Em Levítico 23, Deus ordenou através de Moisés que Israel celebrasse sete festas, chamadas festas solenes do SENHOR(YAHWEH). Tratava-se de festas memoriais dos grandes feitos do SENHOR entre os israelitas, que serviam para não se esquecer das maravilhas e dos milagres que Deus havia realizado pelo povo. Mas,em parte elas também eram festas que se relacionavam com a agricultura, festas de ações de graças pela colheita. Além disso, elas tinham um sentido simbólico-profé tico da salvação divina futura. Veremos que a primeira festa, a festa da Páscoa, cumpriu-se de maneira maravilhosa em Jesus Cristo.
O calendário bíblico começa com o mês primaveril de abibh. No dia 14 desse mês, ao entardecer, começa a Pessach (a Páscoa Judaica), quando o cordeiro era morto. Em Êxodo 12, Deus deu instruções detalhadas através de Moisés sobre como tudo deveria ser feito na noite em que o anjo destruidor passasse pelo Egito.
Em primeiro lugar, Moisés ordenou que no décimo dia do primeiro mês toda família deveria tomar para si um cordeiro ou um cabrito, macho de um ano, sem mácula (Êxodo 12.3-6). Essa ordenança aparentemente secundária teve cumprimento maravilhoso e impressionante em Jesus, que tornou-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo: Jesus foi a Jerusalém antes da Páscoa com a intenção declarada de sofrer e morrer, depois de ter ficado bastante tempo em lugar retirado, evitando a prisão ordenada pelos principais sacerdotes e fariseus (João 11.54). Seis dias antes da Páscoa Ele chegou a Betânia (João 12.1), próxima a Jerusalém. No primeiro dia da semana (Domingo de Ramos), Ele entrou publicamente na cidade e no templo acompanhado dos brados de júbilo dos discípulos e do povo (João 12.12). Ele veio a Jerusalém conscientemente para sofrer e morrer, e a respeito disso Ele havia falado com Seus discípulos em diversas oportunidades, mas eles não conseguiram entendê-lO. Na minha opinião, esse foi o décimo dia do primeiro mês, quando o cordeiro pascal tinha de ser separado, Jesus igualmente separou-se e recolheu-se, preparando-se para Sua última jornada, de sofrimento e morte, como aconteceu com o cordeiro no Egito, que antes de ser sacrificado foi separado por quatro dias (Êxodo 12.6).
Mais um aspecto da vida e do ministério de Jesus mostra os quatro dias de recolhimento de Jesus que antecederam Sua morte: conforme o Evangelho de João, o ministério público de Jesus, desde a prisão de João Batista até Sua crucificação, durou aproximadamente três anos e meio (três festas da Páscoa são mencionadas, a uma quarta são feitas referências). O batismo no Jordão, quando João Batista disse de Jesus: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo? (Jo 1.29), deve ter ocorrido algum tempo antes. Assim, parece ter transcorrido aproximadamente quatro anos entre esse acontecimento e a morte de Jesus, o que " em, sentido figurado, seria mais um cumprimento dos quatro dias de espera para a imolação do cordeiro pascal. A imaculabilidade do cordeiro (Êxodo 12.5) também aponta para a vida impecável de Jesus, que podia dizer: "Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes?" (João 8.46).
A entrega de Jesus para ser sacrificado é descrita em João 19.14-16. Lemos no versículo 14: "E era a preparação da páscoa, e quase à hora sexta;...". Tudo aconteceu nesse dia, embora os principais sacerdotes e anciãos do povo tentassem evitar a coincidência com a festa (Mateus 26.4-5). A pressa com que o processo e a execução aconteceram, mostra como se procurou e se tinha que resolver a questão rapidamente, porque a importante festa está próxima. Jesus ficou dependurado na cruz por seis horas, das nove horas da manhã às três da tarde, quando inclinou Sua cabeça e morreu. A tradição judaica diz que às três horas da tarde os cordeiros pascais começavam a ser sacrificados, e eles somente podiam ser mortos no templo porque o sangue devia ser colocado sobre o altar (Deuteronômio 16.5-7). Como tinham que ser mortos milhares de animais, era necessário começar às três horas da tarde. A exatidão do cumprimento do simbolismo [, sinalização e selagem] em Jesus Cristo é assombrosa, como se Deus quisesse mostrar ao Seu povo mais uma vez com insistência: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". Os sinais que acompanharam a morte de Jesus foram visíveis para todos. Houve trevas sobre a terra desde o meio-dia até às três horas da tarde, e então, quando Jesus morreu, tremeu a Terra, fenderam-se as rochas e o véu do santuário (Templo) se rasgou em duas partes de alto a baixo (Mateus 27.45-51), exatamente na hora em que se começava a matar os cordeiros pascais no Templo.
O elemento mais importante do cordeiro pascal no Egito foi o sangue, que devia ser passado nas ombreiras e na verga das portas das casas. O sangue era o sinal [,símbolo e selo] para o SENHOR[abençoá-los]: "E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue,passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito" (Êxodo 12.13). Da expressão "passarei por cima?, em Hebraico pessach, vem o nome Páscoa" Para os israelitas o sinal [, símbolo e selo] do sangue foi [comunicante de] sua salvação [pela ação graciosa do SENHOR], e o sangue de Jesus [sinalizado, simbolizado e selado no puro vinho, autêntico fruto da vide] tornou-se [, pela instituição do SENHOR,] o sinal [, símbolo e selo] da salvação para nós os que cremos nEle [e na eficácia do Seu sangue, o signo, a coisa simbolizada e a coisa selada]. Seu sangue [, pela sinalização, simbolismo e selagem do vinho puro, autêntico fruto da vide] mostra: aqui já houve julgamento. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele (veja Isaías 53.5). [Igualmente comunica salvação e as bênçãos advindas da salvação, pela ação do Espírito Santo, que além de converter os eleitos quando a Palavra é proclamada, os abençoa na Celebração da Ceia do SENHOR.]
Em Êxodo 12.22 está escrito algo muito importante, que é pouco levado em conta: "... porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã?. Os israelitas estavam seguros somente atrás das ombreiras e da verga da porta aspergidas com o sangue" e assim também nós estamos segurossomente em Jesus, somente estamos protegidos se estivermos nEle. Por isso, antes da crucificação, Jesus falou de maneira tão insistente da necessidade de estar nEle! Estar nEle significa, acima de tudo, atender ao que Ele ordena. Do mesmo modo que os israelitas deviam acreditar em Moisés e fazer o que ele ordenado, para serem salvos da perdição.
No mesmo contexto está escrito em Êxodo 12.11: "Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR". Também nós crentes em Jesus devemos assumir um posicionamento espiritual semelhante ao dos judeus prontos para partir, como está escrito em Hebreus 13.14: "Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura". Mais adiante, a Epístola [do Apóstolo Paulo] aos Hebreus (11.10-16) diz que os crentes, como [estrangeiros e] peregrinos na Terra, estão buscando uma pátria celestial. Também nós devemos nos apressar, devemos estar sempre prontos para partir, revestidos de toda a armadura de Deus, que Paulo descreve em Efésios 6.13-17: cingidos [os lombos] com a verdade, calçados os pés com a preparação do evangelho da paz, [tomando sobretudo o escudo da fé e também o capacete salvação], tendo na mão a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.
São mencionados ainda mais detalhes que têm significado simbólico: Êxodo 12.8 ordena que a carne assada em fogo do cordeiro devia ser comida com "pães ázimos; com ervas amargosas a comerão". Essa é uma indicação dos amargos sofrimentos de Jesus por nós (tanto em Seu corpo, quanto em Sua alma]. Em Êxodo 12.46 está escrito que nenhum osso do cordeiro pascal devia ser quebrado " por isso, João 19.33-36 menciona que, ao contrário dos dois outros crucificados, nenhum dos ossos de Jesus foi quebrado.
Portanto, podemos dizer com Paulo: "Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós" (1 Coríntios 5.7).
(Publicado originalmente na Revista Notícias de Israel, Abril de 2000, Ano 22, número 4, pp. 11-13).
Autor: Fredi Winkler
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