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5 de set. de 2010

1 Pedro 1:15 “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento.” "Sede santos, porque eu sou santo "(I Pedro 1:16)I Pe. 2.5 – “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”v. 8 – “...eu, o Senhor que vos santifico...” v.15 – “...eu o Senhor, que o santifico.” v. 23 – “...porque eu o Senhor, que os santifico.”Jo. 17.17 – Jesus orava ao Pai e dizia: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”.I Tss. 4.3 – “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação...




Sede Santos!

by David Wilkerson | April 1, 1982


Três meses depois que Israel deixou o Egito, eles chegaram ao pé do Monte Sinai e acamparam. Moisés escalou essa acidentada montanha para comunhão com o Senhor. Deus o chamou e disse:
"Falarei com você do meio de uma grossa nuvem. O povo escutara a minha voz e acreditara sempre em você...Tome providências para purificar os israelitas...
Quando amanheceu o terceiro dia, o povo estremeceu com o que viu e ouviu. Estouraram trovões e relâmpagos, e uma grossa nuvem cobriu o monte... Saía fumaça do monte Sinai, porque o Senhor tinha descido lá, no meio de labaredas de fogo... E um terremoto sacudia violentamente o monte. O som da corneta foi aumentando cada vez mais. Moisés falava e Deus respondia por meios de trovões..." (Êxodo 19:9-19 B.V.).
O que Deus trovejou a Moisés e para o povo escolhido? Foram estas palavras:
"E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo..." (Êxodo 19:6).
Há no livro de Hebreus uma profecia capaz de fazer tremer a terra - profecia prestes a ser revelada nesse tempo: Deus promete falar uma vez mais - exatamente como fez no Monte Sinai! "Aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas também o céu " (Hebreus 12:26).
"Vede que não rejeiteis àquele que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós... se nos desviarmos dEle que fala dos céus "(Hebreus 12:25).

Uma vez mais Deus está falando do céu. A mensagem é a mesma dos dias de Moisés. Nosso Deus está ainda hoje ressoando esta temível ordem:
"Sede santos, porque eu sou santo "(I Pedro 1:16)
Não podemos escapar das palavras das Escrituras! Não ousamos dar as costas à descrição de Deus sobre aqueles que são chamados:
  • santos e sem culpa
  • gloriosos, sem mancha ou ruga
  • santos, imaculados, irrepreensíveis
  • justos, puros, limpos
  • purificados de toda imundície da carne
O mundo inteiro sabe por triste experiência que esta exigência de ser santo como Deus é absolutamente impossível! As escrituras nos dizem - "Não há um justo, nem um sequer... Não há quem faça o bem ... " (Romanos 3:10-12).
Todos pecamos e destituídos estamos da santidade do Deus. A humanidade toda infelizmente falha em obedecer à ordem de ser santa como Deus. Deus não diz, " Sede santos!" Ele diz, "Sede santos como Eu sou!". Como estes dias se tornam cada vez mais corruptos e imundos, o retumbante chamado para santidade ecoara mais e mais alto no coração dos homens.
Só há três maneiras de reagir à exigência de Deus para sermos santos. Neste exato momento você se debate entre uma destas respostas.
Preguei numa penitenciaria na Cidade do México para mais de 150 estupradores e assassinos. Ministrei para algumas das pessoas mais pecadoras da terra, incluindo prostitutas, pistoleiros, traficantes, e alcoólatras de rua. Uma pergunta sempre vem à mente - "O que fez ele, ou ela, para chegar a isto? Como uma pessoa, que como criança era frágil se tornou tão má e ímpia? Como o Diabo conseguiu ter tanta força sobre eles?
A mesma pergunta poderia ser feita sobre os judeus que ouviram Deus falar de maneira audível no Monte Sinai: "Como poderia o povo esquecer o trovão, o relâmpago, os sons de trombeta, a fumaça sobrenatural, o violento terremoto - e a cósmica voz do Deus Onipotente? Como podem ter-se tornado pessoas perversas, vis, adúlteras, e ímpias?". Durante seis dias estas pessoas viram a glória de Deus: "O aspecto da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cimo do monte, aos olhos dos filhos de Israel... "(Êxodo 24:17). Quarenta dias depois, estas mesmas pessoas - que tinham caído prostradas no chão por causa da santa presença de Deus - dançaram nuas ao redor de um bezerro de ouro, adoraram um ídolo morto, divertiram-se, fornicaram, embriagaram-se - totalmente corrompidas! Apenas 40 dias do céu ao inferno!
Deus se enfureceu! "Ele ordena a Moisés - Vai, desce; porque o teu povo...se corrompeu e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado "(Êxodo 32:7,8).
Não há nada semelhante a isto na história do mundo. Em apenas 40 dias, um povo santo - e um sacerdócio santo - havia se corrompido. Arão, o sumo sacerdote, tinha estado no topo do Monte Sinai com Moisés. "Ele, também... viu o Deus de Israel... andando sobre uma brilhante pavimentação de pedra de safira "(Êxodo 24.10). Como poderia um homem que realmente viu a glória de Deus se desviar tão rapidamente, moldar um bezerro de ouro, lhe erguer um altar, e convidar todo Israel para curvar-se e adora-lo?
O motivo para haver esta rebelião repentina faz retornar ao Monte Sinai - retornar àquela voz trovejante - retornar à ordem de Deus: "Sede santos!".
Por trás de toda rebelião, está uma raiva dirigida contra Deus por fazer exigências que acreditamos serem exigências impossíveis! Durante dias os israelitas se sentaram meditando em suas tendas - cheios de temor por um Deus santo que exigiu santidade deles. Logo começaram a compreender como era impossível. Vejo-os indo de tenda em tenda, reunindo-se em pequenos grupos a ventilarem sua raiva: "Como podemos de alguma maneira atender uma exigência que é impossível? Como podemos ser como Deus?" Alguém diz o impensável - "Bem, sei o que farei - eu me recuso a viver em temor! Eu não servirei a um Deus de medo - um Deus que faz exigências impossíveis como esta!".
Logo a rebelião se estendeu rapidamente. As pessoas começaram a dizer, "Por que esse Deus de Moisés nos traz para um deserto, sabendo o quanto somos fracos e frágeis, permite que sejamos tentados - e ainda por cima, exige o impossível de nós?".
Mesmo Arão, o sumo sacerdote, deve ter se rendido a esta raiva - este sentimento de fragilidade. Tinha visto a santidade de Deus e lhe pareceu tão alta e inalcançável. Desceu do Monte Sinai para sua própria realidade pecaminosa! Finalmente, ele também estava dizendo, "De que adianta - jamais vou conseguir, sou muito fraco e cheio de pecado".
O mundo está com raiva de Deus! Cheio de raiva porque os trouxe para um deserto de tentação e pecado - fez com que tremessem de medo - e então exigiu que fossem santos e puros! E, pior de tudo, em seu modo de pensar, sem ninguém para lhes mostrar como ser santo e bom!
Quanta dor, quanto sofrimento são suportados, que esforço sobre-humano da parte de pessoas zelosas que tentam obedecer à ordem de Deus para serem santas! Paulo diz delas:
Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento... Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiga de Deus "(Romanos 10:2,3).
Ouvem Deus trovejando a ordem, "Sede santos!". Então respondem, "Serei santo - se eu me privar da vida!". Vivem sob um peso terrível por não conhecerem as Escrituras! Querem ser santos e então tentam obedecer a Deus por pura força de vontade.
Afinal de contas, a Bíblia diz:
  • Abstenha-se de toda forma do mal
  • Resisti ao diabo e ele fugira de vós
  • Deixe o pecado que tenazmente lhe assedia .Rejeite o velho homem e todos os seus desejos maus .Não deixe o seu corpo cair em tentação
Soa como Deus colocando toda responsabilidade sobre nós. Então nós vamos em frente, tentando ser santos!
Alguns deixam de fumar, beber, dançar, jogar cartas - até mesmo de ir ao cinema. Outros tentam agradar a Deus jejuando, orando, e suplicando-Lhe que "elimine todos os meus desejos maus". Promessas após promessas são feitas - apenas para serem quebradas! Às vezes, com esforço sobre-humano, por uma semana, um mês, ou mais tempo - não cedem ao pecado que os assedia. Aí exatamente quando pensam que a vitória está garantida, tudo vem por água abaixo! Tentados, derrotados - e levados ao desespero!
Por que? Porque a menos que se submetam à justiça de Cristo pela fé, é tudo em vão. Propuseram-se a uma tarefa impossível! Todas as nossas boas obras devem brotar de um coração puro, santificado pela fé na obra de Cristo na Cruz.
Deus despreza todo esforço humano para ser santo - quando feito através da força do próprio homem! Despreza todo livro, todo sermão, toda doutrina que chama as pessoas à santidade através de regras e tradições produzidas pelo homem. Movimentos inteiros de santidade nasceram do desejo de homens fazerem tudo que é humanamente possível para agradar a Deus, e serem santos. Alguns se tornaram totalmente legalistas.
A história da igreja está repleta de ideias ridículas de como ser santo. Li sobre monges que dormiam em fardos de espinhos e pilhas de vidro quebrado. Outros amarravam um pé, pulavam com o outro até inutilizar aquele que foi amarrado. Simon Stylites ficou por trinta anos no topo de uma coluna, e quando estava muito fraco para permanecer ali, erigiram um poste e se acorrentou a ele. Na Idade Média, longas procissões de flagelantes viajavam de país em país, gemendo, chorando, entoando canções tristes de arrependimento, surrando as costas nuas enquanto marchavam. Milhares uniam-se a estas procissões em um esforço para "arrancar o mal".
Somos igualmente culpados. Temos simplesmente inventado meios modernos para criar santidade. Primeiro, cabelo curto era pecaminoso - e depois cabelo longo. Maquiagem e jóias eram consideradas por alguns como mundanas. Mangas compridas e vestidos longos para mulheres eram considerados santos. Cozinhar no domingo ou andar de bicicleta no sábado era pecado. Outros achavam que você tinha de ser pobre para ser santo. Alguns achavam que Deus esperava uma total retirada do meio da sociedade - e os mosteiros foram criados.
Pense em todos os livros escritos por homens "santos". Homens que fizeram a santidade soar de maneira inalcançável - como se levasse uma vida inteira de autonegação - aflição - choro - longos jejuns e profunda humildade! Estes livros soam tão consagrados - tão santos e puros. Mas muitos deles são abomináveis aos olhos de Deus. Porque estes homens assim chamados santos nunca se submeteram à justiça de Cristo - um dom dado exclusivamente pela fé. O apóstolo Paulo diz: "E ser achado nele, não tendo justiga própria, que procede de lei [ou obras]... senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé..." (Filipenses 3:9).
"Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus... justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção... sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3:21-24).
Deus revelou a nós um meio seguro de nos tornarmos absolutamente santos e perfeitos aos Seus olhos - por meio do qual todos os Seus filhos podem viver em absoluta paz e alegria, sabendo que Deus os considera santos, puros e inculpáveis. E tudo isso é dadiva gratuita!
Sua dádiva de santidade nunca pode ser uma recompensa por algo que façamos. É um favor imerecido! Um dom completado!
"Será que foi por causa de suas boas obras que Deus o aceitou (Abraço)?... Será que ele não ganhou seu direito ao céu por todas as boas ações que praticou? Não, pois ser salvo é um dom; se alguém pudesse ganhá-lo sendo bom, então não seria de graça - mas é! É dado a todos os que não trabalham para esse fim. Deus declara que os pecadores são bons a seus olhos, se eles crerem que Cristo pode salvá-los da ira de Deus" (Romanos 4:1-5 B.V.).
Alguns argumentam - "Sei que se tornar santo é humanamente impossível - mas com a ajuda de Deus todas as coisas são possíveis". Em outras palavras, "Posso conseguir se Deus me ajudar!". Ao que parece pensamos em fazer o melhor possível - e então tendo feito o nosso máximo - pedimos a Deus que nos dê um empurrãozinho!
Errado! Completamente errado! Não podemos ser santos - mesmo com ajuda de Deus - porque Deus não ajudará um ladrão que tente seguir por um outro caminho além daquele que Ele abriu. Este é o dilema de muitos cristãos nos dias de hoje. Eles oram dizendo "Oh, Deus - Tu não vês o quanto estou tentando? Não sentes a agonia do meu coração? Não vês a luta que estou tendo para permanecer puro? Deus - por que não vens com um poder especial me ajudar nesta luta?".
A gente acha que Deus fica encantado com nossos esforços cheios de lágrimas. Esperamos que Ele esteja de prontidão, aplaudindo nosso árduo trabalho - ávido para nos levantar quando cairmos. Assumimos que Ele se agrada de todo nosso esforço, da luta contra o pecado, da resistência à tentação! Mas a Palavra de Deus diz: "E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente [segundo os preceitos de Deus]..." (II Timóteo 2:5).
Deus não está nem um pouco interessado em cristãos que batalham contra certos pecados. Ele não está interessado em resolver seus pontos fracos. Ele não tem nada a ver com estas lutas discriminadas. Ele quer mais que isso - quer pôr o manto da justiça de Cristo nos que têm fome de santidade! Quer trocar nossos trapos imundos de autojustificação por um espírito de santidade - uma vida de santidade - pela fé em Cristo. Quer pôr um fim em todas as nossas desencorajadoras e inúteis lutas para sermos santos!
A submissão é o único caminho que direciona à santidade de Deus - "...submetendo-se à justiga de Cristo, pela fé..."
Submeter significa "renunciar ao poder da tua vontade". Com Deus não ha essa coisa de força de vontade - todo poder é dEle! Não permitirá qualquer outro poder senão o dEle! Deus exige santidade absoluta por uma razão: Ele quer que sejamos humilhados por esta exigência! Ele pacientemente observa nossas lutas para sermos santos - esperando que fracassemos tão terrivelmente que corramos ao Seu trono, caiamos de joelhos e clamemos, "É inútil! Eu nunca serei santo! Sou fraco - sensual - pecaminoso - nada de bom há em mim!". É este o tipo de arrependimento que Deus espera - confessando a fraqueza de nossos esforgos vãos - negando termos qualquer poder em nós mesmos.
Amado - ouça isto: você jamais será revestido pela santidade de Cristo enquanto não prostrar o seu rosto ante o trono de Deus - nu, pobre, miserável, fraco, e totalmente desamparado! Você deve de uma vez por todas admitir não haver poder algum em si para resistir ao pecado - que você não tem coisa alguma a oferecer ao Senhor senão um desmoronado, derrotado e desamparado torrão de barro. Deve admitir que não pode ser santo - mesmo com ajuda. A santidade tem de lhe ser dada - como uma dádiva.
O maior presente que você pode dar a Deus é a fé de que Ele lhe dará Sua santidade! Isaías exulta:
"Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o manto de justiça... Assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor para todas as nações..." (Isaías 61: 10, 11).
O inferno inteiro está prestes a explodir neste nosso mundo amaldiçoado. Homens maus e sedutores ficarão cada vez mais arrojados e violentos. Haverá nudez na TV em horário nobre, estações a cabo mostrando filmes proibidos para menores. Satanás declarou guerra aos santos! Corrupção, adultério, bebedeira - libertinagem sexual tal como o mundo nunca testemunhou antes. Por toda parte haverá impiedade, medo, dureza de coração - menosprezo por tudo que seja bom, puro e santo!
Como ficaremos nessa hora? Qual é a nossa defesa? Como permaneceremos santos numa era tão ímpia? Qual ser humano pode resistir à inundação que está se aproximando? Quem pode se manter incontaminado e sem ser manchado por tudo isto? Ninguém! Não por sua própria força, quero dizer.
"É por isto que esta mensagem de submissão total deve ser mantida agarrada às nossas almas! Unicamente Deus tem o poder de nos manter santos - apresentar-nos a Si próprio como povo santo sem mancha ou imperfeição!
Creia nisto: o Deus que nos dá Sua santidade - tem o poder de manter-nos nela! O lugar mais seguro da terra esta ao pé da Cruz - humilhado perante o trono de Deus. Quanto mais corruptos são os dias, mais submissos precisamos ficar! Mantenha-se submisso! Não desistir mas se dar!
Você então pode entender o que realmente significa andar no Espírito - para não satisfazer a concupiscência da carne. Significa isto: viver todo o tempo em um estado constante de submissão e entrega ao poder de Deus! Viver em um estado de rendição total - desistindo de todos os direitos pelo poder e pelo eu. Tornar-se totalmente dependente de Deus para executar todas as coisas para você, e através de você.
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A Santidade Para Os  Dias de Hoje

Livro de Levíticos. 21.6

1. Tratar de santidade em pleno século XXI não é um assunto muito fácil.
2. Isso porque há um hiato entre o que algumas igrejas pregam e o que vivem.
3. Há um abismo entre o sermão e a vida, entre fé e obras.

O grande escritor Leonard Ravenhil disse:
“A maior vergonha dos nossos dias é que a santidade que apregoamos é anulada pela impiedade do nosso viver”.

Stanley, um pensador, disse:
“O maior inimigo do cristianismo não é o ateísmo, o budismo, o confucionismo, o materialismo, o romantismo, o islamismo, o espiritismo, o maior inimigo é pregar e não viver”.

4. A palavra “santo” aqui nesse texto vem do hebraico “qadosh” que quer dizer: “separar, cortar ou mais especificamente: ‘fazer separação para Deus’”.
5. O sacerdote, então, no A. T. era um homem cabalmente separado para servir a Deus no templo e oferecer sacrifícios pelos pecados seus e do povo.
6. Portanto, era necessário que esse homem fosse alguém santo perante Deus e perante os homens.
7. O sacerdote tipificava Cristo em oferecer sacrifício pelo perdão dos nossos pecados.
8. Mas também, tipificava o sacerdócio universal da igreja em sacrifício espiritual de louvor.

I Pe. 2.5 – “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”.

9. Então, assim como o sacerdote tinha de ser santo perante Deus e os homens, a igreja tem o mesmo dever de santidade hoje.
10. Ou seja, o dever de estabelecer-se diante de Deus e dos homens com santidade.
11. O dever de preservar-se ante a presença de Deus e dos homens com a pureza de Cristo.
12. Todavia, tratar de santidade hoje não é tão simples, em virtude da confusão que se estabeleceu sobre o assunto nas arenas religiosas.
13. É necessário, contudo, que haja um discernimento profundo sobre a verdadeira santidade que Deus reclama nas paginas da Bíblia Sagrada.
14. É necessário que nos voltemos para as Santas Escrituras e busquemos diligentemente o real significado de santidade para os dias de hoje. Portanto devemos perguntar:

Qual o modelo de santidade que a Bíblia Sagrada nos revela para os dias de hoje?
1º) Um modelo de santidade onde Deus seja o principal santificador.

1. Por três vezes Deus fala a Moisés que o Ele é o principal santificador do seu povo.
v. 8 – “...eu, o Senhor que vos santifico...”
v.15 – “...eu o Senhor, que o santifico.”
v. 23 – “...porque eu o Senhor, que os santifico.”
2. Santidade é primariamente uma obra de Deus no homem.
3. No tempo atual não é diferente, pois o Espírito Santo gera no nosso íntimo o desejo de abominar o pecado e de nos submetermos a sua soberana vontade.
4. Na verdade, há dentro de todo aquele que nasceu de novo um anseio real de ser santo como o seu Senhor.
5. Porque a obra da santificação não começa com o desejo humano de ser santo, começa com o desejo de Deus em nos tornar santos.
Jo. 17.17 – Jesus orava ao Pai e dizia: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”.
Hb. 13.12 – “Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta”.
I Tss. 4.3 – “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação...”

6. O ser humano nasce pecador, afastado de Deus completamente.
7. Portanto se não partir de Deus o desejo de lhe santificar, o homem jamais chegará a tão elevada condição espiritual.
I Co. 2.14 – “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.
8. Portanto é o desejo de Deus em sermos santos que produz no nosso coração o desejo de santidade.
Assim como o MAR não conserva em suas águas seres mortos ou objetos inanimados, empurrando-os para fora de si, também o Espírito Santo trabalha em nós expulsando tudo aquilo que nos contamina na presença de Deus para fora de nós mesmos.
9. Por exemplo: o Espírito Santo é perito em expulsar de nós:
a) A mentira de nossos lábios;
b) A fofoca de nossa língua;
c) O medo do nosso coração;
d) O desejo sexual pervertido;
e) A falsidade nos relacionamentos;
f) A vida no adultério;
g) O prazer das drogas;
h) O prazer do álcool;
i) A desonestidade nos negócios;
j) A maldição do pecado.

10. Porque o verdadeiro cristianismo é aquele que gera nas pessoas o desejo de serem santas.
11. Jesus pregou um evangelho que produz no íntimo das pessoas um desejo de santidade.
Foi gerado na alma de Pedro um desejo de santidade;
Foi gerado no coração de Paulo um anseio por santidade;
Foi gerado na alma de João um anelo por santidade;
Foi gerado no íntimo de Mateus o desejo de ser santo;
Foi gerado na alma de Lucas o anelo de ser santo;
Foi gerado nos grandes homens de Deus esse desejo intenso de santidade em viver para Deus como sacrifício de louvor.

· Quando Pedro pregou o grande sermão no Pentecostes, a resposta dos que os ouvia em At. 2.37, foi de “coração compungido” uma pergunta: “Que faremos, então, irmãos?”.

12. É isso que a mensagem do evangelho gera nas pessoas, inquietação para mudança de um estado de pecado para uma condição de santidade.

No fundo da sua alma existe arrependimento sincero dos seus pecados?
Dentro do seu coração há um desejo intenso de santidade?
A sua alma anseia a santidade divina?
O seu coração tem fome e sede de justiça?
A sua alma deseja não se contaminar com a sujeira do pecado?

13. Se no seu coração não existir esse desejo de santidade, então, duvide de seu cristianismo.
14. Que a nossa oração seja: “Senhor gera em nós desejo de ser santo como Tu és santo”.
Fl. 2.13 – “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”.

15. E a vontade de Deus é que sejamos santos como Ele é santo.
2º) Um modelo de santidade onde exista consciência dos limites da vontade de Deus.
V. 4 – “Ele (o sacerdote), sendo homem principal entre seu povo não se contaminará, pois que profanaria”.

1. Para ser sacerdote no A. T. era necessário ter consciência dos limites estabelecidos por Deus, para preservar sua santidade no santuário.
2. Assim é o caso do cristão hoje, ele precisa observar os limites da vontade de Deus para preservar-se santo na presença do Altíssimo.
3. Porque no centro da vontade de Deus há limites que não podem ser ultrapassados.
4. Sendo que ultrapassar tal limite implica em sofrermos prejuízos terríveis.

· 
Adão só foi santo enquanto não ultrapassou o limite que Deus estabeleceu para ele; tendo ultrapassado, sofreu danos terríveis.
· Acã só foi homem santo no arraial do povo de Deus enquanto não ultrapassou o limite da vontade divina; tendo feito isso, foi morto ele e sua família;
· Sansão só foi santo enquanto na ultrapassou os limites da vontade de Deus pra ele; tendo quebrado a barreira do limite, sofreu dores horríveis;
· Saul só foi homem santo enquanto não ultrapassou o limite da vontade de Deus; tendo feito isto, morreu e foi pregado no muro da vergonha;
· Judas só foi homem santo enquanto não ultrapassou o limite da vontade divina; tendo feito isto, morreu enforcado de desgosto.

5. Porque ultrapassar limites divinos é quebra de aliança com Deus.
6. E toda aliança quebrada com o Senhor gera dor e sofrimento.
Vocês lembram-se do filho pródigo quando quebrou a aliança com seu pai? Qual foi o resultado?

7. Tomemos por exemplo o filho pródigo que resolveu sair de casa, ultrapassar os limites da fazenda, quebrar a aliança de filho com pai!
8. Sabemos muito bem que ele não viveu nada de bom nessa empreitada, e também sabemos que sua vida só voltou para o lugar quando ele reatou a aliança com seu pai.
9. Assim é o que muitos crentes tem feito, ultrapassado o limite da vontade de Deus, saído da casa do pai atrás de novidades mundo a fora e quebrado a aliança de santidade com o Senhor.
O que significa algumas gravidezes fora de tempo por algumas moças que se dizem cristãs?
O que significa alguns casamentos fora da hora?
O que significa a queda de grandes pregadores no pecado do adultério?
O que significa a desonestidade nas empresas de muitos que se dizem cristãos?
O que significa algumas mulheres fofoqueiras em alguns círculos cristãos?
O que significa a mentira nos lábios de homens que andam com a bíblia debaixo do braço?
O que significa os maus testemunhos que alguns crentes dão no emprego, na escola, na faculdade, no lar, no trânsito, no comercio, na vida?

10. Ora, significa ultrapassar os limites da vontade de Deus!
11. Precisa-se urgentemente haver um “Retorno a Santidade”, ao centro da vontade de Deus.
12. Só então a vida de muitos voltará ao seu devido lugar.
13. Porque a obra de Deus em nos santificar, não invalida, anula a nossa responsabilidade de observarmos os limites de sua vontade.
14. É necessário que haja um cuidado constante para não no encontrarmos na vida, como o filho prodigo um dia se encontrou.
Mc. 14.38 – “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”.

I Co. 10.12 – “Aquele, pois, que pensa está em pé veja para que não caia”.

Gl. 6.7 – “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; aquilo que o homem semear, isso também ceifará”.


15. Portanto querido amigo, cuidado, observe os limites da vontade de Deus, pois no centro de sua vontade repousa a benção, a alegria, o amor, a paz e a vida em abundancia. Fora dela é prejuízo.
Alguém disse: “O melhor lugar do mundo é no centro da vontade de Deus e o pior lugar do mundo é fora da vontade de Deus”.

Você precisa retomar sua aliança com Deus?
3º) É um modelo de vida a ser um referencial seguido por outros.
V.6 – “...portanto, serão santos”.

1. O papel do sacerdote era o de ser o referencial de santidade para uma nação.
2. Ele tinha de ser o modelo a ser seguido por todos em atos, em obras, em justiça, em bondade e em amor.
3. Assim é o papel do cristão hoje, ser o referencial de santidade num mundo profano e pecador.
4. Todavia, ser o referencial para uma nação não era uma questão de opção para o sacerdote, era uma questão de Ser e pronto.
5. Ele era o referencial e ponto final. Não tinha essa de um dia ser religioso e outro ser irreligioso. Não! Ou era ou não era.
6. Da mesma forma é o crente em Jesus, ser santo não é uma opção do cristianismo.

· 
John MacArthur uma das maiores autoridades evangélicas do momento, disse: “Não ousamos encarar a santificação como algo opcional”.
7. Ou seja, Ser santo é uma exigência para quem quer viver para Deus.
8. Isso é uma questão de coerência cristã.
Pode ser considerado santo de Deus quem passa cheque sem fundo?
Pode ser considerado santo de Deus quem fofoca da vida alheia?
Pode ser considerado santo homem de Deus quem compra fiado e não paga?
Pode ser considerada santa mulher de Deus quem não cuida do lar?
Pode ser considerado santo quem é duas caras?
Pode ser considerado santo quem mente nos negócios?
Pode ser considerado santo que sonega impostos?
Pode ser considerado santo quem fala mal do pastor?
Pode ser considerado santo quem deseja a mulher dos outros?
Pode ser considerado santo quem vive com duas mulheres?
Pode ser considerado santo quem fala palavrão em casa?
Pode ser considerado santo quem espanca a esposa e os filhos no lar?
Pode ser considerado santo não ler a bíblia sagrada?
Pode ser considerado santo quem não gosta de oração?
Pode ser considerado santo quem não gosta de missão, evangelismo?
Pode ser considerado santo quem vive assim?


Alguém disse: “O que Deus deseja é que você prepare o seu caminho, aterre as falhas de sua existência, conserte as passagens escabrosas da sua existência; enfim, faça do projeto da sua vida algo coerente com sua vontade”. 
Mt. 7.18-20 “Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada fora. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis”.

Quais tipos de frutos são os nossos?
Que tipo de arvore nós somos?
Quais tipos de frutos são os seus?
Que tipo de árvore é você?

9. Vivemos uma crise de referenciais no mundo todo.
10. Nos faltam homens referenciais a serem seguidos e imitados.

· 
Há um livro cujo titulo é: “Porque caem os gigantes?”
11. Infelizmente somos a geração onde a maioria de nossos gigantes está no chão.
12. Homens que outrora eram referenciais de santidade, e hoje são casos de zombaria.
13. Precisamos urgentemente pedir a Deus que nos levante como referenciais de santidade em nosso tempo.
14. É necessário que haja um clamor a Deus para nos tornar homens e mulheres santos dignos de serem considerados referenciais para nossa geração.
J. L. Packer – em seu livro “A redescoberta da santidade” disse:
“Santidade é a imitação de cristo em suas virtudes de bondade, humildade, justiça, abnegação e amor por Deus e pelo próximo”.


15. Jesus é o nosso referencial digno de ser imitado e seguido.
16. Ele é o referencial que a igreja e o mundo carecem.
17. Ele é o modelo de uma vida santa com Deus.
18. A bíblia Sagrada tem um modelo de santidade como referencia para esse mundo tortuoso que se acha em Cristo Jesus.

· 
Quando nos faltar um referencial de humildade e mansidão, olhemos para Jesus e lá estará Ele dizendo: “Aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração”.
· Quando nos faltar um referencial de justiça, olhemos para Cristo e lá estará Ele: “julgando corretamente o caso de uma mulher adultera”.
· Quando nos faltar um referencial de perdão, olhemos para Jesus, e lá estará Ele na cruz dizendo: “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”.
· Quando nos faltar um referencial de nobreza, olhemos para Jesus e lá estará Ele dando atenção a um pobre cego, mendigo, leproso, ladrão ao seu lado na cruz.
· Quando nos faltar um referencial de paz, olhemos para Jesus e lá estará escrito sobre Ele: “Príncipe da paz”.
· Quando nos faltar um referencial de força, olhemos para Jesus e lá estará escrito sobre Ele: “Deus forte”.
· Quando nos faltar um referencial de sofrimento, olhemos para Cristo e lá estará Ele agonizando numa cruz por três horas.
· Quando nos faltar um referencial de fé, olhemos para Cristo autor e consumador da nossa fé.
· Quando nos faltar um referencial de amor, olhemos para Jesus e La estará Ele no caminho do calvário, suando gotas de sangue, na via dolorosa, sendo pregado numa cruz por amor de mim e de você pecador.

I Jo. 2.6 – “aquele que diz que permanece nele, esse deve andar como Ele andou”.

19. Cristo é a cabeça da igreja, Ele é o nosso maior referencial.
20. Que Deus nos guie nos passos de seu amado Filho Jesus.
21. Que possamos ter em nós o caráter e a mente de Cristo.
22. Que sejamos povo santo por seguirmos os passos do nosso salvador.
23. E que o mundo veja em nós um referencial de justiça, bondade, amor, verdade, humildade, renuncia e santidade.

Você é um referencial de Deus para seu tempo?
O seu altar de santidade na presença de Deus estar consertado?
Você é um referencial digno de ser imitado?
Você é um santo homem de Deus digno de respeito?
Você é uma santa mulher de Deus como referencial para suas amigas?
Você é uma santa mulher de Deus referencia no casamento?
Você é uma jovem santa de Deus referencia no namoro?
Você é um santo homem de Deus referencia no ministério?
Você é um santo de Deus mesmo no mundo?

24. Urgentemente clamemos a Deus para que sejamos referenciais para nossa geração como santos e piedosos, “obreiros aprovados que não tem nada do que se envergonhar”.

· 
Nas paredes de uma igreja na Inglaterra, que foi bombardeada na 2º guerra mundial, tinha escrita a seguinte oração com o titulo “Santificado seja o teu nome” que dizia:
“Na indústria, ó Deus, que estejas tu em minhas mãos e em meu fazer.
Nas artes, Deus, que estejas tu em meus sentidos e em meu criar.
No lar, ó Deus, que estejas tu em meu coração e em meu amar.
No comercio, que estejas, Deus, no meu balcão e em meu vender.
Na cura, ó Deus, que estejas tu em minha habilidade e em meu tocar.
No governar, que estejas, Deus, nos planos e em meu decidir.
Na educação, que estejas, Deus, em minha mente e em meu crescer.
Na recreação, que estejas, Deus, em meus membros e em meu lazer”






Atos 4:12 “E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.”Efésios 2:8-9 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Romanos 10:8-10 “Mas que diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé, que pregamos. Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo; pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. (Mateus 10:22)





8.1 A Salvação

Ez 36.26,27; Sf 1; Jo 3.16,17; Rm 1.16-17; 1 Co 1.26-31; 1 Ts 1.6-10
Certa vez me defrontei com um jovem, na Filadélfia, que me perguntou: "Você está salvo?" Minha resposta foi: "Salvo do quê?" Mina pergunta pegou-o de  surpresa. Obviamente não tinha pensado muito profundamente sobre o significado da pergunta que estava fazendo às pessoas. Certamente eu não estava salvo das pessoas que me paravam na rua e me importunavam com a pergunta: "Você está salvo?"
A questão sobre estar salvo é  a suprema questão da Bíblia. O tema principal das Sagradas Escrituras é a salvação. Jesus, quando foi concebido no ventre de Maria, foi anunciado como o Salvador. Salvador e salvação caminham junto. O papel do Salvador é salvar.
Perguntamos novamente, salvos de quê? O significado bíblico de salvação é amplo e variado. Em sua forma mais simples, o verbo salvar significa "ser resgatado de uma situação perigosa ou ameaçadora". Quando Israel escapava das derrotas nas mãos de seus inimigos em batalhas, dizia-se que fora salvo. Quando as pessoas se recuperam de uma enfermidade grave, experimentam salvação. Quando a colheita é poupada das pragas e das secas, o resultados se chama salvação.
Usamos a palavra salvação de maneira semelhante. Dizendo que um boxeador foi "salvo pelo gongo" se o assalto termina antes que o juiz possa fazer a contagem que determina o nocaute. Salvação significa ser resgatado de alguma calamidade. Entretanto, a Bíblia também usa o termo salvação num sentido específico para referir-se à nossa redenção suprema do pecado e à nossa reconciliação com Deus. Neste sentido, somos salvos da pior de todas as calamidades - o juízo de Deus. A salvação suprema é concretizada por Cristo, o qual "nos livra da ira vindoura" (1 Ts 1.10).
A Bíblia anuncia claramente que haverá um dia de julgamento quando todos os seres humanos prestarão contas diante do tribunal de Deus. Para muitos, este "dia do Senhor" será um dia de trevas, sem luz alguma. Será o dia quando Deus derramará sua irá sobre o ímpio e impenitente. Será o holocausto supremo, a hora mais triste, a pior calamidade da história da humanidade. Salvação suprema significa ser poupado da ira divina que certamente virá sobre o mundo. Esta é a operação que Cristo realiza por seu povo como seu Salvador.
A Bíblia usa o termo salvação não só em muitos sentidos, mas também em muitos tempos verbais. O verbo salvar aparece em praticamente todos os tempos verbais possíveis da língua grega. Existe um sentido no qual nós fomos salvos (desde a fundação do mundo); estávamos sendo salvo (pela obra de Deus na História); somos salvos (por estarmos num estado justificado); estamos sendo salvos (sendo santificados ou sendo feitos santos); e seremos salvos (experiência da consumação da nossa redenção no céu). A Bíblia fala da salvação em termos de passado, presente e futuro.
Às vezes relacionamos a salvação presente em termos de justificação, a qual é presente. Ouras vezes vemos a justificação como um passo específico na ordem total ou plano da salvação.
Finalmente, é importante notar outro aspecto central no conceito bíblico de salvação. A salvação procede do Senhor. Salvação não é um empreendimento humano. Os seres humanos não podem salvar a si próprios.A salvação é uma obra divina; é concretizada e aplicada por Deus. A salvação pertence ao Senhor e provém do Senhor. É o Senhor quem nos salva da ira do Senhor.


Sumário

1.  O sentido geral de salvação é "ser regatado de uma situação ameaçadora".
2. A salvação suprema significa ser poupado da calamidade suprema da ira de Deus.
3. A Bíblia fala da salvação em vários tempos verbais, referindo-se à obra de redenção feita por Deus, no presente, no passado e no futuro.
4. A justificação ás vezes é usada como sinônimo de salvação; em outras ocasiões é vista como aspecto no esquema geral da salvação.
5. A salvação pertence ao Senhor e provém do Senhor.


Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.



8.2 O Livre-Arbítrio 

Dt 30.19,20; Jp 6.44,65; Jo 8.34-36; Jo 15.5; Rm 8.5-8; Tg 1.13-15
Neste exato momento você está lendo estas palavras porque você decidiu, por sua própria vontade, lê-las. Você pode protestar e dizer: "Não! Eu na decidi ler estas palavras. Fui incumbido de ler este livro. Realmente não quero lê-lo". Tal vez esse seja o caso. No entanto, você o está lendo. Pode ser que haja outras coisas que você preferia estar fazendo neste momento, mas de qualquer forma você decidiu lê-lo. Você decidiu lê-lo e, vez de decidir não lê-lo.
Não sei por que você esta lendo isto. Mas sei que você deve ter uma  razão para lê-lo. Se você não tivesse razão para lê-lo, simplesmente não teria decidido lê-lo.
Toda escolha que fazemos na vida, fazemos por alguma razão. Nossas decisões baseadas sobre o que parece bom para nós no momento, considerando-se todas as implicações. Fazemos algumas coisas movidos por intenso desejo. Fazemos outras sem termos consciência de nenhum desejo. Mesmo assim, o desejo está lá, ou então não escolheríamos fazer tais coisas. Essa é a própria essência do livre-arbítrio - escolher de acordo com nosso desejos.
Jonathan Edwards, em seu livro The Freedom of the Will [A Liberdade de Vontade], define a vontade como "o instrumento pelo qual a mente escolhe". Não há dúvida de que os seres humanos de fato fazem escolhas. Eu estou escolhendo escrever e você está escolhendo ler. Eu quero escrever e a escrita é  acionada. Quando a idéia de liberdade é acrescentada, entretanto, o assunto torna-se terrivelmente complicado. Temos de perguntar: liberdade para fazer o quê? Até mesmo o calvinista mais ardoroso não pode negar que a vontade é livre para escolher qualquer coisa que ela deseja. Até mesmo arminiano mais convicto concordaria qual a vontade não é livre para escolher aquilo que não deseja.
Com respeito à salvação, a questão é: o que o ser humano deseja? Os arminianos crêem que alguns desejam arrepender-se e ser salvos. Outros desejam fugir de Deus, e assim colher a condenação eterna. Por que pessoas diferentes têm desejos diferentes nunca foi esclarecido pelos arminianos. Os calvinistas sustentam qual todo ser humano deseja fugir da presença de Deus a menos e até o Espírito Santo opere a obra de regeneração, a qual muda nossos desejos, para que livremente nos arrependamos e sejamos salvos.
É importante notar que mesmo as pessoas não regeneradas nunca são forçadas contra sua vontade. Sua vontade é transformada sem sua permissão, mas são sempre livres para escolher conforme queiram. Assim, de fato somos livres para fazer segundo queremos. Não somos livres, contudo, para escolher ou selecionar nossa natureza. Ninguém pode declarar simplesmente: "De agora em diante vou desejar só o bem"; da mesma maneira que Cristo não poderia ter declarado: "De agora em diante vou desejar só o mal". É aquele que termina nossa liberdade.
A Queda deixou a vontade humana intacta no sentido em que ainda temos a faculdade de escolher. Nossa mente foi obscurecida pelo pecado e nossos desejos presos a impulsos ímpios. Mas ainda podemos pensar, escolher e agir. Mesmo assim, algo terrível nos aconteceu. Perdemos todo anseio por Deus. Os pensamentos e desejos de nossos corações são continuamente maus. A liberdade de nossa vontade tornou-se uma maldição. Visto que ainda podemos escolher segundo nossos desejos, escolhermos pecar e assim nos tornamos passíveis do juízo de Deus.
Agostinho disse que ainda temos livre-arbítrio, mas perdemos nossa liberdade. A liberdade real sobre a qual a Bíblia fala é a liberdade ou o poder de escolher Cristo como nosso. Entretanto, até que nosso coração seja mudado pelo Espírito Santo, não sentimos nenhum desejo por Cristo. Sem esse desejo, nunca o escolheremos. Deus tem de despertar nossa alma e nos dar uma aspiração por Cristo antes que sejamos inclinados a escolhê-lo.
Edwards disse que, como seres humanos caídos, retemos nossa liberdade natural (o poder de agir de acordo com nossos desejos), mas perdemos nossa liberdade moral. A liberdade moral inclui disposição, inclinação e desejo da alma em relação à justiça. Foi esta inclinação que se perdeu na Queda.
Toda escolha que faço é determinada por algo. Há uma razão para ela, um desejo por trás dela. Isso soa como determinismo? De maneira nenhuma! O determinismo ensina que nossa ações são completamente controlados por fatores que nos são externos, que nos obrigam a fazer o que não queremos. Isso é coerção e se opões à liberdade.
Como nossas escolhas podem ser determinadas, mas não coagidas? Porque são determinadas por algo interior - pelo que nós somos e pelo que  desejamos. São determinadas por nós mesmos. Isso é autodeterminação, que é a própria essência da liberdade.
Para escolhermos a Cristo, Deus tem de mudar nosso coração, e é precisamente isto que ele faz. Ele muda nosso coração por nós. Dá-nos aspiração por ele, que de outra maneira não teríamos. Então o escolhermos a partir do desejo que está dentro de nós. Nós o escolhemos livremente porque queremos escolhê-lo. Esta é a maravilha de sua graça.
Sumário
1. Toda escolha que fazemos e motivada.
2. Nós sempre escolhemos segundo nossa inclinação mais forte no momento em que fazemos a escolha.
3. A vontade é a faculdade de escolher.
4. Seres humanos caídos possuem livre-arbítrio, mas carecem de liberdade. Temos liberdade natural, mas não liberdade moral.
5. A liberdade é autodeterminação.
6. Na regeneração, Deus muda a disposição de nosso coração e implanta em nós o desejo por ele.


Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.


8.3 Livre-arbítrio: Afinal, temos ou não temos?


Nota:CFW = Confissão de Fé de Westminster 

     

Neste estudo, iremos procurar entender a questão que envolve o termo “Livre-arbítrio”. 

Trata-se de um tema que trouxe grande discussão durante alguns períodos da História. O entendimento diferente acerca deste tema, ou seja a defesa da existência de um “livre-arbítrio” ou a sua negação, tem divido pessoas até hoje. 
Mas, afinal temos ou não temos livre-arbítrio? É isto mesmo que iremos verificar, não só analisando as posições teológicas acerca do assunto, mas, buscando luz da Bíblia para clarear nosso entendimento. Antes de mais nada precisamos definir o que seja esse tal “Livre-arbítrio”:



1. Livre-arbítrio 

“Livre-arbítrio”, tem sido definido, como a capacidade dada ao homem, por ocasião de sua criação, para escolher entre o bem e o mal, entre agradar a Deus ou desobedecê-Lo. Seria o “livre poder de eleger o bem ou o mal”. 

Héber Carlos de Campos também a define como tendo sido a capacidade que o homem teve, “de escolher as coisas que combinavam com a sua natureza santa, mas que, mutavelmente, pudesse escolher aquilo que era contrário à sua natureza santa”. 

Vejam que tais definições, estão de acordo com o que prescreve a nossa Confissão de Fé: 
O homem em seu estado de inocência , tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder.



É importante dizermos que quanto a definição, não existe dificuldade. O problema todo que envolve o tema, é se o homem hoje, depois da queda , possui ou não esse tal de livre-arbítrio. 

Antes mesmo de entrar propriamente na discussão, se o homem ainda dispõe dessa capacidade, precisamos dizer algo acerca de uma faculdade natural e inalterada no homem, mesmo depois da queda, chamada de “livre agência” ou “capacidade de escolha”.



2. Livre Agência ou Capacidade de Escolha 

Existe no homem uma capacidade tal que lhe dá condições de fazer escolhas, de acordo com o que lhe é agradável. O homem sempre e em qualquer condição, faz as suas escolhas, de tal forma que ele é responsabilizado por elas. “Essa capacidade ou aptidão é um aspecto inalienável da natureza humana normal”. Ele é livre para escolher o que lhe agrada, de acordo com suas inclinações. 

Sobre este aspecto da existência humana a CFW diz o seguinte: 

Deus dotou a vontade do homem com tal liberdade natural, que ela nem é forçada para o bem nem para o mal, nem a isso determinada por qualquer necessidade absoluta de sua natureza. Ref. Tiago 1:14; Deut. 30:19; João 5:40; Mat. 17:12; At.7:51; Tiago 4:7.



Comentando acerca desta seção da CFW, A. A. Hodge diz o seguinte: 

...que a alma humana, inclusive todos os seus instintos, idéias, juízos, emoções e tendências, tem o poder de decidir por si mesma; isto é, a alma decide em cada caso como geralmente lhe agrade.



O homem é livre para escolher, sendo que nada externamente pode forçar suas escolhas. Isto é essencial no homem, faz parte da sua criação a imagem e semelhança de Deus. “À parte dela, não pode haver qualquer responsabilidade, confiança ou planejamento. À parte dela, não pode haver educação, religião ou adoração. À parte dela, não pode haver qualquer arte, ciência ou cultura. A capacidade de escolher é uma condição sine qua non de toda a vida humana”. 

A definição de Campos sobre este assunto é também esclarecedora: 

Livre Agência, por outro lado, poderia ser definida como a capacidade que todos os seres racionais têm de agir espontaneamente, sem serem coagidos de fora, a caminharem para qualquer lado, fazendo o que querem e o que lhes agrada, sendo, contudo, levados a fazer aquilo que combina com a natureza deles.



Campos ainda falando sobre este aspecto, enfatizando a responsabilidade humana em suas escolhas diz: 

É importante que o ser racional que ele aja sempre movido pelo seu ego. A responsabilidade dele sempre estará diretamente ligada à voluntariedade do seu ato. Todos os atos dele devem ser auto-inclinados e auto-determinados.

Portanto, para que haja responsabilidade, não é necessário que haja o poder de escolha contrária, mas sim, que haja o poder de auto-determinação, que a ação seja nascida nas inclinações do ser racional.
Pelo que ficou demonstrado, em qualquer época o homem é livre para agir conforme sua condição, sua natureza, ou seja, ele sempre faz o que quer conforme a sua inclinação.


3. A queda do homem: O que aconteceu ao livre-arbítrio? 

Como dissemos acima, na criação o homem recebeu a capacidade de fazer escolhas e possuía também a liberdade de fazer escolhas certas, ou seja podia escolher agradar a Deus, de tal forma que pudesse cair desse estado em que foi criado. O homem foi criado totalmente santo, integro, contudo podia escolher algo que fosse contrário a essa sua natureza. E foi isso o que aconteceu, ou seja, escolheu pecar. “No princípio, portanto, o homem não era um ser neutro, nem bom nem mau, mas um ser bom que era capaz de, com a ajuda de Deus, viver uma vida totalmente agradável a Deus”. Como dizia Agostinho, o homem tinha a “capacidade de não pecar” (posse non peccare). 

Neste sentido, até antes de sua queda podemos dizer, o homem possuía o livre-arbítrio, contudo com a desobediência, ele perdeu tal capacidade, sendo que não mais consegue fazer escolhas certas, não consegue agradar a Deus. Suas escolhas serão sempre determinadas pelo estado em que caiu. Suas escolhas serão de acordo com a sua natureza. 

É neste ponto que surgem então discussões, pois, diferente da posição Reformada Calvinista, os Arminianos irão afirmar que o homem ainda possui o livre-arbítrio. Ele pode sem a intervenção de Deus, em seu estado natural, fazer escolhas espirituais acertadas. 
Para os arminianos a queda do homem, embora tenha trazido algum prejuízo não afetou totalmente o homem, sendo que, continua em seu estado natural a ter habilidades para escolher a salvação, para escolher agradar a Deus. Desta forma, a depravação não foi total. 
Vejam mais detalhadamente a posição dos arminianos quanto a depravação do homem: 
Embora a natureza humana tenha sido seriamente afetada pela queda, o homem não ficou reduzido a um estado de incapacidade total. Deus, graciosamente, capacita todo e qualquer pecador a arrepender-se e crer, mas o faz sem interferir na liberdade do homem. Todo pecador possui uma vontade livre (livre arbítrio), e seu destino eterno depende do modo como ele usa esse livre arbítrio. A liberdade do homem consiste em sua habilidade de escolher entre o bem e o mal, em assuntos espirituais. Sua vontade não está escravizada pela sua natureza pecaminosa.. O pecador tem o poder de cooperar com o Espírito de Deus e ser regenerado ou resistir à graça de Deus e perecer. O pecador perdido precisa da assistência do Espírito, mas não precisa ser regenerado pelo Espírito antes de poder crer, pois a fé é um ato deliberado do homem e precede o novo nascimento. A fé é o dom do pecador a Deus, é a contribuição do homem para a salvação.



O ensino arminiano segue o raciocínio de Pelágio, com diferença apenas no fato de que este, dizia que a queda não afetou em nada a humanidade, de tal forma que “o homem continua nascendo na mesma condição em que Adão estava antes da queda. Esta isento não só de culpa, como também de polução.” Por isso, os arminianos são considerados semi-pelagianos, pois pensam que o homem depois da queda tenha capacidade para fazer escolhas certas. 

Os reformados calvinistas, em contra partida, afirmam que a queda incapacitou totalmente o homem, afetando todas as suas faculdades. O homem após a queda perdeu tal liberdade, sendo agora escravo do pecado, morto espiritualmente. 

Vejam mais detalhadamente o pensamento calvinista sobre a depravação total 

Devido à queda, o homem é incapaz de, por si mesmo, crer de modo salvador no Evangelho. O pecador está morto, cego e surdo para as coisas de Deus. Seu coração é enganoso e desesperadamente corrupto. Sua vontade não é livre, pois está escravizada à sua natureza má; por isso ele não irá - e não poderá jamais - escolher o bem e não o mal em assuntos espirituais. Por conseguinte, é preciso mais do que simples assistência do Espírito para se trazer um pecador a Cristo. É preciso a regeneração, pela qual o Espírito vivifica o pecador e lhe dá uma nova natureza. A fé não é algo que o homem dá (contribui) para a salvação, mas é ela própria parte do dom divino da salvação. É o dom de Deus para o pecador e não o dom do pecador para Deus.



Os calvinistas neste sentido, seguem os ensinos de Agostinho, que por sua vez combateu os ensinamentos de Pelágio. Agostinho ensinou que quando os seres humanos “pecaram, embora não perdessem a sua capacidade de fazer escolhas, perderam a sua capacidade de servir a Deus sem o pecado – em outras palavras, a sua verdadeira liberdade. O homem tornou-se, então, um escarvo do pecado; ele passou ao estado de ‘não ser capaz de não pecar’ (non posse non peccare).” 

A CFW afirma o seguinte acerca disso: 

O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso. Ref. Rom. 5:6 e 8:7-8; João 15:5; Rom. 3:9-10, 12, 23; Ef.2:1, 5; Col. 2:13; João 6:44, 65; I Cor. 2:14; Tito 3:3-5.



Calvino também disse o seguinte acerca desta situação do homem: 

As Escrituras atestam que o homem é escravo do pecado; o que significa que seu espírito é tão estranho à justiça de Deus que não concebe, deseja, nem empreende coisa alguma que não seja má, perversa, iníqua e impura; pois o coração, completamente cheio do veneno do pecado, não pode produzir senão os frutos do pecado.



O homem, após a queda não possui mais o livre-arbítrio, não pode mais escolher algo que é contrário a sua natureza pecaminosa. Ele está morto, cego, é escravo do pecado. 

Esta doutrina defendida pelos calvinistas, pelos reformados, que por sua vez é negada pelos arminianos, não se trata apenas de uma posição teológica diferente, e sim de afirmação bíblica. Nega-la é o mesmo que renunciar a Palavra de Deus neste assunto. 

São inúmeros os textos que afirmam tal verdade, falando que o homem está incapacitado totalmente de atender ao convite de salvação, de atender as exigências divinas. Isto acontece por seu próprio pecado, por sua própria inclinação e desejo. À parte da graça de Deus o homem, por sua própria iniciativa não pode salvar-se, ou escolher isto. 

Vejamos textos que servem de base para a doutrina calvinista:



1. O homem está morto, incapaz de qualquer bem, precisando da intervenção divina: Jr 13.23; Ef. 2.1-10; Rm 3.9-18, 23; Cl 2.13; Tt 3.3-5. 

2. O homem não consegue ir até Jesus, senão com a ajuda somente de Deus: Jo 6.44, 65; Rm 9.16. 

3. O homem precisa nascer de novo, contudo, isto só aconteça através da atuação do Espírito Santo, que age soberanamente: Jo 3.1-15. 

4. O homem não pode compreender as coisas espirituais, senão pelo Espírito: I Co 2.14-16. 
5. A Bíblia declara que o homem está cego, é escarvo do pecado. Não pode fazer outra coisa senão pecar, a não ser que Deus mude seu estado: Ef. 4.18; Jo 8.31-36; Jo 9.35-41; Rm 6.15-23; 2 Tm 2.26. 
6. O homem não pode apresentar um fruto diferente daquilo que ele é: Mt 7.16-18; Tg 1.16-18.



Percebam que, afirmar que o homem tem o livre-arbítrio, é o mesmo que ignorar tais textos da Bíblia. 

É importante enfatizar que, o homem mesmo neste estado, continua ser um agente livre, ou seja, ele exerce “a livre agência”. Isto quer dizer que continua a fazer as suas escolhas, contudo, não escolhe nada que seja contrário a sua natureza pecaminosa (Jo 5.40; Tg 1.14; Mt 17.12; At 7.51; Ef 2.3). O homem nunca é forçado a fazer algo que não deseja. Faz sempre aquilo que lhe traz prazer. 

Sobre isto, diz Calvino: 

Não pensemos, entretanto, que o homem peca como que impelido por uma necessidade incontrolável; pois peca com o consentimento de sua própria vontade continuamente e segundo sua inclinação. Mas, visto que, por causa da corrupção de seu coração, odeia profundamente a justiça de Deus; e, por outro lado, atrai para si toda sorte de maldade, por isso afirmamos que não tem o livre poder de eleger o bem ou o mal – que é o que chamamos livre-arbítrio.



Campos diz também o mesmo: 

Originalmente, antes da queda, o homem teve tanto o livre arbítrio como a livre agência. Depois da queda o homem ficou somente com a livre agência, pois perdeu tanto o desejo quanto a capacidade de fazer o bem, isto é, o poder de agir contrariamente à sua natureza.

Assim, é o homem quem escolhe continuar no pecado, contudo, não tem capacidade, por causa do seu próprio pecado e maldade, para escolher coisa diferente a não ser que suas inclinações e vontade sejam transformadas por Deus, recebendo habilidade para escolher o que é bom e reto. Por isso o homem é sempre responsabilizado por seus atos, pois, sempre escolhe o que lhe agrada.


4. Na Redenção do Homem: O que acontece ao livre-arbítrio? 

Quando Deus em sua livre graça, resolvendo salvar o homem, age em seu coração, pela ação do Espirito lhe implanta vida, o que acontece é que o homem recebe habilidade para escolher o que é reto e bom. A Bíblia descreve este ato, como o da libertação de um escravo, dando-lhe liberdade para escolher o que é agradável a Deus, contudo, muito embora liberto, pode ainda inclinar-se para o pecado. O homem passa a desejar o que é bom. Isto não significa que não deseje o pecado, pois, ainda permanece nele a imperfeição. 

Sobre isto diz a CFW: 

Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau. Ref. Col.1: 13; João 8:34, 36; Fil. 2:13; Rom. 6:18, 22; Gal.5:17; Rom. 7:15, 21-23; I João 1:8, 10.



Estaria o homem regenerado na mesma condição de Adão antes da queda, ou seja, teria ele agora novamente o livre-arbítrio? Não, pois, não voltamos a ser como era Adão. Ele era perfeitamente reto, santo, e podia escolher algo que fosse contrário ao que era a sua natureza. O homem regenerado, recebe liberdade para escolher o que é bom, contudo, não tem o livre arbítrio, pois não escolhe algo contrário ao que ele é. Ou seja, quando escolhe o que é bom, faz isso de acordo com a sua nova natureza criada em Cristo e quando escolhe pecar, faz isso, conforme a sua natureza carnal. Esta é a luta que reside dentro do homem restaurado. Ele não pode dar lugar ao velho homem (Ef 4.17-24; Cl 3.1-11). 

É importante ressaltar que, sendo regenerado o homem recebe habilidade, que antes não tinha, para escolher a Deus. Conforme Agostinho, o homem recebe a capacidade de não pecar (posse non peccare). Por isso, e somente assim, pode atender ao convite do Evangelho para a sua salvação. O homem na regeneração, continua a exercer a sua “livre agência”. 

Vejam como a CFW, fala da condição que o homem para fazer escolhas espirituais, como um ser ativo: 

Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça. Ref. João 15:16; At. 13:48; Rom. 8:28-30 e 11:7; Ef. 1:5,10; I Tess. 5:9; 11 Tess. 2:13-14; IICor.3:3,6; Tiago 1:18; I Cor. 2:12; Rom. 5:2; II Tim. 1:9-10; At. 26:18; I Cor. 2:10, 12: Ef. 1:17-18; II Cor. 4:6; Ezeq. 36:26, e 11:19; Deut. 30:6; João 3:5; Gal. 6:15; Tito 3:5; I Ped. 1:23; João 6:44-45; Sal. 90;3; João 9:3; João6:37; Mat. 11:28; Apoc. 22:17.



Esta vocação eficaz é só da livre e especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista no homem; na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada. 

Ref. II Tim. 1:9; Tito 3:4-5; Rom. 9:11; I Cor. 2:14; Rom. 8:7-9; Ef. 2:5; João 6:37; Ezeq. 36:27; João5:25.

É o homem que diz sim a Deus, que diz sim ao chamado do Evangelho, depois de Ter sido habilitado, libertado do pecado. O abrir do olhos, a nova criação, o nascer de novo, é obra da livre graça de Deus e se não for assim, ninguém poderá crer em Cristo. Se não recebermos a fé que vem do Senhor, nunca poderemos crer. Maravilhosa graça!


5. Na glorificação do Homem: Terá o livre-arbítrio? 

Quando formos glorificados, por ocasião da vinda de Cristo e completação de nossa salvação, teremos de volta o livre-arbítrio? Não, na glorificação, não voltaremos a ser como Adão, estaremos à frente dele, pois, ele quando criado não gozava de uma perfeição permanente, ou seja, podia cair de tal estado. Ele podia escolher algo contrário a sua natureza, contudo, se tivesse sido obediente poderia Ter alcançado a perfeição permanente. Os crente glorificados alcançarão o que Adão não pode alcançar. Teremos perfeita liberdade para servir a Deus. Continuaremos a ser agentes livres, pois, escolheremos o que estará de acordo com a nossa natureza perfeita. Nunca escolheremos pecar, pois, não haverá tal possibilidade, então, nunca mais teremos o livre-arbítrio. 

Desta forma, como disse Agostinho, alcançaremos o estado “não posso pecar” (non posse peccare). 

Diz a CFW: 
É no estado de glória que a vontade do homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o bem só. Ref. Ef. 4:13; Judas, 24; I João 3:2.



Comentando a CFW, Hodge diz: 

Quanto ao estado dos homens glorificados no céu, nossa Confissão ensina que continuam, como antes, agentes livres; contudo, os restos de suas velhas tendências morais corruptas, sendo extirpadas para sempre, e as graciosas disposições implantadas na regeneração, sendo aperfeiçoadas, e o homem todo, sendo conduzido à medida da estatura do varão perfeito, à semelhança da humanidade glorifica de Cristo, permanecem para sempre perfeitamente livres e imutavelmente dispostos à perfeita santidade. Adão era santo e instável. Os homens não regenerados são impuros e estáveis; isto é, são permanentes na impureza. Os homens regenerados possuem duas tendências morais opostas, digladiando-se pelo domínio em seus corações. São lançadas entre elas, contudo a tendência graciosamente implantada gradualmente por fim prevalece perfeitamente. Os homens glorificados são santos e estáveis. São todos livres e, portanto, responsáveis.

Portanto na glorificação, seremos para sempre livres, sem também o livre-arbítrio para sempre.


Conclusão:

Os reformados, os calvinistas crêem no livre-arbítrio, como tendo sido uma habilidade concedida a Adão e perdida na queda. Desde então o homem ficou desprovido de qualquer habilidade para fazer escolhas santas, agradáveis a Deus. Não lhe resta outro desejo senão o de pecar, conforme as inclinações de seu próprio coração, sendo assim, um agente livre e responsável. 

Cremos que, nunca mais tal habilidade fará parte da existência humana. O fato de Deus nos libertar do pecado nos habilitando a fazer escolhas acertadas, não é o mesmo que dizer que temos o livre-arbítrio. As escolhas sempre estarão de acordo com a nossa natureza, ou naturezas. 

Nem antes, nem depois, voltaremos a ser como era Adão. Na glorificação estaremos à frente dele, num estado em que o pecado não será possível. 
Dizermos que existe um tal de livre-arbítrio, seria o mesmo que dizer que Deus não é soberano sobre a salvação do pecador, que Ele está sujeito ao querer do homem. 
Se não fosse Deus, sua graça o que seria de nós, nunca escolheríamos a Ele. 
Que o estudo acerca desse tema, possa-nos motivar a glorificar a Deus por causa da sua graça que, agindo em nós mudou nos inclinações e vontade, fazendo-nos querer, desejar, o que não queríamos nem desejávamos.



Sola Gratia! 

Soli Deo Gloria



Autor: Rev. Waldemar Alves da Silva Filho

Fonte: Portal IPB - http://www.ipb.org.br




8.4 A Fé 

Rm 1.16-32; Rm 5.1-11; Rm 10.14-17; Gl 3.1-14; Ef 2.8,9; Tg 2.14-26
O cristianismo freqüentemente é chamado de religião. Mais apropriadamente, é chamado de "fé". Costumamos, falar de fé cristão. O cristianismo é chamado de fé porque há um  conjunto de conhecimento que é afirmado ou no qual seus aderentes devem crer. Também é chamado de fé porque a virtude da fé é central para sua compreensão da redenção.
O que fé significa? Em nossa cultura, às vezes fé é confundida com uma crença cega em alguma coisa irracional. Chamar a fé cristã de "fé cega", entretanto, não só denigre os cristãos, mas também ultraja a Deus. Quando a Bíblia fala sobre cegueira, ela usa esta imagem para descrever pessoas que, por seus pecados, andam nas trevas. O cristianismo chama as pessoas das trevas, e não para trevas. A fé é o antídoto para a cegueira e não a causa dela.
Em sua raiz, o termo fé significa "confiança". Confiar em Deus não é um ato de crença irracional. Deus se revela para ser eminentemente confiável. Ele nos dá amplas razões para confiarmos nele, provando que somente ele é fiel e  digno de nossa confiança.
Existe uma enorme diferença entre a fé e credulidade.Ser crédulo é acreditar em algo sem uma sólida razão. Este é o material do qual as superstições são feitas e prosperam. A fé estabelecida sobre o raciocínio coerente e consistente  e sobre sólidas evidências empíricas. Pedro escreve: "Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade." (2 Pe 1.16).
O cristianismo não se apóia em mitos e fábulas, mas no testemunho daqueles que viram e ouviram com seus próprios olhos e ouvidos. A verdade do evangelho se baseia em eventos históricos. Se o relatos desse eventos não é confiável, então nossa fé seria em vão. Deus, porém, não nos pede para  crermos em alguma coisa que seja baseada em mitos.
O livro de Hebreus nos dá uma definição de fé: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." (Hb 11.1) A fé compreende a essência de nossa esperança para o futuro. Em termos simples, significa que confiamos em Deus quanto ao futuro baseados em nossa fé no que ele fez  no passado. Crer que Deus continuará a ser digno de confianção não é uma fé gratuita. Há muitas razões para se crer que Deus está tão fiel ás suas promessas no futuro quanto foi no passado. Há uma razão concreta, para a esperança que está dentro de nós.
A fé, que é a evidência de fatos que não se vêem, tem uma referência primária, mas não exclusiva, ao futuro. Ninguém tem uma bola de cristal que funcione. Todos nós caminhamos para o futuro pela fé e não pelo que vemos. Podemos planejar a fazer projetos, mas ainda as melhoras previsões que temos se baseiam em nossas elaboradas conjunturas. Nenhum de nós tem conhecimento experimental do amanhã.Vemos o presente e podemos nos lembrar do passado. Somos especialistas em avaliar os eventos depois que acontecem. A única evidência sólida que temos do nosso próprio futuro é extraída das promessas de Deus. Neste ponto, a fé oferece evidência de coisas não vistas.  Confiamos em  Deus quanto ao amanhã.
Também confiamos ou cremos que Deus existe. E embora o próprio Deus não seja visto, a Bíblia deixa claro que o Deus invisível se manifesta através das coisas visíveis (Rm 1.20). Embora Deus não seja visível, cremos que ele está porque se tem manifestado de maneira tão clara na criação e na História.
A fé inclui crer que Deus existe, embora esse tipo de fé não seja particularmente digno de aplausos. Thiago escreve: "Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem." (Tg 2.19). Aqui podemos ver sarcasmo nas palavras de Thiago! Crer na existência de Deus simplesmente nos qualifica a sermos demônios. Uma coisa é crer que Deus existe; outra é crer em Deus. Crer em Deus, ou seja, confiar nele e confiar a ele a nossa vida é a própria essência da fé cristã.
Sumário
1. O cristianismo é uma fé porque se baseia num conjunto de conhecimentos revelados por Deus.
2. Fé não é um salto no escuro de olhos fechados, mas a confiança em Deus que nos move para fora das trevas em direção à Luz.
3. A fé é simples, mas não é simplista.
4. Fé não é o mesmo que credulidade. Baseia-se em razões sólidas e em evidências históricas.
5. A fé fornece a substância para nossa esperança futura.
6. A fé envolve confiar naquilo que não é visto.
7. A fé significa mais do que acreditar que Deus existe, significa crer em Deus e confiar nele.


Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno, Verdades Essenciais da Fé Cristã, Editora Cultura Cristã.

8.5 A Fé Salvadora  Mt 18.3; Rm 10.5-13; Ef 2.4-10; 1 Ts 2.13; Tg 2.14-26
Certa vez Jesus destacou que, a menos que tivéssemos fé como uma criança, de maneira alguma entraríamos no Reino do céu. A fé como de uma criança é um pré-requisito para sermos membros do Reino de Deus. Há certa diferença, contudo, entre ter fé como de uma criança e ter uma fé infantil. A Bíblia nos chama a  sermos crianças quanto ao mal, mas maduros em nosso entendimento. A fé salvadora é simples, mas não simplista.
Visto que a Bíblia ensina que a justificação é somente pela fé, e que a fé é uma condição necessária para a salvação, é imperativo que entendemos o que compreende a fé salvadora. Thiago explica claramente o que a fé salvadora não é: "De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?" (Tg 2.14 - NVI). Aqui Thiago faz distinção entre uma confissão de fé e a realidade da fé. Qualquer um pode dizer que tem fé. Embora certamente sejamos chamados a professar nossa fé, a simples profissão de fé por si mesma não salva ninguém. A Bíblia deixa claro que as pessoas são capazes de honrar a Cristo com seus lábios enquanto seus corações estão longe dele. Aquilo que os lábios dizem, sem nenhuma manifestação do  fruto da fé, não é a fé salvadora.
Thiago prossegue e diz: "Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta."(Tg 2.17 - NVI). A fé morta é descrita por Thiago como algo sem  proveito. É fútil, vã e não justifica ninguém.
Quando Lutero e os reformadores declararam que justificação é pela  fé somente, perceberam que era preciso apresentar um declaração cuidadosa de fé salvadora. Definiram a fé salvadora como incluindo os elementos constituintes necessários. A fé salvadora se compõe de informações, assentimento intelectual e confiança pessoal.
A fé salvadora envolve um conteúdo. Não somos justificados por simplesmente cremos em qualquer coisa. Alguns dizem: "Não importa no que você creia, desde que seja sincero". Este sentimento é radicalmente oposto ao ensino da Bíblia, a qual ensina que aquilo em que cremos é profundamente importante. A justificação não ocorre simplesmente pro meio da sinceridade. Podemos estar sinceramente errados. A doutrina certa, pelo menos nas verdades essenciais do evangelho, é um ingrediente necessário da fé salvadora. Cremos no evangelho, na pessoa e obra de Cristo. Isso é parte integrante da fé salvadora. Se nossa doutrina é herética quanto à essência, não seremos salvos. Se, por exemplo,  dissermos que cremos em Cristo, mas negamos sua divindade, não possuímos a fé que justifica.
Embora seja necessário termos um entendimento correto das verdades essenciais do evangelho para sermos salvos, o entendimentos correto da verdade de teologia cristã, demonstrando que conhece as verdades do Cristianismo, sem que ele próprio afirme que são verdadeiras. A fé salvadora inclui o assentimento  mental da verdade do evangelho.
Mesmo que uma pessoa entenda o evangelho e afirme ou concorde que seja verdade, ainda pode estar longe da fé salvadora. O diabo sabe que o evangelho é verdade, mas o odeia com toda as fibras do seu ser. Existe um elemento de confiança na fé salvadora. Envolve a confiança pessoal e a dependência do evangelho. Podemos crer que uma cadeira suportará nosso peso, mas não demonstramos confiança pessoal na cadeira até que nos sentemos nela.
A confiança envolve a vontade tanto quanto a mente. Ter fé salvadora exige que amemos a verdade e desejamos viver de acordo com ela.  Abraçamos com nosso coração a doçura e o amor de Cristo.
Tecnicamente falando, a confiança pessoal pode ser considerada um subponto ou um acréscimo do assentimento intelectual. O diabo pode assentir quanto à verdade de certos fatos sobre Jesus, mas não assente a todos eles. Ele não assente ao amor ou à aspiração de Cristo. Entretanto, quer distingamos ou  combinamos assentimento intelectual com confiança pessoal, o fato que permanece é que a fé salvadora requer o que Lutero chamou de fé viva - uma vital e  pessoal confiança em Cristo como Salvador e Senhor.
  *Assentir: Dar assentimento ou aprovação; consentir, permitir. Conjug.: como
Sumária
1. A fé salvadora á a fé como de criança, mas não fé infantil.
2. Uma pessoa não é justificada por uma mera profissão de fé.
3. A fé salvadora requer assentimento intelectual a verdade do evangelho.
4. A fé salvadora envolve confiança pessoal e amor a Cristo.


Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro emhttp://www.cep.org.br 

8.6 O chamado do evangelho




Qual é a mensagem do evangelho? 

Como ele se torna eficaz?




1. EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA





Quando Paulo fala a respeito do modo em que Deus traz salvação à nossa vida, ele diz: “E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou” (Rm 8.30). Aqui Paulo ressalta uma ordem definida na qual as bênçãos da salvação vêm a nós. Embora muito tempo atrás, quando o mundo ainda não havia sido feito, Deus nos tenha predestinado para que fôssemos seus filhos e para que nos conformássemos à imagem de seu Filho, aqui Paulo salienta o fato de que, no desenvolvimento real do seu propósito em nossa vida, Deus nos “chamou”. Então Paulo imediatamente cita a justificação e a glorificação, mostrando que essas coisas vêm após o chamado eficaz. Paulo indica que há uma ordem definida no propósito salvador de Deus (embora não em todos aspectos de nossa salvação mencionados aqui). Assim, vamos começar a nossa discussão das diferentes partes de nossa experiência de salvação com o tópico do chamado.



A. O chamado eficaz





Quando Paulo diz: “aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou” (Rm 8.30), ele assinala que o chamado é um ato divino. De fato, é especialmente um ato de Deus Pai, pois é ele quem predestina as pessoas “para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Outros versículos descrevem mais plenamente o que é esse chamado. Quando Deus chama as pessoas desse modo poderoso, ele as chama “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9); ele as chama “à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (lCo 1.9; cf. At 2.39) e para o seu Reino e glória” (lTs 2.12; cf. lPe 5.10; 2Pe 1.3). Os indivíduos que foram chamados por Deus pertencem “a Jesus Cristo” (Rm 1.6). Eles são chamados para “serem santos” (Rm 1.7; lCo 1.2) e vieram para o Reino de paz (lCo 7.15; Cl 3.15), liberdade (Gl 5.13), esperança (Ef 1.18; 4.4), e santidade (lTs 4.7) suportando com paciência o sofrimento (lPe 2.20,21; 3.9) para desfrutar a vida eterna (lTm 6.12).





Esses versículos indicam que esse não é um chamado sem poder ou meramente um chamado humano. Esse chamado é antes uma espécie de “convocação” vinda da parte do Rei do universo e tem tal poder que exige uma resposta dos corações humanos. É o ato divino que garante a resposta, porque Paulo especifica em Romanos 8.30 que todos os que foram chamados foram também justificados. Esse chamado tem a capacidade de retirar-nos do reino das trevas e de transportar-nos ao Reino de Deus, atraindo-nos para a plena harmonia com ele: “Fiel é Deus, o qual os chamou à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (lCo 1.9).





Esse poderoso ato de Deus é muitas vezes designado vocação eficaz, para distingui-lo do convite geral do evangelho que se dirige a todas as pessoas e que algumas rejeitam. Isso não significa que a proclamação humana do evangelho não esteja envolvida. De fato, o chamado eficaz de Deus vem por intermédio da pregação humana do evangelho, porque Paulo diz: “Ele os chamou para isso por meio de nosso evangelho, a fim de tomarem posse da glória de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 2.14). Naturalmente há muitos que ouvem o chamado geral da mensagem do evangelho e não respondem. Mas em alguns casos o chamado do evangelho torna-se eficaz pela ação do Espírito Santo no coração das pessoas, de forma que elas respondem; podemos dizer que elas receberam a “vocação eficaz”.





Podemos definir a vocação eficaz da seguinte maneira: Vocação eficaz é o ato de Deus Pai, falando por meio da proclamação humana do evangelho, pelo qual ele convoca as pessoas para si mesmo de tal modo que elas respondem com fé salvadora.

E importante não dar a impressão de que as pessoas serão salvas pelo poder dessa vocação independentemente da resposta deliberada delas ao evangelho (v. cap. 21 sobre a fé pessoal e o arrependimento que são necessários à salvação). Embora seja verdade que a vocação eficaz desperta e produz a resposta em nós, devemos sempre insistir em que essa resposta ainda tem de ser voluntária, uma resposta deliberada na qual o indivíduo coloca sua confiança em Cristo.





Essa é a razão por que a oração é tão importante para a evangelização eficaz. A menos que Deus opere no coração das pessoas para tornar a proclamação do evangelho eficaz, não haverá nenhuma resposta salvadora genuína. Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair” (Jo 6.44).





Um exemplo do chamado do evangelho operando eficazmente é visto na primeira visita de Paulo a Filipos. Quando Lídia ouviu a mensagem do evangelho, “o Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo” (At 16.14).





Ao contrário da vocação eficaz, que é inteiramente ato de Deus, podemos falar a respeito do chamado do evangelho em geral, que vem por meio da linguagem humana. Esse chamado do evangelho é oferecido a todas as pessoas, mesmo às que não o aceitam. Às vezes esse chamado do evangelho refere-se ao chamado externo ou chamado geral. Em contrapartida, a vocação eficaz de Deus que realmente produz a resposta deliberada da pessoa que ouve é por vezes chamada vocação interna. O chamado do evangelho é geral e externo e muitas vezes é rejeitado, ao passo que a vocação eficaz é particular, interna e sempre é eficaz. Contudo, isso não significa diminuir a importância do chamado do evangelho — que é o meio pelo qual a vocação eficaz acontecerá. Sem o chamado do evangelho, ninguém poderá responder e ser salvo! “E como crerão naquele de quem não ouviram falar?” (Rm 10.14). Portanto, é importante entender exatamente o que significa o chamado do evangelho.

B. Os elementos do chamado do evangelho




Três elementos importantes devem ser incluídos na pregação do evangelho.



1. Explicação dos fatos concernentes à salvação. Qualquer pessoa que vem a Cristo para salvação deve ter ao menos o entendimento básico de quem Cristo é e como ele satisfaz a nossa necessidade de salvação. Portanto, a explicação dos fatos concernentes à salvação deve incluir ao menos três coisas:

A. Todas as pessoas pecaram (Rm 3.23)
B. A penalidade do pecado é a morte (Rm 6.23)
C. Jesus Cristo morreu para pagar a penalidade de nossos pecados (Rm 5.8).

Mas o entendimento desses fatos e mesmo a concordância de que eles são verdadeiros não são suficientes para uma pessoa ser salva. Deve haver um convite para uma resposta pessoal da parte do indivíduo que vai se arrepender de seus pecados e confiar pessoalmente em Cristo.

2. Convite para responder a Cristo pessoalmente em arrependimento e fé.
Quando o NT fala a respeito de pessoas vindo à salvação, ele fala em termos da resposta pessoal ao convite do próprio Cristo. Esse convite é belamente expresso, por exemplo, nas palavras de Jesus: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).





É importante deixar claro que essas não são apenas palavras faladas muito tempo atrás por um líder religioso do passado. Cada não-cristão que ouve essas palavras deve ser encorajado a pensar nelas como palavras que Jesus Cristo está dizendo neste momento, falando individualmente ao que ouve. Jesus Cristo é o Salvador que está vivo agora no céu, e cada não-cristão deveria pensar em Jesus falando diretamente a ele, dizendo “Venham a mim [...] e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). Esse é um convite genuíno e pessoal que espera uma resposta pessoal de cada um que o ouve.





João também fala a respeito da necessidade da resposta pessoal quando diz: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1.11,12). Enfatizando a necessidade de “receber” Cristo, João também destaca a necessidade da resposta individual. Àqueles dentro da igreja morna que não percebiam sua cegueira espiritual o Senhor Jesus novamente dirige um convite que exige resposta pessoal: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3.20).





Porém o que está envolvido nesse ir a Cristo? Embora isso seja explicado mais plenamente no capítulo 23, é suficiente por ora observar aqui que, se formos a Cristo e confiarmos nele para que nos salve do pecado, não podemos mais nos agarrar ao pecado, mas devemos deliberadamente renunciar a ele com genuíno arrependimento. Em alguns casos na Escritura tanto o arrependimento como a fé são mencionados juntos quando se referem à conversão inicial de uma pessoa. (Paulo disse que gastou seu tempo testificando “tanto a judeus como a gregos, que eles precisam converter-se a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus”, At 20.2 1.) Em outras ocasiões somente o arrependimento dos pecados é mencionado e a fé salvadora é suposta como fator de acompanhamento (“que em seu nome seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém”, Lc 24.47; cf. At 2.37,38; 3.19; 5.31; 17.30; Rm 2.4; 2Co 7.10; etc.). Portanto, qualquer proclamação genuína do evangelho deve incluir o convite para tomar a decisão consciente de abandonar os pecados e vir a Cristo com fé, pedindo-lhe o perdão dos pecados. Se tanto a necessidade de arrependimento de pecados como a necessidade de confiar em Cristo para o perdão forem negligenciados, não terá havido uma plena e verdadeira proclamação do evangelho.





Mas o que é prometido para os que vêm a Cristo? Esse é o terceiro elemento do chamado do evangelho.



3. A promessa de perdão e de vida eterna.
Embora as palavras de Cristo do convite pessoal contenham promessas de descanso, poder para se tornar filho de Deus e acesso à água da vida, é útil tornar explícito exatamente o que Cristo promete aos que vêm a ele em arrependimento e fé. A principal promessa na mensagem do evangelho é o perdão de pecados e a vida eterna com Deus. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).Na pregação do evangelho, Pedro diz: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (At 3.19; cf. 2.38).





Juntamente com a promessa de perdão e de vida eterna deve estar a certeza de que Cristo aceitará todos os que vêm a ele em sincero arrependimento e fé na busca da salvação: “... e quem vier a mim eu jamais rejeitarei” (Jo 6.37).



C. A importância do chamado do evangelho

A doutrina do chamado do evangelho é importante porque, se não houvesse o chamado do evangelho, nós não poderíamos ser salvos.”E como crerão naquele de quem não ouviram falar?” (Rm 10.14).




O chamado do evangelho é importante também porque por meio dele Deus se dirige a nós na plenitude de nossa humanidade. Ele não nos salva simplesmente de forma “automática”, sem procurar uma resposta em nós como pessoas completas. Ao contrário, no chamado do evangelho ele se dirige ao nosso intelecto, às nossas emoções e à nossa vontade. Ele fala ao nosso intelecto ao nos explicar os fatos da salvação em sua Palavra. Ele fala às nossas emoções fazendo-nos um convite pessoal sincero que pede uma resposta. Ele fala à nossa vontade por pedir-nos para ouvir o seu convite e responder a ele deliberadamente em arrependimento e fé — para que decidamos abandonar nossos pecados e receber Cristo como Salvador, descansando nosso coração nele para a salvação.



Autor: Wayne Grudem

Fonte: Teologia Sistemática do Autor, Ed. Vida Nova. Compre este livro em http://www.vidanova.com.br 



8.7 A Vocação Eficaz 

Ez 36.26,27; Rm 8.30; Ef 1.7-12; 2 Ts 2.13,14; 2 Tm 1.8-12
Quando eu era menino, minha mãe costumava aparecer à janela e me chamar para jantar. Geralmente eu entrava ao primeiro chamado, mas nem sempre. Se eu demorava, ela chamava uma segunda vez, geralmente num tom de voz mais alto. Seu primeiro chamado nem sempre surtia efeito; não surtia o efeito desejado. O segundo chamado geralmente surtia efeito; eu estava rapidamente em casa.
Há um chamado de Deus que surte efeito. Quando Deus chamou o mundo à existência, o universo não hesitou em atender a voz de comando. O efeito desejado por Deus na criação foi alcançado. Semelhantemente, quando Jesus chamou Lázaro para fora do túmulo, Lázaro respondeu voltando à vida.
Há também um chamado eficaz de Deus na vida do crente. É um chamado que alcança o efeito desejado. O chamado eficaz está relacionado com o poder de Deus ao regenerar o pecador da morte espiritual. Às vezes esse chamado é referido como "graça irresistível".
O chamado eficaz refere-se ao chamado de Deus que por seu soberano poder e autoridade produz seu designado e ordenado efeito. Quando Paulo ensina que aquele a quem Deus predestinou, a esse ele chama, e aqueles a quem chamou também justifica, (Rm 8.30) o chamado a que se refere é a vocação eficaz de Deus.
A vocação eficaz de Deus é uma vocação interior. E a obra secreta de vivificação ou regeneração realizada na alma dos eleitos pela operação imediata e sobrenatural do Espírito Santo. Efetua ou opera a mudança da disposição, inclinação e desejo da alma. Antes da vocação eficaz e interior de Deus ser recebida, nenhuma pessoa tem inclinação para aproximar-se dele. Todo aquele que é efetivamente chamado tem uma nova disposição para com Deus e reponde com fé. Vemos, então, que a própria Fé é um dom de Deus, tendo sido dada na vocação eficaz do Espírito Santo.
A pregação do evangelho representa a vocação exterior de Deus. Esta vocação é ouvida audivelmente tanto pelos eleitos como pelos não-eleitos. Os seres humanos têm a capacidade de resistir e recusar a vocação exterior. Ninguém responderá à vocação exterior com fé a menos que esta vocação seja acompanhada pela vocação eficaz do Espírito Santo no interior. A vocação eficaz é irresistível no sentido em que Deus soberanamente faz com que produza o resultado desejado. Esta obra soberana da graça é resistível no sentido em que podemos e realmente a resistimos em nossa natureza caída, mas é irresistível no sentido em que a graça de Deus prevalece sobre nossa resistência natural.
A vocação eficaz se refere ao poder criador de Deus pelo qual somos conduzidos à vida espiritual. O apóstolo Paulo escreve:
"E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também." Ef 2.1-3
Nós, que antes éramos filhos da ira e estávamos espiritualmente mortos, nos tornamos os "chamados" pela virtude do poder e da eficácia da vocação interior de Deus. Em sua graça, o Espírito nos dá olhos para ver o que não veríamos e ouvidos para ouvir o que de outra maneira não ouviríamos.
Sumário
1. Os chamados humanos podem ser eficazes ou não.
2. Deus tem o poder de chamar eficazmente os mundos à existência, chamar corpos para fora do túmulo e chamar as pessoas da morte para a vida espiritual.
3. As pessoas podem ouvir o chamado exterior de Deus, por meio do evangelho e rejeitar. Seu chamado interior, entretanto, é sempre eficaz. Sempre produz os resultados desejados.


Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro emhttp://www.cep.org.br



8.8 O Arrependimento

Ez 18.30-32; Lc 24.46-47; At 20.17-21; Rm 2.4; 2 Co 7.8-12
A mensagem inaugural de João Batista, o qual serviu como arauto de Jesus Cristo foi:" Arrependei-vos. porque o Reino de Deus está próximo". Este chamado ao arrependimento foi um apelo urgente aos pecadores. Ninguém que se recusa a arrepender-se poderá jamais entrar no Reino de Deus. O arrependimento é um pré-requisito, uma condição necessária para a salvação.
Nas Escrituras, arrependimento significa "experimentar alguém uma mudança de mente". Esta mudança de mente não é uma mera questão de mudar opiniões secundárias, mas de toda a direção da vida. Envolve uma conversão radical, do pecado para Cristo.
O arrependimento não é a causa do novo nascimento ou regeneração; é o resultado ou fruto da regeneração. Apesar de o arrependimento começar com a regeneração, ele é uma atitude que deve se repetir por toda a vida cristã. Porque continuamos a pecar, somos chamados a nos arrependermos cada vez que somos convencidos de nosso pecado pelo Espírito Santo.
Os teólogos fazem certa distinção entre dois tipos de arrependimento. O primeiro é chamado de atrição. Atrição é um tipo falso ou espúrio de arrependimento. Envolve o remorso pelo medo da punição ou pela perda da bênção. Todos os pais têm testemunhado a atrição num filho, quando ele é pego com a mão na lata de biscoito. A criança, temendo a punição chora: "Sinto muito, por favor, não me bata!" Essa súplica, acompanhadas por "lágrimas de crocodilo", geralmente não são sinais de arrependimento genuíno pela ação errada. É o tipo de arrependimento que Esaú demonstrou (Gn 27.30-46). Ficou triste não porque tinha pecado, mas porque tinha perdido seu direito de primogenitura. A atrição, pois, é o arrependimento motivado pela tentativa de conseguir um passaporte para fora do inferno ou para evitar outro tipo de punição.
A contrição, por outro lado, é o arrependimento verdadeiro e piedoso.É genuíno. Inclui um profundo remorso por ter ofendido a Deus. A pessoa contrita confessa franca e plenamente seu pecado, sem nenhuma tentativa de se justificar ou se desculpara. Este reconhecimento do pecado é acompanhado por um desejo espontâneo de fazer restituição, sempre que possível, e uma decisão de abandonar o pecado.Este é o espírito do arrependimento que Davi demonstrou no Salmo 51:"Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus." (Sl 51.10,17).
Quando o arrependimento é oferecido a Deus num espírito de verdadeira contrição, ele promete nos perdoar e restaurar nossa comunhão com ele: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." (1 Jo 1.9).
Sumário
1. Arrependimento é uma condição necessária para a salvação.
2. Arrependimento é o resultado da regeneração.
3. Atrição é um falso arrependimento motivado pelo medo.
4. Contrição é o verdadeiro arrependimento motivado por um remorso piedoso.
5. O arrependimento inclui a plena confissão, restituição e a decisão de abandonar o pecado.


Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.


8.9 O Novo Nascimento
Dt 30.6; Ez 36.26,27; Rm 8.30; Tt 3.4-7
Quando Jimmy Cater foi eleito presidente do Estados Unidos, descreveu a si  mesmo como um "cristão nascido de novo". Charles Colson, que fora o homem de confiança do presidente Nixon, escreveu um livro intitulado Born Again [Nascido de Novo], no qual descreve sua própria experiência de conversão ao cristianismo. Desde que essas duas personalidades famosas popularizaram a frase nascer de novo, ela tem se tornado parte do discurso moderno.
Descrever alguém como um cristão nascido de novo é, tecnicamente falando, cometer um redundância. Não existe algo como um cristão não nascido de novo. Um cristão regenerado (não nascido de novo) é uma contradição de termos. Semelhantemente, um não-cristão nascido de novo também é uma contradição.
Foi Jesus quem declarou que o novo nascimento espiritual era uma absoluta necessidade para se entra no reino de Deus. Ele declarou a Nicodemos: "Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." (Jo 3.3). A expressão, a menos que, no ensino de Jesus, sinaliza uma condição universalmente necessária para ver e entrar no Reino de Deus. O novo nascimento, portanto, é uma parte essencial do cristianismo; sem ele, é impossível a entrada no Reino de Deus.
Regeneração é o termo teológico usado para descrever o novo nascimento. Refere-se a uma nova geração, um novo gênesis, um novo princípio. É mais do que simplesmente "virar uma página"; marca o início de uma nova vida, numa pessoa radicalmente renovada. Pedro fala dos crentes que "fostes regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente" (1 Pe 1.23).
A regeneração é obra do Espírito Santo naqueles que estão espiritualmente morto (ver Ef 2.1-10). O Espírito recria o coração humano, vivificando-o da morte espiritual para a vida espiritual. Pessoas regeneras são novas criaturas. Onde anteriormente não havia nenhuma disposição, inclinação ou desejo para as coisas de Deus estão dispostos e inclinados para com Deus. Na regeneração, Deus implanta um desejo por ele próprio no coração humano, que de outra forma não estaria lá.
A regeneração na deve ser confundida com plena experiência de conversão. Assim como nascimento é nossa iniciação, nossa primeira entrada na vida fora do ventre materno, assim nosso novo nascimento espiritual é o ponto de partida de nossa vida espiritual. Acontece pela iniciativa de deus e é um  ato soberano, imediato e instantâneo. A conscientização da nossa conversão pode ser gradual. Mesmo assim, o novo nascimento em si é instantâneo. Ninguém pode nascer de novo parcialmente, assim como uma mulher não pode ficar parcialmente grávida.
A regeneração não é o fruto ou resultado de fé. Pelo contrário, a regeneração procede a fé, como a condição necessária para a fé. Também não temos em nós mesmos participação nenhuma na regeneração, ou seja, não cooperamos como colaboradores do Espírito Santo para que ela seja realizada. Não escolhemos ou decidimos ser regenerados. Deus nos decide regenerar antes mesmo decidirmos de abraçá-lo. Em suma, depois que somos regenerados pela graça soberana de Deus, decidimos agir, cooperar e crer em Cristo. Deus não exerce fé por nós. É por meio de nossa própria fé que somos justificados. O que Deus faz é nos injetar a vida espiritual, nos resgatando as trevas, da escravidão e da morte espiritual. Deus torna a fé possível e disponível a nós. Ele gera a fé em nosso interior.
Sumário
1. Todos os que são cristãos autênticos são nascidos de novo.
2. Todos os que genuinamente nascidos de novo são cristãos.
3. O Novo nascimento é um pré-requisito para se entrar no Reino de Deus.
4. A regeneração é obra soberana da graça do Espírito Santo.
5. A regeneração procede a fé. É a iniciativa divina de Deus na Salvação.


Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.







8.27 A Perseverança dos Santos

Jo 6.35-40; Rm 8.31-39; Fp 1.6; 2 Ts 2.14-19; Hb 9.11-15


A maioria de nós conhece pessoas que fizeram uma profissão de fé em Cristo e que provavelmente tiveram uma forte manifestação de fé, envolvendo-se ativamente na vida e no ministério da Igreja, e que mais tarde repudiaram a fé e se tornaram "afastados" espirituais. Tais evidências sempre suscitam a pergunta: pode uma pessoa, uma vez salva, perder a salvação? A apostasia é um presente e claro perigo para o crente?

A igreja Católica Romana ensina que as pessoas podem perder e perdem a sua salvação. Se cometem um pecado mortal, tal pecado mata a graça da justificação que habita sua alma. Se a pessoa morre antes de ser restaurada ao estado de graça por meio do sacramento e penitência, irá para o inferno.

Muitos protestantes também  crêem que é possível alguém perder a salvação. As advertências de Hebreus 6  e a preocupação de Paulo sobre tornar-se "desqualificado" (1 Co 9.27), bem como os exemplos do rei Saul e outros, tudo isso tem levado à conclusão de que as pessoas podem cair total e definitivamente da graça. A teologia reformada, por outro lado, ensina a doutrina da perseverança dos santos, a qual às vezes é chamada também a doutrina da "segurança eterna". Em essência, essa doutrina ensina que se você possui a fé salvadora, nunca irá perdê-la; se você a perde, é porque nunca teve. Conforme João escreve:"Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós."(1 Jo 2.19).

Sabemos que é possível as pessoas ficarem enamoradas de certos elementos do cristianismo sem jamais abraçar o próprio Jesus Cristo.Um jovem pode ser atraído a uma divertida e estimulante reunião de jovens na igreja, com uma atraente programação. Ele pode se "converter" à programação da igreja sem se converter a Jesus Cristo. Tal pessoa pode ser como aquelas ilustradas na parábola do semeador .

"Um semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram; E outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade;  E outra caiu entre espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram; E outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, a cento por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." Lc 8.5-8

A parábola pode referir-se àquelas pessoas que a principio crêem, mas depois fracassam, ou pode significar que os que "creram" tinham uma fé falsa ou espúria[não genuína], como a teologia reformada afirma. Só a semente que cai na terra boa pode produzir frutos de obediência. Jesus descreve tais pessoas como as que ouvem a palavra "de bom e reto coração" (Lc 8.15). Essa fé procede de uma coração verdadeiramente regenerado.

A doutrina da preservação não se baseia em nossa capacidade para perseverança, mesmo sendo regenerados. Pelo contrário, descansa na promessa de Deus de nos preservar. Paulo escreve aos Filipenses: "Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;" (Fp 1.6).  É pela graça, e tão-somente pela graça, que o cristão persevera. Deus termina o que começa.Ele assegura que seus propósitos na eleição não serão frustrados.

O texto áureo de Romanos 8 fornece um testemunho adicional desta esperança: "E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou." (Rm 8.30).Paulo prossegue e declara que nada "nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." (Rm 8.39).

Temos segurança porque a salvação é do Senhor e somos feitura sua. Ela dá o Espírito Santo a todo crente como uma garantia de que completará o que começou. Semelhantemente, Deus selou todo crente com o Espírito Santo. Ele nos marcou de maneira indelével e nos deu um pagamento antecipado ou sinal que garante que concluirá a transação.

Uma base final de confiança se encontra na obra sacerdotal de Cristo, que  intercede por nós. Assim como Jesus orou pela restauração de Pedro (e não pela da Judas), ele também ora pela nossa restauração quando tropeçamos e caímos. Podemos permanecer caídos por algum tempo, mas nunca total ou definitivamente. Jesus orou no Cenáculo :"Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse." (Jo 17.12). Somente Judas Iscariotes, que era filho da perdição desde o princípio, cuja profissão de fé oi espúria, se perdeu. Aqueles que são verdadeiramente crentes não podem ser arrebatados das mãos de Deus.

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, eninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um."(Jo 10.27-30).

Sumário

1. Muitas pessoas fazem uma profissão de fé em Jesus Cristo e depois o repudiam.

2.  A perseverança dos santos nas promessas de Deus de preservar os santos.

3. Deus completará a salvação dos eleitos.

4. Aqueles que se desviam da fé nunca foram verdadeiramente crentes.

5. Podemos ter certeza de nossa salvação porque fomos selados com o Espírito Santo. Ele é a garantia de Deus de que nossa salvação será completada.

6. A intercessão de Cristo visa nossa preservação.

Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este Livro em http://www.cep.org.br





8. 28 A perseverança dos santos (permanecer cristão)



Nota: AT = Antigo Testamento; NT = Novo Testamento



Pode o verdadeiro cristão perder a salvação?

Como podemos saber se verdadeiramente nascemos de novo?

  1. EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA

Em nossa discussão anterior tratamos de muitos aspectos da salvação plena que Cristo obteve para nós e que o Espírito agora aplica à nossa vida. Mas como sabemos que continuaremos a ser cristãos por toda a vida? Há algo que nos impede de abandonar Cristo, algo que nos garante que sempre haveremos de permanecer cristãos até que morramos e que de fato viveremos com Deus no céu para sempre? Ou poderá acontecer de chegarmos a nos separar de Cristo e de perdermos as bênçãos de nossa salvação? O tópico da perseverança dos santos responde a essas perguntas.A perseverança dos santos significa que todos os que verdadeiramente nasceram de novo serão guardados pelo poder de Deus e perseverarão como cristãos até o fim da vida, e que somente os que perseverarem até o fim verdadeiramente nasceram de novo.

Essa definição tem duas partes. Ela indica primeiro que há uma certeza concedida aos que verdadeiramente nasceram de novo, pois ela lhes recorda que o poder de Deus os guardará como cristãos até o dia em que vierem a morrer e que eles certamente viverão com Cristo no céu para sempre. Por outro lado, a segunda metade da definição deixa claro que a permanência na vida cristã é uma das evidências de que a pessoa verdadeiramente nasceu de novo. É importante registrar também esse aspecto da doutrina na mente, para que evitemos passar falsa segurança às pessoas que nunca foram realmente crentes.

Devemos observar que esse é um assunto sobre o qual os cristãos evangélicos vêm discordando há longo tempo. Muitos dentro da tradição arminiana/wesleyana sustentam que é possível alguns que verdadeiramente nasceram de novo virem a perder a salvação, ao passo que os cristãos reformados defendem que isso não é possível. A maioria dos batistas segue a tradição reformada nesse ponto; contudo, muitas vezes usam o termo segurança eterna ou segurança eterna do crente em vez do termo perseverança dos santos.

“A doutrina da perseverança dos santos é representada pela letra “p” no acróstico TULIP, que muitas vezes é usado para sintetizar os chamados “cinco pontos do calvinismo”

 A. Todos os que verdadeiramente nasceram de novo perseverarão até o fim

Muitas passagens ensinam que os que verdadeiramente nasceram de novo, os genuinamente cristãos, continuarão na vida cristã até a morte e, a seguir, ficarão com Cristo no céu. Jesus diz: “Pois desci dos céus, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.38-40). Aqui Jesus diz que todo o que crê nele terá vida eterna. Diz que ressuscitará essa pessoa no último dia — o que, nesse contexto de crer no Filho e ter vida eterna, claramente significa que Jesus ressuscitará a pessoa para a vida eterna com ele (não apenas a ressuscitará para ser julgada e condenada). Parece difícil evitar a conclusão de que quem verdadeiramente crê em Cristo permanecerá cristão até o dia da ressurreição final com bênçãos de vida na presença de

Deus. Além disso, esse texto enfatiza que Jesus faz a vontade do Pai, que é não perder nenhum dos que o Pai lhe dera (Jo 6.39). Uma vez mais, os que foram dados ao Filho pelo Pai não se perderão.

Outra passagem que salienta essa verdade é João 10.27-29, na qual Jesus diz: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai”.

Aqui Jesus diz que os que o seguem, que são suas ovelhas, recebem vida eterna. Além disso, ele diz que “ninguém as poderá arrancar da minha mão” (v. 28). Ora, alguns têm argumentado que, mesmo que ninguém possa ser arrebatado da mão de Cristo, nós podemos escapar por nós mesmos das mãos de Cristo. Mas essa parece apenas uma disputa de palavras — a expressão “ninguém” não inclui também a pessoa que está nas mãos de Cristo? Além disso, sabemos que nosso coração está longe de ser digno de confiança. Portanto, se a possibilidade de nós próprios abandonarmos Cristo permanecesse, a passagem dificilmente daria a segurança que Jesus pretende transmitir nela.

Mais importante ainda, a frase mais vigorosa na passagem é “e elas jamais perecerão” (v. 28). A construção grega (ou mē mais o aoristo subjuntivo) é especialmente enfática e poderia ser traduzida mais explicitamente por: ”e eles com certeza não perecerão eternamente”. Isso enfatiza que os que são “ovelhas” de Jesus e o seguem, e a quem ele deu vida eterna, nunca perderão a salvação ou serão separados de Cristo — jamais “perecerão”.

Há muitas outras passagens que dizem que os que crêem têm “vida eterna”. Um exemplo é João 3.36: “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (v. tb. Jo 5.24; 6.4-7; 10.28; 1Jo 5.13). Ora, se essa é verdadeiramente a vida eterna que os crentes possuem, então é a vida que dura para sempre com Deus. Ela é muitas vezes colocada em contraste com a condenação e com o juízo eterno (Jo 3.16,17,36; 10.28), e a ênfase nesse texto com o adjetivo eterna mostra adicionalmente que essa é a vida que dura para sempre na presença de Deus.

A evidência nos escritos de Paulo e em outras cartas do NT também indica que quem verdadeiramente nasceu de novo perseverará até o fim. Neles se ressalta igualmente que “agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Portanto, seria injusto Deus atribuir qualquer espécie de punição eterna aos que são cristãos — nenhuma condenação permanece para eles, pois a penalidade total de seus pecados já foi paga.

Então, em Romanos 8.30, Paulo enfatiza a conexão clara entre os propósitos eternos de Deus na predestinação e o desenvolvimento desses propósitos na vida, juntamente com a realização final desses propósitos em “glorificar” ou dar corpos ressuscitados a quem ele colocou em união com Cristo: “E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou”. Aqui Paulo vê o evento futuro da glorificação como uma certeza nos propósitos que Deus estabeleceu, de forma que ele pode falar sobre ele como se já houvesse se realizado (“também glorificou”). Isso é verdade a respeito de todos os que são chamados e justificados — ou seja, todos os que verdadeiramente se tornaram cristãos.

Evidência adicional de que Deus guarda os que nasceram de novo de modo seguro por toda a eternidade é o “selo” que Deus coloca sobre eles. Esse “selo” é o Espírito Santo dentro deles, que também atua como “garantia” de Deus de que receberemos a herança que nos foi prometida:
“Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória” (Ef 1.13,14). A palavra grega traduzida por “garantia” nessa passagem (arrabōn) é um termo legal e comercial que significa “primeiro pagamento, depósito, entrada, prestação inicial” e representa “um pagamento que obriga a parte contratante a fazer os pagamentos restantes”. Quando Deus enviou o Espírito Santo para habitar em nós, ele se comprometeu a dar todas as bênçãos restantes da vida eterna e uma grande recompensa no céu com ele. Essa é a razão por que Paulo pode dizer que o Espírito Santo é a “garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus” (Ef 1.14). Todos os que têm o Espírito Santo dentro de si, todos os que verdadeiramente nasceram de novo, têm a promessa imutável e a garantia de que a herança da vida eterna no céu certamente será deles. A própria fidelidade de Deus o obriga a fazer isso.

Pedro diz a seus leitores que eles estão “protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo”(lPe 1.5).A palavra ”protegidos” (gr.,phroureō) pode significar tanto “guardados de escapar” quanto “protegidos de ataque”, e talvez esses dois significados estejam presentes aqui: Deus preserva os crentes de escaparem do seu Reino como os protege dos ataques externos. “Salvação” é usada aqui não em relação à justificação passada ou à santificação presente (falando em categorias teológicas), mas em referência à plena posse futura de todas as bênçãos de nossa redenção — ao cumprimento completo e final da salvação (cf. Rm 13.11; 1 Pe 2.2). Embora a salvação já esteja preparada ou pronta, ela não será “revelada” por Deus à raça humana em geral até o “último tempo”, o tempo do juízo final. Se essa proteção de Deus tem como propósito a preservação dos crentes até que recebam a plena salvação celestial, então é certo concluir que Deus cumprirá esse propósito e que eles, de fato, alcançarão a salvação final. Essa obtenção da salvação final em última instância depende do poder de Deus.

 B. Somente os que perseverarem até o fim é que verdadeiramente nasceram de novo

Ao mesmo tempo em que a Escritura repetidamente enfatiza que quem verdadeiramente nasceu de novo perseverará até o fim e certamente terá a vida eterna no céu com Deus, há também outras passagens que falam sobre a necessidade de permanecer na fé no decorrer da vida. Elas nos fazem compreender que o que Pedro disse em lPedro 1.5 (“mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus“) é verdadeiro, a saber, que Deus não nos guarda independentemente de nossa fé nele. Desse modo, quem continua a confiar em Cristo recebe a segurança de que Deus opera nele e o guarda.

Um exemplo dessa espécie de passagem é João 8.31,32: “Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: ‘Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”’. Jesus está aqui advertindo que uma evidência da fé genuína é a permanência na sua Palavra, isto é, a contínua confiança no que ele diz e uma vida de obediência aos seus mandamentos. Semelhantemente, Jesus diz: “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 10.22), como um meio de advertir as pessoas a não desistir nos tempos de perseguição.

Paulo diz aos cristãos de Colossos que Cristo os havia reconciliado com Deus “para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu” (Cl 1.22,23). É natural que Paulo e outros escritores do NT falem desse modo, pois embora estejam se dirigindo a grupos de pessoas que professam ser cristãs, não estão aptos a saber o real estado do coração das pessoas. Pode ser que houvesse pessoas em Colossos que se uniram na comunhão da igreja, professaram que tinham fé em Cristo e foram batizados na igreja, mas que nunca tiveram a verdadeira fé salvadora. Como Paulo distinguiria tais pessoas dos verdadeiros crentes? Como ele pode evitar dar-lhes a falsa segurança, a segurança de que eles serão salvos eternamente, quando na verdade eles não o serão, a menos que venham ao arrependimento e à fé? Paulo sabe que aqueles cuja fé não é real finalmente acabarão por abandonar a participação na comunhão da igreja. Portanto, ele diz a seus leitores que, em última análise, eles serão salvos se continuarem “alicerçados e firmes na fé” (Cl 1.23). Quem persevera mostra, desse modo, que é crente genuíno. Mas quem não persevera na fé demonstra que não houve nenhuma fé genuína em seu coração.

Ênfase similar é vista em Hebreus 3.14: “pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio”. Esse versículo proporciona uma perspectiva excelente da doutrina da perseverança. Como sabemos se passamos a ser participantes de Cristo? Como sabemos se essa união com Cristo realmente aconteceu em algum momento do passado? Um meio de sabermos que possuímos tal fé genuína em Cristo é se perseveramos com fé até o fim da vida.

Devemos nos lembrar de que há outras evidências em outras partes da Escritura que dão aos cristãos a segurança da salvação. Dessa forma, não devemos pensar que a segurança de que pertencemos a Cristo é impossível até que morramos. Contudo, a perseverança na fé é um meio de segurança que é mencionado aqui pelo autor de Hebreus. Além disso, nessa e em todas as outras passagens a respeito da necessidade de continuar na fé, o propósito nunca é deixar os que estão presentemente confiando em Cristo preocupados com o fato de que, em algum tempo, no futuro, possam cair. Nunca devemos usar essas passagens com tal intenção, pois seria criar uma causa injusta para preocupação de uma forma que a Escritura não pretende. Ao contrário, o propósito é sempre advertir os que estão pensando em abandonar a fé ou que já a abandonaram de que, se eles se portam assim, essa é uma forte indicação de que nunca foram salvos. Portanto, a necessidade de perseverar na fé deveria ser usada apenas como advertência contra abandonar a fé, advertência de que quem a abandona dão evidência de que sua fé nunca foi real.

 C. Os que finalmente se afastam podem dar muitos sinais externos de conversão.

Sempre fica claro quais pessoas na igreja possuem a genuína fé salvadora e quais as possuem somente uma persuasão intelectual da verdade do evangelho, mas sem a genuína fé em seu coração? Nem sempre é fácil dizer isso, e a Escritura menciona em diversos lugares que descrentes em comunhão com a igreja visível podem apresentar alguns sinais externos ou indicações que os fazem parecer crentes genuínos. Por exemplo, Judas, que traiu Cristo, deve ter se comportado quase exatamente como os outros discípulos durante os três anos que esteve com Jesus. Tão convincente era a sua conformidade com a conduta padrão dos outros discípulos que, no fim dos três anos de ministério de Jesus, quando ele disse que um dos seus discípulos o haveria de trair, eles não suspeitaram de Judas, antes “começaram a dizer-lhe, um após outro: ‘Com certeza não sou eu, Senhor!”’ (Mt 26.22; cf. Mc 14.19; Lc 22.23; Jo 13.22). Contudo, Jesus sabia que não havia fé genuína no coração de Judas, porque ele disse a determinada altura: “Não fui eu que os escolhi, os Doze? Todavia, um de vocês é um diabo!” (Jo 6.70). João registrara anteriormente que “Jesus sabia desde o princípio quais deles não criam e quem o iria trair” (Jo 6.64), mas os discípulos não sabiam disso.

Paulo também fala que “falsos irmãos infiltraram-se em nosso meio” (Gl 2.4) e diz que em suas jornadas estivera em “perigos dos falsos irmãos” (2Co 11.26). Também diz dos servos de Satanás: “não é surpresa que os seus servos finjam que são servos da justiça” (2Co 11.15). Isso não significa que todos os descrentes na igreja que dão alguns sinais de verdadeira conversão são servos de Satanás que estão secretamente minando a obra da igreja, porque alguns realmente podem estar no processo de considerar as afirmações do evangelho e se dirigir à fé real, outros podem ter ouvido a explicação do evangelho de modo inadequado, e outros podem não ter vindo ainda à genuína convicção do Espírito Santo. Mas as afirmações de Paulo realmente significam que alguns descrentes na igreja serão falsos irmãos enviados para romper a comunhão, enquanto outros simplesmente serão descrentes que finalmente poderão vir à fé salvífica. Em ambos os casos, contudo, eles apresentam diversos sinais externos que os fazem parecer crentes genuínos.

Podemos ver isso também na afirmação de Jesus a respeito do que vai acontecer no julgamento final: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!” (Mt 7.21-23).

Embora essas pessoas tenham profetizado, expelido demônios e feito muitos milagres no nome de Jesus, a capacidade de fazer tais obras não era garantia de que fossem cristãos. Jesus diz: “Nunca os conheci”. Ele não diz: “Eu conheci vocês por um tempo, mas agora não os conheço mais”, ou “Eu conheci vocês por um tempo, mas vocês se extraviaram de mim”. Antes, ele diz: “Eu nunca conheci vocês”. Eles nunca haviam sido crentes genuínos.

Ensino semelhante é encontrado na parábola do semeador em Marcos 4. Jesus diz: “Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz” (Mc 4.5,6). Jesus explica que a semente semeada no solo pedregoso representa as pessoas que “ouvem a palavra e logo a recebem com alegria. Todavia, visto que não têm raiz em si mesmas, permanecem por pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandonam” (Mc 4.16,17). O fato de que elas “não têm raiz em si mesmas” indica que não há nenhuma fonte de vida dentro dessas plantas; semelhantemente, as pessoas representadas por elas não possuem vida genuína em seu interior. Elas possuem uma aparência de conversão e aparentemente se tornaram cristãs, porque recebem a palavra “com alegria”, mas, quando a dificuldade vem, elas não são encontradas — a conversão delas não era genuína e não havia sinal nenhum de fé salvadora em seu coração.

A importância de perseverar na fé é afirmada também na parábola de Jesus sobre a vinha, na qual os cristãos são retratados como ramos (Jo 15.1-7). Jesus diz: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda. Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados” (Jo 15. 1,2,6).

Os arminianos argumentam que os ramos que não dão fruto são ainda verdadeiros ramos da videira — Jesus se refere a “todo ramo que, estando em mim, não dá fruto” (v. 2). Portanto, os ramos que são juntados, lançados no fogo e queimados devem se referir a verdadeiros crentes que em determinado tempo foram parte da videira, mas caíram e se tornaram sujeitos ao juízo eterno. Mas essa não é a implicação necessária do ensino de Jesus nesse ponto.A figura da videira usada nessa parábola é limitada na quantidade de detalhes que ensina. De fato, se Jesus tivesse querido ensinar que havia verdadeiros e falsos crentes associados com ele, então o único modo pelo qual ele poderia referir-se às pessoas que não possuíam vida genuína em si mesmas seria falar dos ramos que não davam fruto (logo após a analogia das sementes que caíram em solo pedregoso e não tinham “raiz em si mesmas”, em Mc 4.17). Aqui em João l5 os ramos que não dão fruto, embora estejam de algum modo relacionados com Jesus e tenham a aparência exterior de serem ramos genuínos, indicam seu verdadeiro estado pelo fato de que não produzem fruto. Isso é demonstrado de forma semelhante pelo fato de que, se uma pessoa “não permanecer” em Cristo (Jo 15.6), é cortada como um ramo e se seca. Se tentarmos pressionar a analogia para além disso, dizendo, por exemplo, que todos os ramos da videira são realmente vivos ou não estariam lá, então estamos simplesmente tentando forçar a figura a ir além do que ela é capaz de ensinar — e nesse caso não haveria nada na analogia que pudesse representar os falsos crentes. O ponto afirmado pela figura é simplesmente que os que produzem fruto desse modo dão evidência de que permanecem em Cristo; os que não produzem fruto, não estão permanecem nele.

Finalmente, há duas passagens em Hebreus que também afirmam que os que acabam caindo podem dar muitos sinais externos de conversão e podem parecer de muitas maneiras iguais aos cristãos. O primeiro deles, Hebreus 6.4-6, é muito usado pelos arminianos como prova de que crentes podem perder a salvação. Mas a análise mais criteriosa mostra que tal interpretação não é convincente. O autor escreve: “Ora, para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública” (Hb 6.4-6).
Neste momento podemos perguntar que espécie de pessoa é descrita por todos esses termos. Esse texto descreve alguém que genuinamente nasceu de novo? Tratavam-se sem dúvida de pessoas que estavam associadas intimamente com a comunhão da igreja. Haviam tido alguma espécie de tristeza pelo pecado (arrependimento). Haviam entendido claramente o evangelho (haviam sido iluminadas). Chegaram a apreciar o encanto da vida cristã e a mudança que acontece na vida das pessoas pelo fato de se tornarem cristãs, provavelmente obtiveram respostas de oração e sentiram o poder do Espírito Santo em operação, talvez até usando alguns dons espirituais do mesmo modo que os descrentes em Mateus 7.22 (haviam se associado à obra do Espírito Santo ou tinham se tornado “participantes” do Espírito, e tinham provado o dom celestial e os poderes vindouros). Elas haviam sido expostas à verdadeira pregação da Palavra e tinham aprovado muito dos seus ensinos (elas provaram a boa Palavra de Deus).
Mas, a despeito de tudo isso, se elas “caíram” em apostasia, “crucificando de novo o Filho de Deus” para si mesmas (Hb 6.6), então elas estão deliberadamente rejeitando todas essas bênçãos e se voltando decididamente contra elas. O autor nos diz que, se isso ocorre, será impossível restaurar essas pessoas novamente a qualquer espécie de arrependimento ou tristeza pelo pecado. O seu coração será endurecido e sua consciência, amortecida. A familiaridade repetida que elas tiveram com as coisas de Deus e sua experiência da influência do Espírito Santo em diversas ocasiões simplesmente serviram para endurecê-las para a verdadeira conversão.
É claro que houve alguns na comunidade aos quais essa carta foi escrita que estavam em perigo de cair da mesma maneira (v. Hb 2.3; 3.8,12,14,15; 4.1,7,11; 10.26,29,35,36,38,39; 12.3,15-17). O autor quer adverti-los de que, embora tenham participado da comunhão da igreja e experimentado muitas das bênçãos de Deus em sua vida, se caírem após tudo isso, não há salvação para eles. Ele quer usar a linguagem mais forte possível para dizer: “Neste caso, não importa o quanto uma pessoa experimente bênçãos temporárias, ela ainda não foi realmente salva”. Ele os está advertindo a serem cuidadosos, porque depender das bênçãos e experiências temporárias não é suficiente. Isso não quer dizer que ele pensa que os verdadeiros cristãos poderiam cair — [Para a discussão muito mais abrangente dessa passagem, v. Perseverance of the saints: a case study from Hebrews 6.4-6 and the other warning passages in Hebrews, de Wayne Grudem. In: Thomas Schreiner & Bruce Ware, orgs. The grace of God e the bondage ofthe will (Grand Rapids: Baker, 1995), 1:133-82.]

Hebreus 3.14 sugere exatamente o oposto. Antes ele quer dar-lhes a certeza da salvação por meio da perseverança na fé e dessa forma subentende que, se eles caírem, isso demonstrará que eles nunca foram realmente povo de Deus.

Por essa razão, imediatamente ele passa dessa descrição dos que cometem apostasia para uma analogia posterior que mostra que essas pessoas que caem nunca tiveram qualquer fruto genuíno em suas vidas. Os versículos 7 e 8 falam dessas mesmas pessoas em termos de “espinhos” e “ervas daninhas”, uma espécie de colheita que é produzida na terra que não tem vida que valha a pena em si mesma, muito embora receba repetidamente bênçãos de Deus (em termos da analogia, embora chova freqüentemente sobre ela). Devemos observar aqui que as pessoas que cometem apostasia não são comparadas a um campo que uma vez produziu bom fruto e que agora não produz, mas que são iguais à terra que nunca produziu bom fruto, mas somente espinhos e ervas daninhas. A terra pode parecer boa antes da colheita começar a aparecer, mas o fruto dá a evidência genuína, e ele é mau.

Forte apoio para essa interpretação de Hebreus 6.4-8 é encontrado no versículo imediatamente seguinte. Embora o autor tenha falado muito a respeito da possibilidade de cair, ele a seguir volta a falar sobre a situação da grande maioria de ouvintes que ele pensa que são cristãos genuínos. Ele diz: “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira” (Hb 6.9, RA). Mas a questão é: Essas “coisas que são melhores” são melhores do que quais outras? As “coisas melhores” no plural formam um contraste apropriado às “coisas boas” que haviam sido mencionadas nos versículos 4-6; o autor está convencido de que a maioria de seus leitores experimentou as coisas que são melhores do que simplesmente as influências parciais e temporárias do Espírito Santo e da igreja mencionadas nos versículos 4-6.

De fato, o autor fala a respeito dessas coisas por dizer (literalmente) que elas são “coisas que são melhores e pertencentes à salvação” (gr., kai echomena sōtērias): Essas não são somente as bênçãos temporárias mencionadas nos versículos 4-6, mas são coisas melhores, que não têm apenas influência temporária, mas são “pertencentes à salvação”. Desse modo, a palavra grega kai, “e”, mostra que a salvação é algo que não fazia parte dos itens mencionados nos versículos 4-6. Portanto, a palavra kai — que é traduzida explicitamente na RA, na ECA e na ARC
— proporciona uma chave crucial para o entendimento da passagem. Se o autor quisesse dizer que as pessoas mencionadas nos versículos 4-6 eram verdadeiramente salvas, seria muito difícil entender por que ele diria no versículo 9 que está convencido de que há coisas melhores para eles e pertencentes à salvação. Essas coisas incluem a ”salvação” como um item adicional às coisas mencionadas anteriormente. Ele mostra, portanto, que pode dizer em uma frase breve que as pessoas “têm salvação”, caso queira (ele não precisa utilizar muitas frases), e, além disso, que as pessoas de quem ele fala nos versículos 4-6 não são salvas.
Quais são exatamente essas “coisas melhores?”. Em acréscimo à salvação mencionada no versículo 9, tratam-se de coisas que dão evidência real da salvação — um fruto genuíno na vida deles (v. 10), plena certeza de esperança (v. 11) e fé salvadora,do tipo mostrado por quem herda as promessas (v. 12). Desse modo, ele fortalece a certeza dos que são crentes genuínos — os que demonstram fruto em sua vida e amor por outros cristãos, que revelam esperança e fé genuína que persevera no tempo presente, que não abandonam o caminho. Ele quer dar segurança a esses leitores (que certamente são a grande maioria daqueles a quem escreve) ao mesmo tempo que lança uma forte advertência contra os que podem estar em perigo de apostasia.

Um ensino semelhante é encontrado em Hebreus 10.26-31. Ali o autor diz: “Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados” (v. 26). Alguém que rejeita a salvação de Cristo e ”profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado” (v. 29) merece a punição eterna. Essa é novamente uma forte advertência contra a apostasia, mas não deveria ser tomada como prova de que alguém que verdadeiramente nasceu de novo possa perder a salvação. Quando o autor fala a respeito do sangue do pacto “pelo qual ele foi santificado”, a palavra santificado é usada simplesmente para referir-se à “santificação externa, igual à dos antigos israelitas, pela ligação exterior com o povo de Deus”. A passagem não fala a respeito de alguém que é genuinamente salvo, mas de alguém que recebeu certa influência moral benéfica por meio do contato com a igreja.

 D. O que pode dar ao crente segurança genuína?

Se é verdade, como foi explicado na seção anterior, que os descrentes que finalmente deixarão a fé podem apresentar muitos sinais externos de conversão, então o que poderá servir de evidência da conversão genuína? O que pode dar segurança real ao verdadeiro crente? Podemos citar três categorias de perguntas que uma pessoa pode fazer a respeito de si mesma.

 1. Posso ter no presente confiança em Cristo para ser salvo?

Paulo diz aos colossenses que eles seriam salvos no último dia, se continuassem “alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que [...] ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu” (Cl 1.23). Além de dizer que “passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio” (Hb 3.14), o autor de Hebreus encoraja seus leitores a serem imitadores dos que “por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida” (Hb 6.12). De fato, o versículo mais famoso da Bíblia inteira usa o verbo no tempo presente, que pode ser traduzido por “para que todo aquele que continua crendo nele possa ter vida eterna” (Jo 3.16).

Portanto, cada um deveria perguntar a si mesmo: “Tenho hoje confiança em Cristo de que ele perdoou os meus pecados e que vai me levar inculpável para o céu para sempre? Tenho confiança em meu coração de que ele me salvou? Se eu morresse hoje à noite e comparecesse diante de Deus e ele me perguntasse a razão pela qual deveria me deixar entrar no céu, será que eu começaria a pensar a respeito de minhas boas ações e depender delas, ou sem hesitação diria que sou dependente dos méritos de Cristo e confio que ele é o Salvador suficiente?”.

Essa ênfase sobre a fé em Cristo no presente permanece em contraste com a prática de alguns “testemunhos” de igreja nos quais as pessoas repetidamente recitam detalhes de uma experiência de conversão acontecida mais de vinte ou trinta anos atrás. Se um testemunho de fé salvadora é genuíno, ele deve ser um testemunho de fé que é ativo no dia de hoje.

 2. Há evidência da obra regeneradora do Espírito Santo em meu coração?

A evidência da obra do Espírito Santo em nosso coração vem de muitas formas diferentes. Embora não devamos colocar nossa confiança na demonstração de obras miraculosas (Mt 7.22) ou de longas horas e anos de trabalho em alguma igreja local (que pode simplesmente ser uma construção como madeira, feno ou palha “nos termos de lCo 3.12 para promover o poder ou o próprio ego ou tentar ganhar mérito com Deus), há muitas outras evidências de obra real do Espírito Santo no coração de uma pessoa.

Primeiro, há o testemunho subjetivo do Espírito Santo no nosso coração testificando que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16; lJo 4.13). Esse testemunho regularmente será acompanhado pela percepção de ser conduzido pelo Espírito Santo nos caminhos da obediência à vontade de Deus (Rm 8.14).

Além disso, se o Espírito Santo está trabalhando genuinamente em nossa vida, ele haverá de produzir uma espécie de características de caráter que Paulo chama ”fruto do Espírito” (Gl 5.22). Ele menciona diversas atitudes ou características do caráter que são produzidas pelo Espírito Santo: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gl 5.22,23). Obviamente, a questão não é: “Exemplifico perfeitamente todas essas características em minha vida?”, e sim: “Essas coisas são características gerais de minha vida? Sinto essas atitudes em meu coração? Outras pessoas (especialmente as que estão mais próximas de mim) vêem essas características em minha vida? Elas têm se desenvolvido em minha vida nos últimos anos?”. Não há qualquer indício no NT de que qualquer pessoa não-regenerada ou não-cristã possa convincentemente fingir essas características de caráter, especialmente para os que a conhecem bem de perto.

Relacionada a essa espécie de fruto, há ainda outra: os resultados da vida e do ministério de uma pessoa segundo sua influência sobre outros e sobre a igreja. Há pessoas que professam ser cristãs, mas cuja influência sobre outros é para desencorajá-los, deprimi-los, trazer dano à sua fé e provocar controvérsias e divisões. O resultado da vida e do ministério dessas pessoas não é edificar os outros e a igreja, mas derrubar ou destruir. Em contraposição, há os que parecem edificar outras pessoas em cada conversa, em cada oração e em cada obra de ministério na qual colocam as mãos. Jesus disse, em relação aos falsos profetas: “Vocês os reconhecerão por seus frutos. [...] Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. [...] Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!” (Mt 7.16,17,20).

Outra evidência da obra do Espírito Santo é a perseverança na fé e a aceitação do ensino sadio na igreja. Os que começam a negar as principais doutrinas da fé dão sérias indicações negativas a respeito de sua salvação: “Todo o que nega o Filho também não tem o Pai [...] Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no Filho e no Pai” (1 Jo 2.23,24). João também diz: “Nós viemos de Deus, e todo aquele que conhece a Deus nos ouve” (lJo 4.6). Já que os escritos do NT são a autoridade que substitui a presença de apóstolos como João, podemos também dizer que quem quer que conheça a Deus continuará a ler e a se deleitar na Palavra de Deus, e continuará a crer nela plenamente. Os que não crêem e não têm prazer na Palavra de Deus dão evidência de que não são “de Deus”.

Outra evidência da salvação genuína é um relacionamento contínuo no presente com Jesus Cristo. Jesus diz: “Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês”, e”Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido” (Jo 15.4,7). Essa permanência em Cristo incluirá não somente a confiança diária nele em várias situações, mas com certeza também a comunhão regular com ele na oração e na adoração. Essa permanência também incluirá obediência aos mandamentos de Deus. João diz:

“Aquele que diz: ‘Eu o conheço’, mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele: aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou” (lJo 2.4-6). Uma vida perfeita não é necessária, naturalmente. João antes está dizendo que em geral nossa vida deve ser de imitação de Cristo e de semelhança a ele naquilo que fazemos e dizemos. Se temos a genuína fé salvadora, haverá resultados claros de obediência em nossa vida (v.tb. lJo 3.9,10,24; 5.18).

 3. Consigo ver o padrão de crescimento constante em minha vida cristã?

As primeiras duas áreas de certeza lidam com a fé atual e a evidência atual da obra do Espírito Santo em nossa vida. Mas Pedro nos dá mais uma espécie de teste que podemos usar para perguntar se somos genuinamente crentes. Ele nos diz que há algumas características de caráter que, se continuamos a crescer nelas, garantirão que nós “jamais” tropeçaremos (2Pe 1.10). Ele diz aos seus leitores para se empenharem “para acrescentar à sua fé a virtude [...] o conhecimento [...] o domínio próprio [...] a perseverança [...] a piedade [...] a fraternidade [...] o amor” (2Pe 1.5-7). A seguir ele diz que essas coisas devem pertencer aos seus leitores e estar continuamente crescendo na vidas deles (2Pe 1.8). Acrescenta que eles devem se empenhar “em consolidar o chamado e a eleição”, e então continua: “pois se agirem dessa forma [referindo-se à prática das características mencionadas nos versículos 5-7], jamais tropeçarão” (2Pe 1.10).

O modo pelo qual confirmamos nossa vocação e eleição, então, é continuar a crescer nesse processo. Isso sugere que a certeza de salvação pode ser algo que aumenta com o tempo em nossa vida. Cada ano que acrescentamos essas características em nossa vida, ganhamos segurança cada vez maior de nossa salvação. Assim, embora crentes novos na fé possam ter uma confiança muito firme em sua salvação, essa segurança pode aumentar em certeza ainda mais profunda com o passar dos anos, à medida que eles caminham para a maturidade cristã. Se continuam a acrescentar essas coisas, confirmarão a sua vocação e eleição, e “jamais tropeçarão”.

O resultado dessas três perguntas que podemos fazer a nós próprios deveria dar uma forte certeza para os que são genuinamente crentes. Desse modo, a doutrina da perseverança dos santos será uma doutrina tremendamente confortadora. Ninguém que tenha tal certeza deveria perguntar: “Serei capaz de perseverar até o fim da minha vida e, portanto, ser salvo?”. Cada pessoa que ganha segurança por meio desse auto-exame deveria antes pensar: “Eu verdadeiramente nasci de novo,portanto certamente perseverarei até o fim, porque estou sendo guardado ‘pelo poder de Deus’ operando por meio de minha fé (cf. IPe 1.5) e, portanto, eu nunca me perderei. Jesus vai me ressuscitar no último dia e eu vou entrar no seu Reino para sempre” (cfJo 6.40).

Por outro lado, a doutrina da perseverança dos santos, se corretamente entendida, deve causar preocupação genuína, e até mesmo temor, no coração de qualquer um que esteja “apostatando” ou se desviando de Cristo. Tais pessoas devem ser claramente advertidas de que somente quem persevera até o fim é que verdadeiramente nasceu de novo. Se elas se afastam de sua profissão de fé em Cristo e de uma vida de obediência a ele, elas podem realmente não ser salvas — de fato, a evidência que elas estão dando é de que não são salvas e nunca realmente foram salvas. Uma vez que parem de confiar em Cristo e de obedecer-lhe, elas não têm nenhuma certeza genuína de salvação, e devem considerar-se não-salvas, voltando-se para Cristo em arrependimento e pedindo-lhe perdão pelos pecados.

Neste momento, em termos de cuidado pastoral com os que se afastaram de sua profissão de fé em Cristo, devemos perceber que calvinistas e arminianos (os que crêem na perseverança dos santos e os que pensam que os cristãos podem perder a salvação) iriam aconselhar um “apóstata” do mesmo modo. Conforme o arminiano, esse indivíduo foi cristão durante certo tempo, mas agora não é mais. Conforme o calvinista, tal pessoa nunca foi realmente cristã e ainda não é. Mas em ambos os casos o conselho bíblico dado seria o mesmo: “Você não parece ser cristão agora —você deve se arrepender de seus pecados e confiar em Cristo para ser salvo”. Embora o calvinista e o arminiano discordem sobre a interpretação da história anterior dessa pessoa, hão de concordar sobre o que deve ser feito no presente.

Porém vemos aqui por que o termo segurança eterna, quando usado impropriamente, pode ser muito enganoso. Em algumas igrejas evangélicas, em vez de ensinarem a apresentação equilibrada e total da doutrina da perseverança dos santos, alguns pastores freqüentemente ensinam uma versão diluída dela, que de fato diz às pessoas que todos os que fizeram uma profissão de fé e foram batizados estão “eternamente seguros”. O resultado é que algumas que realmente não são genuinamente convertidas podem “ir à frente” no final de uma reunião evangelística para professar a fé em Cristo e serem batizadas pouco tempo depois, mas acabam deixando a comunhão da igreja e vivendo de modo que não é diferente da que tiveram antes de ganhar essa “segurança eterna”. Desse modo, uma falsa segurança é dada a essas pessoas, e elas estão sendo cruelmente enganadas por pensarem que estão indo para o céu quando, de fato, não estão.

 Autor: Wayne GrudemFonte: Teologia Sistemática do Autor; Ed. Vida Nova. Compre este livro em http://www.vidanova.com.br



8.29 A Certeza da Salvação




Mt 7.21-23; Jo 3.1-21; Rm 8.15-17;  1 Co 1.12; 1 Jo 2.3-6; 1 Jo 5.13


É possível alguém ter certeza de que está salvo? Alguém declarar que tem certeza da própria salvação pode parecer uma atitude de tremenda arrogância.  Mesmo assim, a Bíblia nos desafia a fazer de nossa salvação uma questão de certeza absolita. Pedro ordena: "irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição..." (2 Pe 1.10).

É nosso dever buscar com diligência a certeza de nossa salvação. Isso não é feito a partir de uma curiosidade indolente quanto ao estado da alma, mas por meio da promoção de nosso crescimento em santificação. Os cristãos que permanecem sem ter certeza da própria salvação estão sujeitos a toda sorte de dívidas que paralisam seu caminhar com Cristo. Tropeçam nas dúvidas e ficam vulneráveis aos ataques de Satanás. Por isso temos de buscar ter plena certeza de nossa salvação. Existem quatro posições com relação à certeza de salvação.

Posição Um: Há pessoas que não estão salvas e sabem que não estão salvas. Tais pessoas são conscientes da inimizade que mantêm em seu coração contra Deus e claramente não querem nenhuma ligação com Cristo como seu Salvador. Têm a ousadia de declarar que não precisam de Cristo. Tais pessoas com freqüência são fracamente hostis ao evangelho,

Posição Dois: Há pessoas que estão salvas, mas não sabem que estão salvas. Estão realmente num estado de graça, mas não têm certeza disso. Talvez estejam lutando contra o pecado em suas vidas e duvidam de sua própria salvação por causa de uma consciência perturbada. Neste grupo estão aqueles que ainda não têm certeza de que estão entre os eleitos.

Posição Três: Há pessoas que estão salvas e sabem que estão salvas. Este é o grupo dos que têm certeza de sua eleição e vocação. Têm um entendimento claro e sólido do que a salvação requer e sabem que cumpriram as exigências. Elas crêem no testemunho do Espírito Santo quando ele testificou em seu espírito de que são filhos de Deus (Rm 8.16)

Posição Quatro: Há pessoas que não estão salvas, mas confiantemente acreditam que estão salvas. Tais pessoas têm certeza sem possuírem  a salvação. A segurança delas é falsa.

Visto ser possível nutri uma falsa certeza de salvação, como podemos saber se estarmos no grupo três ou no grupo quarto? Para responder, temos de olhar mais atentamente para o grupo quatro e perguntar como é possível nutrir um falso senso de certeza.

A maneira mais fácil de nutrir uma falsa certeza de salvação é formar falsa doutrina da salvação. Por exemplo. se uma pessoas defende a visão universalista da salvação, pode raciocinar assim:

Todas as pessoas são salvas.

Eu sou uma pessoa.
Portanto, estou salvo.

Visto que esta doutrina é equivocada, sua certeza não tem um base sólida.

Outra maneira pela qual as pessoas garantem falsamente a si próprias que têm salvação é acreditando que irão para céu pela tentativa de viver uma vida boa. Aqueles que pensam que estão vivendo uma vida suficientemente boa para satisfazer as exigências de um Deus santo estão simplesmente se iludindo ao pensar que estão salvos.

E quanto ás pessoas que têm uma sólida doutrina da salvação? Ainda é possível que tenham uma falsa certeza? Temos de responder que sim. Uma pessoa pode crer que tem a fé salvadora, sem realmente tê-la. O teste para a certeza autêntica é duplo. Por um lado, temos de examinar nosso próprio coração para ver se temos a verdadeira fé em Cristo. É preciso ver se temos ou não um amor genuíno pelo Cristo da Bíblia, pois sabemos que tal amor por ele seria impossível sem a regeneração.

Segundo, temos de examinar o fruto de nossa fé. Não precisamos do fruto perfeito para termos certeza, mas é preciso haver algumas evidências do fruto da obediência para nossa profissão de fé tenha credibilidade. Se não há nenhum fruto presente, não há fé presente. Onde se encontra a fé salvadora o fruto da fé também se encontra presente.

Finalmente buscamos nossa certeza na Palavra de Deus, por meio da qual o Espírito Santo testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus.

"O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus." (Rm 8.16)

Sumário

1. É nosso dever cultivar diligentemente a certeza de salvação.

2. A certeza da salvação promove nossa santificação.

3. Há quatro grupos ou posição possíveis com relação à certeza de salvação:

(a) Aqueles que não estão salvos e sabem que não estão salvos.

(b) Aqueles que estão salvos, mas não têm certeza de que estão salvos

(c) Aqueles que estão salvos e sabem que estão salvos.

(d) Aqueles que não estão salvos, mas acreditam que estão salvos.

4. A falsa certeza primariamente se baseia numa falsa doutrina da salvação.

5. Para adquirir uma certeza autêntica temos de sondar nosso próprio coração e examinar o fruto de nossa fé.

6. A plena certeza emana da Palavra de Deus juntamente com o testemunho do Espírito Santo.

Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br





8.30 A Lei de Deus

Êxodo 20. 1-17;  Salmo 115.3;  Mateus 5.17- 20;  Romanos 7.7-25; Gálatas 3.23-29


Deus governa por meio de leis. A natureza tem leis que mantém a sua perfeita ordem e, estas leis, são as maneiras de Deus estabelecer a ordem em seu universo. Elas anunciam Sua soberana vontade.

Deus é infinitamente Santo, Ele é qualitativamente absoluto em perfeição (Rm 11.33-36). Deus não segue nenhuma lei fora de Si mesmo, Deus é a sua própria Lei. Todas a leis partiram do Senhor para organizar as coisas criadas por suas mãos. Deus faz sempre as coisas certas, de acordo com Seu perfeito caráter moral. Suas criaturas precisam de lei para indicar o caminhão da retidão, porém Sua espontânea ação sempre é perfeita e santa em todas suas obras.

Assim como Ele faz, e o faz naturalmente, também deseja que nós façamos o que é certo. Por isso Deus criou leis para que o homem seguisse e vivesse um padrão moral, e criou também as punições aos que não seguissem esse padrão. A Sua lei é o padrão supremo de Justiça. Suas leis estão descritas por todas as Escrituras Sagradas(Bíblia).

A Lei de Deus é única, mas com bases morais, sociais e cerimoniais. Os judeus a chamam de "Torá" que quer dizer em Hebraico: Lei, ensinamento. A Torá são os cincos primeiros livros da Bíblia: Gêneses, Êxodo, Levítico, Numero e Deuteronômio. Por isso também receberam o nome de Pentateuco (cinco volumes).




 A parte moral da Lei tem como base o perfeito caráter de Deus.  Por ser o caráter Divino a base, esta nunca mudará, por que Deus não muda (Mal 3.6).Um exemplo de leis com bases morais contidas na Escrituras é os Dez Mandamentos, escritos pelos Seus próprios dedos e entregue a Moises (Êxodo 20; 31.18; Deut. 5.22). Nos Dez Mandamentos encontram os princípios de toda a Lei contidas nas Escrituras.

As partes sociais da lei foram criadas por Deus para organizar a nação de Israel e por isso são exclusivas desta nação. Muitos dos princípios sociais (casamento, bens pessoais, herança, criminais...) por todo mundo são semelhantes a elas.

As partes cerimoniais da Lei eram baseadas em cerimônias que simbolizavam a presença de Deus e a obra salvadora do Messias. Os símbolos destas cerimônias foram cumpridos em Jesus, o Messias.

Atualmente, somente as partes morais da Lei são obrigações dos cristãos. Ainda somos obrigados a fazer a vontade de Deus por meio delas. Mas a parte social e cerimonial da Lei de Deus se tornou a cultura de Israel e não constituem nenhuma obrigação ou princípios morais para os cristão. 




Os seres humanos, assim como tudo o que Deus criou, não podem fazer e nem seguir leis feitas por si mesmo. A Bíblia ensina que pecado é não guardar a sua Lei (1º João 3.4), portanto nós somos dependentes da lei de Deus. Quando nós guardamos a sua lei, demonstramos que o amamos (João 14.15).

 Autor:  N.Mascolli F.    -  Baseado no estudo “A Lei de Deus” de R. C. Sproul, capítulo cinco, 1ª Caderno, Verdade essências da fé Cristã, ed. Cep.



8.31 A Graça e a Lei


Escreveu o apóstolo João: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1:17). Na economia de Deus, a lei foi exposta em primeiro lugar e a graça posteriormente. O Antigo Testamento é dominado pela grande realidade da lei de Deus, tal como o Novo Testamento é dominado pela graça de Deus. Porém, como relacionar a graça com a lei, visto que a lei veio antes da graça? O Novo Testamento revela dois pontos de vista que erram quanto a isso, a saber: o legalismo e o antinomianismo.

O legalismo (abordado em Romanos 4 e 9-11; Gálatas 2-5 e Colossenses 2) fruta a graça divina, por buscar a retidão mediante a religiosidade e as obras da lei, encarando-as como parte do fundamento de nossa aceitação diante de Deus, justamente com os méritos de Cristo. Paulo, todavia, insistia contra isso, dizendo que a fé em Cristo para a salvação é uma confiança exclusiva, de tal modo que uma professa confiança em Cristo que não exclua totalmente a autoconfiança não é fé real, aos olhos de Deus. Por esta causa veio a advertência pauliana aos gálatas judaizantes, os quais achavam que precisavam suplementar a sua fé em Cristo com o ato de serem circuncidados: “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei, da graça decaístes” (Gálatas 5:4). A observância da lei não desempenha qualquer papel na justificação. Esta se realiza exclusivamente pela fé, pois acha-se somente em Cristo e através dEle, e é somente pela graça. Confiar nas próprias obras, juntamente com a obra de Cristo, desonra-O, frustra a graça e priva a pessoa da vida eterna (cf. Gálatas 2:21 e 5:2).

No outro extremo o antinomianismo (abordado em Romanos 6; 2Pedro 2 e 1João) erra por transformar “em libertinagem a graça de nosso Deus” (Judas 4). Enquanto o legalista exalta de tal modo a lei que chega a excluir a graça, o antinomiano é fascinado pela graça ao ponto de perder de vista a lei, como uma regra de vida. Ele argumenta que, visto que os crentes estão “libertados da lei” (Romanos 7:6) e não debaixo da lei, e, sim, da graça (Romanos 6:15), com o perdão eterno já em sua possessão, não mais importa que tipo de vida eles levem. Embora o legalismo e o antinomianismo, segundo certo ponto de vista, sejam pólos opostos de erro, há, na teologia, e freqüentemente na experiência, um elo de ligação entre eles: ambos procedem da mesma fala suposição de que o único propósito da observância da lei é obter justiça diante de Deus. Assim sendo, o legalista ocupa-se em estabelecer sua própria justiça, ao passo que o antinomiano, regozijando-se no dom gratuito da justificação pela fé, não vê razão alguma para guardar a lei. Muitos dos antinomianos, na história, têm saído do legalismo por reação ao mesmo. Ambos os erros, porém, são respondidos assim que percebemos que a lei moral expressa a vontade de Deus para o homem em sua condição de homem. Jamais teve a finalidade de servir como um método de salvação (e, de qualquer forma, é inútil para esse propósito). A lei foi dada para guiar os homens na vida de piedade. E a graça, ao mesmo tempo que condena a justiça própria, estabelece a lei como regra de conduta. Escreveu Paulo: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente” (2 Timóteo 2:11,12). Essa é a resposta final ao antinomianismo: a graça estabelece a lei.

Uma variante do recuo antinomiano em relação à lei é a reivindicação de que os crentes não têm qualquer necessidade ou dever de regularem suas vidas pela lei, visto que seus recursos em Cristo são suficientes para guiá-los. Assim, Lutero asseverou que a fé cristã naturalmente produz boas obras (ou seja, amor e serviço), por meio do impulso instantâneo. J. A. T. Robinson afirmou que o amor cristão traz embutida uma bússola moral, de tal modo que não precisa firmar-se sobre regras bíblicas, nem precisa necessariamente ser guiado por elas. Muitos têm falado sobre isto como se o impulso do Espírito, na consciência do crente, suplantasse inteiramente as instruções da lei.

Aqueles que tomam essa posição, frisam corretamente a espontaneidade interior da vida cristã genuína, bem como a criatividade ética do amor. Porém, eles separam o que Deus uniu, a saber, a obra do Espírito Santo em ensinar e a Palavra pela qual Ele o faz. O Espírito continua a gravar a lei de Deus em nossos corações durante toda nossa vida, instruindo-nos pelas Escrituras nos padrões de Deus e fazendo-nos julgar quão distante temos ficado da perfeição moral e espiritual que esses padrões incorporam. Em suas cartas, Paulo não só nos ensina acerca de Cristo e do Espírito Santo, mas, normalmente na segunda metade delas exercita crentes nos princípios éticos — isto é, na lei, conforme ela se aplica aos crentes (cf. Romanos 12-15; Gálatas 5-6; Efésios 4:17-6:9; Colossenses 3:1-4:6). Seria arriscado tentar ser mais sábio do que Paulo, em nossa maneira de ensinar a vida cristã.

Se nos lembrarmos que, como crentes, servimos a Deus não para adquirirmos a vida, mas por já termos a vida, como seus filhos e filhas já justificados e adotados, então não cairemos no legalismo que esses mestres temem; antes, veremos a lei de Deus como o código de normas da família e nos regozijaremos em procurar vivê-la desta forma, agradando ao nosso Pai celeste, que nos amou e nos salvou.

Paulo escreveu: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não de obras para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:8-10). A doutrina paulina da graça gratuita e soberana tanto humilha a soberba dos legalistas, que são justos aos seus próprios olhos, como condena a lassidão preguiçosa e irresponsável dos antinomianos. Entendido corretamente, esse ensino gera uma jubilosa segurança e uma incansável energia no serviço de nosso Salvador. Foi dito com muita propriedade que, no Novo Testamento, a doutrina é a graça, a ética é a gratidão (Romanos 12:1); e nosso Senhor ensinou que a pessoa que mais ama é aquela que é mais consciente do amor por ela demonstrado (Lucas 7:40ss.). O mundo veria muito mais piedade prática do que está vendo, se os crentes de nossos dias conhecessem mais acerca da graça de Deus.

Autor: J. I. Packer

Fonte: Extraído do livro “Vocábulos de Deus” de J. I. Packer, publicado no Brasil pela Editora Fiel. Compre este livro emhttp://www.editorafiel.com.br






8. 32 O Tríplice uso da Lei

Sl 19.7-11; Sl 119.9-16; Rm 7.7-25; Rm 8.3,4; 1 Co 7.19; Gl 3.24


Todo cristão enfrenta a pergunta: "Como as lei do Antigo Testamento se aplicam à minha vida?" As leis do Antigo Testamento são irrelevantes para o cristão, ou existe algum aspecto em que ainda estamos presos a porções delas? Como a heresia do antinominianismo* tem sido cada vez mais penetrante em nossa cultura, a  necessidade de se responderem essas questões torna-se cada vez mais urgente.

A Reforma se fundamentou na graça e não na lei. Mesmo assim, a Lei de Deus não foi repudiada pelos reformadores.João Calvino, por exemplo, escreveu o que ficou conhecido como "O tríplece uso da lei", para mostrar a importância da lei na vida cristã.

O primeiro propósito da lei é ser ela um espelho. Por um lado, a lei de Deus reflete a perfeita justiça de Deus.  A lei nos diz muito sobre quem é Deus. Talvez o mais importante seja que a lei revela a pecaminosidade humana. Agostinho escrever: “A lei ordena que, depois de tentarmos fazer o que foi ordenado e sentirmos nossa fraqueza debaixo da lei, apelamos a implorar a ajuda da graça". A lei revela nossa fraqueza para que busquemos a força que se encontra em Cristo. Neste aspecto a lei funciona como um severo inspetor escolar que nos conduz a Cristo.

O segundo propósito da lei é restringir o mal. A lei, em si e por si mesma não pode mudar o coração humano. Ela pode, entretanto, proteger o justo do injusto. Calvino diz que este propósito, "por meio das suas temíveis ameaças e o conseqüente medo da punição, a lei restringe aqueles que, se não forem forçados, não levam em conta a retidão e a justiça". A lei permite que haja um mínimo de justiça na terra, até que o juízo final se concretize.

O terceiro propósito da lei é revelar o que agrada a Deus. Como filhos de Deus nascidos de novo, a lei nos ilumina quanto ao que agrada a nosso Pai, a quem buscamos servir. O cristão tem prazer na lei da mesma forma que Deus mesmo se deleita nela. Jesus disse: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14.15). Esta é função mais importante da lei: servir como um instrumento para que o povo de Deus lhe dê honra e glória.

Ao estudar ou meditar na lei de Deus, estamos freqüentando a escola da  justiça. Aprendemos o que agrada a Deus e o que o ofende. A lei moral que Deus revela nas Escrituras nos é sempre obrigatória. Nossa  redenção é da maldição da lei de Deus e não da obrigação de obedecê-la. Somos justificados não devido à nossa obediência à lei, mas para que possamos nos tornar obedientes à lei de Deus. Amar a Cristo é guardar seus mandamentos. Amar a Deus é obedecer sua lei.

*O Antinominianismo é a heresia que diz que o crente não tem qualquer obrigação de obedecer a Lei de Deus.

Sumário

1. Atualmente a igreja tem sido invadida pelo antinomianismo, o  qual enfraquece, rejeita ou distorce a lei de Deus.

2 A lei de Deus reflete sua santidade e nossa injustiça. Serve para nos revelar a necessidade que temos de um salvador.

3 A lei de Deus restringe o pecado.

4. A lei de Deus revela o que o agrada e o ofende.

5. O cristão deve amar a lei do Senhor e obedecer suas leis morais.




Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 3º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br 

8. 33 Mérito e Graça
Jo 15.1-8; Rm 4.1-8; Rm 5.1-5; 2 Co 5.17-19; Ef 2.8,9; Tt 3.4-7


"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;" (Ef 2.8,9)

A questão do mérito e da graça é o cerne do debate histórico entre a teologia católica romana e o protestantismo. Uma das principais declarações da Reforma foi sola gratia - a salvação é somente pela graça de Deus. Os crentes não levam nenhum mérito propriamente diante do tribunal de Deus, mas confiam unicamente em sua misericórdia e graça.

Mérito é definido como aquilo que é devido ou merecido. A justiça exige que o mérito seja dado onde ele é merecido. Mérito é algo devido a uma pessoa por seu desempenho. Se não é recebido, uma injustiça é cometida.

A teologia católica romana fala três tipos distintos de mérito. Fala de mérito condigno, o qual é tão meritório que impõe uma obrigação de recompensa. Fala também de mérito congruente, o qual, embora não seja tão elevado como o mérito condigno, contudo é "apropriado ou congruente" para Deus recompensá-lo. O mérito congruente é alcançado pela prática das boas obras, em  conjunção com o sacramento de penitência. O terceiro tipo de mérito é o  super-rogatório, que é o mérito acima e além do chamado para dever. É o mérito excessivo conquistado pelos santos. Este mérito é depositado no tesouro do qual a Igreja pode tirar para aplicar na conta daqueles que não têm mérito suficiente para progredir do purgatório para o céu.

A teologia protestante nega e "protesta" contra todas essas três formas de méritos, declarando que o único mérito que temos à nossa disposição é o mérito de Cristo, o qual chega até nós pela graça, por meio da fé. A graça é o favor não merecido de Deus. É uma ação ou disposição de Deus em nosso favor. Graça não é uma substância que pode habitar nossas almas. Crescemos na graça, não por uma medida quantitativa de alguma substância dentro de nós, mas pela assistência misericordiosa do Espírito Santo que nos habita, o qual age graciosamente em nosso favor e sobre nós. Os meios de graça que Deus dá para  nos assistir na vida cristã incluem as Escrituras, as ordenanças, a oração, a comunhão e o nutrição da igreja.

Sumário

1. Nossa salvação é sola gratia - somente pela graça.

2. Não temos nenhum mérito pelo qual Deus seja obrigado a nos salvar.

3. A teologia católica romana faz distinção entre mérito condigno, congruente e  super-rogatório. Todos o três são rejeitados pelos protestantes.

4. Graça é o favor ou a misericórdia de Deus em nosso favor, que não merecemos.

Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br





8. 34 A Fé e as Obras

Rm 3.9 - 4.8; Fp 2.12,13; Tg 2.18-24; 2 Pe 1.5-11; 1 Jo 2.3-6; 1 Jo 4.7-11


Muitas pessoas supõem que ao tentar viver uma vida boa, já fizeram tudo o que é necessário para obterem o céu. Põe sua confiança nas boas obras que fazem com o fim de satisfazer as demandas da justiça de Deus.

Esta é uma esperança fútil. A Lei de Deus requer perfeição. Visto que não somos perfeitos, não temos a bondade necessária para entrarmos no céu. Desta maneira, nunca podemos sentir-nos realizados vivendo uma vida boa. Só podemos concretizá-lo confiando ma justiça de Cristo. Seu mérito é perfeito e é colocado à nossa disposição por meio da fé.

Crer que somos justificados por nossas boas obras à parte da fé e abraçar a heresia do legalismo. Crer que somos justificado por um tipo de fé que não produz obras é abraçar a heresia do antinominianismo.

A relação de fé e boas obras não acrescentam nenhum mérito à nossa fé diante de Deus e apesar da única condição de nossa justificação ser nossa fé em Jesus Cristo, se as boas obras não seguem nossa profissão de fé, isto é uma clara indicação de que não possuímos a fé que justifica. A fórmula da Reforma ´´e: "Somos justificados só pela fé, mas não por uma fé que está só". A verdadeira justificação sempre resulta no processo da santificação. Se há justificação, a santificação inevitavelmente se seguirá. Se a santificação não resulta, é certo que a justificação não se fez realmente presente. Isso não significa que a justificação dependa ou se apóia na santificação. A justificação depende da verdadeira fé, a qual por sua vez inevitavelmente conduz às obras de obediência.

Quando Tiago declara que a fé sem obras é morta, está dizendo que tal "fé" não pode justificar ninguém, porque não é viva. A fé viva produz boas obras, mas essas boas obras são a base da justificação. Somente o mérito conquistado por Jesus Cristo pode justificar o pecador.

É um grande erro e de fato uma forma moderna da heresia do antinominianismo sugerir que uma pessoa pode justificada aceitando Jesus como Salvado, mas não como Senhor. A verdadeira fé aceita Cristo como Salvador e Senhor. Confiar só em Cristo para a salvação é reconhecer a total dependência dele e arrepender-se dos pecados. Arrepender-nos dos pecados significa submeter-nos à autoridade de Cristo. Negar seu senhorio é buscar justificação com uma fé impenitente, a qual na verdade não é fé.

Embora nossa boas obras não no proporcionem salvação, elas são a base sobre a qual Deus promete distribuir recompensas no céu. Nossa entrada no Reino de Deus é pela fé somente. Nossa recompensa no Reino será de acordo com nossa boas obras, as quais são, conforme disse Agostinho, um caso de graciosa coroação de Deus de seus próprios dons.

Sumário

1. Ninguém pode ser justificado por boas obras.Somente por meio da fé em Cristo podemos ser justificados.

2. Fé e boas obras devem ser distinguidas, mas nunca separadas. A verdadeira fé sempre produz obras de obediência.

3. A justificação é só pela fé, mas não por uma fé que está só.

4. A fé morta não pode justificar.

5. Fé em Cristo significa confiar nele como Salvador e submeter-se a ele como Senhor.

6. Seremos recompensados no céu de acordo com nossa boas obras, embora esta recompensa seja uma obra de graça.

Obras = Justificação   -   Falso

Fé + Obra    =    Falso

Fé = Justificação - Obras   -   Falso

Fé = Justificação + Obras   -  Verdadeiro




Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este Livro em http://www.cep.org.br





8. 35 Liberdade

A SALVAÇÃO TRAZ LIBERDADE


Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.

Permanecerei, pois, firmes e não vos submetais

de novo a jugo de escravidão”. Gálatas 5.1


O Novo Testamento vê a salvação em Cristo como libertação e a vida cristã como vida de liberdade _ Cristo nos libertou para a liberdade (Gl 5.1; Jo 8.32,36). A ação libertadora de Cristo não é uma questão de desenvolvimento sócio-político-econômico, como algumas vezes se insinua atualmente, mas diz respeito aos três pontos seguintes:

Primeiro, os cristãos foram libertados da lei como sistema de salvação. Sendo justificados pela fé em Cristo, eles não mais estão sob a lei de Deus, mas debaixo da graça (Rm 3.19; 6.14,15; Gl 3.23-25). Isto significa que sua posição perante Deus (a “paz” e o “acesso” de Rm 5.1,2) repousa totalmente no fato de terem sido aceitos e adotados em Cristo. Isto não depende e jamais dependerá do que eles fazem; e nunca estará sujeito a risco pelo que eles deixarem de fazer. Eles vivem, e enquanto estiverem neste mundo viverão, não por serem perfeitos, mas por serem perdoados.


Toda religião natural, portanto, é negada, porque o instinto natural do homem pecador, expresso em todas as formas de religião que o mundo já imaginou, é supor que se alcança e mantém uma relação justa com a realidade suprema (seja ela concebida como um Deus pessoal ou em outros termos) por disciplinas de observância à lei, ritual correto e ascetismo. É assim que as crenças que há no mundo preceituam a instituição de sua própria justiça _ a mesma coisa que Paulo viu os judeus não-crentes tentando fazer (Rm 10.3). A experiência de Paulo ensinou-lhe que esta é uma iniciativa frustrante. Nenhum desempenho humano é suficientemente bom, pis sempre há desejos errados no coração, além da falta de impulsos exteriores do indivíduo (Rm 7.7-11; cf Fp 3.6), e é primeiro para o coração que Deus olha.

Tudo o que a lei pode fazer é caracterizar, expor e condenar o pecado que permeia nossa estrutura moral, e assim nos tornar cônscios de sua realidade, profundidade e culpa (Rm 3.19; 1 Co 15.56; Gl 3.10). Portanto, a futilidade de tratar a lei como um pacto de obras, e procurar a justiça por meio dela, torna-se evidente (Gl 3.10-12; 4.21-31), como a penúria de não saber o que mais fazer. Este é o julgo da lei de que Cristo nos liberta.

Segundo, os cristãos foram libertados da escravidão do pecado (Jo 8.34-36; Rm 6.14-23). Eles foram regenerados de forma sobrenatural e tornados vivos para Deus mediante a união com Cristo em sua morte e vida ressurreta (Rm 6.3-11), e isto significa que agora o desejo mais profundo de seu coração é servir a Deus pela prática da justiça (Rm 6.18,22). O domínio do pecado envolveu não somente atos constantes de desobediência, mas também uma falta constante de zelo na observância da lei, suscitando às vezes ressentimento e ódio para com a lei. Agora, porém, sendo mudados no coração, motivados pela gratidão para a aceitação por meio da livre graça, e animados pelo Espírito Santo, eles servem “em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rm 7.6). Isto significa que seus esforços para obedecer são agora alegres e integrados de uma forma que não era verdadeira antes. O pecado não os governa mais. Neste sentido, também, foram libertados da escravidão.

Terceiro, os cristãos foram libertados da superstição que trata a matéria e o prazer físico como intrinsicamente maus. Contra esta idéia, Paulo insiste que os cristãos são livres para desfrutar como dádivas de Deus todas as coisas criadas e os prazeres que elas proporcionam (1 Tm 4.1-5), contanto somente que não transgridam a lei moral em seus prazeres ou estorvem seu próprio bem-estar ou de outrem (1 Co 6.12,13; 8.7-13). Os Reformadores reiteraram esta ênfase contra várias formas de legalismo medieval.

Autor: J. I. Packer

Fonte: Teologia Concisa, Ed. Cultura Crista. Compre este livro em http://www.cep.org.br









8. 36 A Ressurreição Final

Rm 8.11; 1 Co 2.9; 1 Co 15.1-58; Fp 3.20,21; 1 Ts 4.13-18


Uma pergunta cuja resposta todo crente gostaria de saber é como será nossa aparência no céu. Seremos capazes de reconhecer nossos entes queridos? Nossos corpos ressurretos terão as características de ancião ou de jovem?

Muitas dessas questões permanecem um mistério para nós. A Bíblia só fornece pequenas pistas dessas respostas. Sabemos que qualquer que seja nosso estado depois  da ressurreição, excederá muitíssimo às nossa mais elevadas expectativas atuais. A Bíblia diz: "... As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam." (1 Co 2.9). Paulo nos diz que nos presente "Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido." (1 Co 13.12).

A Bíblia ensina claramente uma ressurreição final dos corpos dos santos. A ressurreição de Jesus é declarada ser as primícias daqueles que também participarão desta ressurreição.

Há uma continuidade entre o corpo terreno que morre e o corpo ressurreto que nos será dado. Nossos corpos atuais são corruptíveis e de fato sofrerão decomposição, ou em alguns casos serão despedaçados ou fragmentados na morte. Entretanto, assim como Jesus retornou da sepultura com o mesmo corpo, embora transformado, assim nossos corpos ressuscitarão, ainda que transformados. Um corpo pode mudar seu estado sem com isso mudar sua identidade.

Todo corpo ressurreto será completo tanto em quantidade quanto em qualidade. Nada estará faltando, embora muito terá sido acrescentado. Seremos reconhecíveis em nossos corpos ressurretos. Não sabemos como isso será feito pelo poder de Deus - só sabemos que será feito.

Nossos novos corpos serão especialmente adaptados à vida eterna no Reino de Deus. Nossos corpos atuais não são assim adaptados. Qualquer mudança que seja necessária será feita pelo poder de Deus. Sabemos que nossos corpos ressurretos ainda serão humanos e finitos. Não seremos deificados. Nossos novos corpos serão incorruptíveis - sem degeneração, enfermidade, dor ou morte. Haverá um acréscimo de poder aos nossos corpos atuais, quando ressuscitarem em honra, poder e glória. Nossos corpos serão como o corpo glorificado de Jesus.

O novo corpo do santo será um corpo espiritual e celestial. Será adaptado para uma ordem de vida mais elevada, talvez brilhante e radiante em seu semblante, não muito diferente de Cristo em sua transfiguração.

Sumário

1. Nosso estado futuro na ressurreição do corpo está envolto em mistério.

2.Haverá uma continuidade entre nosso corpo atual e nosso corpo ressurreto.

3. Seremos capazes  de reconhecer uns aos outros no céu.

4. Nosso novo corpo será apropriado e adaptado para a vida celestial.

Autor:  R. C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br





8. 37 A Glorificação

Jo 17.13-23; Rm 3.29-30; 1 Co 15.50-54; 2 Co 3.18


Lembro-me de um momento crucial antes de um jogo do campeonato de basquetebol do colégio quando eu e os outros jogadores do time nos reunimos para ouvir as últimas instruções do técnico. Tentando nos inspirar para a vitória, o técnico disse: "Garotos, este é o momento pelo qual temos trabalhado. Agora vão lá e cubram-se de glória". Nós obedecemos. Vencemos o cobiçado campeonato e nos expusemos alegremente à glória. Esse tipo de glória, porém, é muito passageiro. Uma nova busca por ele começa com o início da cada temporada ou de cada campeonato.

Há uma glória maior, permanente e muito mais satisfatória que aguarda ps santos no  final de sua peregrinação espiritual. É o que a Bíblia chama de "glorificação" - é a apoteose do processo da redenção, segundo a "corrente áureas" de Paulo.

"Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou." Rm 8.29,30

A doutrina da glorificação refere-se àquele tempo quando, na segunda vinda de Cristo, os verdadeiros crentes, tanto os vivos quantos os mortos, terão a redenção plena e final de seus corpos e atingirão seu estado final. A salvação dos eleitos estará completa. Conforme Paulo escreveu aos Coríntios "é necessário que este corpo corruptível  se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade" (1 Co 15.53). Finalmente, a morte, o último inimigo, será tragada pela vitória. O processo de santificação alcançará seu objetivo.

A glorificação, pois, é a grande esperança do crente para o futuro. Deus corrigirá todas as coisas e as manterá assim por toda a eternidade. A glorificação, porém, é um conforto também no presente. Neste mundo corrupto, onde experimentamos o pecado dentro e fora de nós, há conforto e saber que Deus já está agindo, desde agora, para purificar seus santos, preparando-os para a glória futura. O crente, em certo sentido, já está glorificado, selado para a eternidade, sendo para sempre um filho de Deus.

Sumário

1. A glorificação é o ponto final da Salvação.

2. A glorificação completará nossa santificação

3. A promessa da futura glorificação nos traz conforto e inspiração no presente.

Autor:  R.C. Sproul

Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre em http://www.cep.org.br






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Mensagem do Dia

O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa Deus de maneira pura, legítima e eterna. A.W.Tozer

"A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão." JOHN WESLEY"

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Alimentar-se da Palavra "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4 : 12).Erram por não conhecer as Escrituras, e nem o poder de Deus (Mateus 22.29)Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3

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