"...quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio." - 2Co 7.11
Um genuíno senso do pecado. A iluminação espiritual e a renovação das inclinações que são afetadas na regeneração levam o crente a perceber e apreciar a santidade de Deus como revelada igualmente na lei e no evangelho (Rm 3.20; Jó 43.5,6); e nessa luz ver e sentir a excessiva gravidade de todo pecado e a absoluta pecaminosidade de sua própria natureza e conduta. Esse sentido de pecado corresponde precisamente aos fatos reais do caso, e o homem se apercebe de quão justo é Deus, como sempre o foi.
Arrependimento inclui:
Consciência de culpa; isto é, expondo a punição merecida, como sendo oposta à justiça de Deus. SI 51.4,9.
Consciência de corrupção, como sendo oposta à santida¬de de Deus. SI 51.5,7,10.
Consciência de desamparo. SI 51.11; 114.21,22.
As bases do arrependimento são —
A luminosa apreensão da misericórdia de Deus em Cristo. Isso se faz necessário para o genuíno arrependimento —
Porque a consciência debilitada ecoa a lei de Deus e não pode ser apaziguada por nenhuma outra propiciação senão por aquela exigida pela própria justiça divina; e até que isso seja feito numa confiante aplicação dos méritos de Cristo, ou a indiferença entorpecerá ou o remorso atormentará sua alma.
Porque fora de Cristo Deus é "fogo consumidor", e o medo inextinguível de sua ira repele a alma. Dt 4.24; Hb 12.29.
0 senso da espantosa bondade de Deus, aos nossos olhos, na dádiva de seu Filho, e de nossa ingrata retribuição a ela, é o mais poderoso meio de conduzir a alma ao genuíno arrependimento do pecado quando cometido contra Deus. SI 51.4.
Isso se pode provar pelos exemplos de arrependimento re listrados na Escritura (SI 51.1; 130.4) e pela experiência universal dos cristãos nos tempos atuais.
Quanto à sua essência, o genuíno arrependimento consiste
Numa sincera aversão ao pecado e no pesar pelo nosso pecado pessoal (SI 119.128,136). O pecado é visto como sendo excessivamente grave à luz da santidade divina, da lei de Deus e especialmente da cruz de Cristo. Quanto mais vemos de Deus na face de Cristo, mais nos abominamos e nos arrependemos no pó e na cinza. Jó 42.5,6; Ez 36.31. "Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação." 2 Co 7.10. "pois o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado." Rm 3.20. E, assim, "a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo." Gl 3.24.
A essência do arrependimento consiste —
Em nossa real conversão de todo pecado para Deus. Esse é aquele retorno prático ou "conversão" do pecado para Deus, que é a instantânea e necessária conseqüência da regeneração. É um voluntário abandono do pecado como mau e odioso, com sincera tristeza, humilhação e confissão; e um retorno para Deus como nosso Pai reconciliado, no exercício da fé implícita nos méritos e assistente graça de Cristo. Isso é caracterizado pelo significado do termo grego usado pelo Espírito Santo para expressar a idéia de arrependimento - isto é, "uma mudança de mente", incluindo, evidentemente, uma mudança de pensamento, sentimento e propósito, correspondendo ao nosso novo caráter como filhos de Deus. Se em tal atitude houver sinceridade, naturalmente seremos guiados ao elemento do arrependimento prático, isto é,
Um sincero propósito de, e um perseverante esforço para, nova obediência. At 26.20.
A luz dessas características, pode notar-se que arrependimento para a vida só pode ser exercido por uma alma depois e em conseqüência de sua regeneração efetuada pelo Espírito Santo. Deus regenera; e nós, no exercício da nova e graciosa capacidade assim comunicada, nos arrependemos. Arrependimento e conversão, portanto, são termos aplicados às vezes à mesma experiência graciosa. O uso bíblico dos dois termos difere em dois aspectos: —
Conversão é o termo mais geral, incluindo todas as diversas experiências envolvidas no início da vida divina em nós. Ela enfatiza especialmente aquela experiência como um volver-se para Deus. Arrependimento é mais específico, dando proeminência à obra da lei na consciência, e enfatizando especialmente as experiências que tratam o novo nascimento como sendo um volver-se do pecado.
Conversão é geralmente usada para designar somente as primeiras ações da nova natureza no início da vida religiosa, ou os primeiros passos de um retorno para Deus depois de uma notável recaída (Lc 22.32); enquanto que arrependimento é uma experiência diária do cristão enquanto prossegue a luta contra o pecado em seu coração e vida. SI 19.12,13; Lc 9.23; Gl 6.14; 5.24.
Há um falso arrependimento experimentado antes da regeneração por aqueles que nunca são regenerados, o qual surge simplesmente das operações comuns da verdade e do Espírito na consciência natural, incitando simplesmente certo senso de culpa e corrupção, não levando nem à aversão pelo pecado nem à apreensão da misericórdia de Deus em Cristo, nem ao retorno prático do pecado para Deus. A legitimidade do genuíno arrependimento prova-se —
a. Em ser ele perfeitamente conformado aos requerimentos e ensinamentos da Escritura, e
b. Por seus frutos. Se é genuíno, infalivelmente emana da regeneração e guia à vida eterna.
Quando assim definido, o arrependimento é, como a fé, uma graça evangélica a nós comunicada em virtude de Cristo, bem como um dever a nós imposto. O que se diz aqui do arrependimento é igualmente verdadeiro de cada experiência característica do sujeito da regeneração e da santificação. Cristo é a videira; nós somos os ramos. Somos também livres; agentes responsáveis. Cada dever cristão, portanto, é uma graça; pois sem ele não podemos fazer nada. Jo 15.5. E igualmente cada graça cristã é um dever; porque a graça nos é comunicada para ser exercida, e ela só encontra seu genuíno resultado e expressão no dever.
Que ele, portanto, é um dom de Deus, é óbvio —
A luz de sua natureza. Ele envolve verdadeira convicção de pecado; uma santa aversão ao pecado; fé no Senhor Jesus e sua obra, fé esta que é um dom de Deus. Gl 5.22; Ef 2.8.
É diretamente afirmado na Escritura. Zc 12.10; At 5.31; 11.18; 2Tm2.25.
Que deve ser diligentemente proclamado por todo ministro do evangelho é Auto-evidente à luz da natureza essencial do dever.
Porque tal proclamação foi incluída na comissão que Cristo deu aos apóstolos. Lc 24.47,48.
Em virtude do exemplo dos apóstolos. At 20.21.
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