Senhor, dá-nos uma imitação santa!
É avassalador ser envolvido no espírito daqueles primeiros séculos, quando o cristianismo se espalhou pelos lugares mais distantes, por intermédio de santos desconhecidos e inumeráveis em culturas totalmente pagãs. Por volta do ano 300 d.C, não havia nenhuma parte do império romano que não tivesse sido penetrada, em alguma medida, pelo evangelho. Que fatores humanos Deus ordenou para realizar esta maravilhosa propagação do movimento cristão? Em sua obra History of Christian Missions (História das Missões Cristãs), Stephen Neill sugeriu seis fatores (páginas 39-43).
1. Em primeiro lugar, e acima de tudo, houve a fervorosa convicção que tomou conta de grande número dos crentes primitivos. Eusébio de Cesaréia (260-340 d.C), historiador da igreja, descreveu a maneira como o evangelho se propagou:
Nesse tempo [por volta do começo do segundo século], muitos crentes sentiram suas almas inspiradas pela santa palavra, com um ardente desejo por perfeição. O procedimento deles, em obediência às instruções do Salvador, era vender seus bens e distribuí-los entre os pobres. Deixando as suas casas, resolviam cumprir a obra de um evangelista, tendo como sua ambição o pregar a palavra da fé àqueles que ainda não tinham ouvido nada a respeito dela e confiar-lhes os livros dos evangelhos divinos. Eles se contentavam em apenas lançar os fundamentos da fé entre estes povos estrangeiros; depois, eles designavam outros pastores e lhes confiavam a responsabilidade de edificar aqueles que haviam trazido à fé. Em seguida, dirigiam-se a outros países e nações com a graça e a ajuda de Deus.
2. A sólida mensagem histórica que os crentes trouxeram era' realmente boas-novas e uma alternativa agradável para as religiões de mistério daqueles dias. Não era uma filosofia; eram novas de algo que havia acontecido. "Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho... Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15.1-4).
3. As novas comunidades de crentes recomendavam-se a si mesmas pela sua pureza de vida. "[Cristo] a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras" (Tt 2.14).
4. As comunidades de crentes eram caracterizadas pela lealdade mútua e rejeição do antagonismo entre as classes. "No qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos" (Cl 3.11).
5. Os crentes eram conhecidos pela realização primorosa do serviço de caridade, especialmente para aqueles que pertenciam à igreja. "Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé" (Gl 6.10). O imperador romano Juliano, escrevendo no início do século IV, lamentou o progresso do cristianismo porque este afastava as pessoas dos deuses romanos. Ele disse: "O ateísmo [ou seja, a fé cristã!] tem se propagado especialmente por meio do serviço amável prestado a estranhos e do cuidado pelo sepultamento dos mortos. É um escândalo que não haja um único judeu que seja um mendigo e que os galileus ímpios se preocupam não apenas com os seus pobres, mas também como os nossos, enquanto aqueles que pertencem ao nosso povo buscam em vão a ajuda que lhes deveríamos prestar".
6. A perseguição dos crentes e a sua prontidão de sofrer causou um impacto dramático nos incrédulos. "Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação" (1 Pe 2.12). Stephen Neill observa: "No império romano, os crentes não tinham o direito legal de existir... Todo crente sabia que mais cedo ou mais tarde teria de testemunhar a sua fé ao custo de sua própria vida".
Estamos na virada de um milênio. Que Deus levante centenas de milhares de crentes extraordinários e comunidades de crentes que tenham essa paixão. Com essa herança, sou novamente inspirado a ouvir e obedecer à mensagem de Hebreus 6.12: "Não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas". Senhor, dá-nos a imitação santa daqueles poderosos dias.
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