Esse texto em I Timóteo é tão crucial que devemos meditar nele mais detidamente. Paulo está advertindo Timóteo contra ...homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma poderemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a Si mesmos se atormentaram com muitas dores.
Paulo escreve a Timóteo uma palavra de advertência contra enganadores ardilosos que descobriram que podiam lucrar com o crescimento dos crentes em Éfeso. De acordo com o v. 5, esses polemistas arrogantes tratam a vida espiritual como uma fonte de ganho. Estão tão presos ao amor ao dinheiro que a verdade ocupa um lugar bem inferior em seus sentimentos. Eles não "se alegram na verdade".
Alegram-se com a sonegação de impostos. Estão dispostos a aproveitar-se de qualquer novo motivo de interesse popular para ganhar alguns trocados. Nada é sagrado. Se o lucro é gordo, as estratégias de propaganda são indiferentes. Se ser cristão está na moda, é isto que eles vão vender. Este texto é muito atual. Vivemos dias de muita lucratividade no campo da religião. Está aquecido o mercado de livros, discos, cruzes de prata, brincos de peixes, abridores de cartas de madeira de oliveira, adesivos para carros, crucifixos, vidrinhos com água do rio Jordão que fazem você ganhar no bingo ou receber seu dinheiro de volta em noventa dias. Vivemos dias lucrativos para quem está no ramo da espiritualidade!
Ele não disse: "Não tire lucro"
Tanto hoje como antigamente, Paulo poderia ter reagido assim ao esforço de lucrar com a religiosidade: "Um cristão não pode ter lucro. Um cristão faz o que é certo por amor à verdade.
Cristãos não são motivados pelo que podem ganhar". Mas não foi isso que Paulo disse. O que ele disse foi: "Grande fonte de lucro é a piedade com contentamento" (v. 6).
Em vez de dizer que os cristãos não vivem em função do lucro, ele defende que eles devem correr atrás de um ganho maior do que os espertos amantes do dinheiro. A piedade é o meio para obter esse grande lucro, mas apenas se nos contentarmos com a simplicidade em vez de sermos gananciosos por riquezas. "Piedade com contentamento é grande fonte de lucro".
Se sua piedade, seu amor a Deus, o libertou do desejo de ficar rico e o ajudou a estar contente com o que tem, então sua vida cristã provou ser tremendamente lucrativa. "O exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser" (ITm 4.8). Espiritualidade que derrota a ganância por riquezas materiais gera grande riqueza espiritual. O que o v. 6 quer dizer é que é muito lucrativo não correr atrás das riquezas. O que segue nos v. 7-10 são as três razões por que não devemos ambicionar riquezas.
Receber aumento não é a mesma coisa que ficar rico
Primeiro deixe-me inserir um esclarecimento. Vivemos em uma sociedade em que muitos negócios legítimos dependem de grande, concentrações de capital. Você não pode construir uma nova fábrica sem investir milhões. Por isso, executivos financeiros em grandes empresas muitas vezes têm a responsabilidade de formar reservas, por exemplo vendendo ações à comunidade. Ao condenar o desejo de ficar rico, a Bíblia não está necessariamente condenando uma firma que planeja expandir-se e para isso procura formar grandes reservas de capital. Os diretores do empreendimento podem ter a ambição de pessoalmente ficar mais ricos, ou a motivação mais nobre de como o aumento da sua capacidade de produção pode beneficiar as pessoas.
Mesmo quando uma pessoa que é competente em sua profissão recebe uma oferta de emprego com maior remuneração e a aceita, isso não é motivo suficiente para condená-la como se estivesse querendo ficar rica. Ela pode ter aceitado o emprego por causa do poder, da posição social e dos luxos que o dinheiro pode lhe trazer. Ou, contente com o que tem, pode querer usar o dinheiro extra para criar uma agência de adoções, dar uma bolsa, enviar um missionário, ou ajudar um ministério em algum bairro.
Trabalhar para ganhar dinheiro para a causa de Cristo não é a mesma coisa que querer ficar rico. Paulo não está advertindo contra o desejo de ganhar dinheiro para suprir nossas necessidades ou as de outros, mas contra o desejo de termais e mais dinheiro e contra promover o ego e o luxo material que ele pode proporcionar.
Carros funerários não têm reboques
Vejamos as três razões que Paulo dá nos v. 7-10 por que não devemos aspirar ser ricos:
1) Nov. 7 ele diz: "Nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele". Carros funerários não têm reboques.
Imagine que alguém passe de mãos vazias pelas catracas de um grande museu de arte e comece a tirar os quadros das paredes e carregá-los embora debaixo do braço. Você vai até ele e pergunta:
—O que você está fazendo?
—Estou me tornando um colecionador de arte — ele responde.
— Mas esses quadros não são seus você revida. Ninguém vai deixar você sair
daqui com eles. Você tem de sair do mesmo jeito que entrou.
Mas ele insiste:
—É claro que esses quadros são meus. Estão debaixo do meu braço. As pessoas nos corredores consideram-me um importante negociador de quadros. E não estou me preocupando com a idéia de sair. Não seja um estraga-prazeres.
Nós diríamos que essa pessoa é maluca! Está fora da realidade. O mesmo acontece com quem se ocupa em ficar rico nesta vida. Nós sairemos dela exatamente do modo que entramos. Ou imagine 269 pessoas chegando à eternidade por causa da queda de um avião no mar do Japão. Nele havia um político importante, um empresário milionário, um playboy e sua amante, e um filho de missionários voltando de uma visita aos avós.
Agora eles estão diante de Deus totalmente privados de seus cartões de crédito, talões de cheques, linhas de crédito, roupas finas, livros de auto-ajuda e reservas de hotel. Ali estão o político, o executivo, o playboy e o filho de missionários todos no mesmo nível, com absolutamente nada nas mãos, possuindo apenas o que traziam no coração. Que absurda e trágica será naquele dia a posição do homem que amava o dinheiro — como a de alguém que passou a vida toda colecionando bilhetes de metrô e no fim não consegue carregar todos eles e perde o último trem. Não passe sua vida preciosa tentando ficar rico, diz Paulo, porque "nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele".
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