Paulo olha para isso e o chama um "grande mistério". Por quê?
Ele aprendera de Jesus que a igreja é o corpo de Cristo (Ef 1.23).Pela fé, as pessoas são ligadas a Jesus Cristo. O novo crente, assim, se torna um com todos os outros crentes, de modo que "somos um em Cristo Jesus" (Gl 3.28). Os crentes em Cristo são o corpo de Cristo. Nós somos o organismo por meio do qual ele manifesta a sua vida, e no qual mora o seu Espírito.
Sabendo isso sobre o relacionamento entre Cristo e a igreja, Paulo vê um paralelo com o casamento. Ele vê que marido e esposa se tornam uma só carne e que Cristo e a igreja se tornam um só corpo. Por isso ele diz à igreja, por exemplo em 2Coríntios 11.2: "Zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo". Ele retrata Cristo como o marido, a igreja como a noiva, e a conversão como o momento do noivado, que Paulo ajudara a concretizar. A apresentação da noiva ao seu marido provavelmente acontecerá por ocasião da segunda vinda do Senhor, mencionada em Efésios 5.27("para a apresentar a si mesmo Igreja gloriosa").
A impressão é que Paulo usa o relacionamento no casamento humano, tirado de Gênesis 2, para descrever e explicar o relacionamento entre Cristo e a igreja. Contudo, se fosse esse o caso, o casamento não seria um mistério, como Paulo o chama em Efésios 5.32; seria a coisa clara e óbvia que explica o mistério de Cristo e a igreja. Portanto, há mais no casamento do que o que se vê à primeira vista. O que é?
O mistério é este: Deus não criou a união entre Cristo e a igreja conforme o padrão do casamento humano; é o contrário! Ele criou o casamento humano segundo o padrão da relação de Cristo com a igreja.O mistério de Gênesis 2.24 é que o casamento descrito é uma parábola ou símbolo do relacionamento de Cristo com seu povo. Havia mais coisas acontecendo na criação da mulher do que se percebe à primeira vista. Deus não faz as coisas à toa. Tudo tem propósito e sentido. Quando Deus se propôs criar homem e mulher e ordenar a união do casamento, ele não jogou dados nem palitos nem lançou uma moeda no ar para determinar como eles deveriam se relacionar. Ele organizou o casamento intencionalmente de acordo com o relacionamento entre seu Filho e a igreja, que ele já tinha planejado lá na eternidade.
Por isso o casamento é um mistério — ele contém e oculta um sentido muito maior do que se vê de fora. Deus criou o ser humano macho e fêmea, e preparou o casamento para que essa união servisse de imagem do relacionamento da aliança eterna entre Cristo e sua igreja. Como escreveu Geoffrey Bromiley, "assim como Deus fez o ser humano à sua própria imagem, ele fez o casamento à imagem do seu próprio matrimônio eterno com seu povo".
A inferência que Paulo tira desse mistério é que os papéis de marido e esposa no casamento não foram atribuídos arbitrariamente, mas estão fundados nos papéis distintos de Cristo e sua igreja. Os casados precisam ponderar repetidamente como é misterioso e maravilhoso que Deus nos concede, no casamento, o privilégio de servir de imagem de realidades divinas estupendas, infinitamente maiores e melhores do que nós mesmos.
Essa é a base do padrão de amor que Paulo descreve para o casamento. Não é suficiente dizer que cada cônjuge deve buscar sua alegria na alegria do outro. Também é importante dizer a maridos e esposas que devem copiar conscientemente o relacionamento pretendido por Deus para Cristo e a igreja.
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