Um idoso pastor se encontrava gravemente enfermo na cama e sofria terríveis dores. Um jovem obreiro que o visitava desejou consolá-lo. Cheio das melhores intenções, falou: "Deus disciplina a quem ama!" Ao que o velho homem retrucou, cheio de dores: "Sim, mas agora, neste instante, eu desejaria que Deus amasse outra pessoa!" Muitas vezes usamos frases feitas ou procuramos explicações para o sofrimento do próximo mas não chegamos ao fundo da questão. Sobre o sofrimento do Filho de Deus está escrito:
O Inexplicável Sofrimento dos Justos O sofrimento de um justo não pode ser explicado, mas muitas e muitas vezes sua razão de ser foi interpretada de maneira incorreta. Muitos cristãos que estão sofrendo se preocupam demais em achar a "causa" de sua angústia e se esgotam de tanto questionar. Minha doença é castigo pelo meu pecado? Ou será que Deus quer me disciplinar, educar, purificar, transformar através do sofrimento, me preparar para Seu Reino e Sua glória? – É claro que existem castigos mandados por Deus, mas nem de longe todo o sofrimento físico ou emocional, toda derrota, fome ou tormento podem ser explicados dessa maneira. Quem recebeu a Jesus Cristo em sua vida por meio da fé não sofre por causa da ira de Deus ou por castigo, mas o sofrimento é uma provação e é igualmente um meio pedagógico que o Senhor usa na vida dos crentes (Hb 12.1-11; Rm 8.31-39). Mas não são raras as vezes em que o agir de Deus e a Sua direção em nossas vidas continuará sendo um mistério para nós, principalmente quando Ele manda sofrimento e tristeza. Não queremos deixar passar despercebido o fato de que nem todo o sofrimento tem a amável correção do Senhor como alvo final. Existem sofrimentos que nascem do ódio satânico, e se os mesmos nos alcançam foi porque o Senhor o permitiu. Os sofrimentos de Jó, por exemplo, não vieram de Deus. Também não havia motivo para correção na vida desse homem, pois Jó vivia completamente dentro do que agradava ao Senhor e era irrepreensível, o que foi confirmado pelo próprio Senhor. Seus sofrimentos eram provocados pelo maligno (comp. Jó 1.1,6-19). Os Salmos e Provérbios também falam do sofrimento do justo:
A Bíblia nos exorta a não considerarmos todo e qualquer sofrimento dos justos como conseqüência automática de culpa e pecado em suas vidas, pois com isso estaríamos condenando a maneira justa de viver dos retos de coração. Asafe orou:
Também no Salmo 44 encontramos uma das muitas indicações da Palavra de Deus de que sofrimento nem sempre tem sua origem em pecado ou culpa diante de Deus e nem sempre é castigo por erros cometidos:
Mas todo esse sofrimento estava sob a permissão de Deus:
Antes que eu mencione o testemunho do irmão Lee, da Coréia do Sul, perguntemo-nos: todos esses sofrimentos foram resultado de pecado na vida desse irmão? Ele conta: Eu tinha 18 anos de idade quando os norte-coreanos invadiram a Coréia do Sul. Presenciei quando 7.000 cristãos foram mortos, inclusive meu pai e minha irmã. Durante três dias minha irmã ficou pendurada de cabeça para baixo em uma corda. No terceiro dia, ela estava quase desacordada. Todos os dias os comunistas nos levavam para fora para que pudéssemos ver como eram tratados os cristãos presos. Todos tínhamos sido presos e interrogados: "Você é cristão?" Naquela época minha irmã tinha 22 anos de idade. E naquele dia em que fui obrigado a ficar na sua frente, ela me reconheceu. Sangue já escorria de sua cabeça. Me senti impotente diante dela, pois estava amarrado. Mas ela cantava num sussuro: "Em Jesus amigo temos..." e "Mais perto quero estar, meu Deus de Ti..." E foi dessa maneira que ela morreu, mas sua morte vitoriosa deixou uma profunda impressão em minha vida. – Uma semana depois meu velho pai de 72 anos foi executado. Ele foi queimado vivo, depois de ter passado fome por um mês. Jogaram-no em uma cova, cobriram-no com querosene e tocaram fogo. Antes de perder os sentidos, gritou com suas últimas forças: "Você tem de acabar o que eu não consegui levar até o fim!" Então levantou suas mãos e orou: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem!" Esses dois acontecimentos deixaram marcas em toda a minha vida futura, marcas que nunca mais puderam ser apagadas. Não posso descrever os sofrimentos que tive que passar. Durante um mês inteiro meus carrascos me espancaram, queimaram e quebraram meus ossos. Quando eles finalmente acharam que eu estava morto, jogaram-me em um pântano. Fiquei oito dias inconsciente no meio de cadáveres. Os ratos passavam por cima de nós e o sofrimento era infernal. Mas nessa hora eu entreguei minha vida ao Senhor Jesus. Reconheci o que significa na vida de uma pessoa um relacionamento pessoal com Jesus: no mais profundo sofrimento pode nascer a alegria da fé! Os terríveis sofrimentos e a angústia de sua irmã e de seu pai e seus próprios sofrimentos contribuíram para que o Dr. Lee chegasse a crer no Senhor Jesus Cristo – que maravilhoso fruto de sofrimento por amor ao Senhor! Será que você anda encurvado sob o fardo de sofrimentos e pressões do dia-a-dia que pesa sobre os seus ombros? Você se angustia com problemas e infortúnio? Você sofre por fracassos, decepções, esperanças frustradas? Ou você sofre por amor a Cristo? Existe uma cruz pesada sobre sua vida, cruz que você tem de carregar? Qual é a Causa do Sofrimento, Se Não é o Pecado? Sofrimento por amor a Jesus. Foi dito ao apóstolo Paulo que ele iria sofrer muito por amor a Jesus (At 9.16). O Senhor o usou de modo extraordinário como instrumento muito útil, mas os sofrimentos de Paulo foram igualmente extraordinários. Os profundos sofrimentos por amor a Jesus faziam parte de sua elevada vocação. Sofrimentos por amor a Jesus não são motivo de tristeza, mas de alegria:
E sofrer pelo Evangelho é um tipo de sofrimento por amor a Jesus (2 Tm 1.8), assim como sofrimentos por praticar o bem (1 Pe 2.20), sofrimentos por causa da justiça (Mt 5.10) e os sofrimentos como servos de Deus (2 Co 6.4 ss.). É isso o que nos relata Colossenses 1.24: |
- O SOFRIMENTO É O PREÇO PARA TORNAR OUTROS OUSADOS -
Deus usa o sofrimento de seus missionários para estimular outros a sair de sua sonolência de indiferença e torná-los ousados. Quando Paulo foi preso em Roma ele escreveu sobre isso para a Igreja em Filipos. "A maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus" (Fp 1.14). Se tiver de fazê-lo, Deus usará o sofrimento de seus devotos mensageiros para fazer uma Igreja sonolenta despertar e assumir riscos por Deus.
Os sofrimentos e a dedicação do jovem David Brainerd exerceram efeitos sobre milhares. Henry Martyn registrou repetidamente o impacto de Brainerd sobre sua vida em seu Journal.
11 de setembro de 1805: Que exemplo de efeito estimulante ele tem
sido freqüentemente para mim, especialmente quanto ao fato de que
tinha uma constituição fraca e doentia!
8 de maio de 1806: Bendita seja a memória daquele santo homem! Considero-me um felizardo porque terei seu livro comigo na Índia, e assim, de certa maneira, gozarei do benefício de sua companhia e de seu exemplo.
12 de maio de 1806: Minha alma foi revitalizada hoje pela incessante
compaixão de Deus, de modo que encontrei o refrigério da presença
de Deus em deveres secretos; em especial fui abundantemente
encorajado ao ler o relato de D. Brainerd sobre as dificuldades em
realizar uma viagem para pregar aos nativos. Oh!, abençoada seja a
memória desse querido santo! Nenhum escritor secular jamais me fez
tanto bem. Eu me senti docemente alegre ao máximo por trabalhar
entre os pobres nativos aqui; e minha disposição foi, penso eu, mais
despida daquelas noções românticas que me haviam por vezes inflado
com falsos Ímpetos.
Cinco esposas inspiradoras
Em nosso próprio tempo é difícil exagerar o impacto que o martírio de Jim Elliot, Nate Saint, Ed McCully, Pete Fleming e Roger Youderian teve sobre gerações de estudantes.
A palavra que aparecia repetidas vezes nos testemunhos dos que ouviram a história de Huaorani6 era "dedicação". Porém, mais do que se tem sabido, foi a força das esposas desses homens que fez muitos de nós sentirem um impulso de dedicação.
Barbara Youderian, esposa de Roger, escreveu em seu diário naquela noite de janeiro de 1956: Esta noite o Capitão nos contou ter achado quatro corpos no rio. Um deles estava de camiseta e calça jeans. Roj era o único a se vestir assim [...] Deus me dera o seguinte versículo dois dias antes: Salmo 48.14: " [...] este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; ele será nosso guia até a morte". Ao me deparar face a face com a notícia da morte de Roj, meu coração se encheu de louvor. Ele era merecedor desta ida para casa. Ajuda-me, Senhor, a ser tanto mãe quanto pai.
Não é difícil perceber o propósito bíblico que Paulo apresentava. O sofrimento dos servos de Deus, uma vez aceito com fé e até com louvor, é uma experiência devastadora para santos apáticos cuja vida está vazia em meio a incontáveis confortos.
O número de voluntários dobrou depois de sua morte
A execução de Chet Bitterman, obreiro da Missão Wycliffe, pelos guerrilheiros colombianos do grupo M-19, em 6 de março de 1981, desen¬cadeou um zelo admirável pela causa de Cristo. Chet estava no cativeiro havia sete semanas, enquanto sua esposa, Brenda, e as filhas pequenas Anna e Esther esperavam em Bogotá. A exigência do M-19 era para que Wycliffe saísse da Colômbia.
Eles o mataram logo antes do amanhecer com uma só bala no peito. A polícia encontrou seu corpo no ônibus em que ele morreu, num estacionamento ao sul da cidade. Ele estava limpo e barbeado, com o rosto calmo. Uma bandeira da guerrilha envolvia seu corpo. Não havia sinais de tortura.
No ano seguinte à morte de Chet, "a lista de voluntários para trabalho internacional da Wycliffe Bible Translators dobrou. Essa tendência permaneceu". Esse não é o tipo de mobilização missionária que qualquer de nós escolheria. Mas é o caminho de Deus. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto" (Jo 12.24).
Nem Todo Sofrimento É Uma Prova
A Diferença Entre Ser Provado e Treinado
Deus não se deleita com as provações de Seus filhos. A Bíblia diz que Cristo é compassivo conosco em todas as nossas provas, sendo tocado pelos sentimentos de nossas enfermidades. Em Apocalipse 2:9 Ele diz à igreja, "Conheço a tua tribulação, a tua pobreza...". Ele está dizendo essencialmente, "Sei o que você está atravessando. Você pode não entender, mas estou sabendo de tudo".
É essencial que compreendamos esta verdade, porque o Senhor efetivamente testa e prova o Seu povo. As escrituras dizem, "Tu, ó Deus, nos provaste; tu nos afinaste como se afina a prata" (Salmo 66:10). "Vossa fé ... é provada pelo fogo" (1 Pedro 1:7). "O Senhor prova o justo" (Salmos 11:5).
De fato, todo aquele que segue a Jesus enfrentará aflições. O salmista escreve, "Muitas são as aflições do justo" (Salmo 34:19). Paulo revela ter "Muita tribulação e angústia do coração ... com muitas lágrimas" (2 Coríntios 2:4). E Hebreus descreve os santos que são, "desamparados, afligidos e maltratados", "suportando grande combate de aflições" (Hebreus 11:37, 10:32).
O fato é que a Bíblia fala muito sobre o sofrimento, tribulações e problemas na vida dos crentes. De acordo com o salmista, "A minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura" (Salmos 88:3). Igualmente Davi diz suportar, "muitos males e angústias" (71:20).
Não vejo um único seguidor de Jesus que não tenha suportado todas estas coisas mencionadas nas escrituras: provações, tribulações, problemas, aflições, angústia. Sei que posso dizer com Davi, "Tenho suportado muita dor, grandes problemas e provações". E sei que muitos outros que estão lendo esta mensagem podem dizer, "Esse é o resumo de minha vida neste momento. Estou enfrentando provas e aflições angustiantes".
Por esta razão, todo cristão deve saber e aceitar que Deus tem um propósito em todo o nosso sofrimento. Nenhuma prova entra em nossas vidas sem a Sua permissão. E um dos propósitos de Deus por trás de nossas provações é produzir em nós uma fé inabalável. Pedro escreve, "Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo" (1 Pedro 1:7). Pedro chama a estas experiências "prova(s) de fogo" (4:12).
Paulo testifica ser afligido com provações já na fase de término da carreira - havendo vencido a prova da fé. Ele escreve "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé" (2 Timóteo 4:7). Naturalmente, Paulo sabia que ainda tinha muito por fazer. Havia grandes provas e sofrimentos pela frente. Porém podia honestamente dizer: "Eu posso não ter compreendido Cristo como queria e nem ter sido aperfeiçoado. Mas quando se trata de fé, e confiando em Deus em meio à toda provação, sei em quem tenho crido e estou convencido. Quando o inimigo vem como inundação, sei que o Senhor levantará uma bandeira contra ele. E tenho aprendido tudo isto na fornalha da aflição".
Compartilho este testemunho com Paulo. Pela graça de Deus, o Espírito Santo tem me permitido atravessar inúmeras provas em anos recentes, sendo a mais difícil o falecimento de nossa neta de doze anos, Tiffany. O Senhor deu força e fé em meio àquela dolorosa provação, e saí da mesma dizendo, "Sei em quem tenho crido e sei que Ele tem um plano. Deus não permitiria este tipo de profunda dor sobre mim ou minha família sem um propósito por trás de tudo. Oh, Senhor, entrego-Te isto pela fé".
Pense em sua própria provação ou no sofrimento presente. Tem tido dúvida, temor ou raiva ao suportá-lo? Tem acusado Deus de pôr muita carga sobre você, de colocar-lhe à prova desnecessariamente? Está a ponto de se dar por vencido, pensando, "Tenho sido fiel ao orar, ler a Bíblia, ir à igreja, porém nada funciona"?
Ou ainda pode olhar para o céu e dizer, "Eu sei que o Senhor é bom. E vou confiar nEle em meio a isto. Não viverei em dúvida, Ele vai me tirar dessa - para a Sua glória". Se isto o descreve, então sua fé suportou o fogo. Porém se não, tenho que lhe perguntar: quantas provas e aflições mais você suportará antes de poder dizer, "Minha fé prevaleceu"?
A verdade é que nem tudo que sofremos é prova de fé. Freqüentemente, o Senhor está atrás de algo mais quando estamos na fornalha da aflição. De fato, quanto mais próximo você caminha com Cristo, e quanto mais profundas são as provas, mais Ele está agindo em você para promover algo diferente de fé.
Porém, não interprete mal: sempre que nossa fé vacila, provas de fé virão. Nunca estaremos completamente acima desses testes. Mas eis outro propósito de Deus neles: o Pai está preparando uma noiva para o Seu Filho. E quer mais de nós em nossas provações, do que uma fé maior.
Esta noiva será provada grandemente, e seu amor pelo Noivo passará pelo fogo. Sua confiança nEle será refinada através do fogo, dilúvios e aflições. No entanto, estas dores não são para testar o amor dela e sua devoção. Ao contrário, são para refinar um amor que já está totalmente comprometido. Eu explico.
Acredito que muitos dos que estão lendo esta mensagem estejam totalmente comprometidos com Cristo. Jesus é o grande amor de suas vidas e a fé nEle está prosperando. Certamente, ainda há momentos quando essa confiança é testada. Entretanto, Deus está procurando outra coisa em você, algo mais. A preparação que o Senhor faz da noiva requer que Ele realize uma obra sobrenatural em você.
Esta noiva - a eleita amada de Jesus - deve ser consumida pelo desejo ardente de estar com seu Noivo. Deve ficar livre de todas as outras atrações. Deve ficar obcecada pelo desejo de estar sempre em Sua presença corporal. Paulo se refere a este desejo ardente quando escreve sobre o seu próprio desejo de "deixar o corpo e habitar com o Senhor" (2 Coríntios 5:8). "Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro" (Filipenses 1:21).
Isto não era fixação mórbida por morte da parte de Paulo. O apóstolo claramente vivia uma vida plena e útil. Mas disse, "Algo em mim anseia estar com o Senhor, onde Ele está. Anseio estar com Ele face a face". Para fazer tal reivindicação, Paulo teria que estar completamente desacostumado deste mundo e suas atrações.
Neste momento, Deus está preparando um novo mundo - um novo céu e uma nova terra - para o Seu povo. E esta nova criação englobará uma Nova Jerusalém, incluindo um lar para a noiva de Cristo. Isaías viu este novo mundo que Deus está criando, e o panorama deve tê-lo deixado sem ação. Deus diz através deste profeta, "Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das cousas passadas, jamais haverá memória delas. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria, e para o seu povo regozijo" (Isaías 65:17-18).
Deus está dando aqui uma poderosa declaração à noiva de Cristo. Na realidade, está dizendo, "No meio da provação que você vive nesse instante, fixe esta verdade em tua mente: o mundo presente não é o teu lar. Tudo o que você vê passará - a terra, a lua, o sol e as estrelas. Estou criando um novo mundo, onde não há incêndios, inundações, demônios, sofrimentos nem aflições".
Percebe a mensagem? Suas lutas vão acabar, e os problemas passarão. Portanto fixe os olhos em Cristo, e ponha o seu afeto em passar a eternidade com Ele no novo mundo. De acordo com Jesus, o mundo no qual lutamos agora com toda dor e tristeza, não será lembrado quando esse dia chegar; ele nem entrará em nossas mentes! (ver 65:17).
Amado, isto me diz que o sofrimento que muitos estão suportando agora não é prova - é treinamento, ensino. Estamos sendo preparados para um mundo onde não haverá mais dor. E esse mundo vai ser povoado com novos corpos. Paulo nos diz que o corpo que baixa à sepultura não é o mesmo que sairá de lá. Teremos um novo corpo, um corpo com o DNA do próprio Cristo.
Abraão é um exemplo de alguém focalizado no mundo por vir. A Bíblia diz dele, "Pela fé, habitou... como (estrangeiro) em terra alheia... porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus" (Hebreus 11 :9-10).
Abraão passou por uma grande prova de fé quando em obediência a Deus, ofereceu seu filho Isaque como sacrifício. No entanto, mais que sua fé provada, Abraão tinha perdido o interesse por esta terra - um fato comprovado quando ofereceu seu filho. Ele tinha fé que havia um propósito maior do que ele podia ver. Eis um homem que verdadeiramente estava no mundo, mas não fazia parte dele, vendo sua cidadania em um outro mundo.
Agora considere o que Hebreus diz de Cristo "(Ele)...sofreu fora da porta" (13:12). Jesus sofreu como estrangeiro - sempre fora da religião formal, fora da sociedade aceita. No entanto, Cristo também estava "fora" no sentido de não ter lugar aqui na terra, nem sequer para reclinar a cabeça. Em tudo que Jesus fez, sempre olhou para o céu.
Como o nosso Salvador, e como o nosso antepassado Abraão, "Não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir" (13:14). Vivemos e trabalhamos nesta terra, porém somos estrangeiros aqui; nossa verdadeira pátria está na Nova Jerusalém. Portanto, Hebreus urge, "Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando seu vitupério" (13:13). Enquanto não estivermos também "fora" do arraial - fora das cobiças e materialismos deste mundo - não estaremos onde nosso Noivo está.
Vivo numa casa boa e dirijo um bom carro. Porém continuamente vigio para que as coisas materiais não tomem as rédeas do meu coração. O fato é que você pode ter uma fé poderosa e, todavia não desejar ardentemente a Cristo. "Ainda que eu tenha tamanha fé a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei" (1 Coríntios 13:3).
Tristemente, quando olho ao redor, vejo multidões de crentes que têm fé vencedora, porém não têm um desejo veemente de estar com Cristo. Em vez disso, têm os olhos fixos nas coisas deste mundo e em como obtê-las. Acho que tais pessoas não querem ouvir a respeito de como se fixar no céu ou afastar-se desse mundo. Para elas, tal mensagem significa uma interrupção da "boa vida" que desfrutam aqui.
Graças a Deus, que Ele tem uma maneira maravilhosa de nos empurrar para fora da porta. Ele nos diz, em essência, "Se vou te entregar o Meu Filho em matrimônio, não pode haver outra atração em tua vida. Quero estar seguro de que não estás cobiçando algo ou alguém que não seja Cristo. O teu sonho mais excitante, o que atrai mais fundo no teu coração, tem que ser o desejo de estar com Cristo".
Amado, isto explica muitos dos profundos sofrimentos de retos santos - que andam em fé. Pense: como Deus tirou os filhos de Israel do Egito? Ele tinha que colocá-los numa fornalha do sofrimento, para levá-los a ponto de gritarem: "Basta! Não quero mais ficar aqui". Então, quando chegou o momento de Deus dizer "Vão," estavam preparados para desarraigar-se e moverem-se para a Sua Terra Prometida.
Que Deus ajude a nos desengajarmos do espírito materialista destes tempos, e a transferir todo nosso afeto à Nova Jerusalém.
"Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria, e para o seu povo regozijo" (Isaías 65:18). A palavra hebraica para "crio" neste versículo significa "trago à existência". Vê o que Isaías está dizendo? Deus está criando não só um novo mundo, mas também um povo especial. Está trazendo à existência uma noiva que não apenas foi apartada deste mundo, mas aprendeu a regozijar-se em meio ao sofrimento.
O fato é que os nossos sofrimentos presentes constituem-se numa escola de adoração. E todas as maneiras pelas quais estamos aprendendo a louvar a Jesus, especialmente em nossos sofrimentos, são treinamentos para aquele glorioso dia. Que quer dizer isto para os cristãos que vivem com medo e preocupação constantes? Esses que vivem como se Deus estivesse morto, como podem eles repentinamente, saber como - por meio do louvor - enfrentar a provação?
É muito importante como reagimos em nossa tribulação presente. Quando Israel esteve em sua hora de grande sofrimento, perdeu a esperança. Decidiram que não podiam agüentar mais, então simplesmente sentaram-se no pó. Cá estava o povo de Deus, com promessas sólidas como rocha; no entanto sentaram-se ali com uma corrente ao redor do pescoço.
Igualmente hoje, alguns cristãos desistem neste ponto. Eles não abandonam a fé, porém deixam de seguir a Jesus de todo coração, pensando "Não agüento viver sob tanta pressão. Parece que quanto mais me aproximo de Cristo, mais sofro". Perguntam-se como Paulo podia dizer: "Me regozijo nos meus sofrimentos" (Colossenses 1:23-24).
Eis aqui exatamente porque Paulo podia fazer tal afirmação: ele havia sido arrebatado ao céu, e viu a glória que nos aguarda. Devido ao que viu, Paulo pôde abraçar suas lutas e aflições nesta vida, aprendendo a louvar a Deus em cada experiência difícil. Estava determinado a aprender a ter alegria de coração não importando a situação, e começou a praticar o louvor em preparação para o mundo por vir.
"Se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós" (Romanos 8:17-18). À luz da glória que espera Paulo, o que é a prova em comparação à ela?
Igualmente, ele quer que desviemos os olhos do sofrimento presente e os fixemos no que virá, e isso mudará tudo. Um minuto dentro de nossa nova habitação, diz Paulo, e não nos recordaremos do que veio antes. A idéia dele é começar a louvar agora, regozijando-nos pelo gozo que nos espera. "Portanto, ofereçamos sempre, por ele (Jesus), a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome" (Hebreus 13:15).
O povo a quem Isaías ofereceu sua visão de um mundo novo acabara de suportar a ira de um inimigo furioso. Agora estavam enrolados na tribulação, atados pelo temor e pelo cansaço. Pensavam que Deus os havia abandonado, e tinham medo do futuro que os aguardava. Assim, que palavra Deus enviou para eles? A mesma palavra que concede ao Seu povo hoje:
"Despertem-se! Vocês não estão arruinados como pensam. O Senhor, sua força, ainda está com vocês. Então, levantem-se do pó do desalento, e assentem-se nos lugares celestiais que lhes prometi. Vocês não perderam sua retidão, portanto vistam-se com suas roupagens. Sacudam-se, falem consigo mesmos, dêem-se um sermão. E digam à carne e ao Diabo, 'Sou mais que vencedor por meio daquele que me salvou.'" (Isaías 52:1-3, parafraseado).
Considere o poderoso exemplo dos três jovens hebreus a quem o rei Nabucodonosor atirou dentro da fornalha de fogo. Estes homens não estavam sendo provados por sua fé; na verdade, foi a sua fé que os pôs ali. O Senhor claramente estava atrás de outra coisa. Pense nisso: os pagãos babilônios não foram influenciados por suas orações ou pregações. Não ficaram impressionados por sua sabedoria ou conhecimento, nem por suas vidas santas. Não, o impacto em Babilônia veio quando o povo olhou para dentro da fornalha e viu estes três homens regozijando-se e louvando a Deus em sua hora mais difícil.
Jesus apareceu naquela fornalha, e creio que Suas primeiras palavras aos jovens hebreus foram, "Irmãos, levantem-se agora, pois suas amarras foram afrouxadas. Deixem que este governo pagão e sua gente ímpia vejam vosso regozijo e o vosso louvor a Deus em sua hora de aflição".
Os rapazes fizeram justamente isso, e as escrituras dizem que Nabucodonosor ficou "espantado" com o que via. Levantou-se apressadamente, clamando: "O que se passa aqui? Lançamos nós três homens dentro do fogo, porém, vejo quatro e não estão mais atados! Vejam, eles estão cantando e louvando a esse quarto homem".
Esse é o impacto que nossos louvores trazem durante nossas lutas. Então - como você tem reagido nas horas de aflição? Você está bebendo da taça do tremor, sentindo-se débil, sem poder para resistir ao inimigo? É hora de sacudir as amarras pesadas e levantar mãos santas em louvor ao seu Redentor. Você está livre, não importa qual seja a prova - então se alegre e se regozije, sabendo que o quarto homem está na fornalha consigo. Cristo se revelará em seu sofrimento, e o fogo queimará todas essas cordas que lhe atam.
Muito provavelmente você não está sendo provado mas treinado!
Copyright/Limitações para reproduções: a publicação destes arquivos é propriedade exclusiva de World Challenge, Inc
worldchallenge.org, davidwilkerson.org, ou tscpulpitseries.org.
© 2005 World Challenge, Inc., PO Box 260, Lindale, Texas 75771