Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
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Quando falo com meus pais e pastor, é típico eles dizerem “quem quiser,
pode vir” como uma declaração que de certa forma prova o livre arbítrio do
homem e refuta a idéia de que a salvação procede de Deus somente.
Uma das falácias mais freqüentes que as pessoas cometem é a falácia da irrelevância.
Portanto, sempre que nos depararmos com um argumento ou objeção que supostamente
refuta o que a Escritura ensina, alguma vezes é suficiente simplesmente perguntar: “E daí?”
Como muitas das objeções dos arminianos, essa é uma que não entendeu o ponto
de forma alguma. Talvez eles tenham em mente Apocalipse 22:17, que diz, “quem quiser,
tome de graça da água da vida” (KJV).
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Visto que isso é o que Deus diz, prontamente
concordamos, mas e agora? Isso não nos diz nada. Ou, para ser mais preciso, por que
alguém decide vir? Qual é a causa metafísica e espiritual por detrás da decisão da pessoa e a
mudança de sua disposição? Essa é a questão. A declaração de Apocalipse, ou qualquer
outra declaração que diga “todo aquele”
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para esse assunto, nos diz apenas o que está
disponível para a pessoa que vem, ou o que acontece com ela. Não nos diz o porquê
alguém viria, ou o porquê uma pessoa vem quando o faz.
Aqui está algo que escrevi em Nascido de Novo,
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minha exposição de João 3:
Eu posso dizer: “Todo o que se torna um peixe pode respirar debaixo
d’água”. A declaração é verdadeira, mas isso não significa que uma pessoa se
torna um peixe a qualquer hora que desejar. De fato, qualquer inferência
sobre a capacidade de alguém é estritamente inválida, visto que a declaração
não contém nenhuma informação sobre capacidade, exceto sobre a
capacidade do peixe respirar debaixo d’água. Quer seja possível ou não para
uma pessoa se tornar um peixe, ninguém pode inferir nada a partir da
declaração em si, mas ela apenas nos informa sobre o que aconteceria a uma
pessoa que se transformasse num peixe.
Além do mais, mesmo que seja possível para uma pessoa se tornar um
peixe, a declaração não diz nada sobre como isso é possível, ou se está no
próprio poder da pessoa fazer isso. Deus é certamente capaz de fazer um
homem tornar-se um peixe, mas um homem “não pode tornar branco ou
preto nem um fio de cabelo” (Mateus 5:36). Uma declaração como essa que
fiz não nos diz nada sobre a capacidade de uma pessoa, mas a informação
sobre a capacidade deve ser obtida em outro lugar.
Como aparece também na versão em português Almeida Corrigida e Fiel. (N. do T.)
Na versão inglesa, o versículo de Apocalipse 22:17 traz a palavra whosoever, que significa “quem quer
que seja”, “todo aquele que”, etc. (N. do T.)
Sempre que estamos falando sobre algo que é impossível ao homem – tal
como tornar-se um peixe – então isso significa que ou isso nunca
acontecerá, ou Deus deve fazer com que isso aconteça pela sua
onipotência.
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Os arminianos não têm nenhum respeito pela linguagem real do texto, o que
significa que eles não possuem nenhum respeito pelo seu autor. Eles estão determinados a
inferir a partir dele tudo o que querem, mesmo quando o texto não aborda o assunto de
forma alguma.
Ao responder à questão do por que alguém vem a Cristo, a Bíblia diz que é Deus
quem escolhe a pessoa, muda sua natureza e controla sua mente, e isso é o que lhe faz
“vir”. Estabelecemos isso a partir da Escritura muitas vezes, de forma que não repetiremos
aqui.
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De qualquer forma, esse é o ensino bíblico que os arminianos devem refutar. Da
forma como se apresenta, a objeção deles equivale a dizer: “O calvinismo é errado porque a
Bíblia ensina que todo aquele que crê em Cristo será salvo”. Mas isso nem mesmo se aplica
ao debate, visto que o calvinismo não afirma que algumas pessoas que crêem em Cristo
serão mesmo assim condenadas. Não, o calvinismo concorda que todos os crentes serão
salvos. A questão é e sempre foi quem crerá em Cristo, e o que faz essas pessoas crerem
nele.
Sempre que você for confrontado com uma objeção contra a fé cristã, é sempre
prudente questionar a relevância do que é afirmado e fazer o oponente demonstrar a
relevância. Nesse caso, algumas vezes sem ciência disso, parece que os arminianos
assumem que o mandamento de Deus, que torna o homem responsável, também
pressupõe a habilidade ou liberdade humana. Mas como menciono freqüentemente,
embora o mandamento de Deus e a responsabilidade do homem estejam inseparavelmente
relacionados, não há nenhuma relação bíblica ou lógica entre mandamento divino (ou
soberania) e liberdade humana (ou habilidade), ou entre responsabilidade e liberdade
humana.
Dizer que somos responsáveis não tem nada a ver com sermos livres ou não, mas
somente com o mandamento e julgamento de Deus. A suposição que conecta essas coisas
dissociadas nunca foi provada e raramente foi sequer defendida em toda a história da
filosofia e teologia, e é diretamente negada pela Escritura. Todavia, essa premissa
antibíblica é compartilhada também por muitos calvinistas inconsistentes, levando a uma
formulação teológica incoerente e embaraçosa, e à invenção de doutrinas enganosas tais
como a liberdade compatibilista.
Fonte: Blasphemy and Mystery, Vincent Cheung, 47-8
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