por Vincent Cheung
A graça nos salva, mas nos deixa inalterados, ou somos mudados pela graça que nos salva?
D. A. Carson diz: “Os cristãos jamais têm o direito de dizer ‘Sou mais inteligente do que você’, pois lá no fundo sabem que jamais podem ser mais do que tolos a quem se tem demonstrado perdão e graça” (The God Who Is There, p. 93).
Mas a Bíblia diz: “Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu coração. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação, cometendo com avidez toda espécie de impureza. Todavia, não foi isso que vocês aprenderam de Cristo. De fato, vocês ouviram falar dele, e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” (Ef 4.17-24).
Não preciso ir lá “no fundo” para reconhecer que sem Cristo eu seria um tolo assim como qualquer não cristão. Mas não estou sem Cristo. Ele não me salvou para então deixar-me como tolo; ao contrário, por seu ato salvífico ele me fez mais sábio. Ele me deu conhecimento e uma mente que crê para entender a verdade. Não tenho o direito de dizer “Eu era mais inteligente do que você” a um não cristão, mas da mesma forma não tenho o direito de dizer “Ainda não sou mais inteligente do que você”. Antes, devo dizer “Agora sou infinitamente superior a você em sabedoria, pois a revelação de Deus é infinitamente superior a qualquer coisa que um não cristão possa crer. Mas Deus me fez assim como uma dádiva, uma dádiva que ele concede a todos aqueles a quem ele escolheu”.
D. A. Carson diz: “Nunca somos mais do que pobres pedintes dizendo a outros pobres pedintes onde há pão” (The God Who Is There, p.93).
Se isso é verdade, Cristo não fez nada por nós. Mas a Bíblia diz: “Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos” (2 Co 8.9).
O filho pródigo era pobre quando dividiu um lugar entre os porcos, mas dizer que ele permaneceu pobre após ter voltado para casa seria uma bofetada no rosto do pai. Ao invés disso, um cristão diz: “Eu era muito pobre, mas Jesus Cristo me fez rico. Não me tornei assim por causa de minha sabedoria ou força, mas somente por causa da bondade dele. Mas permanece o fato que agora sou rico”.
Certamente se os cristãos são superiores aos não cristãos, é por causa da graça de Deus por meio do evangelho de Jesus Cristo. Mas a graça e o efeito do evangelho realmente mudam aqueles que creem, de modo que não pode ser dito para sempre que o poder deles é diferente e externo. Uma graça que não é internalizada é uma graça desdenhada. Um evangelho que não é personalizado é um evangelho negado. Um cristão que não foi feito mais sábio e santo que um não cristão é um não cristão. Uma humildade que nega isso é uma humildade ingrata e indolente.
Vocês, pregadores e teólogos, que sua falsa humildade queime no inferno junto com o orgulho do diabo. Parem de envenenar as ovelhas de Cristo. Ensinem uma humildade que honre a obra de Cristo.
Traduzido por Marcelo Herberts
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