Será que muitos dos nossos problemas com a oração e boa parte da nossa fraqueza na oração vêm do fato de que não estamos todos no serviço ativo, e mesmo assim tentamos usar o transmissor? Pegamos um transmissor militar e tentamos transformá-lo num interfone civil para chamar os empregados para uma hora agradável na cozinha.
Há outros exemplos do significado militar da oração nas Escrituras. EmLucas 21.34-36, Jesus avisa seus discípulos de que tempos de grande desânimo e oposição estão pela frente. No fim ele diz: "Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do homem".
Em outras palavras, seguir a Jesus nos levará inevitavelmente a um conflito intenso com o mal. Esse mal nos cercará, atacará e ameaçará destruir nossa fé. Por isso Deus nos deu um transmissor. Se formos dormir ele não nos servirá para nada, mas se estivermos alerta e chamarmos por ajuda no conflito, o reforço chegará, e o general não permitirá que aos seus soldados fiéis seja negada a coroa de vitória perante o Filho do homem.
A vida é uma guerra. E "a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Por isso Paulo nos manda tomar "o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isso vigiando com toda perseverança" (Ef 6.12, 17, 18).
Assim, vemos repetidas vezes na Escrituras que a oração é um transmissor militar para ser usado na guerra, não um interfone doméstico para aumentar nosso conforto. O objetivo da oração é capacitar para a missão. Orem "também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho" (Ef 6.19). "Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo" (Cl 4.3). "Lutai juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor, para que [...] este meu serviço em Jerusalém seja bem aceito pelos santos" (Rm 15.30,31). "Irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada" (2Ts 3.1). "Rogai ao senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara!" (Mt 9.38).
A alegria completa que buscamos é a alegria do amor que transborda para outras pessoas. A alma nunca ficará satisfeita ganhando enquanto não transbordar dando. E não há sacrifício que destrua o prazer da alma de um povo obediente em uma missão de amor da parte de Deus, para o que a oração é sua provisão estratégica. Portanto, a razão por que oramos é "para que nossa alegria seja completa".
A comunhão com Jesus é essencial à alegria, mas há algo nela que nos impele para fora, para compartilhar a vida dele com outros. Um cristão não pode ser feliz e mesquinho. "Mais bem-aventurado é dar do que receber."Por isso, a segunda razão por que a vida de oração leva à plenitude de alegria é que nos dá poder para amar. Se a torneira do amor seca é porque o cano da oração não é suficientemente profundo.
Amor é fruto do Espírito (Gl 5.22), e o Espírito é dado em resposta à oração (Lc 11.13). Amor é produto da fé (Gl 5.6), e a fé é mantida pela oração (Mc 9.24; Lc 22.32). O amor está ancorado na esperança (Cl 1.4, 5), e a esperança é mantida pela oração (Ef 1.18). O amor é guiado e inspirado pelo conhecimento da Palavra de Deus (Fp 1.9; Jo 17.17), e a oração abre os olhos do coração para as maravilhas da Palavra (SI 119.18). Se o amor é o caminho da alegria completa, então oremos pelo poder de amar, "para que a nossa alegria seja completa"!
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