Com freqüência tem sido mal compreendida esta ex-pressão: «Não tomeis nenhum pensamento» (Mateus 6.34) e . . . muitos têm coxeado e tropeçado. . . o verdadeiro sentido de «Não tomeis nenhum pensamento» mudou desde que foi posta em circulação a Versão Autorizada (Authorized Version), em 1611. Se você consultar os especialistas nesse campo, verá que eles fazem citações de Shakespeare para mostrar que «tomar pensamento» era então usado no sentido de «estar ansioso», ou tender para a inquietude. Assim, a verdadeira tradução. . . deveria ser: «Não estejais ansiosos», ou «Não tenhais ansiedade», ou, se você prefere, «Não vos inquieteis» (que é como aparece na Edição Revista e Atualizada no Brasil), acerca de sua vida, sobre o que haveis de comer ou beber. . . a palavra empregada por Jesus é deveras interessante; é a palavra usada para indicar algo que nos divide, separa ou desvia a atenção, vocábulo utilizado com grande freqüência no Novo Testamento. . . você encontrará (em Lucas 12.29) a expressão . . . «não vos entregueis a inquietações», ou seja, «nem tenhais mente impregnada de dúvidas».
Trata-se da mente dividida em secções e compartimentos, não funcionando como um todo. A melhor maneira de descrever a situação é dizer que essa mente não é «um só foco visual», ou «olho singelo». Há uma espécie de visão dupla, um olhar em duas direções ao mesmo tempo, não se tendo, pois, nenhuma percepção visual correta de coisa alguma. . .
A história de Marta e Maria oferece ilustração ainda melhor do sentido dessa expressão... (Lucas 10.38-42). Nosso Senhor voltou-se para Marta e a repreendeu. Disse-lhe: «Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas cousas». A pobre Marta estava com a atenção desviada — este é o verdadeiro significado da expressão; ela não sabia em.que altura estava nem o que, de fato, queria. Por outro lado, Maria tinha um único propósito, um único alvo; não a distraíam muitas coisas. Portanto, a advertência do Senhor é contra o perigo de sermos desviados do principal objetivo da vida pela preocupação com coisas terrenas e mundanas, ao fixarmos os olhos nelas e perdermos Deus de vista.
Studies in the Sermon on the Mount, ii, p. 110.
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