser muito puritano ou muito exato, e assim por diante. Esse é o jeito fácil, o jeito que Deus detesta, o caminho que levará no fim a uma consciência cauterizada, e à exclusão do céu.


Todavia, a maneira de servir a Deus é ser lavado no sangue de Jesus, e então obedecer ao Senhor sem reserva, e buscar somente a Sua honra. Este é o caminho para o céu, e quando chegarmos àqueles lugares maravilhosos estaremos todos em harmonia com os perfeitos, pois eles servem ao Senhor de dia e de noite e consideram isso felicidade completa. Esta preparação e este serviço na terra são absoluta­mente essenciais para que possamos desfrutar do céu. Que Deus lhes conceda então, através do Seu Espírito Santo, que se entreguem a Deus, para servi-lo de agora em diante, e que Ele permita que nos encontremos lá nos lugares celestiais. Amém.

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Mensagem do Dia

O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa Deus de maneira pura, legítima e eterna. A.W.Tozer

"A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão." JOHN WESLEY"

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Alimentar-se da Palavra "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4 : 12).Erram por não conhecer as Escrituras, e nem o poder de Deus (Mateus 22.29)Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3

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