Nesta passagem extraída do belíssimo livro de Lamentações de Jeremias – livro que revela o coração desse notável profeta, e o seus sentimentos para com a nação judaica – nos leva a algo interessante: o pecado traz consequências.
Quando ele pergunta “de que se queixa, pois, o homem vivente?”, os israelitas estavam se queixando do sofrimento que estavam vivendo, das moléstias, derrotas, miséria, consequências do justo juízo de Deus, enfim, males trazidos pela própria mão de Deus. Isso os levava a se queixarem, como se dissessem: por que estou passando isso? Que tempo ruim, que tempo difícil, quanta peste, quanta desgraça, quanta destruição, não aguentamos mais! Entretanto o versículo continua assim: “queixe-se cada um dos seus pecados”. O profeta está ensinando que os sofrimentos foram causados pelos pecados, pela iniquidade dos israelitas, então, ao invés de queixarmo-nos das consequências, Jeremias nos diz para nos queixarmos é do que as trouxe: os pecados.
Mas eu não quero aqui tratar das consequências do pecado e sim do que está no coração de muitos cristãos: a queixa por eles, a insatisfação por tê-los e cometê-los! Quero ilustrar essa passagem com algo assim: se tem algo que eu me incômodo, se tem algo que me fere, que me dói, que é o motivo do meu infortúnio, da minha tristeza... se tem algo que realmente me decepciona, esse algo são os meus pecados.
Quantos cristãos sinceros e idôneos, que tentam viver uma vida santa, pautada nas Escrituras, têm uma vida razoável, muitas vezes até vitoriosa, consistente, feliz, mas, invariavelmente, essa sequência promissora é frustrada quando nos deparamos com nossos pecados, produzindo desânimo, sentimento de culpa, auto-julgamento, incapacidade, decepção... e todos aqueles sonhos que construímos pautados nas Escrituras de sermos cristãos, santos, poderosos, bem sucedidos, desabam na nossa frente por conta de tais pecados, logo vem a nossa queixa: “Oh, esses malditos pecados de novo! Mais uma vez eles estão no meu caminho, que ódio! Por que eles não saem? Por que não os venço?”
Então isso nos deixa loucos, nos faz ficar remoendo em nosso interior e travar uma batalha interna colossal, que envolve nossos sentimentos, mente e até o corpo, ao ponto de quase nos levar à autoflagelação! “Ah, malditos pecados! Se pudesse destruí-los, se pudesse estirpá-los cem por cento da minha vida agora, se pudesse dormir e acordar sem vocês, se pudesse não errar, não falhar, não cometer mais nenhum delito e viver o resto da minha vida sem vocês, eu o faria agora!”
Davi era um homem que se queixava muito de seus pecados – o livro de Salmos está repleto de suas queixas – uma delas está no Salmo 38.4: “Pois já as minhas iniquidades sobrepassam a minha cabeça; como carga pesada são demais para as minhas forças”. Outra queixa está no Salmo 51.3: “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim”.
Irmão, eu quero te mostrar o lado bom de tudo isso. À semelhança de Davi, apenas se queixam dos pecados pessoais os homens retos, íntegros e santos, que possuem o Espírito de Deus – só se queixam dos seus pecados os verdadeiros cristãos! Se você tem se incomodado, entristecido, sentido amargura e repulsa, isso tem o lado bom: é sinal que a graça está sobre você! Que o Espírito Santo está atuando na sua vida! É sinal que o pecado te incomoda demais, o que te faz repugná-lo, ainda que você o cometa!
Na vida do apóstolo Paulo era assim: o mal que ele não queria fazer ele o fazia (Rm. 7.19). Esse mal que Paulo dizia está se referindo aos seus pecados, sendo assim, não devemos ficar desanimados, desistir ou decretar uma sentença a nós mesmos, pois vivemos num corpo de pecado, estamos debaixo da lei do pecado. Até sermos glorificados ele fará parte da nossa essência, porém se alegre, se anime,porque se você tem se queixado dos seus pecados, se eles ainda te incomodam e te entristecem é sinal de que Deus está sobre você, é sinal que você não se submeteu a eles, é sinal que mesmo fraco eles não têm domínio sobre você!
O mal estaria se você não se queixasse e nem se entristecesse, ou mesmo, fosse indiferente a eles. Se erga, se levante e peça ajuda a Deus no combate a eles e não permita que tais deslizes, totalmente perdoados no Calvário, te paralizem. Vamos dizer como Davi: “Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste”. (Sl. 51.7-8).
Paulo Junior.
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