A Oração muda as Coisas? - R. C. Sproul
Ensinaram-nos que a oração muda as coisas, em vista da soberania de Deus, qual é o papel da oração na vida cristã?
Antes de qualquer outra coisa, precisamos estabelecer que é a soberania de Deus que não somente nos convida, mas nos ordena a orar. Oração é um dever, e quando cumprimos esse dever, uma coisa certamente será mudada, e essa coisa somos nós. Viver uma vida de oração é viver uma vida de obediência a Deus.
Também precisamos entender que existe mais na oração do que intercessão e súplica. Quando os discípulos disseram a Jesus "Senhor, ensina-nos a orar" (Lc 11.1), viram uma ligação entre o poder de Jesus e o impacto do seu ministério e o tempo que ele passava em oração. Obviamente, o Filho de Deus sentiu que a oração era uma iniciativa valiosa pois ele se entregava a ela profunda e apaixonadamente. Mas fiquei surpreso de que ele tenha respondido a pergunta dizendo: ''Quando orardes, dizei:", e lhes deu a Oração Dominical. Eu esperaria que Jesus respondesse aquela pergunta de maneira diferente: "Vocês querem saber como orar? Leiam os Salmos", porque ali encontramos orações inspiradas. O próprio Espírito que nos ajuda a orar inspirou as orações que estão registradas nos Salmos. Quando leio os Salmos, leio intercessão e leio súplica, mas, predominantemente o que leio é uma preocupação com adoração, com ação de graças e com confis¬são. Tome esses elementos da oração, e o que acontece com a pessoa que aprende a adorar a Deus? Essa pessoa é transformada. O que acontece com a pessoa que aprende a expressar sua gratidão a Deus? Essa pessoa ficará cada vez mais consciente da mão da Providência em sua vida, e crescerá em seu senso da gratidão a Deus. O que acontece com a pessoa que gasta tempo confessando o seu pecado a Deus? Ela mantém diante de seus olhos a santidade de Deus, e a necessidade de prestar contas a ele continuamente.
Mas os nossos pedidos podem mudar o plano soberano de Deus? Sem dúvida não. Quando Deus declara soberanamente que fará alguma coisa, nem todas as orações do mundo irão mudar a mente de Deus. Mas Deus não apenas ordena os fins, mas também ordena os meios para alcançar os fins, e parte do processo que ele usa para realizar sua vontade soberana são as oracões de seu novo. Portanto, devemos orar.
A oração – R. C. Sproul
Salmo 5.1-3; João 14.13,14; Romanos 8.26,27; Filipenses 4.6,7; 1 João 5.14,15
Podemos falar com Deus. Ele fala verbalmente conosco em sua Palavra e não verbalmente por meio da sua clara providência. Nós temos comunhão com Deus através da oração. Charles Hodge declarou que "oração é a conversa da alma com Deus". Na oração e através dela expressamos nossa reverência e adoração a Deus; desnudamos nossa alma em confissão contrita diante dele; expressamos-lhe as ações de graças de um coração grato e apresentamos-lhe nossos pedidos e súplicas.
Na oração temos experiência com um Deus pessoal e poderoso. Ele pode nos ouvir e responder. A Bíblia ensina a preordenação soberana de Deus e a eficácia da oração. As duas não são incompatíveis entre si, pois Deus ordena os meios bem como os fins para seus propósitos divinos. A oração é um meio usado por Deus para levar sua vontade soberana à concretização.
A oração deve ser dirigida unicamente a Deus, seja ao Deus Triúno ou às pessoas distintas da Deidade. Orar a criaturas é idolatria.
A oração correta tem vários requisitos. O primeiro é que nos aproxime¬mos de Deus com sinceridade. Frases vazias e insinceras são zombaria dirigida a ele. Tal oração, longe de ser um exercício da religião piedosa, constitui uma ofensa a Deus.
O segundo requisito é que nos aproximemos de Deus com reverência. Enquanto oramos, devemos sempre lembrar com quem estamos falando. Dirigirmo-nos a Deus de maneira leviana, casual ou irreverente, como se estivéssemos falando com um amigo terreno, é tratá-lo com o desrespeito da familiaridade. Assim como as pessoas prestam homenagem a um rei entrando em sua presença com uma postura de respeito e obséquio, assim devemos ir à presença de Deus com o pleno reconhecimento da sua suprema majestade.
O terceiro requisito, decorrente do anterior, é que nos aproximemos de Deus em humildade. Não só devemos recordar quem ele é, como devemos re¬cordar também quem e o que somos. Somos seus filhos adotivos. Somos tam¬bém criaturas pecadoras. Ele nos convida a entrarmos com ousadia em sua pre¬sença, mas nunca com arrogância.
Deus nos instrui a sermos solícitos e fervorosos em nossas súplicas. Ao mesmo tempo, devemos chegar com a atitude de submissão espontânea. Dizer, "seja feita a tua vontade" não é uma indicação de falta de fé. A fé que trazemos com a oração deve incluir a confiança de que Deus é capaz de ouvir nossa ora¬ção e que está disposto a respondê-la. Mesmo quando Deus diz "não" às nossas petições, esta fé também confia em sua sabedoria. A sabedoria e a benevolência de Deus devem sempre e em todas as circunstâncias ser pressupostas por aque¬les que apresentam suas petições diante dele.
Oramos no nome de Jesus porque, desta maneira, reconhecemos seu ofício de Mediador. Como nosso Sumo Sacerdote, Cristo é nosso intercessor mesmo quando o Espírito Santo é nosso ajudador em nossas orações.
O acróstico CASA, no qual cada letra indica um elemento vital da ora¬ção, é útil no aprendizado sobre oração.
C = Confissão
A = Adoração
S = Súplica
A = Ações de graças
Seguindo este acróstico bem simples, estaremos certos de estar incluin¬do todos os elementos apropriados em nossas orações.
Sumário
1. Oração é comunhão com Deus.
2. A oração deve ser feita somente a Deus.
3. A oração deve ser sincera, reverente e humilde.
4. A Bíblia ordena que sejamos fervorosos e persistente na oração.
5. A oração da fé é a oração confiante na sabedoria e bondade de Deus.
6. O acróstico CASA é um bom auxílio para a oração.
Orar até orar de verdade - A.W.Tozer |
O Dr. Moody Stuart, um homem de oração, certa vez estabeleceu regras que o guiassem em suas orações. Entre essas regras, havia a seguinte: `Ore até orar de verdade´. A diferença entre orar até o momento em que você pára de orar, e orar até você realmente orar é ilustrada pelo evangelista americano John Wesley Lee. Ele sempre comparava um período de oração com um culto na igreja, e insistia que muitos de nós terminamos a reunião antes do culto ter terminado. Ele confessou que certa vez saiu cedo demais de uma reunião de oração e foi indo por uma rua para cuidar de alguns negócios urgentes. Ele não tinha caminhado muito quando uma voz em seu interior o repreendeu. `Filho,´ - a voz parecia perguntar - `você pronunciou a bênção quando a reunião não havia ainda terminado?´ Ele caiu em si e imediatamente voltou correndo ao lugar da reunião de oração, onde permaneceu até que toda a carga que sentia saiu e a bênção sobre si desceu. O hábito de interromper nossas orações antes de termos realmente orado é algo tão comum quanto infeliz. Com freqüência os últimos dez minutos podem significar mais para nós do que a primeira meia hora, porque temos que gastar um bom tempo até atingirmos a verdadeira condição para uma oração efetiva. Pode ser que tenhamos que lutar com os nossos pensamentos de forma a retirá-los das muitas distrações que resultam do fato de habitarmos num mundo todo em desordem. Aqui, assim como em todas as demais questões espirituais, temos que ter certeza de que estamos distinguindo o ideal do real. O ideal seria vivermos a cada momento num estado de perfeita união com Deus de forma que nenhum preparo fosse necessário. Mas na verdade são poucos os que honestamente podem dizer que é isso o que acontece em sua vida. Para sermos francos, a maioria de nós tem de admitir que com freqüência enfrentamos uma luta antes de ter condições de escapar de uma alienação emocional e de um senso de irrealidade que às vezes prevalecem em nós. Não importando o que um idealismo sonhador possa dizer, somos forçados a encarar as coisas no nível da realidade prática. Se quando vamos orar o nosso coração sente-se endurecido e não espiritual, não deveríamos convencer-nos do contrário. Antes, devemos admitir a situação com franqueza, e então orar até o fim. Alguns cristãos chegam a sorrir diante da expressão `orar até o fim´, mas isso ou algo parecido com isso, é encontrado nos escritos de quase todos os grandes santos de oração, dos dias de Daniel até hoje.´ Não podemos parar de orar antes de termos orado de verdade. Por A. W. Tozer Extraído do Livro " Este mundo: lugar de lazer ou campo de batalha" Deus Sempre Responde à Oração? A.W.TozerContrariamente à opinião popular, o cultivo de uma psicologia da crença acrítica não é um bem incondicional e se levado longe demais, pode tornar-se positivamente um mal: O mundo inteiro caiu estupidamente nas arapucas do diabo, e a arapuca mais mortal é a religiosa. O erro nunca parece tão inocente como quando se acha no santuário. Um campo em que armadilhas aparentemente inofensivas mas de fato mortais, aparecem em grande profusão é o da oração. As doces noções sobre oração existentes são tantas que não caberiam num volumoso livro, todas elas erradas e sumamente prejudiciais às almas dos homens. Penso agora numa dessas falsas noções que se acha muitas vezes em locais aprazíveis, em sorridente consórcio com outras noções de inquestionável ortodoxia. É a de que Deus sempre responde à oração. Este erro aparece entre os santos como uma espécie de terapia filosófica para todos os fins, para impedir que algum cristão decepcionado sofra um choque forte demais quando se evidencia que as suas expectativas, calcadas na oração, não se estão cumprindo. Dá-se a explicação de que Deus sempre responde à oração, seja dizendo Sim, seja dizendo Não, ou substituindo o favor desejado por alguma outra coisa. Ora, seria difícil inventar um artifício mais bonito que esse para salvar a situação do suplicante cujos pedidos foram negados por sua desobediência. Assim, quando uma oração não é respondida, ele só tem de sorrir vivamente e explicar: "Deus disse Não". Isso tudo é muito cômodo. Sua hesitante fé é salva de confusão e permite que sua consciência minta tranqüilamente. Mas eu pergunto se isso é honesto. Para receber-se resposta à oração, como a Bíblia emprega o termo e como historicamente os cristãos o têm entendido, dois elementos precisam estar presentes: (1) Um claro pedido feito a Deus, de um favor específico. (2) Uma clara concessão desse favor, feita por Deus, em resposta ao pedido. É preciso que não haja nenhum desvio semântico, nenhuma troca de rótulos, nenhuma alteração do mapa durante a viagem empreendida para ajudar o embaraçado turista a encontrar-se a si mesmo. Quando nós dirigimos a Deus a petição de que Ele modifique a situação em que nos achamos, isto é, de que Ele responda a oração, precisamos preencher duas condições: (1) Devemos orar segundo a vontade de Deus e (2) devemos estar naquilo que os cristãos à moda antiga muitas vezes chamam de "território da oração"; isto é, devemos estar vivendo de modo agradável a Deus. É vão pedir a Deus que aja de maneira contrária aos Seus propósitos revelados. Para orar com confiança, o peticionário deve assegurar-se de que a súplica se enquadra na livre vontade de Deus quanto ao Seu povo. A segunda condição também é de vital importância. Deus não se pôs na obrigação de acatar pedidos de cristãos mundanos, carnais ou desobedientes. Ele só ouve e responde às orações dos que andam em Suas veredas. "Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos, dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos diante dele o que lhe é agradável... Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito" (1 João 3:21, 22; João 15:7). Deus deseja que oremos e deseja responder às nossas orações, mas Ele faz o nosso uso da oração como privilégio, fundir-se com o Seu uso da oração como disciplina. Para recebermos respostas à oração precisamos cumprir os termos de Deus. Se negligenciarmos os Seus mandamentos, as nossas _petições não serão levadas em consideração. Ele somente alterará situações à solicitação de almas obedientes e humildes. O sofisma, Deus-sempre-responde-às-orações, deixa sem disciplina o homem que ora. Pelo exercício desta peça de lisonjeiro casuísmo, ele ignora a necessidade de viver sóbria, justa e piedosamente neste mundo, e de fato entende a peremptória recusa de Deus a responder sua oração como sendo a própria resposta. É natural que tal homem não cresça em santidade; que nunca aprenda a lutar e a esperar; que nunca saiba o que é ser corrigido; que nunca ouça a voz de Deus, convocando-o para ir avante; que nunca chegue ao ponto em que estaria moral e espiritualmente apto para ter respondidas as suas orações. Sua filosofia errônea o arruinou. Por isso exponho a má teologia em que se firma a sua má filosofia. O homem que a aceita nunca sabe onde está; nunca sabe se tem a verdadeira fé ou não, pois, se o seu pedido não é atendido, ele evita a conclusão certa com o artifício de declarar que Deus fez girar a coisa toda e lhe deu outra coisa. Ele não se sujeitará a atirar num alvo, de modo que não se sabe se é bom ou mau atirador. De certas pessoas Tiago diz claramente: "... pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres." Dessa breve sentença podemos aprender que Deus rechaça alguns pedidos porque aqueles que os fazem não são moralmente dignos de receber a resposta. Mas isto nada significa para aquele que foi seduzido pela crença em que Deus sempre responde à oração. Quando um homem desses pede e não recebe, faz um passe de mágica e identifica a resposta com alguma outra coisa. A uma coisa ele se apega com grande tenacidade: Deus nunca manda ninguém embora, mas invariavelmente atende todos os pedidos. A verdade é que Deus sempre responde à oração que se harmoniza com a Sua vontade revelada nas Escrituras, contanto que aquele que ora seja obediente e confiante. Além disto não nos atrevemos a ir. Fonte: Homem: Habitação de Deus - A. W. Tozer - Editora Mundo Cristão - p. 70 a 72.
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