A mensagem dos reformadores era cristológica e cristocêntrica. Assim deve ser a nossa. Jesus declarou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). E, segundo o apóstolo Pedro, “não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).
Compete-nos escutar de novo estas declarações que se opõem radicalmente a todo intento sincretista ou universalista. Gostemos ou não, o evangelho neotestamentário é inclusivo e exclusivo. Inclui todos que recebem a Jesus Cristo como único mediador entre Deus e os homens, e exclui todos que resistem à graça de Deus. Não nos cabe incluir o que Deus não incluiu, nem excluir o que Ele não excluiu.
Só Cristo salva. Mas, qual Cristo? Definitivamente não se trata aqui do Cristo dos dogmas de feitura puramente humana, nem do Cristo da imaginação antiga e moderna, nem do Cristo do folclore latino-americano, nem do Cristo superstar das sociedades opulentas do norte, nem do Cristo dos poderosos interesses econômico-sociais em nosso continente, nem do Cristo dos ideólogos de última hora. O Cristo que salva é senão aquele que é revelado nas Escrituras.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo Deus — o Logos eterno, associado eternamente com o Pai e com o Espírito, criador e sustentador dos céus e da terra, o Senhor da vida e da história, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o “que é, que era e que há de vir”, o Todo-poderoso Senhor.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo histórico — manifestado no tempo e no espaço, em data precisa do calendário de Deus, na plenitude da história humana, no contexto de uma geografia, de um povo, de uma cultura, de uma sociedade.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo humano — engendrado pelo Espírito, concebido pela virgem Maria, participante de carne e sangue, “feito carne”, identificado plenamente com a humanidade.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo profeta — o arauto de Deus Pai, intérprete da Divindade, revelador da vontade divina para seu povo e para toda a humanidade.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo sacerdote — o que está sentado à direita da Majestade nas alturas e “também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.25).
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo rei, que está para vir — o Juiz de vivos e de mortos, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Cristo da renovação total.
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