Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Sempre agradecemos a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vocês, pois
temos ouvido falar da fé que vocês têm em Cristo Jesus e do amor que têm por todos os santos,
por causa da esperança que lhes está reservada nos céus, a respeito da qual vocês ouviram por
meio da palavra da verdade, o evangelho que chegou até vocês. Por todo o mundo este evangelho
vai frutificando e crescendo, como também ocorre entre vocês, desde o dia em que o ouviram e
entenderam a graça de Deus em toda a sua verdade. Vocês o aprenderam de Epafras, nosso amado
cooperador, fiel ministro de Cristo para conosco, que também nos falou do amor que vocês têm
no Espírito. (Colossenses 1:3-8, NVI)
Assim como Paulo tinha em mente uma fé que é específica é “fé… em
Cristo Jesus” – ele tinha em mente um amor que também é específico – é o “amor
que têm por todos os santos”. Alguns comentaristas observam que nessa passagem fé
caracteriza nosso relacionamento “vertical” com Deus, enquanto amor caracteriza
nosso relacionamento “horizontal” com outras pessoas. Isso é verdade na
passagem em questão, mas seria um engano inferir a partir disso um amplo
princípio que force rigidamente a distinção. O motivo é que, entre outras coisas, o
amor deve caracterizar também nosso relacionamento vertical com Deus.
Embora a fé seja algumas vezes associada com um sentimento de confiança,
ela não deve ser identificada com o sentimento em si. Antes, fé é crença nas
proposições divinamente reveladas e é em si mesma independente de sentimentos
que podem oscilar. Sentir-se bem sobre uma proposição bíblica é diferente de crer
nela. Da mesma forma, embora o amor seja algumas vezes acompanhado por certas
emoções, o amor em si não é uma emoção. A idéia que o amor é uma emoção, ou
está necessária e proporcionalmente associado com certas emoções, tem causado
danos desastrosos ao desenvolvimento intelectual e ético de inúmeros crentes.
A Bíblia fala de amor como a disposição de pensar e agir para com outras
pessoas (incluindo Deus) de acordo com os preceitos e leis divinas – isto é, tratá-las
como Deus nos manda tratá-las. Esse amor não tem nenhuma conexão direta e
necessária com alguma emoção, a qual, sem qualquer conotação negativa inerente,
definimos como um tipo de distúrbio mental. Esse distúrbio pode ser positivo ou
negativo, mas é um distúrbio.
Como Paulo escreve em Romanos 13, “Todos [mandamentos] se resumem
neste preceito: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. O amor não pratica o mal
contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da Lei” (v. 9-10). Note que o
amor é o cumprimento e não a substituição da lei. Não tratamos as pessoas com amor
ao invés de tratá-las de acordo com a lei. Antes, tratá-las com amor é tratá-las de
acordo com a lei, ou mandamentos de Deus.
Ele diz que os mandamentos, tais como “Não adulterarás” e “Não matarás”
são resumidos no mandamento para amar. Um resumo não é diferente ou superior às
coisas que ele expressa. Na realidade, para entender verdadeiramente os detalhes
representados pelo resumo, devemos examinar as coisas que ele resume. Assim, o
mandamento para amar não é diferente ou superior aos outros mandamentos –
amor é definido por esses mandamentos em primeiro lugar.
A Escritura define nosso amor para com Deus da mesma forma. Jesus diz
aos seus discípulos em João 14:23, “Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra”
– não que ele sentirá de certa forma ou terá certa emoção. Se ele ama, obedece.
Então, ele diz: “O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os
amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus
amigos” (15-12-13). Não há nenhuma emoção aqui. O mandamento é amar, e esse
amor significa ação heróica e sacrificial em benefício de outros.
Muitas pessoas que se sentem totalmente perturbadas por dentro diante do
mais leve sofrimento nos outros, nunca sacrificariam sequer o seu conforto pessoal
para resgatá-las, para não dizer salvar a vida. Mas elas têm sido ensinadas – pela
cultura, tradição, filosofias anti-cristãs, mas não pela Escritura – que isso representa
compaixão. Eles gemem e choram por eles – isso não é amor? Embora possa
permitir que se sintam muito compassivos e espirituais, isso não tem nada a ver
com amor.
Em seus momentos mais sóbrios, teólogos e comentaristas admitem que o
amor bíblico tem a ver com pensar e agir de acordo com os mandamentos de Deus
para com outras pessoas, e que tal amor não tem nada a ver com um tipo particular
de distúrbio mental, ou emoção. A Escritura é clara sobre isso; não é algo difícil de
reconhecer. Como um comentarista escreve: “A Bíblia fala do amor como uma
ação e atitude, não apenas uma emoção… os cristãos não têm desculpa por não
amar, pois o amor cristão é uma decisão de agir no melhor interesse dos outros”.
Definir amor como uma emoção deixa alguém com uma desculpa, visto que
nossos sentimentos podem oscilar. Além do mais, tal definição gera culpa
desnecessária na pessoa que nem sempre sente o que pensa que deveria sentir para
com as pessoas. E se amor é uma emoção, então que emoção exatamente? Isto é, o
que se deve sentir? Mas de acordo com a Bíblia, se uma pessoa trata outras pessoas
consistentemente de acordo com os mandamentos de Deus, a despeito de como se
sente, então ela anda em amor. Por outro lado, a pessoa que não faz nada mais que
desmoronar num descontrole emocional a qualquer sinal de sofrimento humano,
não anda em amor. Ela é um aborrecimento sem amor, e poderia muito bem parar
de fingir.
Fonte: http://www.vincentcheung.com/
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