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15 de out. de 2010

Mateus 6:24 “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” Lucas 12:15 “E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.” LUCAS 12.13-21 Nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão lhe falou: Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós? Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produziu com abundância.E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus.Deuterenómio 8:18 “Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, porque ele é o que te dá força para adquirires riquezas; a fim de confirmar o seu pacto, que jurou a teus pais, como hoje se vê.” 1 Timóteo 6:9 “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição.” Marcos 10:23-25 “Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.” 1 Timóteo 6:10 “Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.”




O Evangelho da avareza e os ministros da riqueza.


“E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas...”. (2 Pedro 2.2,3)

Como podemos ler acima, a Bíblia já nos alertava para o fato de que, no decorrer dos séculos, haveria certos líderes religiosos que usariam a fé para lucro pessoal. O apóstolo Pedro revelou que tais líderes seriam movidos pela ganância e não pelo amor a Palavra de Deus. Vemos que nesta profecia bíblica foi revelado também que muitas pessoas seguiriam esses líderes corruptos, que se disfarçariam de homens de Deus. Estes “servos de Deus” usariam palavras fingidas para enganar o povo, e seus verdadeiros objetivos e ensinamentos seriam movidos pela avareza (amor ao dinheiro) e não pelo amor genuíno as pessoas e suas necessidades espirituais.

Nos últimos anos iniciou-se um movimento religioso em algumas igrejas evangélicas que tem atraído muitas pessoas, de várias religiões. Tal movimento é conhecido como a “teologia da prosperidade”, mas bem que poderia chamar-se também de “o evangelho da avareza”. Isto porque é possível notar que seus líderes substituíram o genuíno evangelho de Jesus, contida nas Escrituras Sagradas, por um culto exacerbado ao dinheiro. Devido à avareza de seus ministros, em certo momento de suas reuniões, não é possível distinguir se eles estão promovendo um culto a Deus ou um leilão da fé. Em seus “cultos”, eles costumam bradar em alta voz para o povo: “quem vai dar 1000 reais agora?”. Incrivelmente, esses líderes conseguem fazer com que alguns fiéis ofertem quase tudo o que possuem.

A Bíblia revela que a oferta na casa de Deus deve ser dada voluntariamente, e não por intimidação. Também não se pode estipular o valor da oferta, pois ela deve ser dada com alegria no coração (2 Coríntios 9.7). Os mestres avarentos ensinam que quanto maior for o valor financeiro envolvido na oferta, maior será a aprovação de Deus. Por outro lado, Jesus demonstrou que a quantia não significa nada, mas sim o sacrifício de amor envolvido nela (Marcos 12.41-44). Vemos que estes ministros avarentos não seguem os ensinamentos deixados por Jesus, por isso caem no erro.

Os líderes religiosos desse movimento podem ser chamados de “os ministros da riqueza”. Tais líderes assemelham-se bastante aos Fariseus, que foram líderes religiosos da época de Cristo, os quais eram extremamente avarentos, e criam que a riqueza era um sinal determinante do favor de Deus. Esses líderes também criam que a pobreza financeira era sinal de falta de fé, exatamente como os ministros da riqueza de hoje. Muitos deles têm a audácia de afirmar isto em tom sarcástico e desafiante, para todos ouvirem.

Os horários que estes ministérios da prosperidade compram na TV estão repletos de imagens de pessoas dirigindo seus carrões e vivendo em suas mansões, como se a principal missão de Jesus fosse deixar o homem milionário. Eles afirmam ainda que se alguém passa por dificuldades financeiras, é porque não tem fé. Isto é um grave insulto ao povo brasileiro, que é um povo trabalhador e que confia em Deus. É bem verdade que a Bíblia revela que Deus prospera Seus filhos, porém também revela que o dinheiro não é tudo, pois quando partirmos, não poderemos levar nada deste mundo (1 Timóteo 6.7). Não é sábio colocarmos nossa confiança em algo corruptível, que as traças roem (Mateus 6.20).

O que a Palavra de Deus realmente revela?

Jesus Cristo, o Filho de Deus, ensinou que devemos buscar a Deus em primeiro lugar, e certamente Ele nos acrescentará as coisas necessárias a nossa vida diária. Jesus enfatizou: 
“Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33). Mas quais são “todas as coisas” que Jesus se referiu? Se observarmos o contexto bíblico, veremos que Jesus referia-se a vestimenta, alimentação e moradia (Mateus 6.31). São as necessidades básicas que Deus garante suprir de Seus filhos, e o que passar disso, entra na esfera da vontade direta de Deus, de acordo com Seus propósitos para cada um (1 Timóteo 6.17-19). Mas, infelizmente, não é isso que os “ministros da riqueza” ensinam com seus evangelhos distorcidos. Eles ensinam aos cristãos buscarem as bênçãos de Deus, e não o Deus da benção. Pregam um evangelho de interesses ocultos.

Em Sua Palavra, Deus jamais promete nos livrar de todos os revezes na vida. O apóstolo São Paulo, um homem de fé inabalável, disse: 
“... em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses 4.12,13). Apesar das dificuldades que enfrentamos, Deus nos promete ajudar, mas Ele quer que nos contentemos com aquilo que Ele nos proporciona no momento (1 Timóteo 6.8). Não devemos ser gananciosos. Deus ensina o cristão a viver pela fé, e não pela visão (2 Coríntios 5.7). O cristão vive acima das circunstâncias.

Deus jamais abandona Seus filhos, mesmo nas horas mais difíceis. Pelo contrário, Ele espera que clamemos por Sua ajuda (Jeremias 33.3), para que nossa confiança Nele aumente (Tiago 1.3). Assim como o ourives trabalha no ouro, usando o fogo para retirar suas impurezas, Deus trabalha em nós. Deus nos prova para purificar a nossa fé (1 Pedro 1.7). Deus nos capacita a reagir diante das situações, e se permanecermos fiéis, Ele nos livrará e mostrará uma saída. A vida cristã envolve obediência a Cristo mesmo diante das dificuldades e tentações. Deus garante que fará o bem surgir de todas as dificuldades que Seus filhos passarem (Romanos 8.28).

Muitos cristãos, por estarem seguindo estes ministros corrompidos, estão aprendendo que devem esperar as bênçãos de Deus somente nesta vida. O apóstolo São Paulo disse: 
“Se esperarmos em Cristo somente nesta vida, seremos os mais miseráveis dos homens” (1 Coríntios 15.19). É essa vida espiritualmente miserável que os mestres do “evangelho da avareza” ensinam. Porém, Jesus revelou que o maior milagre que Deus quer realizar em nossas vidas é o milagre da SALVAÇÃO e a VIDA ETERNA (João 3.16).

A Palavra de Deus revela que não receberemos o melhor de Deus nesta terra, mas somente na nova terra que Ele já preparou para Seus filhos fiéis (João 14.2; Apocalipse 21.1-4). Somente receberemos o melhor de Deus na eternidade, onde Ele nos dará uma vida plena, diferente desta vida sofrível que vivemos neste mundo atual. A Bíblia revela que nem mesmo em nossos mais profundos devaneios, não teríamos a capacidade de imaginar as coisas que Deus tem preparado para aqueles que O amam (1 Coríntios 2.9). A mente humana não consegue alcançar todas as maravilhas que Deus reserva para os cristãos fiéis, que tomam a sua cruz e seguem a Jesus.


A banda podre da Igreja: Jesus já nos advertiu contra os falsos mestres

Aqueles que confiam em Jesus, não se escandalizam com estes falsos ministros de Deus. Isso porque Jesus já havia nos advertido contra os falsos servos de Deus, que iriam distorcer Seus ensinamentos para justificar seus modos de vida. Jesus disse: “
Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores” (Mateus 7.15). Muitas pessoas deixam de entregar suas vidas a Jesus por causa do repúdio que sentem por esses líderes. Porém Jesus nada tem a ver com isso. Jesus jamais ensinou este evangelho avarento, pois o amor ao dinheiro é idolatria (Efésios 5.5). A idolatria é algo abominável a Deus e diabólico. O próprio Jesus alertou que o aparecimento dessas pessoas seria uma realidade em Sua Igreja. Por isso que devemos confiar somente na Palavra de Deus, que nos alerta contra o engano de homens corrompidos e desviados da verdade (2 Coríntios 11.3,4; Gálatas 1.6-8).

Evidentemente que estes líderes não são cristãos verdadeiros. O apóstolo Paulo revelou que o próprio Satanás se disfarça de ministros de Deus para enganar as pessoas: 
“E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça” (2 Coríntios 11.14). Porém, não é sensato generalizar, porque o remanescente fiel sempre existiu na Igreja de Cristo e sempre existirá até o dia do julgamento final, dia em que todos os homens serão julgados (2 Coríntios 5.10). A Bíblia revela que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus (Romanos 14.12). Por isso não adianta generalizar, pois aqueles que não se converterem, igualmente serão condenados (Lucas 13.3).

Jesus também falou sobre o “joio”, que é a parte podre da Igreja. Jesus garantiu que os tais, que não são cristãos verdadeiros, seriam lançados na fornalha de fogo no dia do juízo final (Mateus 13.41,42). E terrível coisa é cair nas mãos do Deus Vivo (Hebreus 10.31). O apóstolo Pedro revelou o destino dos mestres corruptos, que zombam de Deus: 
“Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva” (2 Pedro 2.17). Certamente estes não estarão numa situação favorável diante de Deus no dia do julgamento. A justiça divina é perfeita e imparcial. Deus não faz distinção de pessoas, e tudo o que o homem plantar, isso colherá (Gálatas 6.7).

Ao mesmo tempo em que Jesus condenou os falsos profetas (joio), Ele também falou sobre os verdadeiros servos de Deus. Jesus os classificou como “trigo”, isto é, a parte boa de Sua Igreja, aqueles que permanecem incorruptíveis. Estes possuem temor a Deus. Apesar da corrupção moral e financeira ser bastante evidente nas igrejas da atualidade, ainda existe os verdadeiros servos de Deus, que apascentam as ovelhas de Jesus com amor, seguindo e pregando a verdade (Efésios 4.15). Estes não enganam, pois temem verdadeiramente ao Senhor.

Avareza: o atalho mais rápido para a perdição


O dinheiro, em si, não é mau. A Bíblia não diz em parte alguma que o dinheiro é perigoso, mas revela que o “amor ao dinheiro” é motivo de perdição para muitos: “
Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Timóteo 6.10). E é justamente isto que os ministros da riqueza fazem, amam o dinheiro e ensinam as pessoas a amar também. A cobiça pelo dinheiro leva muitas pessoas a se desviarem da fé verdadeira, pois domina e escraviza o coração. Por isso que muitos servos de Deus começam sua caminhada cristã com sinceridade, porém se deixam enganar pela sedução das riquezas.

Justamente por isso que Jesus disse que não se pode servir a dois senhores (Mateus 6.24), porque se nos dedicarmos a um, automaticamente desprezaremos ao outro. É possível servir a Deus e ter dinheiro, porém não há como servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Se não tivermos cuidado, a dedicação ao acúmulo de riquezas pode sufocar a nossa fé e corromper o nosso caráter. Por isso que a Palavra de Deus nos alerta várias vezes contra o perigo do amor ao dinheiro. Jesus também disse que onde está o tesouro do homem, ali está o seu coração (Mateus 6.21). Se fizermos do dinheiro o nosso tesouro, certamente é nele que estará o nosso coração. Como vimos antes, Jesus nos ensinou a colocar os nossos corações em Deus, e Ele suprirá todas as nossas necessidades mais profundas (Mateus 6.33).

A avareza é um pecado perigoso, pois facilmente conduz a outros pecados, como a mentira e a desonestidade. Jesus disse: 
“Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”(Lucas 12.15). O valor de uma pessoa não consiste no valor de seus bens. Esse ensinamento pode ser ridicularizado por alguns que amam o dinheiro. E Infelizmente essa foi a reação de alguns líderes religiosos diante das Palavras de Jesus (Lucas 16.14). Curiosamente, os “ministros da riqueza” fazem o mesmo. Igualmente zombam dos verdadeiros servos de Deus, que combatem a exagerada “teologia da prosperidade” e pregam a verdade revelada na Palavra de Deus, mesmo que não seja popular e agradável (Gálatas 1.10).

Diante dessa triste realidade, os cristãos verdadeiros não devem perder o ânimo de buscar e servir ao verdadeiro Deus, o Pai de Jesus Cristo, que nos ama de tal maneira que sacrificou Seu próprio Filho para nos livrar de Sua ira justa contra um mundo tão perverso e rebelde a Sua vontade (Romanos 5.9). Devemos confiar na Palavra de Deus. Ao aceitarmos Jesus, podemos não nos tornar milionários, mas aqueles que aceitam tomar a cruz e seguí-Lo, certamente encontrarão a verdadeira riqueza, a riqueza espiritual, as quais Deus nos dará na eternidade:


“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam”.
(1 Coríntios 2.9)


Autor:Igor Chastinet.





A Avidez pelo Dinheiro – João Calvino


Mas tu, ó homem de Deus, foge dessas coisas... (1 Tm 6.11,12) - Ao denominar Timóteo de homem de Deus, o apóstolo adiciona peso à sua exortação. Se alguém concluir ser conveniente restringir sua aplicação ao apelo para seguir após a justiça, a piedade, a fé e a paciência, ao que ele está precisamente dizendo, então este será o seu antídoto para corrigir-se a avidez pelo dinheiro. Ele diz a Timóteo que as aspirações que ele devia seguir são de caráter espiritual. Mas pode aplicar-se ainda mais amplamente ao contexto mais remoto, ou seja, que Timóteo, mantendo-se isento de toda vaidade, evitasse a fútil curiosidade, [perierguia], a qual condenara um pouco antes. Aquele que se mantém totalmente ocupado com as questões básicas, facilmente se manterá livre das coisas que são supérfluas. Ele menciona algumas formas de virtudes, à luz das quais podemos concluir que as demais estão também incluídas. Quem quer que se devote a buscar a justiça, que almeje a piedade, a fé e o amor, e que cultive a paciência e a mansidão, não poderá deixar de abominar a avareza e seus frutos.

Combate o bom combate. Na próxima epístola ele diz que nenhum soldado se envolve em negócios alheios à sua vocação [2 Tm 2.4]. Por isso aqui, com o fim de poupar Timóteo de excessiva preocupação com os afazeres terrenos, ele o exorta a lutar. A displicência e o comodismo emanam da preocupação que os homens sentem em servir a Cristo sem problemas, como se fosse um passa-tempo, enquanto que Cristo convoca a todos os seus servos para a guerra. Com o fim de encorajar Timóteo a lutar bravamente no campo de batalha, o apóstolo denomina essa luta de bom combate, ou seja, combate abençoado e que, portanto, de forma alguma deve ser evitado. Pois se os soldados terrenos não hesitam em combater quando a vitória é incerta e correm o risco de perder a vida, quanto mais bravamente devemos nós lutar sob o comando e a bandeira de Cristo, onde podemos alimentar de antemão a certeza da vitória, especialmente quando sabemos que há um galardão à nossa espera, o qual está muito acima dos galardões geralmente conferidos pelos comandantes a seus homens, ou seja, uma gloriosa imortalidade e a bem-aventurança celestial. Seria indigno se com uma esperança dessa natureza diante de nós ainda esmorecêssemos ou caíssemos pela exaustão. E isso é precisamente o que o apóstolo continua dizendo.

Toma possa da vida eterna. É como se ele dissesse: "Deus te convoca para a vida eterna, portanto despreza o mundo e esforça-te por alcançá-la." Ao dizer a Timóteo que tomasse posse dela, ele o proíbe de desistir ou de deixar-se dominar pelo cansaço em meio à trajetória. E como se dissesse: "Nada se concretiza até que tenhamos obtido a vida futura, à qual Deus nos convida." Por conseguinte, em Filipenses 3.12 ele declara que se esforçava por progredir, visto que a vida eterna não estava ainda concretizada.
Para a qual foste chamado. Visto, porém, que os homens lutam precipitadamente e sem qualquer objetivo de caráter perene, caso não tenham ainda Deus a dirigir sua trajetória e a estimulá-los à atividade, o apóstolo menciona também a vocação deles. Nada poderá encher-nos de mais coragem do que o reconhecimento de que fomos chamados por Deus. Pois desse fato podemos inferir que o nosso labor, que está sob a direção divina e no qual Deus nos estende sua mão, não ficará infrutífero. Portanto, pesaria sobre nós uma acusação muito grave caso rejeitássemos o chamado divino. Contudo, deve exercer sobre nós uma influência muito forte ouvir: "Deus te chamou para a vida eterna. Cuidado para que não te desvies para alguma fantasia, ou de alguma forma fracasses no caminho antes que o tenhas percorrido."

E fizeste a boa confissão. Ao mencionar a vida pregressa de Timóteo, Paulo o incita ainda mais a perseverar. Fracassar depois de ter feito um bom começo é mais lamentável do que nunca haver começado. A Timóteo, que até então havia agido bravamente e granjeado louvor, o apóstolo apresenta este poderoso argumento: que o seu ponto de chegada correspondesse ao seu ponto de partida. Entendo confissão, aqui, no sentido não de algo expresso verbalmente, mas, antes, de algo realizado de forma concreta, e não numa única ocasião, mas ao longo de todo o seu ministério. Significando, pois: "Tu contas com muitas testemunhas de tua pública confissão, tanto em Éfeso como em outros países, a saber: que elas têm assistido a tua viva fidelidade e seriedade em teu testemunho do evangelho; e tendo transmitido um exemplo tão positivo, agora outra coisa não podes ser senão um bom soldado de Cristo, caso não queiras incorrer em maiores vexames e infortúnios." A luz desse fato aprendemos a seguinte lição geral: quanto mais eminentes nos tornamos, menos justificativa temos em fracassar e mais obrigados somos a nos manter em nossa firme trajetória.

Aos Ricos deste Mundo – João Calvino


Ordena aos que são ricos (1 Tm 6.17). Visto que muitos dos cristãos eram pobres e oprimidos, é provável que, como geralmente sucede, fossem desprezados pelos ricos; e esse poderia especialmente ser o caso em Éfeso, que era uma cidade opulenta; pois, em tais regiões, o orgulho costuma ser ainda pior. Aprendamos, pois, desse fato quão perigosa é a abundância das coisas materiais. Paulo tem boas razões para dirigir especialmente aos ricos uma advertência tão severa; seu intuito é remediar os erros que quase sempre acompanham as riquezas, precisamente como nossa sombra acompanha nosso corpo; e tal coisa se dá pela depravação de nossa mente que faz dos dons divinos ocasião para o pecado. Ele menciona especificamente duas coisas das quais os ricos devem precaver-se, ou seja: o orgulho e a falsa segurança - a primeira oriunda da segunda. Nem depositem sua esperança na instabilidade das riquezas foi adicionado para que Paulo atraísse a atenção deles para a fonte de seu orgulho. A única razão pela qual os ricos se tornam insolentes e se deleitam tão acentuadamente em cultivar o desprezo pelos demais é que se imaginam especial e supremamente ditosos. A vã confiança vem primeiro, e a arrogância vem logo a seguir.

Quando Paulo desejava corrigir esses erros, primeiramente ele fala desdenhosamente das riquezas, pois a frase, do presente mundo, tem o intuito de rebaixá-las em nossa estima. Pois tudo o que pertence a este mundo participa de sua natureza, por isso ser o mesmo tão transitório e passar tão depressa. Ele mostra a falsidade e a fatuidade da confiança que é posta nas riquezas, lembrando-nos que nossa posse delas é algo tão transitório que se assemelha a uma coisa desconhecida. Pois quando imaginamos tê-las, como um relâmpago escapam de nossas mãos. Quão estulto é colocarmos nelas nossa esperança!

Mas no Deus vivo. A pessoa que chega a compreender isso não encontrará dificuldade em desvencilhar sua confiança das riquezas. Porquanto é unicamente Deus quem provê todas as coisas para os propósitos necessários de nossa vida, e quando depositamos nossa confiança nas riquezas, na verdade estamos transferindo para elas as prerrogativas que pertencem exclusivamente a Deus. Note-se o contraste implícito ao dizer que Deus distribui liberalmente com todos. O significado é o seguinte: mesmo que possuamos plena e rica abundância de todas as coisas, na verdade tudo quanto possuímos procede da mercê divina. E tão-somente sua generosidade que nos supre de tudo quanto carecemos. Segue-se que é um terrível equívoco confiar nas riquezas e não depender completamente da mercê divina, na qual há para nós suficiência, alimento e tudo mais. Portanto, concluímos que somos proibidos de confiar nas riquezas, não apenas com base no fato de que pertençam só a esta vida mortal, mas também porque não passam de fumaça. Nossa nutrição não procede apenas do pão [material], mas de toda a munificência divina [Dt 8.3].

Ao dizer, ricamente, ele, [eisapolausin], ele está descrevendo a imensa liberalidade divina em nosso favor, em favor de toda a humanidade e em favor de todos os seres irracionais; sua mercê se estende para muito além de nossas necessidades [SI 36.6].

Deus ou Mamom, qual é sua Escolha? R.Baxter (1615 - 1691).




Um obstáculo a ser cuidadosamente evitado é a mente terrena. Você pode muito bem aceitar, sem qualquer dificuldade, que esse tipo de mente não convive com a mente consagrada. Deus e Mamom (dinheiro), céu e terra, os dois não podem ter o apreço de seu coração. 

Isso o torna similar ao pássaro de Anselmo que tinha uma pedra amarrada ao pé, e toda vez que ele alçava vôo, ela, mais uma vez, o puxava para a terra. Se você é um homem que reserva algum prazer ou alegria para você mesmo a ser desfrutado aqui na terra; que já começa a sentir a doçura associada ao ganho; que aspira ter mais terras e posses; e que acalanta alguns projetos prósperos em sua mente e busca formas de levá-los adiante, acredite, você marcha de costas para Cristo e caminha rapidamente para longe dessa vida consagrada. 

Oras, o mundo não recebe de você o que Deus recebe do crente consagrado? Enquanto ele busca suas bênçãos em Deus e alegra-se na esperança da glória por vir, você busca suas bênçãos na prosperidade e alegra-se em sua esperança de prosperidade aqui. Enquanto ele busca consolar sua alma com a visão de Cristo, dos anjos e dos santos com quem viverá para toda a eternidade, você se consola com sua riqueza, com o cuidado com suas contas e títulos, com a visão de seu dinheiro, de seus bens, de seu gado, de suas casas e de suas muitas posses; e sua mente recreia-se ao pensar em suas esperanças; no favor que receberá dos grandes; no prazer de ter propriedades que lhe garantam uma posição de comando e fartura; na grande provisão para seus filhos depois que você se for; na ascensão de sua casa; ou na homenagem que seus inferiores lhe prestam. 

Mas, quando a alma graciosa está no alto com Cristo, não são esses pensamentos que o acalentam de manhazinha e de noite?  Seu prazer em Deus, com certeza, diminui na proporção inversa em que seus pensamentos e seus deleites se concentram na terra. Sua mente terrena pode ocupar-se com sua profissão e responsabilidades comuns, mas não pode ocupar-se da responsabilidade divina. Ó cristão, tome cuidado com esse abismo da mente terrena.  Guarde essas coisas como suas vestes de gala, bastante folgada para que você possa se desfazer delas sempre que necessário; mas deixe que Deus e a glória fiquem próximos de seu coração, sim, como se fossem o sangue e o espírito que o mantêm vivo.


O que Ganha Dinheiro é Sábio? – (Sermão) – C. H. Spurgeon
O texto não diz: "O que ganha dinheiro sábio é", embora, sem dúvida, este se considere sábio e, talvez, num sentido indigno, isso seja preciso nestes dias de competição. Mas esta espécie de sabedoria é da terra e com a terra se acaba. Existe um outro mundo onde as nossas moedas não serão aceitas, e onde as possessões terrenas não significarão riqueza ou sabedoria. Em Provérbios 11:30, Salomão não dá coroa de prêmio por sabedoria a astutos estadistas, nem aos mais capazes governantes. Não passa diplomas nem mesmo a filósofos, poetas e homens de talento. Ele coroa com lauréis somente os que ganham almas.

Ele não declara que quem prega é necessariamente sábio. E que lástima! Há multidões que pregam, e ganham aplausos e eminência, mas não ganham almas. Estes pregadores passarão mal no último dia porque, com toda a probabilidade, correram sem terem sido enviados pelo Senhor. Salomão não diz que o que fala sobre a conquista de almas é sábio, desde que passar regras para os outros é muito simples, mas segui-las pessoalmente é muito mais difícil. Aquele que de modo concreto, real e verdadeiro leva os homens a abandonarem os erros dos seus caminhos e voltarem-se para Deus, servindo assim de instrumento para salvar outros do inferno, é sábio; e isto, seja qual for o seu modo de conquistar almas.

Pode ser um Paulo, rigorosamente lógico e profundo na doutrina, capaz de dominar todos os justos juízos; e se desta maneira ganha almas, é sábio. Pode ser um Apoio, de grandiosa oratória, e cujo gênio sublime eleva-se até os céus da eloqüência; e se desta forma ganha almas, é sábio; por esta, e não por outra razão. Ou pode ser um Pedro, rude e áspero, com suas metáforas toscas e sua rígida declamação; mas se ganha almas; por este motivo, e não por outro, não é menos sábio do que o seu irmão polido ou do que o seu amigo polêmico. Segundo o texto, a única coisa que prova a grande sabedoria dos conquistadores de almas é o seu real sucesso na verdadeira conquista de almas. Quanto à sua maneira de realizar o trabalho, são responsáveis perante o Senhor, e não perante nós.

Não nos ponhamos a comparar e contrastar este ministro com aquele. Quem é você, que julga, o servo alheio? Mas a sabedoria é justificada por seus filhos. Somente as crianças discutem sobre métodos incidentais; os homens têm em mira resultados sublimes. Esses obreiros de tão diversos tipos e métodos ganham almas? Então são sábios. E vocês que os criticam, se forem infrutíferos não podem ser sábios, ainda quando queiram parecer dignos de julgá-los. Deus proclama sábios os conquistadores de almas, ouse contestar isso quem quiser. Esta diplomação conferida pela Faculdade do Céu lhes garantirá boa vantagem, digam deles o que disserem os seus semelhantes.

''O que ganha almas sábio é." E isto se pode ver com cla¬reza. Só pode ser sábio, mesmo em aspectos comuns, aquele que pela graça realiza maravilha tão divinal. Os grandes conquistado¬res de almas jamais foram tolos. O homem que Deus qualifica para ganhar almas poderia provavelmente fazer qualquer outra coisa de que a Providência o incumbisse. Tome-se Martinho Lutero, por exemplo. Pois senhores, esse homem não estava somente capacitado para realizar uma Reforma; ele poderia ter governado uma nação ou comandado um exército! Pensem em Whitefield e lembrem-se de que aquela ribombante eloqüência que tumultuou a Inglaterra inteira não estava ligada a um débil tirocínio, ou à falta de capacidade cerebral. Dominava a oratória, e se se tivesse lançando a atividades comerciais, teria conseguido lugar proeminente entre os comerciantes. Se fosse político, dominaria a atenção dos ouvintes, no meio de senadores admirados. O que ganha almas é normalmente o homem que realizaria qualquer outra coisa para a qual Deus o chamasse. Sei que o Senhor emprega os meios que quer, mas sempre Se utiliza de meios adequados aos fins a que visa. E se vocês me disserem que Davi matou Golias com uma funda, respondo que aquela era a melhor arma do mundo para atingir o colossal guerreiro, e era a mais apropriada para Davi, treinado que fora no seu manejo desde a meninice. Há sempre uma adaptação dos instrumentos que Deus emprega para produzir o resultado determinado. E conquanto a glória não seja deles, nem a excelência esteja neles, devendo tudo ser atribuído a Deus; não obstante, há uma aptidão e uma prontidão que Deus vê, ainda que nós não as vejamos. É absolutamente certo que os conquistadores de almas não são nem imbecis nem simplórios, senão que Deus os faz sábios para Ele, embora lhes chamem néscios os jactanciosos sabichões.

'0 que ganha almas sábio é" porque escolheu um sábio objetivo. Creio que foiMichelangelo que uma vez esculpiu na neve estátuas magníficas. Desapareceram todas. O material depressa enrijecido pela nevada e pelo ar gélido, igualmente depressa derreteu-se com o calor. Muito mais sábio foi ele quando modelou o mármore durável, e produziu obras que durarão por séculos e séculos. Entretanto, mesmo o mármore é consumido e desgastado pelos dentes do tempo. E sábio é aquele que escolhe para sua matéria-prima almas imortais que sobreviverão às estrelas. Se Deus nos abençoar com vistas à conquista de almas, a nossa obra permanecerá quando a madeira a palha e o restolho das artes e ciências da terra tenham retornado ao pó donde vieram. Na glória o conquistador de almas, abençoado por Deus, terá monumentos comemorativos da sua obra preservados para sempre nas galerias dos céus. Ele escolheu um sábio objetivo, pois o que pode ser mais sábio do que glorificar a Deus, e depois disso, o que pode ser mais sábio do que abençoar os nossos semelhantes no sentido mais elevado? Sim, o que pode ser mais sábio do que arrebatar almas do abismo escancarado, elevando-as ao céu que as engolfa na glória, libertando-as da escravidão de Satanás e conduzindo-as à liberdade de Cristo. Que pode ser mais excelente que isso? Digo que tal meta se recomenda a todas as mentes sensatas, e que os próprios anjos talvez nos invejem, a nós, pobres seres humanos, porque temos a permissão para fazer da conquista de almas para Jesus Cristo o objetivo principal da nossa vida. A sabedoria mesma aprova a excelência do propósito.

Para realizar esse trabalho o homem tem que ser sábio, pois conquistar uma alma requer infinita sabedoria. Nem mesmo Deus conquista almas sem aplicar sabedoria, pois o plano eterno da salvação foi ditado por um juízo infalível, e em cada uma de suas linhas manifesta-se competência infinita. Cristo, o grande Conquistador de almas enviado ao Pai, é a "sabedoria de Deus" bem como o "poder de Deus". Há tanta sabedoria para ver-se na nova criação como na velha criação. Num pecador salvo há tanto de Deus para contemplar-se, quanto no universo surgido do nada. Portanto, nós, que somos cooperadores de Deus, prosseguindo ao lado dEle na grande obra de ganhar almas, também temos que ser sábios. Esta obra encheu o coração do Salvador, ocupou a mente do Jeová Eterno desde antes da criação do mundo. Não é brincadeira de criança, nem é trabalho para ser feito sonolenta-mente, nem para ser efetuado sem o auxílio da graça de Deus, o único verdadeiramente sábio, nosso Salvador. A carreira é sabia.

Notem bem, irmãos, que aquele que tem bom êxito na conquista de almas será comprovadamente sábio a juízo de todos quantos vêem o fim como também o princípio. Mesmo que eu fosse um egoísta completo e não cuidasse de mais nada senão da minha felicidade, escolheria, se pudesse, ser conquistador de almas, pois eu nunca soubera de felicidade tão perfeita, transbordante e indescritível, e de classe mais pura e mais enobrecedora, até o dia em que, pela primeira vez, soube de alguém que procurou e achou o salvador por meu intermédio. Recordo o estremecimento de júbilo que percorreu todo o meu ser! Nenhuma jovem mãe jamais se alegrou tanto com o seu primogênito! Nenhum guerreiro exultou tanto com uma vitória conseguida a duras penas! Oh, a alegria de saber que um pecador, outrora inimigo, foi reconciliado com Deus pelo Espírito Santo por meio das palavras ditas por nossos débeis lábios! Daí por diante, pela graça que me foi dada, cujo pensamento me prostra em auto-humilhação, tenho visto e ouvido, não somente de centenas, mas de milhares de pecadores convertidos do erro dos seus caminhos pelo testemunho de Deus em mim. Que venham aflições, que se multipliquem as provações conforme Deus queira, ainda esta alegria sobrepuja todas as outras, a alegria de que somos para Deus um suave aroma de Cristo em todo lugar, e que toda vez que pregamos a Palavra, corações são descerrados, corações fremem de vida nova, olhos derramam lágrimas pelo pecado, mas os olhos ficam enxutos quando os pecadores arrependidos vêem o seu grande Substituto — e eles passam a viver.

Fora de toda controvérsia, ganhar almas é uma alegria que vale mundos, e, graças a Deus, é uma alegria que não cessa com esta vida mortal. Não há de ser pequena bênção ouvirmos, enquanto voarmos para o trono eterno, as asas de outros batendo ao nosso lado, rumo à mesma glória, e ao rodeá-los e fazer-lhes perguntas, ouvi-los dizer: "Vamos entrar junto com você pelos portais de pérolas; você nos levou ao Salvador". E depois receber as boas-vindas dadas por aqueles que nos chamam de pai em Deus — pai em laços melhores que os da terra, pai pela graça, título honroso e imortal. Será bênção além de toda comparação encontrar-nos nos assentos eternos com os que foram gerados de nós em Cristo Jesus, pelos quais sofremos dores de parto, até que Cristo fosse formado neles — a esperança da glória. Isto equivale a ter muitos céus — um céu em cada um dos que conquistamos para Cristo, conforme a promessa do Senhor: "Os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente".

Irmãos, creio ter falado o bastante para levar alguns de vocês a desejarem ocupar a posição de conquistadores de almas. Antes, porém, de focalizar novamente o texto, gostaria de lembrá-los que a honra não pertence somente aos ministros. Estes partilham dela plenamente, mas o privilégio pertence a todo aquele que se devota a Cristo. Esta honra cabe a todos os cristãos. Todo homem, toda mulher, toda criança cujo coração está de bem com Deus, pode ser um conquistador de almas. Não há ninguém que, colocado algures por Deus, não faça algum bem. Não há vagalume numa sebe que não forneça a luz necessária; e não há um homem trabalhador, uma mulher sofredora, uma criada, um limpador de chaminés, um varredor de rua que não tenha oportunidade de servir a Deus. E o que eu disse dos conquistadores de almas não se refere apenas ao ilustre doutor em teologia, ou ao pregador eloqüente, mas a todos vocês que estão em Cristo Jesus. Cada um de vocês, capacitado pela graça, pode ser sábio neste sentido e ter a felicidade de levar almas a Cristo, mediante o Espírito Santo.
Doravante quero considerar o texto 'O que ganha almas sábio é" da seguinte maneira: primeiro, procurarei tornar o fato um pouco mais claro explicando a metáfora empregada no texto, "ganhar almas". Depois, em segundo lugar, dando-lhes algumas lições sobre a conquista de almas, através das quais espero que em cada mente seja reforçada a convicção de que esta obra necessita da mais alta sabedoria.

I. CONSIDEREMOS, PRIMEIRO, A METÁFORA EMPREGADA

NO TEXTO: "O que ganha almas sábio é".

Empregamos o verbo "ganhar" de muitas maneiras. Às vezes o encontramos em péssima companhia: nos jogos de azar, nos truques de trapaceiros, na prestidigitação, nos contos do vigário, nos quais os velhacos tanto gostam de ganhar. Lamento dizer que no mundo religioso há muito de prestidigitação e trapaça. Sim, há os que fingem salvar almas por meio de curiosos estratagemas, manobras intrincadas e ágeis trejeitos! Uma bacia de água, meia dúzia de gotas, certas sílabas e, zás A criança se torna um filho de Deus, membro do corpo de Cristo, herdeiro do reino dos céus! Esta regeneração aquosa ultrapassa a minha crença. É truque que não posso entender. Somente os iniciados podem executar a bela peça de magia que supera a tudo quanto jamais tentou o Mágico do Norte.

Também existe um meio de ganhar almas impondo as mãos sobre a cabeça, bastando que os braços dessas mãos estejam revestidos de cambraia; então o mecanismo funciona e a graça é comunicada pelos dedos benditos! Confesso que não posso compreender as ciências ocultas, mas nisto não tenho por que me admirar, pois a profissão de salvar almas mediante essas trapaças só pode ser exercida por certas pessoas favorecidas que receberam a sucessão apostólica diretamente de Judas Iscariotes. Este chamado sacramento da confirmação ou crisma, que segundo os homens confere graça, não passa de infame prestidigitação. É tudo uma abominação. E pensar que neste século há pessoas que pregam a salvação pelos sacramentos e a salvação efetuada por elas mesmas!

Ora, senhores, já passou o tempo de quererem vir com essa conversa fiada! Estas astúcias sacerdotais, esperemos, são anacrônicas, e a teoria sacramentai é antiquada. Essas coisas poderiam funcionar para os analfabetos, e nos dias em que eram escassos os livros. Mas desde o dia em que o estupendo Lutero foi ajudado por Deus a proclamar com estrondo de trovões a emancipadora verdade: "Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus", tem havido demasiada luz para essas corujas do papismo. Retornem elas às suas torres cobertas de hera, e se queixem à lua sobre aqueles que os despojaram do seu reino de trevas. Que os tonsurados vão a Bedlam, e os chapéus escarlates aos lugares de libertinagem, mas que ninguém mostre respeito para com eles. O anglo-catolicismo moderno é um plagiador bastardo do papismo, vil, astuto e enganoso demais para iludir os sinceros. Se havemos de ganhar almas, será por modos diferentes dos que os jesuítas e quejandos podem ensinar-nos. Não confiem em ninguém que tenha pretensões ao sacerdócio. Os sacerdotes são mentirosos por ofício e enganadores por profissão. Mediante sua maneira teatral não poderemos levar almas à salvação, e nem queremos, pois sabemos que por meio de enganos desta espécie Satanás ficará com a melhor cartada, e se rirá dos sacer¬dotes quando voltar as cartas contra eles no fim.

Então, como haveremos de ganhar almas? Ora, a palavra "ganhar" tem um sentido muito melhor. É empregada com relação às ações guerreiras. Os guerreiros ganham por conquista cidades e províncias. Pois bem, ganhar uma alma é muito mais difícil que ganhar uma cidade. Observem o zeloso conquistador de al¬mas em seu trabalho.  Com que cuidado  procura  as  orientações do seu grande Capitão para saber quando hastear a bandeira branca para convidar o coração a render-se ao doce amor do Salvador que Se entregou à morte; quando é a ocasião própria para içar a bandeira negra da ameaça, mostrando que, se a graça não for recebida, seguir-se-á certamente o juízo; e quando desfraldar, com grande relutância, a bandeira vermelha dos terrores de Deus con¬tra as almas impenitentes e obstinadas.

O conquistador de almas tem de postar-se diante de uma alma como um valoroso comandante em frente de uma cidade murada, para traçar as linhas de circunvalação, abrir as trincheiras e colocar as baterias. Não deve avançar com demasiada pres¬sa, pois poderá exagerar o esforço de luta. Não deve ir devagar demais, pois parecerá estar sem entusiasmo, e causará dano por isso. Igualmente deve saber por qual porta atacar. Como pôr na mira dos canhões a porta da audição, e como dispará-los. Como, às vezes, manter as baterias em fogo cerrado noite e dia para ver se consegue abrir alguma brecha na muralha; outras vezes, quedar-se e cessar fogo, e então, de repente, abrir fogo com todas as baterias com terrífíca violência para, talvez, tomar de surpresa a alma, ou lançar-lhe uma verdade quando menos a espera, para que estoure como uma bomba no seu interior e danifique os domínios do pecado.

O soldado cristão deve saber avançar pouco a pouco, sapando este preconceito, minando aquela velha inimizade, fazendo explodir esta luxúria, e tomando, por fim, a cidadela. Compete-lhe lançar a escada de assalto, alegrar-se ao ouvir o ruído do seu choque contra a muralha do coração, revelando que a escada se fixou firmemente ali. E então, com o sabre entre os dentes, subir e saltar sobre o homem, matar a sua incredulidade em nome de Deus, tomar a cidade, desfraldar a bandeira ensangüentada da cruz de Cristo, e dizer: "O coração está ganho, finalmente ganho para Cristo". Isto requer um guerreiro bem treinado, mestre em seu ofício. Depois de muitos dias de assédio, muitas semanas de espera, muitas horas de esforço invasor pela oração e de bom¬bardeio pela súplica, tomar a fortaleza Malakoff da depravação (como os franceses fizeram na Criméia, em 1855). Esta é a obra, esta é a dificuldade. Nenhum tolo pode fazer isso. É preciso que a graça de Deus torne o homem sábio assim para conquistar a ci¬dadela da "Alma-humana" (veja "O Peregrino" — ). Bunyan), para levar cativo o cativeiro, e abrir de par em par as portas do coração para que por elas entre o Príncipe Emanuel. Ganhar uma alma é isso.

A palavra "ganhar" era comumente empregada entre os antigos com o sentido de vencer numa luta. Quando o grego queria ganhar a coroa de louros ou de hera, via-se obrigado a submeter-se, muito tempo antes, a um período de treinamento. E quando finalmente se apresentava desnudo para a luta, mal ensaiava os primeiros esforços, já se podia ver como cada músculo e cada nervo se haviam desenvolvido. Sabia que tinha um duro contendor, e portanto não deixava sem uso nada de suas energias. Durante o combate, podia notar-se como os olhos do homem observavam cada movimento e cada estratagema do seu antagonista; e como as suas mãos, os seus pés e todo o seu corpo se lançavam à luta. Ele temia ser derrubado; por isso procurava derrubar o adversário.

Pois bem, o verdadeiro conquistador de almas muitas vezes tem que enfrentar bem de perto o diabo que há dentro dos ho¬mens. Tem que combater o preconceito deles, o seu amor ao pecado, a sua incredulidade, o seu orgulho e então, subitamente, atracar-se com o desespero deles. Num dado momento tem que lutar contra o seu sentimento de justiça própria; no momento se¬guinte, contra a sua falta de fé em Deus. Dez mil artifícios são usados para impedir o conquistador de almas de ser vencedor na refrega. Mas se Deus o enviou, jamais renuncia seu apego à alma que deseja conquistar, até haver posto abaixo o poder do pecado e haver conquistado mais uma alma para Cristo.
Além disso, há outro sentido da palavra "ganhar", sobre o qual não posso expandir-me muito aqui. Vocês sabem que empregamos a palavra num sentido mais suave do que os que foram mencionados, quando lidamos com os corações. Existem métodos secretos e misteriosos, sábios em sua adequação ao fim visado, pelos quais os que amam, conquistam o objeto do seu amor. Não sei dizer-lhes como o enamorado conquista a sua amada, mas é provável que a experiência lhes tenha ensinado isso. A arma para esta luta nem sempre é a mesma, mas quando se consegue a vitória, a sabedoria dos meios empregados fica manifesta a todos. A arma do amor é, às vezes, um olhar, ou o sussurro de uma palavra ouvida com ansiedade, ou uma lágrima. O que sei é que a maioria de nós lançou uma cadeia em torno de outro coração, cadeia que esse coração não quer romper e cujos elos nos uniram em um cativeiro bendito que alegrou a nossa vida.

Sim, e isto se aproxima muito da maneira pela qual temos que levar almas à salvação. Esta ilustração está mais perto do alvo do que as anteriores. O amor é o verdadeiro meio para conquistar as almas, pois quando falo de investir contra muralhas, e quando falo de luta, faço uso de metáforas, mas este último meio está muito próximo da realidade. Conquistamos pelo amor. Ganhamos corações para Jesus amando-os, compartilhando as suas tristezas, preocupando-nos ansiosamente com o fato de que poderão perder-se, rogando a Deus por eles de todo o coração para que não sejam deixados morrer sem a salvação, suplicando-lhes em nome de Deus para que, por amor deles mesmos, busquem misericórdia e achem graça. Sim, senhores, existe um galanteio espiritual e a conquista de corações para o Senhor Jesus. E se querem aprender este método, devem pedir a Deus que lhes dê coração terno e alma compassiva. Creio que grande parte do segredo da conquista de almas está em ter entranhas compassivas, em ter espírito que se deixe tocar de sensibilidade pelas fraquezas humanas. Cinzelem um pregador de granito e, mesmo que lhe dêem língua de anjo, não levará ninguém à conversão. Coloquem-no no mais elegante púlpito, tornem a sua oratória perfeita e lhe dêem tema profundamente ortodoxo, mas enquanto tiver dentro de si um coração de pedra, jamais ganhará uma alma sequer. A salvação das almas requer coração que bata fortemente no peito. Requer uma alma cheia do néctar da bondade humana. Esta é a condição imprescindível ao sucesso. É a principal qualidade natural do conquis¬tador de almas, a qual, sendo abençoada por Deus, fará maravilhas.

Não examinei o original hebraico do texto que estamos focalizando, mas creio — e os que têm referências marginais em suas Bíblias poderão verificá-lo — que diz: "O que pega almas sábio é"', palavra que também se refere à pesca e à caça. Todos os domingos, quando saio de casa e venho para cá, não posso deixar de ver pessoas com gaiolas e pássaros cativos, que vão pelos parques e pelos campos tentando capturar pobres aves canoras. Essas pessoas conhecem bem o método de atrair e pegar suas vítimas. Os conquistadores de almas podem aprender muito delas. Devemos ter nossas iscas para almas, próprias para atrair, fascinar e prender. Temos que sair levando visgo, arapucas, redes e iscas para podermos pegar as almas dos homens. O inimigo delas é caçador dotado da mais vil e espantosa astúcia. Temos que superá-lo com o ardil da honestidade e com a destreza da graça. Contudo, esta arte só se aprende através do ensinamento divino, e daí devemos ser sábios e estar dispostos a aprender.

O pescador também precisa possuir certa habilidade. Se não me engano, é Washington Irving que nos fala de três cavalheiros que tinham lido tudo o que Isaque Walton escrevera sobre as delícias de uma pescaria. Acharam que deviam experimentar dita distração, e dessa forma se tornaram aprendizes dessa nobre arte. Foram a Nova York e compraram as melhores varas e linhas à venda, e se informaram sobre as iscas adequadas para cada dia ou mês, para que os peixes mordessem e fossem fisgados logo e, por assim dizer, voassem alegremente para dentro do cesto. Puseram-se a pescar, e ali ficaram o dia todo, mas o cesto continuava vazio, fá estavam ficando desgostosos com um esporte tão pouco esportivo, quando um rapazote esfarrapado e descalço desceu das colinas e os humilhou ao máximo. Ele tinha uma vareta feita de galho de árvore, um pedaço de cordão e um alfinete dobrado, amarrado na ponta do cordão. Pôs-lhe uma minhoca e atirou o tal "anzol" à água. Num instante puxou para fora um peixe, que veio como uma agulha atraída por um ímã. Lançou o "anzol" outra vez, e pegou outro peixe. E assim continuou pegando peixes até quase encher o seu cesto.  Perguntaram-lhe como conseguia aquilo. "Ah!", exclamou o rapaz, "eu não sei explicar, mas quando a gente sabe o jeito, é fácil".

Bem semelhante a isso é a pesca de homens. Alguns pregadores possuem linha de seda e varas excelentes, pregam com eloqüência e elegância, porém jamais ganham almas. Não sei como é, mas vem outro, com linguagem muito simples e com coração ardente, e imediatamente ocorre a conversão de pecadores. Certamente há de existir empatia entre o ministro e as almas que deseja conquistar para Cristo. Deus dá àqueles que faz conquistadores de almas um espontâneo amor e uma adequação espiritual por súa tarefa. Há compreensão empática entre os que vão ser abençoados e aqueles que serão os instrumentos da bênção; e em grande parte, por esta afinidade é que, sob o poder de Deus, pegam-se almas. Mas é claro como a luz do sol que é preciso ser sábio para ser pescador de homens. "O que ganha almas sábio é".

II. Agora, irmãos e irmãs, vocês que estão empenhados na obra do Senhor semana após semana, desejosos que estão de ganhar almas para Cristo, vou, em segundo lugar, ilustrar a verdade do texto falando-lhes de  ALGUNS MEIOS PELOS QUAIS SE CONQUISTAM ALMAS PARA CRISTO.

Acho que o pregador tem maior probabilidade de ganhar almas quando crê na realidade da sua obra — quando crê em conversões instantâneas. Como poderá esperar que Deus faça o que ele próprio não crê que fará? Sai-se melhor aquele que espera que ocorram conversões toda vez que pregar. Conforme a sua fé se lhe fará. Dar-se por satisfeito sem conversões é o caminho mais seguro para não obtê-las nunca. Ter como objetivo por excelência a salvação das almas é um método mais seguro para a obtenção de bons resultados. Se suspirarmos e chorarmos até que os homens sejam salvos, salvos serão.

Terá sucesso aquele que se mantém mais apegado à verdade salvadora. Ora, nem toda verdade é verdade salvadora, embora toda verdade possa ser edificante. Quem se restringe à singela história da cruz, reiterando aos homens que todo o que crê em Cristo não é condenado, que para ser salvo não se necessita de nada mais que uma simples confiança no Redentor crucificado; que tem por principal ministério a gloriosa história da cruz, o sofrimento do Cordeiro que Se rendeu à morte, a misericórdia de Deus, a boa vontade do Pai em receber os filhos pródigos; que de fato clama dia após dia: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" — esse tem probabilidade de ser conquistador de almas, principalmente se acrescentar a isso muita oração pelos pecadores, muito desejo ansioso de que os homens sejam levados a Jesus e, além disso, procurar em sua vida particular, como no seu ministério público, falar a outros do amor do precioso Salvador dos homens.

Entretanto, não estou falando a ministros, mas a vocês, que se assentam nos bancos. Portanto, permitam que me dirija mais diretamente a vocês. Irmãos e irmãs, vocês têm diferentes dons. Espero que utilizem todos eles. Talvez alguns de vocês, conquanto membros de igreja, achem que não têm dom nenhum. Mas todo crente em Cristo tem seu dom e sua parte na obra. Que poderão fazer para ganhar almas?

Permitam-me recomendar aos que pensam que não podem fazer nada, que levem outros para ouvirem a Palavra. Este é um dever muito negligenciado. Não peço que tragam convidados a este local, mas muitos de vocês freqüentam lugares meio vazios. Encham de gente esses lugares! Não se queixem da pequena congregação; façam-na crescer. Levem alguém ao próximo sermão, e em seguida o número de freqüentadores aumentará. Orem sem cessar para que os sermões do ministro sejam abençoados. E mesmo se vocês não podem pregar, ao colocar outros ao alcance do som do evangelho, estarão fazendo algo que tem quase a mesma importância. Trata-se de uma observação comum e simples, mas deixem que insista nisso, porque é de grande valor prático.

Muitos templos e salões de culto que andam quase vazios poderiam ter logo grandes auditórios se aqueles que tiram proveito da Palavra falassem a outros sobre as bênçãos que recebem, e os induzissem a partilhar do mesmo ministério. Especialmente nesta nossa cidade (Londres), onde tantos se ausentam da casa de Deus, procurem persuadir seus vizinhos a freqüentarem o local de culto. Cuidem deles, façam-nos entender que é um erro ficar em casa aos domingos, o dia todo! Não lhes digo que os censurem. Não trará proveito. Digo-lhes, porém, que procurem atraí-los e persuadi-los. Cedam-lhes os seus lugares, por exemplo, e fiquem de pé nos corredores, se necessário. Coloquem-nos sob a Palavra, e quem pode saber qual será o resultado? Que bênção seria para vocês, saber que aquilo que não puderam realizar pessoalmente, pois têm dificuldade para falar de Cristo, foi realizado mediante o seu pastor, pelo poder do Espírito Santo, por terem vocês levado alguém para a linha de fogo do evangelho!

A seguir, o conquistador de almas procura falar com os estranhos depois do sermão. Pode ser que o pregador erre o alvo, mas não é preciso que vocês errem. Ou talvez o pregador tenha acertado, mas vocês podem aprofundar a impressão causada, com uma palavra amável. Recordo-me de várias pessoas que se uniram à igreja e que atribuíram a sua conversão a trabalhos especiais realizados no Surrey Music Hall (um grande auditório de Londres), mas acrescentaram que esse não foi o único fator, senão que houve outro elemento que cooperou. Fazia pouco tempo que tinham vindo do campo, e um bom homem — que conheci bem e que acho que está no céu agora — encontrou-as na saída, falou-lhes, disse que esperava que tivessem gostado do que tinham ouvido, ouviu sua resposta, perguntou-lhes se voltariam à noite, e disse que se alegraria se passassem por sua casa para o chá; fizeram isso, e ele conversou com elas sobre o Senhor. No domingo seguinte foi a mesma coisa, e afinal, aqueles aos quais os sermões não tinham causado muita impressão, foram levados a ouvir com outros ouvidos até que, pouco a pouco, por meio das palavras persuasivas do bom ancião, e pela obra da graça do Senhor, foram convertidos a Deus. Tanto esta como toda grande congregação são belos campos de caça para os que deveras querem fazer algo de bom. Quantos entram de manhã e de noite neste templo sem nenhuma intenção de receber a Cristo! Oh se vocês todos me ajudassem, vocês que amam o Senhor, se me ajudassem falando com os que se assentam ao seu  lado  — quanto poderia ser feito! Jamais permitam que alguém diga: "Venho a esta igreja há três meses, e ninguém jamais me dirigiu a palavra". Antes, mediante a doce familiaridade que se deve permitir sempre na casa de Deus, busquem de todo o coração imprimir em seus amigos a verdade que eu só posso fazer chegar aos ouvidos deles, e que talvez Deus os ajude a lhes introduzir no coração.
Caros amigos, deixem-me ainda recomendar-lhes a arte de importunar conhecidos e parentes. Se não puderem pregar a cem, preguem a um. Fiquem a sós com o homem e, com amor, com mansidão e com oração, falem com ele. "Só um!", exclamam vocês. Pois bem, não basta um? Jovem, conheço sua ambição. Quer pregar aqui, aos milhares que freqüentam este lugar. Contente-se em começar com um. O seu Senhor não Se envergonhou de sentar-Se junto ao poço e de pregar a uma pessoa. E quando concluiu o Seu sermão, tinha de fato beneficiado toda a cidade de Sicar, pois aquela mulher se tornara missionária para os seus conhecidos. Muitas vezes a timidez impede que sejamos úteis neste sentido, mas não devemos ceder a ela. Não é possível tolerar que Cristo seja desconhecido por nos mantermos silenciosos, e que os pecadores não sejam advertidos por causa da nossa negligência. Devemos estudar e praticar a arte de lidar pessoalmente com os não convertidos. Não nos desculpemos; ao contrário, imponhamo-nos a nós mesmos a pesada tarefa, até que se torne fácil. Este é um dos modos mais honrosos de ganhar almas. E se exige mais que o zelo e a coragem comuns, tanto maior razão para que resolvamos dominá-lo. Amados, devemos ganhar almas. Não podemos viver simplesmente vendo os homens sob a condenação. Temos que levá-los a Jesus. Mãos à obra, pois. Não deixem ninguém ao seu redor perecer sem ter sido admoestado, por pura frieza e descuido de sua parte. Um folheto é útil, mas uma palavra viva é melhor. Seus olhos, seu rosto e sua voz ajudarão. Não sejam covardes a ponto de dar um pedaço de papel, quando as suas palavras funcionariam bem melhor. Exorto-os a que atendam a isto, por amor de Jesus.

Alguns de vocês poderiam escrever cartas em nome do vosso Senhor e Mestre. A amigos distantes, algumas linhas escritas com amor podem constituir influência das mais benéficas. Sejam como os homens de Issacar, que manejavam a pena. Jamais se fez melhor uso de tinta e pena do que na conquista de almas para Deus. Muito se tem feito com este método. Não poderiam vocês fazer isto? Por que não o experimentam?

Alguns de vocês, se não podem falar ou escrever muito, podem ao menos viver o evangelho. Esse é um belo modo de pregar — pregar com os nossos pés. Quer dizer, pregar com a nossa vida, com a nossa conduta, com a nossa conversação. A esposa amorosa, que chora em segredo pelo marido infiel, mas o trata sempre com amabilidade; o filho extremoso, cujo coração está quebrantado pela blasfêmia do seu pai, mas é muito mais obediente do que costumava ser antes de sua conversão; o criado a quem o patrão amaldiçoa, mas a quem pode confiar a carteira com dinheiro, sem saber que quantia há nela; o homem de negócio, escarnecido por pertencer a outra denominação, mas que é direito como uma linha reta, e que não se deixaria arrastar para nenhuma ação indigna por tesouro nenhum — são estes os homens e mulheres que pregam os melhores sermões. Estes são os pregadores práticos com que vocês podem contar.

Dêem-nos o seu viver santo, e com ele como alavanca mudaremos o mundo. Com a bênção de Deus, acharemos línguas para anunciar a mensagem, mas a nossa grande necessidade é a das vidas dos cristãos de nossas igrejas como ilustração viva daquilo que nossos lábios digam. O evangelho se parece um tanto com um jornal ilustrado. As palavras do pregador são a letra impressa, e os clichês ilustrativos são os homens e mulheres que formam as nossas igrejas. Quando o povo pega um jornal desses, muitas vezes não lê o texto impresso, mas sempre olha as figuras; o mesmo acontece na igreja, os de fora talvez não venham ouvir o pregador, mas sempre ponderam, observam e criticam as vidas dos membros da igreja. Portanto, caros irmãos e irmãs, se querem ser conquistadores de almas, procurem viver intensamente o evangelho. "Não tenho maior gozo do que este: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade".

Uma cosia mais: o conquistador de almas deve dominar a arte de orar. Vocês não podem levar almas a Deus se não forem ter com Ele. É preciso que apanhem o seu machado e outras armas de guerra no arsenal da sagrada comunhão com Cristo. Se ficarem bastante tempo a sós com Jesus, apreenderão o Seu Espírito. Serão inflamados pela chama que ardeu no Seu coração e consumiu a Sua vida. Chorarão com as lágrimas que Jesus derramou sobre Jerusalém quando a viu perecer. E se não puderem falar tão eloqüentemente como Ele, sempre haverá no que disserem algo daquele poder com que Ele comovia os corações e despertava as consciências dos homens. Diletos ouvintes — e me dirijo principalmente aos membros desta igreja — fico sempre preocupado, temendo que vocês se ponham ociosos e des¬preocupados quanto às questões do reino de Deus. Há alguns de vocês — e os bendigo, como também bendigo a Deus ao recordá-los — que, a tempo e fora de tempo, estão cheios de zelo pela conquista de almas; são verdadeiramente sábios. Temo, porém, que há outros indolentes, que se satisfazem deixando-me pregar, mas eles mesmos não pregam. Estes tomam assento nestes bancos, esperando que tudo corra bem — e não fazem nada mais que isso. Quem me dera ver todos vocês cheios de ardor! Este grande exército de quase cinco mil cristãos, o que não faríamos se todos estivéssemos cheios de vida e de fervor? Mas um exército como este, sem santo entusiasmo, torna-se mera turbamulta, multidão incontrolável, donde brotam males e nenhum bom resultado surge. Se todos vocês fossem tochas em prol de Cristo, poderiam pôr em chamas a nação. Se todos fossem fontes de água viva, quantos sedentos beberiam e mitigariam a sede!

Amados, há uma pergunta que farei antes de terminar, e é a seguinte: as suas próprias almas já foram ganhas? Se não foram, não poderão conquistar outras. Vocês estão salvos? Meus ouvintes, todos vocês que estão aí sob a galeria e os que se acham aí atrás, estão salvos? Que aconteceria se esta noite precisassem responder a esta pergunta diante de Alguém maior do que eu? Que seria se o ósseo dedo frio da morte, o último grande orador, apontasse para vocês em lugar do meu? Que se passaria se a sua invencível eloqüência petrificasse os seus ossos, tornasse vítreos seus olhos, e congelasse o sangue em suas veias? Poderiam esperar obter a salvação em sua hora extrema? Se não são salvos, como jamais o serão? Quando serão salvos, senão agora? Haverá melhor ocasião do que agora?

O caminho da salvação é simplesmente confiar naquilo que o Filho do homem fez quando Se fez carne, e sofreu castigo no lugar de todos quantos nEle crêem. Cristo foi um Substituto. Seu povo são os que confiam nEle. Se vocês confiam nEle, significa que Ele foi castigado pelos seus pecados. E vocês não podem ser castigados por causa deles, pois Deus não pode castigar duas vezes o pecado, primeiro em Cristo e depois em vocês. Se confiam em Jesus, que agora vive à direita de Deus, estão perdoados agora mesmo, e serão salvos para todo o sempre. Oxalá ponham já a sua confiança nEle! Talvez seja agora ou nunca, para vocês. Que seja agora, agora mesmo, e então, caros amigos, confiantes em Jesus, não precisarão hesitar quando lhes for feita a pergunta: "Vocês são salvos?", pois cada um de vocês poderá responder: ''Sim, salvo sou, pois está escrito: "Quem nEle crê não é condenado". Confie nEle, pois; confie nEle agora. E que Deus, então, lhe ajude a ser um conquistador de almas; assim você será sábio, e Deus será glorificado!




ROMPENDO

by David Wilkerson | March 16, 1986





O profeta Miquéias traz uma mensagem para os nossos dias que é assustadora, e ao mesmo tempo, cheia de esperança! A importância da mensagem é encontrada nestas palavras: "Ouvi, agora, o que diz o Senhor!" (Miquéias 6:1). Miquéias expõe o coração de Deus aos homens de todas as eras: ao judeu desviado de seus dias, ao remanescente dos últimos dias, e em especial aos pastores de nossos dias. Tenha em mente que a mensagem de Miquéias contém a apreensão do Senhor, e a Sua visão em relação à igreja e aos Seus pastores.
"Ouvi, montes, a controvérsia do Senhor, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o Senhor tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo. Povo meu, que te tenho feito? E no que te enfadei? Responde-me!" (Miquéias 6:3,4).
O Senhor prossegue convocando os montes e as colinas como testemunhas eternas de Sua fidelidade aos filhos. Ele fala de como os livrou da escravidão; de como nada exigiu deles senão que andassem humildemente com seu Senhor, praticassem a justiça e amassem a misericórdia.
E a voz do Senhor chama Seu povo: "Onde está o temor de Mim? A casa se tornou ímpia; o meu povo está sendo enganado! Há engano - há mentiras em minha casa!"
A seguir o Senhor descreve os terríveis julgamentos que vêm sobre os que se desviam. "Por isso, eu vou ferir vocês! Vou deixar seus corações angustiados por causa dos pecados que vocês cometeram. Vocês comerão, mas nunca será suficiente. Sentirão um vazio no estômago e as dores da fome. Mesmo que vocês tentem economizar dinheiro, o que conseguirem ajuntar perderá todo o valor e o pouco que conseguirem poupar darei aos que conquistarem sua terra!" (Miquéias 6:13, 14 - paráfrase).
Miquéias era um profeta verdadeiro, que via a igreja através dos olhos de Deus, e isso fazia sua alma chorar e lamentar! Ele não iria camuflar a situação da casa de Deus! Ele estava agora vendo, no Espírito, o que Deus via - os pecados profundos e abomináveis do povo, dos pastores e dos líderes. Ele via idolatria! Uma igreja-meretriz com o salário de meretriz! "Por isso, lamento e uivo; ando despojado e nu; faço lamentações como de chacais e pranto como de avestruzes. Porque as suas feridas são incuráveis; o mal chegou até Judá; estendeu-se até à porta do meu povo, até Jerusalém" (Miquéias 1:8-9).
Um espírito de rebeldia e iniquidade tinha chegado até os portões - e agora, o povo de Deus, antes santo, tem uma doença incurável! Ouça o lamento de Miquéias: "...desceu do Senhor o mal até à porta de Jerusalém...porque em ti se acharam as transgressões de Israel" (Miquéias 1: 12-13).
O que está segurando o povo santo, levando-o à tamanha controvérsia com um Deus santo?
O que Miquéias vê no Espírito é tão abominável aos olhos de Deus, que Este é forçado a gritar: "[Portanto]...(Eu) projeto mal contra esta família, do qual não tirareis a vossa cerviz; e não andareis altivamente, porque o tempo será mau" (Miquéias 2:3). Miquéias viu uma doença incurável no meio do povo de Deus, e um julgamento inevitável. Veja o que Deus chama rebelião! Eis a causa da controvérsia de Deus com eles:
  1. Um novo esquema de ganância! Um esquema planejado por servos mercenários de Deus, que tinha a ver com dinheiro, propriedade, sucesso.
  2. Ênfase no ego [poder nas mãos] "Ai daqueles que...imaginam a iniquidade...o poder está em suas mãos. Se cobiçam campos...casas...herança (s)..." (Miquéias 2:1,2).
  3. Rejeição às advertências do profeta! Dizendo ao povo que pregação de julgamento não é de Deus, que é contrária ao Seu caráter! "Não profetizeis...Está irado o Espírito do Senhor [com o seu povo?] São estas as suas obras?" (Miquéias 2: 6,7).
O falsos profetas e os pastores que roubavam mandaram Miquéias calar a boca! "Não pregue tanto julgamento! Pare com essas advertências de condenação e coisas ruins! Somos o povo de Deus; Ele nos ama - não vamos ser julgados" A interpretação literal quer dizer: "Pare! Pare com essa mensagem de juízo sobre o povo de Deus! Pare de repreender! Pare de censurar pessoas de bem! Pare de falar de desgraças, e pare de fazer denúncias contra a igreja!" "Isso não vem de Deus", diziam.
Mas ouça a resposta de Miquéias: "Não profetizeis tais coisas; o opróbrio não nos alcançará" (Miquéias 2:6). Ou, "Se essa mensagem não for pregada...a repreensão sobre esse lugar nunca será desviada." "Não fazem bem as minhas palavras ao que anda retamente?" (Miquéias 2:7). "Mas há pouco se levantou o meu povo como inimigo" (Miquéias 2:8).
Miquéias enxergou uma coisa apavorante no meio dos pastores - um pecado que fez destes mesmos pastores ladrões, inimigos de Deus! Ele viu os pastores gananciosos tirando das costas dos inocentes filhos de Deus, os mantos de justiça. Ele viu os que desejavam descansar de suas lutas, sendo enganados e esvaziados por falsas doutrinas de ambição. "De sobre a veste tirais a capa daqueles que passam seguros, como homens que voltam da guerra" (Miquéias 2:8).
Como o coração de Deus deve sofrer com os inocentes famintos que caem nas armadilhas dos pregadores mundanos e ambiciosos, que pregam a cobiça. Assisti a seminários e convenções, e vi com horror cristãos jovens e imaturos sendo despojados por pastores obcecados por dinheiro! Diziam aos jovens que poderiam aprender os segredos para ter saúde, riqueza e prosperidade por menos de 100 dólares - simplesmente comprando os tapes. O caminhar com Deus foi reduzido à fórmulas.
Entristeço-me mais pelas mães e os filhos! Como Miquéias! Ele preveniu: "Lançais fora as mulheres do meu povo, das suas casas agradáveis. Dos seus meninos tirais a minha glória para sempre" (Miquéias 2:9).
A glória de Deus, a casa agradável - são a santidade e a justiça de Deus! Esses pastores desinteressados não estão pregando contra o pecado; pregam unicamente segurança e paz - zombam das advertências que Deus faz sobre os julgamentos, e por causa de sua superficialidade, de suas doutrinas de ambição - eles removem das mães e dos jovens a impressionante santidade de Deus! Esses são os pastores que deixam mais gente fora do reino, do que todos os demônios juntos.
Que Deus ajude o pregador do evangelho que esteja fixado em seus sonhos de ganância - aquele que chega ao ponto de abandonar sua Espada, e se tornar um lisonjeador ou um intimidador. Igrejas foram levantadas sobre os esqueletos espirituais de mulheres e jovens inocentes! Sonhos e planos vieram dos púlpitos, no lugar de um chamado à santidade e à separação. Que intimidação terrível ocorre hoje na casa do Senhor, com pastores alavancando seus sonhos.
Vi um jovem empalidecer de tristeza e irritação quando se assentou numa reunião onde se pregava a verdade e a justiça. Ele me disse: "Por que não ouvi isso antes? Freqüento uma escola bíblica que só ensina caminhos e meios para ter prosperidade e sucesso. Estava sendo enganado! Isso me irrita!"
"Assim diz o Senhor acerca dos profetas que fazem errar o povo...por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, Jerusalém se tornará em montões de pedras..." (Miquéias 3: 5, 12).
Há algo que nos é muito familiar em relação aos profetas mercenários, a respeito dos quais ele fala! Eles estão em toda parte atualmente - a igreja está transbordando deles! Miquéias diz o seguinte sobre eles: DÊ-LHES O SEU DINHEIRO, FAÇA O QUE ELES LHE MANDAM FAZER - E ELES LHE TRARÃO UMA PALAVRINHA AÇUCARADA! Eles o abençoarão! Vão lhe profetizar coisas boas! "...clamam: Paz! quando têm o que mastigar" (Miquéias 3:5).
Mas se você não entra no esquema deles, se não compra os seus objetos, não os ajuda - eles lhe amaldiçoam! "...mas contra aquele que nada lhes mete na boca, preparam guerra" (Miquéias 3:5).
Um levantador de recursos Carismático, ameaçou câncer a todos que se recusassem a dar uma enorme oferta. Pastores, evangelistas - pode-se ouvi-los trovejando em cima das pessoas, ameaçando, bajulando! "Dê para mim, para a minha causa - e Deus vai lhe abençoar, curar, dar tudo que você deseja. Se você não der, se não se sacrificar por mim, tudo vai ruir em torno de você! Deus fechará as janelas do céu! Você será o responsável por me fazer parar." Ameaças bélicas!
Eles dão cobertura à ganância dizendo: "O Senhor está comigo!" "Os seus chefes dão as sentenças por suborno, os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas advinham por dinheiro. Ainda se encostam no Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá" (Miquéias 3:11).
Deus não estava no seu meio - mas eles não tinham discernimento para ver isso. Deus declara que remove o discernimento dos impiedosos; Ele removeu o conhecimento de Sua presença, como julgamento contra as práticas e doutrinas egoísticas e cheias de ambição. "Portanto, se vos fará noite, sem profecias, e haverá trevas, sem adivinhações. Por-se-á o sol sobre estes profetas, e o dia sobre eles se enegrecerá. Os videntes se envergonharão, e os adivinhadores [aqueles que dizem: "O Senhor está me dizendo"] se confundirão ...porque não haverá resposta de Deus" (Miquéias 3: 6, 7).
Miquéias deixa muito claro que acabou o discernimento no meio deles; agora não há palavra real vinda do Senhor; e doutrinas das trevas são ensinadas - pois a Palavra é distorcida! "...e perverteis tudo o que é direito" (Miquéias 3:9).
Há muita "Assim diz o Senhor!" Muita "Deus está me dizendo!" Muita falação sobre novas revelações! Muitos se gabando de que "Deus verdadeiramente está conosco!" Muitos se apoiando em números, crescimento, grande sucesso - como prova de que Deus está com eles, mas os profetas chamam isso de TREVAS, ESTORVO PARA DEUS,
VERGONHA!
Estes pastores têm sangue nas mãos! Aos olhos de Deus são culpados de perversidade! "edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com perversidade" (Miquéias 3:10). Isso significa que um pastor tem sangue nas mãos se a sua doutrina, ou sua vida impedem alguém de ter a plenitude de Cristo. É perversidade para os pastores ministrar com a luxúria e o pecado presos neles, pois certamente nada amaldiçoa mais uma alma que um ministério iníquo! Construir grandes igrejas, aceitar ministérios com o público, sem unção! Sem ter o fogo consumidor de Deus! Sem o convencimento do Espírito Santo! Com um evangelho de paz e segurança! Com o conselho da rebeldia - elogiando o mal, chamando o mal de bem!
O que poderia ser mais perverso num pastor do Senhor, do que pôr as almas em descanso e em paz na véspera do julgamento, levando-as à maldição eterna no inferno, por reter a verdade? Quantos pastores se apresentarão diante do tribunal de Cristo, tendo na mão o sangue de crentes que foram cegados? Eles próprios não ingressaram na santidade e na plenitude de Cristo; e impediram o rebanho de ingressar. Isso não é devaneio cruel de um profeta ameaçador, são as palavras do Senhor; Sua visão quanto à situação do Seu povo!
Tornamo-nos inventores de slogans. Slogans bíblicos como RENOVAÇÃO, RESTAURAÇÃO, REEDIFICAÇÃO existem em abundância. Ouço os profetas modernos dizerem: "A igreja nunca esteve mais viva; nunca houve louvor maior; nunca tantos se reuniram." Mas o Senhor diz: "Levantai-vos, e andai! Porque aqui não é o vosso descanso" (Miquéias 2:10).
No original hebraico, se lê: "Ó glória minha! Levantem-se e partam para sempre! Pois esse não será seu lugar de descanso: isso, pela contaminação, está ligado à angustiante esforço." Isso não é a Sião verdadeira! Saia dessa coisa contaminada! Mas o que dizer das alegres multidões que dançam, louvam, batem palmas e cantam tão alto? E os grandes e magníficos edifícios, as súper-igrejas (todas se proclamando a de mais rápido crescimento no país)? O que dizer dos seminários, das convenções, das assembléias solenes?
Ouça a profecia de Miquéias: "Se um homem, agindo no espírito da falsidade e da mentira, vos profetizar para CEDER ao vinho e à bebida intoxicante...certamente, ele é o profeta para esse povo!" (Miquéias 2:11, Spurrel) [tradução livre - (a) tradutor]
Esse povo quer profetas que TIREM PROVEITO DE FRAQUEZAS ALHEIAS, que explorem seus desejos sexuais. Vinho e bebidas fortes no tempo de Miquéias representavam bênçãos temporais, prosperidade material! Pregavam as bênçãos de Deuteronômio 28:11 "O Senhor te dará abundância de bens (prosperidade)". Mas se recusavam a pregar o restante de Deuteronômio 28: "Mas se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, se não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos...então virão sobre ti todas estas maldições...O Senhor te ferirá com loucura, com cegueira, e com pasmo de coração" (Deuteronômio 28:15, 28).
Jeremias diz: "Os profetas não passam de vento, e a palavra não está com eles" (Jeremias 5:13). Jeremias não conseguia acompanhar o espírito de mentira destes profetas. "...Ah! Senhor, Senhor, os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome. Deveras, dar-vos-ei paz verdadeira neste lugar. Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente em meu nome. Não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que vos profetizam" (Jeremias 14:13,14).
De novo, o profeta Jeremias diz: "Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles, e o meu povo assim o deseja" (Jeremias 5:31).
Não é a verdadeira palavra de Deus, o que se ouve na terra hoje em dia! Só uns poucos pregam verdade e arrependimento. Tratam de um evangelho frívolo, leve, sensual, efeminado. A dança não é a resposta espontânea de um coração arrependido diante do mover genuíno do Espírito Santo - mas é a coreografia do ego e do orgulho. Não se aprende a dançar no Espírito - e o que vejo hoje se concentra na carne. É a arca no carro novo! Não chegará a Sião!
Olho em torno nestes dias, e ouço o Espírito me dizer: "Não é assim! Não é o seu descanso! Tudo isso vai à ruínas! É entretenimento! É aplauso! Está centrado no ego, no orgulho, na ambição, no materialismo! Deus já saiu de tudo isso."
Miquéias traz à nossa atenção uma das profecias mais gloriosas de todo o Velho Testamento. Ele profetiza sobre um povo que seguiria o Senhor à uma nova pastagem. "Certamente te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente congregarei o restante de Israel. Pô-los-ei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como rebanho no meio de seu curral, farão estrondo por causa da multidão dos homens. Subirá diante deles aquele que abre o caminho; eles romperão, e entrarão pela porta, e sairão por ela. O seu rei irá adiante deles, e o Senhor à sua testa" (Miquéias 2:12,13).
Miquéias viu um povo de Deus sendo liberado, um povo de coração batendo junto, pessoas tão dirigidas pelo Espírito que seriam chamados de párias pela igreja apóstata. "Naquele dia, diz o Senhor, congregarei a que coxeava; recolherei a que tinha sido expulsa, e a que eu afligi. Da que coxeava farei a parte restante e da que tinha sido arrojada para longe uma nação poderosa. O Senhor reinará sobre eles no monte de Sião, desde agora e para sempre" (Miquéias 4: 6,7).
Quem é esse remanescente santo? Não são os ministros egoístas, não são os "stars" polidos e aplaudidos - NÃO! Trata-se de um povo provado; estiveram no fogo de teste; entre eles estão incluídos os desconhecidos, os párias das denominações, os considerados coxos, se comparados à igreja forte estabelecida; e estão incluídos os que levantam a voz contra a corrupção na casa de Deus.
Deus diz: "Vou colocá-los todos juntos!" Todo esforço humano para reunir os servos de Deus é em vão. Deus tem de fazer isso - e o que reúne esse remanescente, levando-os a concordarem um com o outro, é um coração arrependido unido a Cristo. São atraídos a um aprisco - um aprisco convocado de dentro da igreja meretriz! A Septuaginta diz: "Saltarão dentre os homens."
Jerônimo descreve tais pessoas como "filhos de Deus que se arrependem, e se elevam acima das coisas do mundo aspirando os céus." Trata-se de um povo de mente direcionada aos céus, esgotados da superficialidade e das concessões. Um povo que anseia ardentemente a santidade na casa de Deus.
Afirmo-lhes que nesse instante há um remanescente santo saltando dentre os homens. Todo homem e toda mulher de Deus, cujo coração esteja partido por causa do pecado e da corrupção na casa de Deus, pode sentir este salto do Espírito! Está chegando a ruptura, já!
O "Rompedor" era um título bem conhecido dos judeus. Era um de seus títulos para o Messias! O Dr.Driver diz: "O rompedor avança adiante deles, abrindo as portas da prisão onde o povo está confinado: eles o seguem, marchando em vitória através do caminho livre; o seu rei, com Jeová a seu lado, dirige a procissão vitoriosa. Eles romperam; passaram pelas portas."
A ruptura triunfante foi a ressurreição de Jesus Cristo nosso Senhor! Lá, Ele levou cativo o cativeiro. A partir desse dia, Ele possui um remanescente santo.
O quanto nos tornamos arrogantes! Concluímos que o único dia de restauração se encontra em nossos dias! Que o remanescente existe só nestes últimos dias! NÃO! Pedro se levantou no dia de Pentecostes e proclamou: "Estes são os últimos dias - eis aquilo que Joel prometeu que ocorreria nos últimos dias." Temos estado nos últimos dias por quase 2.000 anos.
O Senhor possuía um remanescente restaurado, santo, até durante a idade das trevas. Os Valdenses, o clã santo que manteve a luz do evangelho queimando durante anos, quando a igreja era corrupta e cruel! Os Moravianos, os Puritanos, os Wesleyanos, os Irmãos - em todos os dias de apostasia, o Senhor possuía um povo santo que irrompia! Um povo que seguia o Senhor em direção a um novo domínio de santidade e fé!
O que estamos vendo hoje é a cobertura de cima, dos remanescentes. Os últimos remanescentes! Nós perdemos a visão da história! Achamos que Deus existe só para os nossos dias, que todas as promessas, tudo que Deus fez - é só para nós! Mas não somos um remanescente completo, sem todos os que abriram caminho antes de nós. Eles ainda não estão completos, pois aguardam até que a casa seja terminada. "...para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados (completos)" (Hebreus 11:40).
Você quer romper, atravessar e sair dessa apostasia com Ele pela "porta"? E se o Espírito Santo pedir para você romper com o seu sistema denominacional? Você está pronto para romper e seguir o Cordeiro para onde Ele levar? "Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério. Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir" (Hebreus 13: 12-14).
Você está procurando um reino terreno, uma Sião terrena - ou o reino celestial? "Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala cousas superiores ao que fala o próprio Abel" (Hebreus 12:22-24). "Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor" (Hebreus 12: 28-29).
Agora mesmo Ele está abalando tudo que pode ser abalado. As advertências de Isaías estão à porta. Deus está abrindo mão da igreja apóstata meretriz; e vai abandoná-la arrasada como está. "Agora, pois, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas? Agora, pois, vos farei saber o que pretendo fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que a vinha sirva de pasto; derribarei o seu muro, para que seja pisada; torná-la-ei em deserto. Não será podada, nem sachada, mas crescerão nela espinheiros e abrolhos; às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela" (Isaías 5:3-6).
Creio que o que Deus disse a Miquéias é verdade. A Sião terrena, meretriz, se tornará em ruínas, arada como campo - se tornará um amontoado de ruínas. Então a Sião celestial se elevará, fora do arraial, do acampamento! Sião é um povo; um povo lavado, santificado, separado. Um povo que suspira e chora por causa das abominações da terra. Deus chama esse povo de NOVA JERUSALÉM - A JERUSALÉM DO ALTO. É a partir dessa Jerusalém santa, de um povo santo separado, que sairá a Palavra. "Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião procederá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém" (Miquéias 4: 1,2).
Você sente as dores de parto da Sião santa? O "Rompedor" vem à Babilônia para retirar o Seu povo. "Sofre dores e esforça-te, ó filha de Sião, como a que está para dar à luz, porque agora, sairás da cidade, e habitarás no campo, e virás até à Babilônia; ali, porém, serás libertada; ali, te remirá o Senhor das mãos dos teus inimigos" (Miquéias 4:10).
Finalmente - precisamos fugir do sistema meretriz, só para seguir o Cordeiro onde quer que Ele nos dirija. Não devemos nos instalar no arraial dos outros. Inexiste outro arraial doutrinário para este povo liberto, pois estão seguindo o ROMPEDOR à Sua câmara nupcial. Inexiste dedicação a algum mestre ou evangelista "star" para este povo separado, pois os seus olhos são só para o seu Senhor. Estão nesse mundo, mas não são mais dele.



Jesus disse: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” Seus discípulos ficaram espantados, tão quanto ficariam frente ao “Movimento da Prosperidade”. Então Jesus elevou ainda mais o espanto deles, dizendo: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.” Eles responderam em descrença: “Então, quem pode ser salvo?” Jesus disse, “Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível.” (Marcos 10:23-27)

Isso significa que o espanto dos discípulos tinha fundamento. Um camelo não pode passar pelo fundo de uma agulha. Isso não é uma metáfora para algo que requer muito esforço ou humilde sacrifício. Não dá para ser feito. Sabemos disso porque Jesus disse Impossível! Foi a palavra Dele, não a nossa. “Para os homens, é impossível.” O ponto é que a mudança de coração exigida é algo que o homem não pode fazer por si mesmo. Deus precisa fazê-lo — “... contudo, não [é impossível] para Deus.”

Não conseguimos nos fazer parar de valorizar o dinheiro acima de Cristo. Mas Deus pode. Isso são boas novas. E isso deveria ser parte da mensagem que os pregadores da prosperidade anunciam antes que incitem as pessoas a se tornarem mais como um camelo. Por que um pregador iria querer anunciar um evangelho que encoraja o desejo de ser rico, confirmando deste modo as pessoas em seu desajuste ao reino de Deus?





Teologia da Prosperidade - John Piper


Eu não sei o que você sente em relação à Teologia da Prosperidade, mas eu vou lhe dizer o que eu sinto: ódio!
Isso não é evangelho! E está sendo exportada deste país (EUA) para a Ásia e a África, vendendo um cardápio de benefícios aos mais pobres dos pobres. Eles dizem: “Creia nessa mensagem e seus porcos não irão morrer, e sua esposa não terá abortos, e você terá anéis em seus dedos e casacos nas suas costas”. Isso este saindo da América. Pessoas às quais nós deveríamos dar nosso dinheiro, nosso tempo e nossas vidas, invés de vender a eles um monte de esterco que eles insistem em chamar “evangelho”. E está é a razão pela qual a Teologia da Prosperidade é tão horrenda.
Qual foi a última vez na qual um americano, um africano ou um asiático jamais disse que Jesus é totalmente satisfatório por causa da BMW que possuía? Nunca! Eles dirão: “foi Jesus quem te deu isso? Eu aceiro esse Jesus!” Isso é IDOLATRIA. Isso não é Evangelho. Isso é colocar os dons acima de quem deu os dons.
Eu vou te dizer o que faz Jesus parecer lindo. É quando você bate seu carro e sua filhinha voa através do pára-brisas… e cai morta na rua…e você diz, em meio a mais profunda dor possível: “Deus me é suficiente. Ele é bom, Ele cuidará de nós, Ele irá nos satisfazer, Ele nos fará passar por isso. Ele é nosso TESOURO. A quem tenho eu no céu além de Ti? E na terra, não há nada que eu deseje mais que a Ti. Minha carne e meu coração e minha filhinha desfalecem, mas Tu és a força do meu coração, e a minha porção para sempre.” Isso faz Deus parecer Glorioso. Como Deus. Não como alguém que dá carros, segurança ou saúde.
Oh, como eu oro para que Birmingham seja liberto de Teologias que enfatizam a saúde, a riqueza, a prosperidade; de fato, que a América seja liberto. E que a Igreja Cristã seja conhecida por SOFRER por Cristo.
Deus é mais glorificado em você quando você está mais satisfeito nele em meio à dor e pobreza, e não em meio à prosperidade.

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Mensagem do Dia

O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa Deus de maneira pura, legítima e eterna. A.W.Tozer

"A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão." JOHN WESLEY"

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Alimentar-se da Palavra "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4 : 12).Erram por não conhecer as Escrituras, e nem o poder de Deus (Mateus 22.29)Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3

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