Quando os discípulos viram realmente a glória de Cristo e creram nEle, Jesus lhes disse: "Bem-aventurados, porém, os vossos olhos, porque vêem; e os vossos ouvidos, porque ouvem" (Mt 13.16). Existe uma obra especial da graça — uma bem-aventurança especial — que muda nosso coração e nos capacita a ver a glória espiritual. Quando Pedro disse a Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", ele tinha visto a glória de Cristo e crido. A essas palavras Jesus respondeu: "Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus" (Mt 16.16-17).
Era isso que Jesus queria dizer quando falou: "Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (Jo 3.3). "O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito" (Jo 3.6). Quando somos nascidos de novo, pelo Espírito de Deus, nosso espírito recebe vida, e nos tornamos capazes de perceber em Cristo a beleza espiritual que autentica a sua pessoa e a sua obra.
VER A GLÓRIA DE CRISTO TEM SEUS ALTOS E BAIXOS
A capacidade espiritual de ver beleza espiritual não é inabalável. Existem altos e baixos em nossa comunhão com Cristo. Há tempos de visões obscuras, especialmente quando o pecado obtêm o controle de nossa vida por algum tempo. "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus" (Mt 5.8). Sim, esta não é uma realidade do tipo "tudo-ou-nada". Existem graus de pureza, assim como existem graus de visão. Somente quando formos aperfeiçoados na era por vir, nossa visão será completamente límpida. "Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido" (1 Co 13.12).
Foi por isso que Paulo orou desta maneira em favor dos crentes de Efeso: "Que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder" (Ef 1.17-19). Observe a distinção de Paulo entre os olhos do coração e os olhos da mente. Existe um ver do coração, não apenas um ver da mente. Existe um ver espiritual, e não apenas um ver físico. E aquilo que Paulo desejava intensamente que víssemos espiritualmente era "a esperança" do nosso "chamamento", "a riqueza da glória da herança" de Deus e "a suprema grandeza do poder" dEle. Em outras palavras, o que Paulo quer que vejamos é a realidade espiritual e o valor destas coisas, e não somente fatos concretos que os incrédulos podem ler e repetir. Ver fatos concretos não é o foco da visão espiritual. O ver espiritual é ver coisas espirituais como aquilo que elas realmente são — ou seja, vê-las como belas e valiosas, como elas realmente são.
A PROCLAMAÇÃO MAIS GRACIOSA E o MELHOR DOM DO EVANGELHO
O bem final do evangelho é vermos e experimentarmos o valor e a beleza de Deus. A ira de Deus e nosso pecado obstruem essa visão e esse prazer. Você não pode ver e experimentar a Deus como extre¬mamente satisfatório, enquanto está em plena rebelião contra Ele, que está cheio de ira contra você. A remoção desta ira e desta rebelião é o objetivo do evangelho. O alvo final do evangelho é a manifestação da glória de Deus e a remoção de cada obstáculo que impede que vejamos e experimentemos esta glória como nosso tesouro mais sublime. "Eis aí está o vosso Deus" é a proclamação mais graciosa e o melhor dom do evangelho. Se não O vemos, nem O experimentamos como o nosso maior tesouro, não temos obedecido ao evangelho e crido nele. Existe uma passagem na Bíblia que torna isto ainda mais claro do que todas as outras que já lemos. Consideremos agora esta passagem.
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