A palavra “santo” como é utilizada nas Escrituras possui dois significados. O significado principal de “santo” se refere a algo que é transcendentalmente diferente, ou separado, de outro. O que é santo neste mundo foi separado ou tocado pelo que é transcendentalmente santo. Quando, no deserto, Deus falou com Moisés do meio da sarça ardente, ele ordenou a Moisés que tirasse suas sandálias porque o lugar onde estava era terra santa. O que tornara a terra santa? Certamente não era a presença de Moisés. O que santificou a terra foi o fato de Deus estar ali presente. O toque de Deus a tornara santa. O choque entre o transcendente e o imanente, o sagrado e o profano, transformou o ordinário em extraordinário, e o comum em incomum. A Palestina é chamada de Terra Santa porque foi o palco da ação de Deus na História, e não por causa da presença da igreja.
No sentido terreno, “santo” se refere a algo que é “extra”. Envolve um algo mais que é adicionado à ordem natural. O lugar santo e o tempo santo são assim designados porque algo foi adicionado a eles. E o que foi adicionado foi a presença de Deus.
O segundo uso mais freqüente da palavra “santo” na Bíblia se refere à pureza. O que é santo foi purificado de toda a impureza. Podemos ver isto expresso nos rituais de purificação do Antigo Testamento. Por exemplo, vemos quando Deus chamou Moisés no monte Sinai para receber os mandamentos em Êxodo 19: Disse também o SENHOR a Moisés: Vai ao povo e purifica-o hoje e amanhã. Lavem eles as suas vestes e estejam prontos para o terceiro dia; porque no terceiro dia o SENHOR, à vista de todo o povo, descerá sobre o monte Sinai. Marcarás em redor limites ao povo, dizendo: Guardai-vos de subir ao monte, nem toqueis o seu limite; todo aquele que tocar o monte será morto.
Mão nenhuma tocará neste, mas será apedrejado ou flechado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá. Quando soar longamente a buzina, então, subirão ao monte (vv. 10-13).
A ordem de Deus ao povo para que se consagrasse através da purificação se fundamentava em seu plano anterior, quando Deus disse a Moisés que havia levado os filhos de Israel sobre asas de águia e no êxodo os trouxera até ele. Ele disse: Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel (vv. 5,6).
Deus ordenara o rito de purificação porque estava chamando Israel para ser uma nação santa. O status de nação santa deveria se expressar através da pureza. Quando Deus chama seu povo para ser santo porque ele é santo, isto significa que somos o espelho de sua pureza. Não conseguimos ser o espelho de sua transcendência, mas somos chamados a refletir a sua pureza.
Quando dizemos que o amor de Deus é santo, queremos dizer que tanto é um amor transcendental — “outro” tipo de amor — como também é um amor absolutamente puro.
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