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23 de jul. de 2010

Cantinho da Criança. Desenhos Bíblicos - Davi e Golias 1/3

 
Davi vence a Golias - 1Sm 17.1-51


Os filisteus se reuniram para lutar em Socó, uma cidade de Judá. Acamparam num lugar chamado “Fronteira Sangrenta”, entre Socó e Azeca. Saul e os israelitas se juntaram, acamparam no vale do Carvalho e se prepararam para lutar contra os filisteus.
Os filisteus pararam no monte que ficava de um lado do vale, e os israelitas ficaram no monte do outro lado.
Um homem chamado Golias, da cidade de Gate, saiu do acampamento filisteu para desafiar os israelitas. Ele tinha quase três metros de altura e usava um capacete de bronze e uma armadura também de bronze, que pesava uns sessenta quilos.
As pernas estavam protegidas por caneleiras de bronze, e ele carregava nos ombros um dardo, também de bronze.
A lança dele era enorme, muito grossa e pesada; a ponta era de ferro e pesava mais ou menos sete quilos. Na frente dele ia um soldado carregando o seu escudo. Golias veio, parou e gritou para os israelitas: —Por que é que vocês estão aí, em posição de combate? Eu sou filisteu, e vocês são escravos de Saul! Escolham um dos seus homens para lutar comigo.
Se ele vencer e me matar, nós seremos escravos de vocês; mas, se eu vencer e matá-lo, vocês serão nossos escravos.
Eu desafio agora o exército israelita. Mandem alguém para lutar comigo!
Quando Saul e os seus soldados ouviram isso, ficaram apavorados.
Davi era filho de Jessé, do povoado de Efrata, que ficava perto de Belém de Judá. Jessé tinha oito filhos. No tempo em que Saul era rei, Jessé já estava bem idoso.
Os seus três filhos mais velhos tinham ido com Saul para a guerra. O primeiro se chamava Eliabe, o segundo, Abinadabe, e o terceiro, Siméia.
Davi era o filho mais novo. Enquanto os seus três irmãos mais velhos ficavam com Saul, Davi ia ao acampamento de Saul e voltava a Belém para tomar conta das ovelhas do seu pai.
Durante quarenta dias Golias desafiou os israelitas todas as manhãs e todas as tardes.
Um dia Jessé disse a Davi: —Pegue dez quilos de trigo torrado e estes dez pães e vá depressa levar para os seus irmãos no acampamento.
Leve também estes dez queijos ao comandante. Veja como os seus irmãos estão passando e traga uma prova de que você os viu e de que eles estão bem.
Os seus irmãos, o rei Saul e todos os outros soldados israelitas estão no vale do Carvalho, lutando contra os filisteus.
Na manhã seguinte Davi se levantou cedo, deixou alguém encarregado das ovelhas, pegou os mantimentos e foi, como Jessé havia mandado. Ele chegou ao acampamento justamente na hora em que os israelitas, soltando o seu grito de guerra, estavam saindo a fim de se alinhar para a batalha.
O exército dos filisteus e o exército dos israelitas tomaram posição de combate, um de frente para o outro.
Davi deixou as coisas com o oficial encarregado da bagagem e correu para a frente de batalha. Chegou perto dos seus irmãos e perguntou se estavam bem.
Enquanto Davi estava falando com eles, Golias avançou e desafiou os israelitas, como já havia feito antes. E Davi escutou.
Quando os israelitas viram Golias, fugiram apavorados.
Eles diziam: —Olhem para ele! Escutem o seu desafio! Quem matar esse filisteu receberá uma grande recompensa: o rei lhe dará muitas riquezas, lhe dará sua filha em casamento, e a família do seu pai nunca mais vai ter de pagar nenhum imposto.
Então Davi perguntou aos soldados que estavam perto dele: —O que ganhará o homem que matar esse filisteu e livrar Israel desta vergonha? Afinal de contas, quem é esse filisteu pagão para desafiar o exército do Deus vivo?
Aí eles lhe contaram o que ganharia quem matasse Golias.
Eliabe, o irmão mais velho de Davi, ouviu-o conversando com os soldados. Então ficou zangado e disse: —O que é que você está fazendo aqui? Quem é que está tomando conta das suas ovelhas no deserto? Seu convencido! Você veio aqui só para ver a batalha!
—O que foi que eu fiz agora? —perguntou Davi. —Será que não posso nem fazer uma pergunta?
Então Davi fez a mesma pergunta a outro soldado. E ouviu a mesma resposta.
Alguns soldados ouviram o que Davi tinha dito e contaram a Saul. Então ele mandou chamar Davi.
Davi chegou e disse a Saul: —Meu senhor, ninguém deve ficar com medo desse filisteu! Eu vou lutar contra ele.
Mas Saul respondeu: —Você não pode lutar contra esse filisteu. Você não passa de um rapazinho, e ele tem sido soldado a vida inteira!
—Meu senhor, —disse Davi—eu tomo conta das ovelhas do meu pai. Quando um leão ou um urso carrega uma ovelha, eu vou atrás dele, ataco e tomo a ovelha. Se o leão ou o urso me ataca, eu o agarro pelo pescoço e o golpeio até matá-lo.
Tenho matado leões e ursos e vou fazer o mesmo com esse filisteu pagão, que desafiou o exército do Deus vivo.
O SENHOR Deus me salvou dos leões e dos ursos e me salvará também desse filisteu. —Pois bem! —respondeu Saul. —Vá, e que o SENHOR Deus esteja com você! Então deu a sua própria armadura para Davi usar. Pôs um capacete de bronze na cabeça dele e lhe deu uma couraça para vestir.
Davi prendeu a espada de Saul num cinto sobre a armadura e tentou andar. Mas não conseguiu porque não estava acostumado a usar essas coisas. Aí disse a Saul: —Não consigo andar com tudo isto, pois não estou acostumado. Então Davi tirou tudo.
Pegou o seu bastão, escolheu cinco pedras lisas no ribeirão e pôs na sua sacola. Pegou também a sua funda e saiu para enfrentar Golias.
Golias, o filisteu, começou a caminhar na direção de Davi. O ajudante que carregava as suas armas ia na frente. Quando chegou perto de Davi,
Golias olhou bem para ele e começou a caçoar porque Davi não passava de um rapaz bonito e de boa aparência.
Aí disse a Davi: —Para que é esse bastão? Você pensa que eu sou algum cachorro? Em seguida rogou a maldição dos seus deuses sobre Davi e o desafiou, dizendo: —Venha, que eu darei o seu corpo para as aves e os animais comerem.
Davi respondeu: —Você vem contra mim com espada, lança e dardo. Mas eu vou contra você em nome do SENHOR Todo-Poderoso, o Deus dos exércitos israelitas, que você desafiou.
Hoje mesmo o SENHOR Deus entregará você nas minhas mãos; eu o vencerei e cortarei a sua cabeça. E darei os corpos dos soldados filisteus para as aves e os animais comerem. Então o mundo inteiro saberá que o povo de Israel tem um Deus, e todos aqui verão que ele não precisa de espadas ou de lanças para salvar o seu povo. Ele é vitorioso na batalha e entregará todos vocês nas nossas mãos.
Então Golias começou novamente a caminhar na direção de Davi, e Davi correu rápido na direção da linha de batalha dos filisteus, para lutar contra ele.
Enfiou a mão na sua sacola, pegou uma pedra e com a funda a atirou em Golias. A pedra entrou na testa de Golias, e ele caiu de cara no chão. Então Davi correu, ficou de pé sobre Golias, tirou a espada dele da bainha e o matou, cortando com ela a cabeça dele. E assim Davi venceu Golias e o matou apenas com uma pedra. Quando os filisteus viram que o seu herói estava morto, fugiram.

O Cristão e a Cultura - Jonathan Edwards

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- A mediocridade de se preocupar apenas com a cultura -

Essa citação, tirada de um sermão sobre 1 Coríntios 13 nos dá uma idéia da abrangência cultural da preocupação de Edwards com o mundo. No entanto, nem mesmo essas palavras chegam perto da abrangência na qual ele acreditava de fato. Edwards estava ciente de algo que muitos ativistas sociais e analistas culturais norte-americanos - evangélicos e outros -parecem não perceber ou não se importar, ou seja, as culturas, as sociedades e os povos que não têm qualquer presença cristã no seu meio não podem sequer começar a experimentar uma transformação social ou cultural que exalte a Cristo. Em outras palavras, Edwards tinha um compromisso sério com a evangelização mundial e se preocupava tanto (ou mais) com a propagação do reino a povos que ainda não haviam sido alcançados quanto coma moralidade de Northampton, Massachusetts. Ele escreveu ao evangelista George Whitefield em 1740:

Que Deus envie mais Trabalhadores de Espírito semelhante para a sua seara, até que o reino de Satanás seja abalado e seu império arrogante seja eliminado de toda a Terra, e o Reino de Cristo, o reino glorioso de luz, santidade, paz e amor, seja estabelecido de um extremo a outro da Terra!

Em outras palavras, se alguém perguntasse a Edwards qual seria a questão mais premente e crucial a respeito da transformação cultural do mundo, acredito que ele responderia: "A questão mais premente a respeito da transformação cultural é a penetração cultural. Se o evangelho teocêntrico e glorioso de Deus não penetrar um povo e der origem a igrejas que adorem, se preocupem e evangelizem, não haverá esperança alguma de transformação".

Creio que Edwards teria considerado espantoso o modo como muitos norte-americanos dizem se preocupar com a justiça social e com questões culturais, mas não parecem ter o menor interesse pelas centenas de pessoas em cujo meio não há ninguém procurando implantar uma igreja. Dois mil anos se passaram desde que o Senhor do universo designou a Grande Comissão à sua igreja; e, no entanto, existem casos em que não há uma única igreja, ou grupo de discípulos, ou missionário solitário no meio de centenas ou mesmo milhares de pessoas, dependendo de como os definimos - sem falar em outros milhares de pessoas cuja presença e testemunho cristãos são praticamente indiscerníveis no seu meio. Para essas pessoas, não há sequer como começar a crer em Cristo a fim de receber poder, sabedoria e amor para transformar as trevas culturais em luz.

John Piper

Característica da Verdadeira Pregação - Lloyd-Jones

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O assunto que me foi atribuído é "Que é pregação?", e deixem--me dizer que estou consciente de um sentido muito real de privilégio em ser solicitado para vir aqui e ter parte nesta Conferên­cia sobre este assunto da maior importância.
Receio que trabalhei tanto naquilo sobre o que devo falar, que me sinto cansado e fatigado, e assim espero que vocês tenham paciência comigo. Mas, independentemente disso, sempre achei por demais difícil falar sobre este assunto particular, porque é uma das matérias que eu pessoalmente acho impossível coordenar em minha mente e colocar em alguma ordem. Estive lutando com essa questão durante os últimos quarenta anos, e não acho que estou mais perto de uma solução do que estava no começo. Talvez esteja mais longe até.
Por quê? Bem, para mim, pregar é um grande mistério; é uma das coisas mais misteriosas, e é por isso que ela escapa a toda espécie de análise. Não sei qual a experiência de vocês, mas, pessoalmente, acho que nunca sei o que vai acontecer quando entro num púlpito. Constantemente fico surpreso - às vezes surpreso no sentido de ficar desapontado, porém outras vezes, surpreso ante a espantosa graça de Deus. Às vezes, quando vou para um púlpito pensando que vou pregar de maneira maravilhosa, é um desastre. Outras vezes, quando vou sem preparo adequado por ter viajado, por ter trabalhado demais, e realmente achando que não tenho direito de sequer estar num púlpito, vejo-me com incomum bem-estar e facilidade, e tomo consciência de que estou revestido de poder. Essa é a minha dificuldade. Há esse elemento misterioso na pregação que nos torna quase impossível falar sobre este assunto.
UMA CARACTERÍSTICA DA VERDADEIRA PREGAÇÃO
Há outro elemento que sempre me faz sentir que esta é uma tarefa impossível, elemento de medonha, de terrível responsabilidade. Quero salientar isso um pouco, porque para mim é uma das coisas mais importantes relacionadas com este assunto.
O que quero dizer com isso é que certamente não há nada que seja mais sério, nada que me dê um tão tremendo senso de responsabilidade, como a pregação. Creio que vocês concordarão que este aspecto da questão é muito geralmente esquecido ou não é compreendido no presente. Não sei qual é a situação de vocês aqui nos Estados Unidos, mas a situação quanto à pregação na Grã--Bretanha, e especialmente na Inglaterra, tornou-se muito caótica, e em grande parte porque esse elemento de temor e de responsabi­lidade de algum modo se perdeu. As pessoas parecem pensar que a pregação não somente é simples e fácil, todavia também que é algo que qualquer um tem direito de fazer e pode fazer quase a seu bel prazer. Assim, temos a condição caótica na qual existem homens recentemente convertidos, e a coisa que a seguir ouvimos sobre eles é que estão pregando nalgum lugar.
Pois bem, acredito que posso rastrear a origem disso. Penso que os Irmãos de Plymouth são os maiores responsáveis por esta deterioração do verdadeiro conceito e do verdadeiro senso de responsabilidade com respeito à pregação. Eles, todos eles, parecem ser pregadores. Muitas vezes pensei que o texto sobre o qual eu deveria pregar se fosse para um auditório composto por Irmãos de Plymouth e por mais ninguém, é o versículo primeiro do capítulo três da Epístola de Tiago - "Meus irmãos, não sejam mestres muitos de vós"! (VA) - porque na conversão todos eles se tornam mestres imediatamente. Esse tipo de influência parece ter-se filtra­do através dos vários segmentos da Igreja Cristã na Grã-Bretanha. É tudo, penso eu, parte da deterioração do verdadeiro conceito da Igreja Cristã e do funcionamento da Igreja, devido, naturalmente, à desastrosa Alta Crítica e aos elementos liberal e modernista que se introduziram. Houve tal carência de verdadeiros crentes, de verdadeiros crentes evangélicos, que houve uma correspondente carência de verdadeiros pregadores evangélicos; e assim, qualquer homem que fosse evangélico era quase automaticamente considerado como sendo alguém competente para pregar. Mas isso, penso eu, foi uma falácia enorme e causou enorme dano, particularmente porque fez as pessoas se esquecerem do tremendo sentimento de santo temor e responsabilidade que sempre deve imbuir-nos quan­do nos engajamos na grande tarefa de pregação.
Há muitas maneiras pelas quais eu posso ilustrar isso. Vejam a questão que o apóstolo coloca em Romanos, capítulo 10. Vocês conhecem a passagem na qual ele trata de toda a questão da propagação do evangelho: "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em que não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? e como pregarão, se não forem enviados?" (versículos 13-15).
Fui tentado a expor essa declaração a vocês. Não vou fazê-lo, mas a recomendo para que façam cuidadoso estudo dela. "Como pregarão, se não forem enviados?" Quem os enviai O problema conosco, digo eu, é que as pessoas estão se enviando a si mesmas, nomeando-se a si próprias como pregadores. Certamente isso é totalmente errado. Interpreto essa declaração de Romanos, capítulo 10, como significando que Deus nos envia, e também que a igreja nos envia. Homem nenhum tem o direito de simplesmente levantar--se e pôr-se a pregar, ou a fazer o que ele pensa que é pregar. Há este elemento de envio, e precisamos retornar a ele. Ele nos ajudará a captar essa noção de responsabilidade - você tem que ser enviado; você tem que estar seguro de que Deus o envia; você tem que estar seguro de que a igreja o está enviando.
Ora, estou bem ciente de que alguém poderá levantar-se e dizer: mas que dizer de Fulano e Sicrano? - algumas grandes exceções da história. A minha resposta é que são exceções, e a exceção confirma a regra. Você não faz uma regra partindo das suas exceções, embora seja isso que está acontecendo hoje em nosso país. Houve tempos em que um homem estava tão seguro da sua vocação, da parte de Deus, que desafiava as autoridades, e há ocasiões em que temos de fazer isso; entretanto o homem que faz isso tem de estar de fato muito seguro de que Deus o chamou. A maneira ideal e certa é que a vocação venha de Deus ao homem e seja confirmada pela igreja, e eu duvido que alguém tenha direito de pregar, a não ser que esses dois elementos estejam presentes em seu caso particular. Mas depois, mais importante e mais sério ainda, é o que vemos o grande apóstolo dizer em 1 Coríntios 2:3-4: "E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana". Estou particularmente interessado no versículo três: "E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor".
Quero fazer algumas perguntas: que sabemos nós desse tremor? Que sabemos nós desse temor? Por que Paulo sentia isso? Olhem para esse homem, esse colosso de homem, esse gênio ilustre. Ele estava "em fraqueza, e em temor, e em grande temor". Pergunto se um homem tem o direito de sequer estar num púlpito, e até de tentar pregar, a não ser que saiba algo desse temor e desse tremor. Aí está o maior de todos os pregadores, e era assim que ele se sentia. Por quê? Por causa da responsabilidade! Paulo está posicionado entre Deus e os homens. Ele está tratando das almas dos homens e do seu destino eterno. Ele é um guardião, um protetor, um despenseiro dos mistérios. Não há nada no universo que se compara com isto: a responsabilidade é quase opressiva. E, todavia, penso que vocês concordarão comigo que há escassa evidência desse espírito nos dias atuais.
Como digo, quase veio a ser a regra, agora, que os homens corram para os púlpitos e se designem a si mesmos como pregadores como se fosse coisa de somenos importância. Eles o fazem com a maior facilidade. Tenho dito muitas vezes, como tenho visto e entendido essas coisas no passar dos anos, que só existe uma coisa mais perigosa do que ser pregador, e é ser pregador leigo. E isso, é claro, por esta razão, que há terríveis tentações para o pregador, porém há certas coisas que tendem a mantê-lo em ordem. Ele é sustentado pela igreja que o ouve, e isso é uma boa coisa no sentido de que tende a pôr-lhe algum freio. Mas o pregador leigo entra no púlpito e é independente, pode dizer o que quiser, e pode falar o que quiser. Ele não corre o perigo de ser demitido ou de que lhe peçam que saia, e não corre o perigo de ter o seu salário reduzido. É isso que torna a sua posição alarmantemente perigosa. Contudo, a maioria dos pregadores leigos nunca se dá conta desse perigo; talvez sejam eles os homens mais confiantes. E é por isso que eu digo que a coisa mais perigosa que pode suceder a um homem é ser ele um pregador leigo.

Para que vejam minha glória – John Owen

O Sumo sacerdote do Velho Testamento, após fazer os sacrifícios que eram exigidos, no dia da expiação, entrava no lugar santo com as suas mãos cheias de incenso perfumado que ele colocava no fogo diante do Senhor. Da mesma forma, o grande Sumo Sacerdote da Igreja, o nosso Senhor Jesus Cristo, tendo se sacrificado pelos nossos pecados, entrou no céu com o doce perfume de Suas orações pelo Seu povo. O seu eterno desejo para a salvação do Seu povo é expresso por João: "Para que vejam a minha glória" (Jo 17.24).

José pediu a seus irmão que contassem a seu pai sobre toda a sua glória no Egito (Gn 45.13), não para dar uma amostra ostensiva daquela glória, mas para dar a seu pai a alegria de saber a sua alta posição naquela terra. Da mesma forma, Cristo desejava que Seus discípulos vissem a Sua glória para que pudesse estar satisfeito e usufruir a plenitude de Suas bençãos para todo sempre.Uma vez tendo conhecido o amor de Cristo, o coração do crente estará sempre insatisfeito até a glória de Cristo ser vista. O clímax das petições que Cristo faz a favor dos Seus discípulos é que possam contemplar a sua glória.É por isso que eu afirmo que um dos maiores benefícios para um crente no mundo e no porvir é considerar a glória de Cristo Desde que o nome do cristão é conhecido no mundo, não tem havido tanta oposição direta à singularidade e glória de Cristo como nos dias atuais. É dever de todos aqueles que amam o Senhor Jesus de testificar, conforme suas abilidades, da singularidade de Sua glória.Eu gostaria, portanto, de fortalecer a fé dos verdadeiros crentes ao mostra que ver a glória de Cristo é uma das maiores experiências e privilégios possíveis neste mundo ou no outro. "Mas todos nós, com a cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2Co 3.18).

Na eternidade seremos como Ele, porque O veremos como Ele é (1Jo 3.2).Este conhecimento de Cristo é a via contínua e a recompensa de nossas almas. Aquele que tem visto a Cristo também tem visto o Pai; a luz do conhecimento da glória de Deus é vista apenas na face de Jesus Cristo (Jo 14.9; 2Co 4-6).Há duas maneiras de ver a glória de Cristo: mediante a fé, neste mundo, e, por meio da fé, no céu eternamente. É a segunda maneira que se refere principalmente a oração sacerdotal de Cristo - que seus discípulos possam star onde Ele está, para contemplar sua glória. Mas a visão de Sua glória pela fé, neste mundo, também está incluída e eu dou as seguintes razões para isso:

1. Nenhum homem jamais verá a glória de Cristo no futuro se ele não tiver alguma visão dela, pela fé, no presente. Devemos estar preparados pela graça para a glória, e pela fé para a visão. Algumas pessoas, que não tem fé verdadeira, imaginam que verão a glória de Cristo no céu; porém estão apenas se iludindo. Os apóstolos viram a Sua glória, "e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (Jo 1.14). Essa não era uma glória deste mundo como a dos reis... Apesar de ter criado todas as coisas, Cristo não tinha onde reclinar a cabeça. Não havia glória ou beleza incomum em Sua aparência como homem. A Sua face e Suas formas se tornaram mais desfiguradas do que as de qualquer homem (Is 52.14; 53.2). Não era possível ser vista neste mundo a glória total da Sua natureza divina. Como então os apóstolos viram a sua glória? Foi pela compreensão espiritual da fé. Quando eles viram como Ele era cheio de graça e de verdade e o que Ele fazia e como falava, eles "o receberam e creram no seu nome" (Jo 1.12). Aqueles que não tinham essa fé não viram nenhuma glória em Cristo.

2. A glória de Cristo está muito além do alcance de nossa presente compreensão humana. Não podemos olhar diretamente para o sol sem ficarmos cegos. Semelhantemente, com nossos olhos naturais não podemos ter nenhuma visão verdadeira da glória de Cristo no céu; ela apenas pode ser conhecida pela fé.Aqueles que falam ou escrevem sobr a imortalidade da alma, sem ter conhecimento de uma vida de fé, não podem ter convicção daquilo que dizem... O entendimento que vê apenas através da fé é que nos dará uma idéia verdadeira da glória de Cristo e criará um desejo para um completo desfrute dela.

 3.Entretanto, se quisermos ter uma fé mais ativa e um maior amor para com Cristo, que dêem descanso e satisfação às nossas almas, precisamos ter um maior desejo de compreender melhor a Sua glória nesta vida. Isto significará que cada vez mais as coisas deste mundo terão menor atração para nós até que se tornem indesejáveis como algo morto. Não deveríamos procurar por nada nesta vida. Se estivéssemos totalmente convencidos disso estaríamos pensando mais nas coisas celestiais do que normalmente estamos. Vantagens que surgem de pensarmos sempre na glória de Cristo:

A. Seremos moldados por Deus para o céu. Muitos pensam que já estão suficientemente preparados para a glória, como se eles a pudessem alcançar. Mas não sabem o que isso significa. Não há o menor prazer na música para o surdo, nem nas belas cores para o cego. Da mesma forma, o céu não seria um lugar de prazer para as pessoas que não tivessem sido preparadas para ele nesta vida pelo Espírito. O apóstolo dá ",,,graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz..." (Cl 1.12). A vontade de Deus é que devemos conhecer as primícias da glória aqui e a sua plenitude no futuro. Porém, somos feitos capazes de receber o conhecimento dessa glória pela atividade espiritual da fé. O nosso conhecimento atual da glória é nossa preparação para a glória futura.

B. Uma visão verdadeira da glória de Cristo tem o poder de mudar-nos até que nos tornemos semelhantes a Cristo (2Co 3.18).

C.Uma meditação constante sobre a glória de Cristo dará descanso e satisfação ás nossas almas. Trará paz às nossas almas que tantas vezes estão cheias de medos e pensamentos perturbadores. "Porque a inclinação da carne é a morte; mas a inclinação do espírito é vida e paz" (Rm 8.6). As coisas desta vida nada são quando comparadas com o grande valor da beleza de Cristo, como Paulo disse: "E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as considero como esterco para que possa ganhar a Cristo" (Fl 3.8).
D. O conhecimento da glória de Cristo é a fonte de nossa bem-aventurança eterna. Vendo-O como Ele é, seremos feitos em semelhança a Ele. (1Ts 4.17 - Jo 17.24; 1Jo 3.2)

                          John Owen - 1683

Com Integridade no Coração - C. H. Spurgeon

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Render-te-ei graças com integridade de coração, quando tiver apren­dido teus retos juízos. (Sl 119.7)
Render-te-ei graças. Da oração ao louvor nunca é uma jornada longa demais nem difícil. Esteja certo de que aquele que ora por santidade um dia há de louvar agradecido pela felicidade. A vergonha uma vez desvanecida, o silêncio é quebrado, e a pessoa outrora muda passará a cantar: "Louvar-te-ei." Ela não pode fa­zer outra coisa senão comprometer-se a louvar enquanto busca a santificação. Isso revela que ela sabe muito bem em que cabeça porá a coroa: "Louvar-TE-ei" Poderia sentir-se uma pessoa lou­vável, mas prefere considerar a Deus como o único digno de seu louvor. Pelo prisma da dor e da vergonha provenientes do pecado, ela mede suas obrigações para com o Senhor, o qual lhe ensina a arte de viver, levando-a primeiramente a escapar, purificando-se de sua miséria.
Com integridade de coração. Seu coração será íntegro, se o Senhor instruí-lo para em seguida poder louvar seu Mestre. Existe algo chamado louvor falso e fingido, o qual o Senhor abomina; porém não existe música comparável àquela que brota de uma alma purificada e que permanece em sua integridade. E na escola em que se ensina a integridade que se requer louvor sincero que brota da retidão do coração. O coração íntegro certamente bendirá o Senhor; pois a adoração agradecida é parte de sua integridade - ninguém poderá ser justo enquanto não for impoluto para com Deus; e isso envolve o dever de render-lhe louvores.
Quando tiver aprendido teus retos juízos. Precisamos apren­der a louvar; aprender que podemos louvar; e louvar quando tiver­mos aprendido. Quando estivermos abertos ao aprendizado, en­tão o Senhor poderá ensinar-nos, especialmente diante de um tema como teus juízos, pois eles são um abismo profundo. Enquanto passam diante de nossos olhos, e começamos a aprendê-los, pas­samos a louvar a Deus; pois o original não é: "Quando tivermos aprendido", e, sim: "durante minha aula". Enquanto sou ainda estudante, serei um corista: meu íntegro coração louvará tua reti­dão; minha mente purificada admirará teus juízos. A providência divina é um livro cheio de instruções, e para aqueles cujo coração é íntegro ele é um hinário, no qual entoam os cânticos de Jeová. A Palavra de Deus é repassada de registros de suas justas providên­cias, e quando a lemos nos sentimos compelidos a irromper-nos em expressões de santo deleite e de ardente louvor. Quando lemos os juízos de Deus e participamos efusivamente deles, somos du­plamente movidos a cantar - cânticos sem qualquer formalidade, sem hipocrisia, sem indiferença; pois o coração se revela íntegro na apresentação de seu louvor.
[v. 8]
Guardarei teus estatutos. Não me desampares completamente.
Guardarei teus estatutos. Uma calma resolução. Quando lou­vamos calmamente, em sólida resolução, estará tudo bem com nossa alma. O zelo que se esmera em cantar, porém não deixa nenhum resíduo prático de um viver santo, é bem pouco digno: "Louvar-te-ei" está em íntima parceria com "Guardarei". Essa firme resolu­ção é de nenhuma forma jactanciosa, no dizer de Pedro: "Ainda que eu morra contigo, contudo não te negarei"; porque vem se­guido de uma humilde oração por auxílio divino: "Oh, não me desampares completamente!" Sentindo sua própria incapacidade, ele treme de medo de ficar sozinho, e tal medo é agravado pelo horror ante a possibilidade de cair em pecado. O 'guardarei' soa justamente agora que o humilde clamor é ouvido juntamente com ele. Eis um ditoso amálgama: resolução e dependência. Encontra­mo-nos com aqueles que oram aparentando humildade, mas não vemos neles nenhuma força de caráter, nenhuma decisão e, con­seqüentemente, o recurso da meditação não se acha incorporado em sua vida; em contrapartida, nos deparamos com abundância de resolução acompanhada de total ausência de dependência de Deus, e isso faz um caráter tão paupérrimo como a primeira atitu­de. Que o Senhor nos conceda possuirmos uma tal combinação de excelências, para que sejamos "perfeitos e íntegros, em nada deficientes".
Esta é uma oração que indubitavelmente será ouvida; pois ousa­damente se põe a rogar a Deus que olhe para uma pessoa que se dispõe a obedecer a sua vontade, e por isso deve ser-lhe muitíssimo agradável estar presente com tal pessoa e socorrê-la em seus esfor­ços. Como poderia ele esquecer alguém que não esquece sua lei?
A reverência peculiar que matiza esta oração com cores sombreadas é o medo do total abandono. E natural que a alma clame contra tal calamidade. Viver isolados para podermos descobrir o quanto somos frágeis é uma prova suficientemente terrível; ser totalmente abandonado equivale a ruína e morte. Ocultar Deus o rosto num laivo de ira, por um instante apenas, produz em nós profunda humilhação - absoluta desolação nos mergulharia final­mente no mais profundo inferno. O Senhor, porém, jamais esque­cerá seus servos completamente, e bendito seja seu Nome, porque ele nunca quer fazer isso! Se aspirarmos guardar seus estatutos, ele nos guardará; sim, sua graça nos levará a cumprir sua lei.
Há uma descida abrupta do monte de bênção, que começa no primeiro versículo, ao quase pranto deste oitavo versículo; todavia isso é espiritual e experimentalmente um decidido e gracioso cres­cimento; pois da simples admiração da benevolência de Deus che­gamos ao ardente anelo por ele, anelando pela comunhão com ele e vendo-nos dominados por intenso horror de não desfrutá-la. O suspiro do versículo 5 é agora suplantado por uma oração verbal que procede das profundezas de um coração cônscio de sua indig­nidade e sensível a sua inteira dependência do amor divino. Os dois verbos no futuro - "louvar-te-ei" e "guardarei teus estatutos" - precisam ser temperados com uma humilde petição, do contrá­rio poder-se-ia imaginar que a dependência da pessoa bondosa estava até certo ponto fixa em sua própria determinação. Ele apre­senta suas resoluções como sacrifício, mas clama ao céu pelo fogo. O querer está nele, mas não pode concretizar aquilo que tanto gostaria, a menos que o Senhor o habite e o habilite.
Este último versículo da primeira oitava tem um elo de ligação com o primeiro da próxima [oitava, v. 9], nesta forma: Senhor, não te esqueças de mim, pois de que maneira purificarei meu ca­minho se não caminhas comigo, e tua lei cessa de exercer poder sobre mim?

VOCÊ LOUVA DEUS POR SUA IRA? - A. W. PINK

Viva para Cristo, Não para você mesmo – John Piper

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Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo Filipenses 3.7,8

Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória João 17.24

Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 2 Coríntios 5.15

Muitas pessoas se perturbam com a idéia de que Cristo morreu para exaltar a Cristo. Em sua essência, 2 Coríntios 5.15 diz que Cristo morreu para que vivamos por ele. Noutras palavras, ele morreu por nós para que nós o valorizemos muito. Ou seja, Cristo morreu para Cristo.

Ora, isso é verdade. Não é um jogo de palavras. A essência do pecado é que não conseguimos glorificar a Deus - isso inclui não glorificar ao Filho (Rm 3.23). Mas Cristo morreu para levar sobre si esse pecado e nos livrar do mesmo. Ele carregou a desonra que havíamos amontoado sobre ele com nosso pecado. Ele morreu para dar a virada nisso. Cristo morreu p ara a glória de Cristo.

A razão pela qual essa declaração perturba as pessoas é que soa como vaidade. Não parece algo proveniente do amor. Parece mudar o sofrimento de Cristo para exatamente o oposto do que a Bíblia diz que foi, ou seja, o ato supremo de amor. Mas na verdade, seu sofrimento inclui as duas coisas. O fato de que Cristo morreu para sua própria glória e morreu também para demonstrar amor não é apenas verdade, como também são a mesma coisa.


Cristo é único. Ninguém mais consegue agir dessa maneira e chamá-la de amor. Cristo é o único ser humano do universo que também é Deus, portanto, de valor infinito. Ele é de beleza infinita em toda a sua perfeição moral. E infinitamente sábio e justo e bom e forte. "Ele ... é o resplendor da glória e a expressão exata do ... Ser [de Deus], sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder" (Hb 1.3). Vê-lo e conhecê-lo satisfaz mais do que possuir todos os bens da terra.

Aqueles que o conheciam melhor disseram o seguinte:

... o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo (Fp 3.7,8).

"Cristo morreu para que vivêssemos por ele" não significa "para que o ajudássemos'". [Deus]" não é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse" (At 17.25). Nem Cristo. "... pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10.45). Cristo morreu, não para que pudéssemos ajudá-lo, mas para que o pudéssemos ver e prová-lo como de valor infinito. Morreu para nos desmamar dos prazeres venenosos e nos enlevar com os prazeres de sua beleza. Nisso somos amados e ele é honrado. Não são objetivos que competem entre si. São o mesmo.

Jesus disse aos seus discípulos que tinha de ir para que pudesse enviar o Espírito Santo, o Ajudador (Jo 16.7). Passou então a dizer-lhes o que o Consolador faria quando viesse: "Ele me glorificará" (Jo 16.14). Cristo morreu e ressurgiu para que o víssemos e o glorificássemos. E essa a maior ajuda que existe no mundo. É amor. A oração mais repleta de amor feita por Jesus foi: "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória" (Jo 17.24). Foi para isto que Cristo morreu. Isto é amor - sofrer para nos conceder prazer eterno, ou seja, ele mesmo.

Cap 21 - Um Estudo Sistemático de Doutrina Bíblica A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO

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A palavra “expiação” ocorre só uma vez na versão do Rei Tiago em o Novo Testamento. Vide Romanos 5:11. Aqui está uma tradução de “katallage”. Este substantivo grego ocorre em três outras passagens: uma vez em Romanos 11:15, onde está traduzido “reconciliando”; uma vez em 2 Coríntios 5:18, onde está traduzido “reconciliação” e uma vez no verso seguinte, onde outra vez está traduzido “reconciliação”.
O verbo grego “katallasso”, correspondente ao nome “katallage”, acha-se também em 2 Coríntios 5:18,19; em Romanos 5:10 e 1 Coríntios 7:11. Em cada um destes casos está traduzido para significar “reconciliar”.
Segundo o uso do grego, a palavra “expiação” pode ser usada tanto da provisão da base objetiva de salvação, na qual temos uma expiação potencial, como da realização atual da salvação, na qual temos uma expiação atual na aplicação dos benefícios da morte de Cristo e a oferenda do Seu sangue no templo celestial.
O verbo grego “katallasso” está usado no primeiro sentido em 2 Coríntios 5:19, onde lemos: “Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo, não lhes imputando os seus pecados”. O sentido aqui é que Deus estava reconciliando o mundo Consigo mesmo por lançar os seus pecados sobre Cristo. Refere-se, pois, a passagem ao que se realizou na morte de Cristo e não ao que se realizou através do Seu ministério Profético, predicante.
É neste sentido que a palavra “expiação” é ordinariamente empregada nas discussões teológicas, sentido em que a usamos neste capítulo.
I. A IMPORTÂNCIA DA EXPIAÇÃO
A expiação é o tema central do cristianismo. Tudo que a precede, olha para frente e tudo que a segue olha para ela atrás. Pode-se ver sua importância revendo os fatos seguintes:
1. ELA É O TRAÇO DISTINTIVO DO CRISTIANISMO
O cristianismo é a única religião com uma expiação. Conta-se que há alguns anos passados, quando se reuniu uma Parlamento de Religião na Exposição de Chicago, Joseph Cook, de Boston, o orador escolhido do cristianismo, levantou-se, depois de terem sido apresentadas outras religiões, e disse: “Eis aqui Lady Macbeth com as suas mãos manchadas com a morte infame do Rei Duncan. Vede-a como perambula pelas salas e corredores de sua casa palacial, detendo-se para gritar. “Fora, mancha danada! Nunca mais estas mãos ficarão limpas?” O representante do cristianismo virou-se para os adeptos de outras religiões e os desafiou triunfantemente: “Pode alguém de vós que estais tão ansiosos de propagar vossos sistemas religiosos proporcionar qualquer eficácia purificadora para o pecado e a culpa do crime de Lady Macbeth? Emudeceram, porque nenhum deles teve uma expiação a oferecer.
2. ELA VINDICA A SANTIDADE E A JUSTIÇA DE DEUS
Não podia haver em Deus verdadeira santidade e justiça se Ele permitisse ao pecado passar impune. A santidade proíbe semelhante encorajamento do pecado. A justiça requer retribuição.
3. ELA ESTABELECE A LEI DE DEUS
Sem expiação a salvação dos crentes deixaria a lei vã, letra morta. Vide Romanos 3:31 e Hebreus 2:2.
4. ELA MANIFESTA A GRANDEZA DO SEU AMOR
De nenhum outro modo podia Deus ter manifestado maior amor pelo Seu povo do que por dar o Seu único Filho unigênito para morrer em lugar dele povo. Vide João 3:16, 15:13; Romanos 5:8; I João 4:9.
5. ELA PROVA A AUTORIDADE DIVINA DOS SACRIFÍCIOS DO VELHO TESTAMENTO
Vemos na expiação de Cristo o antítipo mais belo dos sacrifícios do Velho Testamento. E vemos nesses sacrifícios um método efetivo de apontar à necessidade de expiação e um tal quadro da expiação real como guiaria o iluminamento a espiritualmente inculcar através do véu de sombra à verdadeira luz. A divina autoridade dos sacrifícios do Velho Testamento não apresenta dificuldades ao que crê que a morte de Cristo foi substitucionária; mas, os que desejam negar este último fato também sabem que Deus instituiu os sacrifícios de animais do Velho Testamento.
6. ELA FORNECE A PROVA DEFINITIVA DOS SISTEMAS TEOLÓGICOS
Por sua atitude para com a expiação, os sistemas teológicos classificam-se em pagãos ou cristãos. A oposição deles quanto à expiação também reflete sua idéia da natureza de Deus, de Sua Lei e do pecado.
II. A NATUREZA DA EXPIAÇÃO
1. IDÉIAS FALSAS DA EXPIAÇÃO
(1). A idéia governamental
Esta idéia sustenta que o propósito da expiação foi impedir que o perdão dos pecadores por Deus encorajasse o pecado. A salvação dos pecadores não exige que eles levem a penalidade dos seus pecados. O seu virar do pecado para Deus é suficiente para justificar Deus em salva-los; mas o perdão dos culpados, sem alguma exibição do ódio de Deus contra o pecado e de Sua consideração pela Lei, licenciaria o pecado e roubaria qualquer autoridade sobre as consciências dos homens.
(2). A idéia de exemplo
Esta idéia sustenta em comum com a governamental que a morte de Cristo não foi substitucionária: sustenta que Deus não precisou de ser propiciado em benefício do pecador; que o único óbice à salvação dos pecadores jaz na prática contínua do pecado pelo pecador. Reforma, portanto, é o remédio adequado e isto pode ser efetuado pela própria vontade do homem. Para encorajar-nos nisto Jesus morreu como um nobre mártir, exemplificando uma devoção abnegada que escolheu a morte antes que falhasse do Seu dever a Deus e ao homem. Somos salvos, não por confiar nEle como nosso porta-pecado senão por confiar em Deus segundo Seu exemplo e assim devotando-nos à justiça.
(3). A idéia de Influência Moral.
Esta idéia sustenta em comum com ambas as primeiras que o pecado não traz culpa que deva ser removida: não é a culpa senão a prática do pecado que impede a salvação. A morte de Cristo foi somente uma exibição de amor para abrandar o coração do homem e leva-lo ao arrependimento. “Os sofrimentos foram necessários, não para remover um obstáculo ao perdão de pecadores que existe na mente de Deus senão para convencer os pecadores de que não existe tal obstáculo” (Strong).
(4). A idéia de depravação gradualmente extirpada.
Esta idéia está definida por Strong como segue:
“Cristo tomou a natureza humana como ela estava em Adão, não antes mas depois da queda, - a natureza humana, portanto, com a corrupção nata e predisposta para o mal moral; que, não obstante a possessão desta natureza inquinada e depravada, Cristo, pelo poder do Espírito Santo, ou de Sua divina natureza, não só guardou Sua natureza humana de se manifestar em pecado atual ou pessoal, mas purificou-a gradualmente, por meio de luta e sofrimento até que na Sua morte Ele extirpou completamente sua depravação original e a reuniu com Deus. Esta purificação subjetiva da natureza humana na pessoa de Jesus constitui Sua expiação e os homens não são salvos por qualquer propiciação objetiva senão somente por se tornarem através da fé participantes da nova humanidade de Cristo”.
Há outras duas idéias da expiação que os teólogos comumente discutem sob teorias falsas ou inadequadas da expiação aqui não daremos tratamento especial. Referimo-nos a idéia de acidentes e à comercial. A primeira sustenta que a morte de Cristo foi um acidente imprevisto e não antecipado por Cristo. Esta idéia é tão manifestamente absurda que não merece aqui o espaço que ela tomaria para refuta-la. Não damos aqui atenção especial à idéia comercial da expiação porque ela envolve tanta verdade que achará exame sob a epígrafe da idéia correta da expiação.
2. A IDÉIA CORRETA DA EXPIAÇÃO.
A idéia correta da expiação, que concebemos como sendo a correta, reconhece o elemento de verdade em cada uma das seguintes teorias que tem recebido especial menção e também combina o que são costumeiramente chamadas idéias comercial e ética, mas esta vai mais longe do que qualquer delas.
(1). Verdades reconhecidas noutras idéias.
A. Uma falha em punir o pecado derrubaria o governo divino.
Este é o elemento de verdade na idéia governamental, mas isto é só um dos muitos elementos de verdade envolvidos na expiação. Uma simples exibição do ódio de Deus contra o pecado sem medir uma justa penalidade, portanto, não consegue e não conserva inteiramente os interesses do governo divino. Qualquer exibição do ódio divino para com o pecado agirá como um óbice ao pecado e assim tenderá a manter governo, mas, até ao ponto em que essa exibição do ódio divino se fruste da justa penalidade, ela fracassa em fornecer um óbide ao pecado que honre completamente o governo divino.
B. Na morte de Cristo temos um exemplo inspirador.
É um exemplo de abnegada devoção a Deus e ao homem. E o povo salvo (não os perdidos) são mandados seguir este exemplo. Vide Mateus 16:24; Romanos 8:17; 1 Pedro 2:21, 3:17 e 18; 4:1 e 2. Mas, que Cristo não morreu meramente como um nobre mártir, evidente é de Sua própria atitude para com a Sua morte. Se Ele morreu apenas como exemplo, então Ele supriu exemplo muito pobre. Muitos mártires humanos tem ido para a fogueira sem um sinal de angustia; todavia, o Senhor Jesus Cristo suou como se fossem grandes gotas de sangue no horto. Muitos mártires desfrutaram um vívido senso da presença de Deus na hora da morte, mas o Senhor Jesus Cristo foi desertado pelo Pai na hora da morte. Contrastai a atitude de Cristo perante a morte com a de Paulo.
C. Na morte de Cristo temos uma exibição de amor de Deus.
Vide João 3:16; Romanos 5:8; 15:13; 1 João 4:9. E esta exibição deveria mover os homens ao arrependimento. Este é o elemento de verdade na idéia de influência moral da expiação; mas, que a expiação foi mais do que uma simples exibição de amor far-se-á manifesta ao passo que avançamos.
D. Através da morte de Cristo somos feitos participantes da vida de Cristo.
Vide 2 Coríntios 4:11; 5:14-17; 12:9 e 10; Gálatas 2:20; 2 Pedro 1:4. Este é o elemento de verdade na idéia de depravação gradualmente extirpada da expiação; mas, atingimos esta nova vida em Cristo em conjunção com a fé nEle como nosso porta-pecado. Esta idéia recém mencionada nega:
(2). Outras verdades reconhecidas.
A verdadeira idéia da expiação reconhece todas as verdades das outras idéias, mas reconhece mais. Erram os que acentuam um elemento de verdade com exclusão de outros.
Outras verdades reconhecidas pela verdadeira idéia da expiação, são:
A. A verdade quanto à natureza de Deus.
Tudo das falsas idéias a que temos dado especial atenção nega que haja qualquer obstáculo que seja em a natureza de Deus ao perdão dos pecadores. O entrave supõe-se ser todo ele de parte do pecador. O sofrimento de Cristo não foi em nenhum sentido uma satisfação de qualquer princípio em a natureza divina.
Assim estas idéias negam, logicamente, a santidade e justiça de Deus. Elas representam Deus como sendo somente amor. A ira retribuitiva contra o pecado não é elemento da natureza divina.
Que essa idéias são falsas em respeito à idéia da natureza divina suprida por elas é evidente de Romanos 3:25,26. Aqui se nos diz que Deus estabeleceu a Jesus Cristo não simplesmente como uma exibição cênica do seu ódio contra o pecado para servir às exigências do Seu governo; nem como um exemplo de abnegada devoção ao dever; nem como simples manifestação de amor através do sofrimento do Criador com a criatura; nem ainda como o meio de purificação subjetiva da natureza humana senão como cobertura do pecado (pela expiação), que Sua justiça não fosse impugnada na justificação de homens pecadores.
B. A verdade quanto à natureza da Lei.
Tudo das falsas idéias de expiação a que temos dado especial atenção representa a Lei de Deus como uma indicação puramente arbitrária que pode ser relaxada parcial ou totalmente à vontade em vez de uma revelação da natureza de Deus com nenhuma possibilidade mais de mudança nos seus requisitos do que há de mudanças em a natureza de Deus. Ela requer um olho por um olho e um dente por um dente; requer que toda transgressão e desobediência deve receber uma justa recompensa de prêmio. Hebreus 2:2. Toda idéia da expiação que for correta deve reconhecer isto.
C. A verdade quanto à culpa do pecado.
Que essas falsas idéias sob consideração negam que o pecado nos envolve em culpa objetiva que exige expiação. As passagens seguintes ensinam que ele envolve: João 3:36; Romanos 1:18; 2:5,6; 3:19; 6:23; Gálatas 3:10; Efésios 5:5,6; Colossenses 3:5,6; Apocalipse 20:13.
D. A verdade quanto à natureza substitucionária da expiação.
As passagens seguintes mostram que o sofrimento de Cristo foi um substituto do sofrimento que os crentes suportariam no inferno:
“Seguramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si; nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho. Porém o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos” (Isaías 53:4-6).
“... sendo justificados livremente pela Sua graça, pela redenção que está em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para ser uma propiciação, pela fé no Seu sangue, para demonstração da Sua justiça, pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para a demonstração da Sua justiça, pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para a demonstração, digo, da Sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:24-25). Propiciação é um sinônimo de expiação, que significa “aturar a penalidade toda de um erro ou crime”. A propiciação aplaca o legislador por satisfazer a Lei na “cessão de um equivalente legal completo pelo mal causado”.
“... Cristo morreu por nós. Muito mais então, sendo justificados pelo Seu sangue seremos salvos da ira de Deus por meio dele.” (Romanos 5:8,9).
“Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus” (Romanos 8:33). A resposta implicada é: Ninguém! E a implícita razão é: Porque Cristo pagou sua dívida de pecado padecendo a penalidade da Lei em seu lugar.
“Cristo é o fim da Lei para justiça de todo aquele que crê.” (Romanos 10:4).
“... nossa páscoa também foi sacrificada, mesmo Cristo.” (1 Coríntios 5:7).
“... Cristo morreu por nossos pecados, segundo a Escritura” (I Coríntios 15:3).
“Aquele que não conheceu pecado. Fê-lo pecado por nós, para que nEle fossemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). Nós nos tornamos justiça de Deus em Cristo, não por meio de qualquer influência moral da morte de Cristo sobre nós, mas pela imputação a nós da justiça através da fé sem as obras.
“... Cristo entregou-Se por nós, em oferta e sacrifício a Deus ...” (Efésios 5:2)
“... ofereceu para sempre um sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:12).
“Porque Cristo também sofreu pelos pecados uma vez, o justo pelos injustos, para que nos trouxesse a Deus ...” (I Pedro 3:18).
E. A verdade quanto aos aspectos redentores e resgatadores da expiação.
Notai as seguintes passagens:
“O Filho do homem não veio para ser ministrado, mas a ministrar e dar Sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20:28).
“Mas dEle sois vós em Cristo Jesus, que nos foi feito sabedoria de Deus, justiça e santificação e redenção.” (1 Coríntios 1:30).
“Cristo nos redimiu da maldição da Lei, fazendo-Se maldição por nós” (Gálatas 3:13).
“Deus propôs Seu Filho ... para que redimisse os que estavam sob a Lei ” (Gálatas 4:4,5).
“... em Quem temos redenção por Seu sangue, o perdão de nossos delitos, segundo as riquezas de Sua graça” (Efésios 1:7).
“... que Se deu em resgate por todos” (1 Timóteo 2:6).
“... que Se deu a Si mesmo por nós para que nos redimisse de toda a iniqüidade” (Tito 2:14).
“... pelo Seu próprio sangue entrou uma vez por todas no lugar santo, tendo obtido redenção eterna” (Hebreus 9:12).
“Fostes redimidos ... com sangue precioso... mesmo o de Cristo” (1 Pedro 1:18-19).
“... foste morto e remiste para Deus com o Teu sangue homens de toda a tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse. 5:9).
Nas passagens supra, nas quais “redimir” ou uma de suas cognatas aparece, temos quatro palavras gregas ou suas cognatas: “agorazo”, significando “adquirir no fórum”; “exagorazo”, “adquirir do fórum”; “lutroo”, “soltar por um preço”; “apolutrosis”, “libertar”. As palavras gregas nas passagens em que “resgate” aparece são, respectivamente, “Lutron”, “um preço” e “antilutron”, “um preço correspondente”. O sentido claro dessas passagens, à luz do resto do Novo Testamento, especialmente Romanos 3:25-26, é que a morte de Cristo foi o preço de nosso livramento da penalidade do pecado. Vide mais além Romanos 8:33,34; 10:4; Gálatas 3:13 descreve exatamente como somos redimidos quando nos diz que somos remidos da maldição da Lei por meio de Cristo, que se fez uma maldição por nós. Ele pagou a penalidade que nós devíamos. Por essa razão vamos livres.
Notai que “resgate”em 1Timóteo 2:6 significa “um preço correspondente”. Isto quer dizer que o preço saldado por Cristo correspondeu à dívida que devíamos. Em outras palavras, Cristo sofreu o equivalente exato daquilo que teriam de sofrer no inferno aqueles por quem Ele padeceu. Se a justiça de Deus exigiu que Cristo morresse para que Deus justificasse pecadores, a mesma justiça exigiu que Ele pague a penalidade toda devida pelos pecadores. A justiça tanto pode arcar com toda a penalidade como tão facilmente arcar com a mínima parte dela.
“Porque Deus tomar como satisfação o que realmente não é tal é dizer que não há verdade em nada. Deus pode tomar a parte pelo todo; o erro pela verdade, o erro pelo acertado ... Se toda a coisa criada oferecida a Deus vale justamente tanto como Deus a aceita, então o sangue de touros e bodes podia tirar pecados e Cristo está morto em vão” (Hodge, Syst. Theol. 2:573-81; 3:188-9).
“Deus não mandou Cristo ao inferno para sempre, mas Ele pôs na punição de Cristo o equivalente disso. Ainda que Ele não deu a Cristo beber o inferno atual de crentes, contudo deu-Lhe um quid pro quo – algo equivalente disso. Ele tomou o copo da agonia de Cristo e nele botou sofrimento, miséria e angústia ... o que foi o equivalente exato de todo o sofrimento, toda a desgraça e todas as torturas eternas de todo aquele que por fim estará no céu, comprado com o sangue de Cristo” (Spurgeon, Sermões, Vol. 4, pág. 217).
“A penalidade paga por Cristo é estrita e literalmente equivalente à que o pecador teria de levar, conquanto não seja idêntica. O porte vicário dela exclui a última” (Shedd, Discourses and Essays, pág. 307).
“A substituição exclui identidade de sofrimento; não exclui equivalência” (Strong, Systematic Theology, pág. 420).
Algumas vezes os oponentes à natureza resgatadora e redentora da morte de Cristo perguntam a quem foi pago o preço. E eles um tanto sarcasticamente lembram-nos que alguns se apressaram em dizer que foi pago ao diabo. Não, não foi pago ao diabo; como uma transação comercial, não foi pago a ninguém. Os termos são figurativos. Mas o resultado é o mesmo como se a transação fora de natureza comercial. O preço é a penalidade exigida pela justiça de Deus.
Adotamos, portanto, como a verdadeira idéia da natureza da expiação, uma idéia que combina as teorias comercial e ética como estão descritas por Strong. Da teoria comercial aceitamos a idéia expressa em 1 Timóteo 2:6 – o pagamento de um preço correspondente ou equivalente. E, da teoria ética, aceitamos o fato que não foram a honra e a majestade divinas que exigiram a expiação, segundo afirma a idéia comercial, mas os princípios éticos da santidade e justiça de Deus.
III. A EXPIAÇÃO E A DEIDADE DE CRISTO
Objeta-se algumas vezes que Cristo não podia ter sofrido em poucas horas o equivalente do sofrimento eterno do pecador no inferno, mas esta objeção deixa de tomar em consideração o fato que Cristo era divino e, portanto, infinito em habilidade para sofrer. Ele disse que nenhum homem podia tomar-Lhe a vida; que dEle mesmo a daria. Tendo o poder, portanto de reter Sua vida, à vontade, Ele a reteve através de tamanha intensidade de sofrimento que Ele tragou as últimas feses do veneno do inferno por todos aqueles a serem salvos por Ele. O que pecadores crentes teriam sofrido extensivamente, por serem finitos, Cristo sofreu intensivamente, por ser infinito. Um homem com uma constituição dez vezes tão forte como a que o homem médio pode sofrer em um segundo o equivalente de tudo que o homem mediano pode sofrer em dez. Correspondentemente um ser infinito pode suportar qualquer porção de sofrimento num tempo tão breve quanto lhe apraza faze-lo.
IV. A EXPIAÇÃO E A HUMANIDADE DE CRISTO
Enquanto foi necessário que Cristo seja divino para suportar numas poucas horas o sofrimento eterno devido a pecadores crentes, também foi necessário que Ele seja humano para suportar o equivalente daquilo que os seres humanos são para aturar no inferno.
Talvez foi necessário também que Cristo seja organicamente um com o homem para faze-lo perfeitamente apropriado para Deus aceitar o Seu sofrimento como um substituto para o do homem. Somos responsáveis pela apostasia de Adão porque fomos organicamente um com Adão, da qual os anjos não participaram e em cuja queda não nos envolvemos. Assim parece claro que não teria sido segundo a filosofia divina colocar nossa responsabilidade sobre Cristo sem Ele tornar-se organicamente um conosco.
V. A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO
Há três teorias quanto à extensão da expiação.
1. A TEORIA DE UMA EXPIAÇÃO GERAL PARCIAL
Referimo-nos aqui à noção que Cristo pagou a penalidade pelo pecado de Adão na raça inteira. Esta idéia é sustentada em conjunção, usualmente, com a idéia de uma suposta base provisional para a salvação de todos os homens, mas sua natureza necessita de que a tratemos separadamente.
Pensa-se, por alguns, que esta teoria é necessária para explicar a salvação daqueles que morrem na infância e imbecilidade nata, mas mostramos uma base escriturística para a salvação dos tais sem esta teoria.
João 1:29 é o passo principal citado como uma base para esta teoria. A forma singular de “pecado” acentua-se como se referindo ao pecado de Adão; mas o argumento não tem força, porque há outras numerosas passagens em que se usa o singular em referência aos pecados pessoais de homens num sentido coletivo. Vide Romanos 3:20; 4:8; 6:1; Hebreus 9:26.
Esta teoria supõe que o efeito do pecado de Adão sobre a raça é duplo: (1) imputação de culpa pelo ato ostensivo de Adão em participar do fruto proibido e (2) corrupção da natureza. E implica que a culpa pode ser imputada à parte da corrupção. Isto nós negamos redondamente. Nós tornamos culpados por meio de sua prioridade natural e da qual herdamos uma natureza corrupta. Estamos sob a penalidade do pecado porque pecamos em Adão, sendo nossa natureza uma com ele. Romanos 5:12. Se a culpa fosse imputada sem corrupção, então a Lei exigiu a morte de Cristo, porque Ele teve uma natureza humana; mas a idéia que Ele morreu em qualquer sentido para Si mesmo é totalmente estranha à Escritura. Ele em toda a parte se descreve e se apresenta sem nenhuma culpa de Si mesmo, mas como levando a culpa dos outros. Se Lhe foi imputada culpa pelo pecado adâmico, como necessariamente era o caso se esta culpa é imputada a todo descendente de Adão à parte de corrupção, então Ele conheceu pecado, mas a Escritura diz que Ele não conheceu pecado.
2. A TEORIA DE UMA EXPIAÇÃO GERAL.
(1) A teoria apresentada.
A teoria de uma expiação geral é que Cristo morreu para cada filho de Adão – para um tanto como para outros (* ), removendo do caminho da salvação de todos os homens impedimentos legais e fazendo-a objetivamente possível a cada ouvinte do Evangelho salvar-se. Diz Strong: “As Escrituras representam a expiação como tendo sido feita para todos os homens e como suficiente para a salvação de todos. A expiação, portanto, não está limitada senão a aplicação da expiação.” E outra vez: “A expiação de Cristo fez provisão objetiva para a salvação de todos, por remover da mente divina todo obstáculo ao perdão e restauração dos pecadores, exceto sua contumaz oposição a Deus e recusa de virar-se para Ele.” Diz Andrew Fuller que, se a expiação é vista meramente quanto “ao que ela é suficiente em si mesma e declarada no Evangelho estar adaptada para, ... foi para pecadores como pecadores”; mas que, em “respeito ao propósito do Pai em dar Seu Filho para morrer e ao designo de Cristo em ceder Sua vida, foi para os eleitos só.”
Esta teoria da expiação é algumas vezes sumarizada pelo dito que a expiação foi suficiente para todos, mas suficiente somente para os eleitos ou, como alguns prefeririam, para aqueles que crêem. Ou, para pô-lo de outra maneira, diz-se muitas vezes que Cristo é o Salvador de todos os homens provisional e especial ou efetivamente de crentes.
Outros têm imaginado que o sacrifício no Calvário foi para todos, mas que a oferenda do sangue de Cristo no céu foi para os eleitos.
Tudo dessas afirmações dá na mesma coisa – uma expiação geral com uma aplicação ou designio limitados. Isto cremos e esperamos provar que é uma contradição em termos, contrária à razão, repugnamente à natureza de Deus e não segundo uma interpretação homogênea da Escritura.
(2). A teoria desaprovada.
A. Esta teoria não provê satisfação real da justiça de Deus, ou ela envolve a Deus na injustiça de punir aqueles para quem a justiça foi satisfeita. Eis-aqui um dilema e cada advogado de uma expiação geral escolha a ponta em que se pendure. Uma dessas proposições deve ser verdadeira.
A primeira proposição é, provavelmente, a que mais advogados de uma expiação geral são logicamente forçados a aceitar. Nenhuma dúvida que os mais deles subscreveriam a declaração que, se tivesse havido só um pecador para salvar, teria sido necessário a Cristo ter sofrido exata e identicamente o que Ele padeceu. Diz Boyce: “O que Cristo precisou fazer por um homem teria sido suficiente para todos” (Abstract of Theology, pág. 314). Diz Strong: “Cristo não precisaria de sofrer mais, se todos fossem salvos” (Sytematic Theology, pág. 422).
Esta noção quanto ao sofrimento de Cristo é totalmente inconsistente com a justiça. Mil pecadores no inferno, merecendo todos o mesmo grau de punição, sofrerão mil vezes tanto como sofrerá cada um deles individualmente. Tomará isto para satisfazer a justiça. Ficará a justiça satisfeita agora em Cristo por todos os mil, se Cristo sofre apenas tanto como sofreria um pecador? Em outras palavras, a justiça exige uma coisa dos pecadores mesmos e outra de Cristo como substituto deles? É isto exatamente o que a teoria de uma expiação geral envolve.
A teoria de uma expiação geral não satisfaz a justiça mais do que a teoria governamental. Na morte de Cristo, segundo a teoria de uma expiação geral, temos apenas uma exibição cênica da ira de Deus contra o pecado; então Deus aplica, à vontade, os benefícios disto a quem queira. Noutras palavras, em vista do que Cristo fez, Deus relaxa a justiça rigorosa e salva uma multidão incontável de pecadores que mereciam o inferno, para os quais a justiça não foi atualmente satisfeita. De modo que, em vez de a morte de Cristo proporcionar a Deus o meio de ser justo e ao mesmo tempo salvar pecadores crentes, O habilitar a relaxar Sua justiça.
A única maneira de escapar desta última proposição é considerar o arrependimento, a fé e a obediência dos que se salvam como completando o que está faltando na morte de Cristo. Os arminianos podem dizer isto (contudo alguns deles não consideram arrependimento, fé e obediência como sendo meritórios na salvação), mas outros não podem sem render sua crença na salvação como sendo inteiramente da graça de Deus.
Alguns podem tentar escapar ao dilema estabelecido no primeiro parágrafo sob esta epígrafe por afirmarem que Cristo sofreu atualmente pelos pecados de todos os homens e que os perdidos no inferno sofrerão apenas pelo pecado de incredulidade continuada. Diversas coisas podiam ser ditas em refutação desta idéia. (1) Deixa o pagão que não ouviu o Evangelho sem sofrer nada no inferno, porque nenhum homem pode ser acusado justamente por não crer em um de quem nunca ouviu falar. Romanos 10:14. Que Deus não acusará aqueles que nunca ouvem o Evangelho do pecado de incredulidade está claro em Romanos 2:12, que nos informa que Deus não julgará pela Lei os que nunca ouviram a Lei. Deus os julgará somente à luz de suas próprias consciências. Romanos 2:14,15. Alguém deve pecar contra a luz antes de poder ser justamente punido por desobediência. Daí, se ninguém sofrerá no inferno por qualquer pecado, exceto o pecado de incredulidade continuada, os que nunca ouvem o Evangelho nada terão por que pagar. (2) Todo crente era culpado do pecado de incredulidade desde o tempo de ouvir o Evangelho até ao tempo de o aceitar. Este pecado de incredulidade, sem dúvida, teve de ser expiado como qualquer outro pecado. Assim Cristo sofreu pelo pecado de incredulidade por aqueles que estão salvos. Agora, se Ele morreu por todos, por um tanto como por outro, o que é necessário se a salvação era para ser feita possível a todos, então Ele morreu pelo pecado de incredulidade por todos os homens. Isto deixa a qualquer que for para o inferno absolutamente sem pecado algum por que sofrer. Se Cristo não morreu pelo pecado de incredulidade de todos que o cometeram, então Ele não morreu suficientemente para a salvação de todos. (3) A Bíblia claramente ensina que os perdidos no inferno sofrerão por todos os seus pecados. Romanos 2:5,6; 2 Coríntios 5:10; Efésios 5:5,6; 2 Pedro 2:9-13; A. S. V.; Apocalipse 20:13.
B. Esta teoria é fútil, naquilo em que ela não é necessária como uma base de qualquer fato escriturístico, dever, ou resultado, ou como prova de qualquer verdade revelada.
(a). Não se discute que Deus estava sob a obrigação de prover redenção por todos os homens, sem exceção, porque um argumento tal excluiria a graça da expiação. A graça quer dizer não somente favor imerecido senão também favor não devido. Graça e obrigação excluem-se mutuamente. Ainda mais, se Deus foi obrigado a prover redenção por todo filho de Adão, da mesma maneira Ele seria obrigado a dar a cada um a habilidade de receber essa redenção pela fé. Isto Deus não fez, segundo mostramos no prévio capítulo sobre a eleição (*).
(b). Ademais, não era necessário que Deus provesse uma expiação geral para fazer os homens responsáveis pela rejeição de Cristo. Os homens rejeitam a Cristo, não por causa de uma falta de expiação para eles, mas por causa de amarem as trevas mais do que a luz (João 3:19); por causa de não quererem que Ele reine sobre eles (Lucas 19:14).
(c). Nem foi necessário que Cristo morresse por toda a raça adâmica para que Deus fizesse sincera Sua chamada geral. É da noção de alguns que a chamada geral de Deus requer de todos os homens crerem que Cristo morreu por eles. Isto não é verdade. Os vinte e oito capítulos de Atos, “ainda que repletos de informações sobre relações apostólicas com as almas, não arquivam precedente algum que seja desse discurso agora popular aos inconvertidos – Cristo morreu por vós (Sanger, Os Redimidos)”. “Todos os homens são chamados na Escritura a crerem no Evangelho, mas não há um caso na Escritura em que os homens são intimados a crer que Cristo morreu por eles.” (Carson, “The Doctrine of the Atonement and Other Treatises”, Pag. 146).
A ilustração seguinte de “O sangue de Jesus”, por William Reid, pág. 37, também mostra a compatibilidade de uma expiação limitada e os convites gerais do Evangelho. Após descrever passageiros tomando um trem na Estação de Aberdeen, Estrada de Ferro Nordeste, diz ele:
“Nem eu vi qualquer um recusando-se entrar porque o carro proveu só um número limitado de seguir por aquele trem. Podia haver oitenta mil habitantes na cidade e nos seus arredores, mas não haver ainda assim alguém que falasse disso como absurdo prover acomodação só para umas vinte pessoas porque, praticamente, descobriu-se ser suficiente...”
“Deus, na sua infinita sabedoria, fez provisão de uma espécie semelhante para todo o nosso mundo perdido. Proveu um trem de graça para levar ao céu tantos dos seus habitantes, a grande metrópole do universo, quantos estão dispostos a se aproveitarem das provisões graciosas”.
Supondo que Deus tivesse esperado até o fim antes de mandar Cristo morrer (como Ele podia ter feito só tão facilmente como Ele esperou quatro mil anos depois que o pecado entrou no mundo antes de mandar a Cristo), e o tivesse então mandado para morrer por todos que tivessem crido. Teria então sido manifesto que uma expiação limitada não oferece obstáculo a salvação de qualquer homem que não existe já por causa da perversidade da natureza do homem. Está claro, seguramente, a toda pessoa pensante, que a ocorrência da morte de Cristo há dois mil anos não altera o caso, porque Ele morreu por todos que crerem, estes tendo sido conhecidos de Deus desde a eternidade tão completamente como serão no fim.
Insinuamos que Deus está tanto sob a obrigação de remover a inabilidade espiritual do homem para vir a Cristo como está para prover-lhe uma expiação. Em outras palavras, a perversidade da natureza do homem faz sua salvação tão impossível de um ponto de vista como faz a ausência de uma expiação.
Mas alguns podem abrir uma exceção a isto, dizendo que, enquanto a perversidade de natureza do homem cria uma impossibilidade moral, a falta de expiação fornece uma impossibilidade natural. Respondemos que isto está correto, mas a impossibilidade moral é primária e é absoluta; portanto, a impossibilidade natural não pode fornecer nenhum entrave mais.
(d). Também não é necessário uma expiação geral à manifestação do amor de Deus. A provisão de uma expiação sem efeito não revelaria nada senão um amor cego e fútil. É desta espécie de amor de Deus? Não, na verdade, o amor de Deus é inteligente, intencionado, soberano, efetivo. O amor redentivo de Deus está totalmente fundado dentro dEle mesmo e não procede de modo algum de os objetos dele serem amorosos, nem porque mereçam qualquer coisa boa de Suas mãos; logo, este amor está inteiramente sujeito à Sua soberana vontade (Deuteronômio 10:15 ; Romanos 9:13). Dispensar Seu favor a objetos eleitos é do seu prazer gracioso, imanente e particular.
(e). Uma expiação universal, finalmente, não é necessária para a manutenção do zelo evangelístico e do espírito missionário. Admite-se livremente que tem havido quem sustentou uma expiação limitada cujo zelo evangelístico esteve longe do que devera ter sido. Todavia, a falta não estava nessa doutrina senão na sua falta em ver e crer outras verdades. Com muitos, incluindo os nobres valdenses e albingenses, bem como Spurgeon e muitos outros de grande marca, transbordante zelo evangelístico e forte crença numa expiação limitada, tem morado lado a lado na mais gloriosa harmonia. De fato, a crença numa expiação limitada, em razões que aqui não dispomos de espaço para discutir, deveria fazer homens mais evangelísticos do que a crença numa expiação geral, guardando-os, entrementes, de excessos dolorosos.
3. A TEORIA DE UMA EXPIAÇÃO LIMITADA
(1). A teoria apresentada.
A teoria de uma expiação limitada sustenta que Cristo morreu para os eleitos e só para eles; que o valor e desígnio ou aplicação, a suficiência e a deficiência dela são as mesmas; que Cristo, em nenhum sentido que seja, morreu por qualquer que perece no inferno. A isto damos o nosso endosso feliz e incondicional.
(2). A teoria prova
A. Argumentos de outros homens.
“Todos aqueles por quem Cristo deu a sua vida em resgate ou estão por ela resgatados, ou não estão; que todos não estão resgatados ou remidos do pecado, da Lei, de Satã e da segunda morte, é evidente ... Agora, se alguns por quem Cristo deu Sua vida em resgate, não estão resgatados, então essa absurdidade chocante ... segue ... a saber, que Cristo está morto em vão, ou que, em última análise, Ele deu Sua vida como um resgate em vão; pelo que será retamente concluído que Ele não deu sua vida em resgate por todo homem individualmente” (John Gill, The Cause of God and Truth, pág. 98).
“As provas da Escritura assim chamadas de Redenção Universal dependem de suposição humana, não da simples Palavra. Assim, quanto ao que concerne à “propiciação pelos pecados de todo mundo”, é-nos dito que a palavra “mundo” deve significar toda pessoa no mundo. Mas, porque deve significar isto? Essa é a pergunta sem resposta. A palavra “mundo” quer dizer muitas coisas diferentes na Palavra de Deus, sobre as quais vide Crudens Concordance. Só a relação textual é o seu verdadeiro intérprete. Decretar que ela deve significar isto ou aquilo não é senão indulgir em prosa temerária e ociosa” (Sanger, The Redeemed, pág. 7).
“Indubitavelmente, ‘universal’ e ‘redenção’ (aqui usadas como sinônimos com ‘expiação’: no sentido de ‘agorazo’), onde grandíssima parte dos homens perece, são tão irreconciliáveis como ‘Romano’ e ‘Católico’” (John Owen, como citado aprovadamente por C. H. Spurgeon, Sermões, Vol. 4, pág. 220).
“Fosse o todo da humanidade igualmente amado de Deus e promiscuamente remido por Cristo, o cântico que Deus os crentes são mandados cantar custosamente correria nestas admiráveis toadas: “Ao que nos amou e lavou de nossos pecados no seu próprio sangue e nos fez reis e sacerdotes para Deus”, etc. (Apocalipse 1:5,6). Um hino de louvor como este parece proceder, evidentemente, na hipótese de eleição particular da parte de Deus e de uma redenção limitada da parte de Cristo, a qual achamos declarada mais explicitamente (Apocalipse 5:9), onde temos um transcrito desse hino que os espíritos dos justos aperfeiçoados cantam agora diante do trono e do Cordeiro: Tu foste morto e nos remiste para Deus pelo Teu sangue de toda a raça e língua e povo e nação. Donde se diz que os eleitos foram remidos dentre os homens (Apocalipse. 19:4)” (Augustus M. Toplady, autor de “Rocha dos Séculos”, no prefácio a Absolute Predestination, por Zanchius).
“Que Cristo é nossa vida, verdade, paz e justiça – nosso pastor e advogado, sacrifício e sacerdote, que morreu para a salvação de todos que cressem e de novo surgiu para sua justificação” (Artigo 7 da Confissão de Fé adotada em 1.120 pelos valdenses, o grupo mais em evidência de progenitores batistas. Vide Jones Church History, pag. 276).
A doutrina da expiação tem sido entendida diferentemente. As igrejas antigas bem uniformes sustentaram que era particular; isto é, que Cristo morreu só pelos eleitos e que nos Seus estupendos sofrimentos “não se teve respeito nem se fez provisão por quaisquer outros da raça arruinada de Adão” (Benedict, General History of the Baptist Denomination, pág. 456).
“Se há qualquer coisa claramente ensinada na Escritura é que o sacrifício de Cristo foi feito somente para aqueles que forem eventualmente salvos por ela” (Alexander Carson, The Doctrine of the Atonement and Other Treaties, pág. 196).
“Não pode ser que uma alma por quem Ele (Cristo) deu Sua vida e derramou Seu sangue; cujos pecados Ele levou e cuja maldição Ele susteve, deva perecer finalmente. Porque, se esse fosse o caso, a divina justiça, depois de ter cobrado e satisfeito à mão do Abonador, requereria o principal; em outras palavras, exigiria pagamento em dobro” (Booth, The Reign of Grace, pág. 235).
“Pode um Deus de perfeição ética infinita, que com a Sua própria mão lançou a tremenda carga da culpa do pecador sobre o adorável Abonador, repudiar os tratos do Seu próprio concerto e sonegar-Lhe a recompensa comprada pelo custo do Seu preciosíssimo sangue? Dizer assim equivale e uma contestação à verdade e à justiça de nosso Deus guardador do pacto”. (Prof. Robert Watts, Sovereignty of God, ajuntando artigos de Pres. G. W. Northrup, publcados no Standard of Chicago, e as respostas de Prof. Watts, quais artigos foram escritos pela sugestão de T. T. Eaton e publicados no Western Recorder enquanto Eaton foi editor).
“Eles (certos teólogos) crêem que Judas foi expiado tanto como Pedro; crêem que os precitos no inferno foram tão objetos da satisfação de Jesus Cristo como os salvos no céu; e conquanto eles o não digam nos devidos termos, contudo o devem pensar, porque é uma bela inferência que, no caso de multidões, Cristo morreu em vão, pois morreu por todos eles, dizem; e ainda tão ineficiente foi Sua morte por eles que, conquanto morreu, eles são condenados subseqüentemente. Agora, uma tal expiação eu a desprezo, rejeitou-a. Posso ser chamado antinominiano ou calvinista por pregar uma expiação limitada; mas eu antes crera numa expiação limitada que é eficaz para todos os homens para quem foi intencionada do que uma expiação universal ineficaz, salvo quando com ela se ajuntou a vontade do homem.” (Spurgeon, Sermons, Vol. 4, pág. 218).
“Creio que a eleição elegeu os eleitos, que a presciência os pré-conheceu; que foram “ordenados para a vida eterna” e “pré-ordenados para serem conforme a imagem do Seu Filho”; que a redenção os remiu; que a regeneração os regenerou; que a santificação os santifica; que a justificação os justifica; que a conservação os conserva; que a providência provê por eles e assim por diante até à glorificação. Daí, aqueles a serem glorificados são aqueles pré-conhecidos e remidos. Não creio numa redenção geral e numa glorificação especial” (J. B. Moody, Sin, Salvation, and Service), pág. 40).
“Eis aqui os cinco pontos do calvinismo: eleição incondicional ou predestinação, expiação limitada ou redenção particular, depravação total necessitando graça proveniente chamada eficaz ou graça irresistível, conservação e perseverança dos santos. E o escritor não hesita em subscrever todos os cinco pontos” (C. D. Cole, Definitions of Doctrines, Vol. 1, pag. 131).
O autor dá um entusiástico “Amém” a todos destes. Ele não se envergonha de se achar na sua companhia como na de muitos outros eminentes santos de Deus que sustentaram os mesmos sentimentos. Ele está pronto a achar-se contendendo pela fé histórica dos batistas, a fé das antigas igrejas; a fé dos valdenses, “essas eminentes e honradas testemunhas da verdade durante o longo período em que a igreja e o mundo foram assaltados por torpe erro e imoralidade” (Rice, Deus Soberano e o Homem Livre).
B. Argumento da razão
É a única teoria que faz a morte de Cristo verdadeiramente substitucionária. Se Cristo morreu por um homem tanto como por outro, o que Ele deve ter feito se Ele fez a salvação possível a todos os homens, então Ele morreu por alguns que sofrerão eternamente no inferno. Sua morte, portanto, não foi verdadeiramente substitucionária.
(b). É a única teoria compatível com a justiça de Deus. A justiça de Deus exigiu que Cristo pagasse a penalidade exata dos pecados daqueles que se salvam. Sua justiça (de Deus) também exige que Ele salve todos cuja penalidade Cristo pagou. Isto é uma proposição axiomática. É também uma proposição escriturística. Qual é o significado de 1 João 1:9 em estabelecer que Deus é “justo para perdoar os nossos pecados”, se não quer dizer que o perdão de nossos pecados é um ato de justiça para com Cristo? A teoria de uma expiação limitada sozinha deixa qualquer razão justa para a condenação de pecadores impenitentes. Se fez-se uma expiação geral, então não há justiça em mandar qualquer pecador para o inferno. Se for suficiente para todos os homens, então exige quitação para todos. Desde que a expiação foi exigida como uma satisfação à justiça de Deus, sua eficiência deve igualizar sua suficiência. A mesma justiça que requer a penalidade do pecado seja paga, assim tão enfaticamente requer que o pecado seja libertado quando o pagamento se tenha feito. Não há absolutamente fundamento na Escritura ou na razão para se fazer uma distinção entre a expiação e a redenção ou reconciliação, quanto ao seu alcance ou valor. Expiação, redenção e reconciliação, todas se aplicam à base objetiva do perdão e todas por igual se aplicam ao perdão atual.
(c). É a única teoria que dá à morte de Cristo qualquer valor argumentativo em provar a segurança do crente. A seguinte afirmação será reconhecida, sem dúvida, como um forte argumento da segurança do crente por todos que crêem essa doutrina:
“Cristo, na Sua morte sobre a cruz, sofreu por todos dos pecados de todo crente. Se o crente devera ir para o inferno, ele sofreria pelos mesmos pecados pelos quais Cristo sofreu. Crente e Cristo estariam então pagando pelos mesmos pecados, e Deus, ao punir dois homens pelos pecados de um, seria o tirano mais injusto do universo. Pereça o pensamento! O juiz de toda a terra deve fazer justiça”
Mas este argumento não tem força se Cristo morreu por todos, que tanto um como outro, que Ele deve ter feito se fez a salvação possível para todos, removendo todos os obstáculos do caminho de sua salvação. Ademais, segundo este argumento e também segundo a verdade e a lógica, todos aqueles que afirmam que Cristo sofreu a penalidade da Lei por todo homem fazem Deus “o tirano mais injusto do universo”.
C. Argumentos da Escritura
(a) Isaías 53:11. Nesta passagem, o profeta, ao falar do sacrifício de Cristo, diz que Deus “verá o trabalho da sua alma e ficará satisfeito”. Tomamos isto para significar que as justas exigências de Deus, a penalidade da Lei transgredida, foram satisfeitas na morte de Cristo. Mas, por quem? Se por todo o filho de Adão, então Deus não pode com justiça condenar qualquer deles. A justiça satisfeita não pode exigir nada mais. Se o leitor está pensando de argüir que o perdido no inferno sofrerá, não pelos seus pecados em geral senão somente pelos pecados de rejeitar a Cristo, nós o devolvemos à nossa discussão da teoria de uma expiação sob “(2). A teoria desaprovada”.
Mais ainda, esta mesma passagem representa a Deus como dizendo: “Pelo seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos: porque as suas iniqüidades levará sobre Si”. Isto ensina como Cristo justifica os homens, isto é, levando suas iniqüidades. E notai que esta justificação não é feita para depender de qualquer outra coisa mais. Se Cristo tivesse que levar as iniqüidades dos homens para justifica-los, então segue, como o dia à noite, que aqueles cujas iniqüidades Ele levou devem receber justificação. Por aceitar esta satisfação às mãos de Cristo, Deus põe-se a Si mesmo sob a obrigação a Cristo (não ao pecador) de comunicar justificação a cada um por quem a satisfação se faz, a qual Ele faz pela operação do arrependimento e da fé no coração.
(b). João 15:13: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”. Se Cristo depôs Sua vida por todo homem sem exceção, então Ele tem o maior amor por todo homem; e, portanto, ama os que perecem no inferno tanto como aqueles a quem Ele salva. Podia Cristo porventura estar satisfeito com alguns dos objetivos do Seu maior amor no inferno?
Mais ainda, se fosse verdade que Cristo ama aqueles que perecem tanto como os que se salvam, teriam de atribuir nossa salvação a nós mesmos antes ao amor de Cristo.
(c). Romanos 8:32. “O que não poupou Seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não nos dará com Ele também todas as coisas?” Esta passagem argue que o amor dom de Deus, o Seu Filho, garante todos os dons menores. Daí se segue que Deus entregou Seu Filho a ninguém exceto aqueles a quem Ele livremente da todas as outras bênçãos espirituais, isto é, aqueles que crêem. Vide Efésios 1:3.
(d). Romanos 8:33,34. Estes versos dizem-nos que acusação ou condenação não podem ser trazidos contra os eleitos; que Deus não os acusará, porque é Ele que justifica e que Cristo não condenará, porque por eles morreu. Esta passagem estaria privada de toda a força lógica se Cristo tivesse morrido por qualquer que Ele algum dia condenará em juízo. Daí Ele não morreu por ninguém exceto aqueles que escapam ao juízo.
(e). 2 Coríntios 5:14 “Porque o amor de Cristo nos constrange que assim julgamos, que um morreu por todos, logo todos morreram”. Eis aqui a inegável asserção que todos por quem Cristo morreu, morreram representativamente nEle. Daí a morte não tem poder sobre eles e nenhum deles a sofrerá, mas todos receberão a justificação e a vida eterna pela fé. Ao comentar as três últimas palavras desta passagem, diz A. T. Robertson: “Conclusão lógica ... o um morreu pelo todo e assim o todo morreu quando ele morreu. TODA A MORTE ESPIRITUAL POSSÍVEL PARA OS A QUEM CRISTO MORREU” (Ênfase nosso – Word Pictures in the New Testament). Não deixe de notar o uso de “todo” nesta passagem.
(f). 2 Coríntios 5:19 “Deus estava em Cristo, reconciliado (Katalasso) o mundo consigo mesmo, NÃO LHES IMPUTANDO OS SEUS PECADOS ...” Isto ensina o que Deus estava fazendo na morte de Cristo e como Ele o estava fazendo: Ele estava reconciliando os homens consigo e Ele o estava fazendo por lançar os seus pecados sobre Cristo e, portanto, não imputando, reconhecendo e acusando aqueles por quem Cristo morreu. Cristo, na Sua morte, executou completa reconciliação objetiva para os objetivos de Sua morte, o que necessita serem eles trazidos à experiência da reconciliação subjetiva. A única conclusão correta disso é que Cristo morreu por aqueles e só aqueles que recebem reconciliação eventualmente. Note o uso da palavra “mundo” nesta passagem.
(g). João 10:15; Atos 20:28; Efésios 5:25. Nestas passagens se diz ter Cristo comprado a igreja, ter-Se dado por ela, ter dado Sua vida pelas ovelhas. “Sei que termos universais estão algumas vezes ligados nas Escrituras com a expiação; mas, se os mesmos são para ser interpretados no seu sentido mais lato, por que os escritores sagrados deveriam ter empregado apenas o restritivo? Os termos universais ... podem ser harmonizados prontamente com os restritivos, mas homem algum pode fazer o restritivo harmonizar-se com o ilimitado” Parks, The Five Points of Calvinism)
(3). As Escrituras explicadas
Tomamos aqui as passagens tomadas por alguns como ensinando a expiação geral.
A. João 3:16; 1 João 2:2. Em ambas as passagens a palavra “mundo” é usada em conexão com a obra salvadora de Cristo. Uma fala de Deus como amando o “mundo” e a outra fala de Cristo como sendo uma propiciação pelos pecados de todo o “mundo”.
Contra a interpretação dada a essas passagens pelos advogados de uma expiação geral, respondemos:
(a). Um amor que causasse Deus dar a Cristo para morrer em lugar de cada homem individual da raça de Adão também causaria Deus salvar a todos (* ). Por que deveria Deus discriminar entre os homens em salva-los se Ele os amou a todos com o amor de todos os amores? Vide Romanos 8:32.
(b). Não haveria expressão real de amor em mandar um salvador a morrer vãmente pelos homens. Que espécie de amor é aquele que realiza um ato que não pode beneficiar realmente? Haveria qualquer mor real mostrado por um pai em comprar belo quadro para um filho que está totalmente cego?
(c). Deus não ama todos os homens sem exceção está provado, como já citado, pela declaração: “Amei a Jacó mas aborreci Esaú” (Romanos 9:13).
(d). A palavra “mundo”, finalmente, de nenhum modo alude a todos os homens sem exceção em cada caso da Escritura e, portanto, fica para ser provado que ela tem essa acepção nessas passagens. “Mundo” é usado de incrédulos em distinção de crentes (João 7:7, 12:31, 14:17, 15:18,19, 16:20, 17:14; I Coríntios 4:9, 11:32; Efésios 2:2; Hebreus 11:7; 1 João 3:1; 3:13; 5:19. Está usada para gentios em distinção de judeus (Romanos 11:12,15). Está para a generalidade do povo conhecido (João 12:19). Cremos que a palavra alude, nas duas passagens sob consideração, não a todos os homens sem exceção, mas a todos os homens sem distinção; isto é, a homens de todas as nações, tribos e línguas (da qual temos uma paralela em Apocalipse 7:9); revelando que Cristo não morreu só para os judeus senão para os gentios também, mesmo até aos confins da terra. A razão lógica do emprego desta palavra neste sentido é dada por John Gill, como segue: “Foi uma controvérsia agitada entre os doutores judeus se, quando o Messias vier, os gentios, o mundo, terão qualquer benefício por ele; a maioria estava excedendo de muito na negativa da resposta e determinou que não teriam ... que os juízos mais severos e tremendas calamidades lhes aconteceriam; sim, que seriam lançados no inferno no lugar dos israelitas. Esta noção recebeu a oposição de João Batista, Cristo e seus apóstolos e é a verdadeira razão do uso desta frase nas passagens que falam da redenção de Cristo” (The Cause of God and Truth, pág. 66) (* ). Como um judeu típico Nicodemos pensou que Deus não amava a ninguém fora dos judeus, mas nosso Senhor lhe disse que Deus de tal maneira amou o mundo (gentios bem como judeus), que lhe deu o Seu Filho unigênito, para que quem crer nEle (gentios ou judeus) não pereça, mas tenha a vida eterna” (Cole, Definitions of Doctrines, Vol. 1, pág. 120). Notai outra vez o uso de “mundo” em II Coríntios 5:19, onde o “mundo” por quem Cristo morreu foi potencialmente reconciliado por Sua morte, não é para ter imputado seus pecados. Noutras palavras, deve receber o perdão que Ele lhe comprou.
B. 1 Timóteo 2:6; Tito 2:11. A palavra “todos” aparece em ambas estas passagens, mas esta palavra é usada na Escritura numa variedade de sentidos e de nenhum modo é usada na Escritura numa variedade de sentidos e de nenhum modo é sempre usada no absoluto. Notai uns poucos de seus usos limitados: (1). Um grande número (Mateus 3:5; 4:24; 14:35). (2). Todas espécies e classes (Mateus 23:47; Lucas 2:10; João 12:32; Atos 13:10; Romanos 1:29; 15:14; II Tessalonicenses 2:9; 1 Timóteo 6:10). (3). Tudo com exceções manifestas (Marcos 11:30; Atos 2:46-47; 1 Coríntios 6:18; 8:32; 9:22; 10:33; Tito 1:15). (4). Todos ou cada um de uma certa classe (Lucas 3:21; Romanos 5:18, última parte; 1 Coríntios 8:2 comparado com os vs. 7 e 11; 15:22, última parte; 1 Coríntios 8:2 comparado com os vs. 7 e 11; 15:22, última parte; Colossenses 1:28). Assim podemos ver facilmente que o significado de “paz” deve ser determinado segundo o contexto e o ensino da Escritura em geral. Portanto, em vista do que se tem dito sobre as inferências inescriturísticas da idéia que Cristo morreu por todos os homens sem exceção, afirmamos que “paz”, nas passagens pré-citadas, é usada no segundo sentido acima listados e que o significado é homens de “toda a nação, de todas as tribos e povos e línguas”, da qual achamos uma paralela descrita em Apocalipse 7:9. O “todos” pelo qual Cristo morreu é exatamente cotérmino com o “todos” que Ele atrai a Si (João 12:32) (*).
“Está observado (I Timóteo 2:6) que se diz que Cristo dar-se em resgate por todos, o que está entendido de todos os homens em particular; mas devera ser observado também que este resgate é “antilutron huper panton”, um resgate vicário, substituído no lugar de todos, pelo que, um preço inteiro foi pago por todos e satisfação plenária feita pelos pecados de todos, o que não pode ser verdadeiro de todo homem individual, porque então nem um homem podia ser condenado e punido justamente ... É melhor entender-se por todos os homens alguns de toda espécie ...” (John Gill, Cause of God and Truth, pag. 51).
C. Hebreus 2:9. Não há aqui palavra para “homem” no grego. A expressão é simplesmente “todos” ou “cada um”. No grego: “pás”. E o contexto supre explanação quanto àqueles incluídos nesta passagem, a saber, todo filho que Ele traz à glória. Assim, “todos” é usado aqui no quarto sentido listado acima, isto é, todo ou cada um de uma certa classe.
D. I Timóteo 4:10. A mera provisão de salvação por todos os homens não faz de Deus seu Salvador qualquer coisa mais do que salva-los. Isto não satisfaz o significado de salvador se é aplicado à salvação da alma. No grego é “soter”, que quer dizer “livrador” e “conservador”, bem como salvador. Estamos persuadidos que este é o significado aqui. Deus livra a todos os homens (tanto quanto Lhe apraz fazer assim) de perigos tanto visíveis como invisíveis e os conserva em suas vidas. É assim que Ele exibe “as riquezas de Sua bondade e paciência e longanimidade” que deveriam levar os homens ao arrependimento (Romanos 2:4). O que Deus faz por todos os homens em geral, Ele faz de uma maneira especial pelos crentes.
E. II Pedro 2:1. A palavra desta passagem para o Senhor não é “Kurios”, a qual é usada tanto de Deus ou de Cristo; mas é “despotes”, a qual nunca se usa de Cristo. Daí ser a referência a Deus. Pedro escreveu especialmente aos judeus. Sem duvida os falsos mestres também eram judeus. E em Deuteronômio 32:6 explica como o Senhor os comprara. Aqui se diz ter Deus comprado toda a nação judaica porque Ele os livrou do Egito.

Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04

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Mensagem do Dia

O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa Deus de maneira pura, legítima e eterna. A.W.Tozer

"A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão." JOHN WESLEY"

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Alimentar-se da Palavra "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4 : 12).Erram por não conhecer as Escrituras, e nem o poder de Deus (Mateus 22.29)Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3

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