Gosto de adrenalina. Acho que ela tem me ajudado a atravessar muitos domingos. Contudo, não é adequada para as segundas-feiras. Na verdade, sou grato mesmo é pelo meu coração. Ele se mantém sendo um servo humilde e calado durante os dias bons e ruins, felizes e tristes, altos e baixos, apreciados ou desconsiderados. Ele nunca me deixa na mão, nem diz: "Eu não gostei de sua atitude, Piper. Vou dar o fora!" Apenas se mantém batendo humildemente, como sempre.
Os cristãos "coronários" agem como o coração nas causas às quais servem. Os cristãos-adrenalina, por sua vez, são uma explosão de energia, e então, a fadiga. O que a Igreja e o mundo precisam hoje é de corredores de maratona, e não velocistas. Pessoas que mantenham o passo até terminar a corrida (que dura toda uma vida).
Sou grato a Deus pelos cristãos "coronários"! Cristãos comprometidos com as grandes causas, e não com os grandes confortos. Rogo para que você comece a sonhar com algo que seja maior do que você, sua família e igreja. Anseio por deixarmos de endeusar a família, e dizermos ousadamente que nossos filhos não são a nossa causa. Eles nos são dados para que os treinemos, em pouco tempo, para as grandes causas da verdade, misericórdia e justiça num mundo preconceituoso, sofrido e decadente.
Meu sangue ferve pela a idéia de ver cristãos fortes, persistentes, coronários, comprometidos com as grandes causas, porque nesses últimos dias fui profundamente tocado pela vida de William Wilberforce. Houve um cristão "coronário" na causa da justiça racial. Ele era profundamente cristão, um evangélico vibrante, e um político apaixonado durante a longa luta contra o tráfico de escravos africanos na Casa dos Comuns norte-americana.
Em 28 de outubro de 1787, com 28 anos de idade, ele escreveu em seu diário: "O Deus Todo-Poderoso tem colocado diante de mim dois grandes objetivos: o fim do tráfico de escravos e a Reforma (moral)". Foi derrotado batalha após batalha no Parlamento, pois "O Tráfico" estava muito entranhado nos interesses financeiros do país.
Entretanto, ele nunca desistiu ou recuou, era "coronário", e não movido a adrenalina. Em 24 de fevereiro de 1807, às 4h da manhã, vinte anos mais tarde, o voto decisivo foi lançado (283 a favor, 16 contra) e o tráfico de escravos tornou-se ilegal. A Casa levantou-se como um só homem e colocou-se diante de Wilberforce numa explosão de palmas parlamentares, enquanto o pequeno homem sentado permanecia curvado, com a cabeça baixa e com lágrimas correndo pela face.
O cristão "coronário" William Wilberforce nunca desistiu. Havia explicações para sua inflexibilidade: a grandeza, a retidão e a justiça de sua causa o sustentavam. Abolir a escravidão era "o maior objetivo de minha carreira parlamentar". "Diante dessa grande causa", ele escreveu em 1796, "todas as outras coisas diminuíam aos meus olhos, e devo dizer que a convicção que me faz estar exatamente aqui soma-se à grande satisfação com a qual manifesto tal declaração. Se honrar-me até agora agrada a Deus, que eu possa ser um instrumento para deter o curso dessa perversidade e crueldade que, como nunca antes, desgraçou um país cristão".
Ele viu que as explosões de adrenalina nunca prevaleceriam: "Diariamente procuro me tornar mais sensível para que meu trabalho seja mais afetado pelas ações constantes e regulares do que por atitudes súbitas e violentas". Aprendera o segredo de ser fortalecido, e não detido, pela oposição. Um de seus adversários disse: "Ele é abençoado com uma grande porção de entusiasmo, o que é extremamente proveitoso, já que isso influencia de forma muito mais vigorosa do que uma atitude explosiva".4 Essencialmente, o segredo do seu compromisso "coronário" com essa grande causa consistia em sua profunda aliança com Jesus Cristo.
Ele orou: "(Possa Deus) capacitar-me a ter um olhar sincero e um coração singelo, desejoso de agradar-lhe, para o bem do meu próximo e para demonstrar minha gratidão ao meu adorável Redentor". Que essa oração possa estimular muitos outros "coronários" apaixonados por Cristo a lutarem contra o racismo, o aborto, a fome, a ignorância, a miséria, o desabrigo, as drogas, o crime, a corrupção, a violência, a AIDS, a apatia, a incredulidade... com uma perseverança inabalável.
Sim, Senhor! Este é o nosso desejo de coração. Perdoa-nos pelos ímpetos passageiros de justiça, pelas curtas corridas em busca da santidade, pelos pequenos flashes de sacrifícios nobres. Edifica na fibra de nossa fé uma perseverança vigorosa, resistente e inabalável pela causa da verdade e do amor! Torna-nos cristãos "coronários"! Em nome de Jesus. Amém.
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