A vida cristã é ao mesmo tempo uma grande alegria e um grande conflito. A alegria e o conflito são sincrônicos, e não seqüenciais. O fato é que não somos, de algum modo, graduados além do conflito, para uma vida de “alegria e paz no crer”. Pensar assim significa deixar de entender o que é a vida cristã. Deixe-me explicar.
Em um de seus mais profundos e famosos aforismos, Martinho Lutero disse que o cristão é simul iustus et peccator, ao mesmo tempo justificado e pecador. Nem por um momento, o cristão se eleva acima da realidade de seu pecado. Nem por um momento, o cristão se eleva acima de suas lutas com o mundo, a carne e o Diabo. Não, mil vezes não. É precisamente neste assunto que Satanás engana e deprime muitos cristãos verdadeiros. Não estou, nem por um momento, tentando justificar o baixo nível de viver cristão. Não estou procurando acomodar o pecado. Pelo contrário, meu interesse é comunicar fielmente a você e a mim mesmo a presente realidade da vida cristã.
Nosso Senhor Jesus era (e continua a ser) o homem perfeito. Ele não tinha imperfeições; e não pecou porque não podia pecar. Apesar disso, as Escrituras nos contam que ele experimentava tentações constantes. Desde o ventre até ao sepulcro, Satanás procurou fazer o mal a nosso Senhor e, até, destruí-lo. Mesmo nos momentos finais da vida de Jesus, a voz de Satanás pôde ser ouvida: “Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido”. Sofrimento, tentação, julgamento fizeram parte da vida do Homem Perfeito. Não foi o pecado que lhe trouxe essas provações; foi a fidelidade.
Portanto, o mesmo se aplica a nós, que fomos unidos com Cristo, pelo poder do Espírito Santo, mediante a fé. É claro que há esta diferença: Satanás tem um “campo de pouso” em nossa vida que não teve na vida de nosso Senhor – o pecado remanescente. Nossas lutas com o mundo e o seu príncipe são acentuadas pela presença dos “traidores” em nosso coração. Sempre tem sido verdade que, “através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus”.
Por que mencionar isso? Por esta razão: todos precisamos entender a forma da vida cristã; e essa forma é uma cruz. A vida de todo crente é uma vida diária de morte e ressurreição. O que aconteceu com o Homem Perfeito também acontecerá com os seus irmãos e as suas irmãs. Esse é o nosso grande privilégio. Contudo, muito mais do que isso, essa verdade nos recorda que temos de viver realisticamente. Isso era o que Pedro queria dizer quando escreveu: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo”.
Muito freqüentemente Satanás nos desanima por ressaltar nossas lutas e conflitos. Ele diz: “Você – um cristão?” Precisamos aprender a responder-lhe: “Sim, pela graça de Deus, eu sou um cristão. E, em minhas lutas e conflitos, estou combatendo o bom combate da fé contra o mundo, a carne e o Diabo”. Até ao dia em que morrermos, levaremos em nosso corpo o “morrer de Jesus”, para que, também, a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo.
Então, prossigamos, continuemos a avançar, “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé”.
Traduzido por: Wellington Ferreira.
Copyright:
© Ian Hamilton
© Editora FIEL 2010.
- Ian Hamilton
Traduzido do original em inglês: The Christian: Righteous and yet a Sinner. Publicado originalmente no site da Editora The Banner of Truth.
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