O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! – Lucas 18.13
Essa oração era em todos os sentidos o oposto exato da oração do fariseu. Lemos que ele estava longe, em pé, e "batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!". O nosso Senhor mesmo apõe nessa breve súplica a chancela da sua aprovação: "Digo-vos que este desceu justificado para sua casa".
A excelência da oração do publicano reside em cinco pontos, cada um deles digno de atenção. Em primeiro lugar, foi um pedido verdadeiro. A oração que consiste só de ações de graça e declarações religiosas, sem nada pedir, é uma oração falha; pode ser adequada a um anjo, não a um pecador. Outro motivo, é que foi uma oração pessoal direta. O publicano não falou de seus semelhantes, mas de si mesmo. Imprecisão e generalidade são os grandes vícios da religião da maioria; trocar "nós", "nosso" e "a nós" por "eu", "meu" e "a mim" é um grande passo na direção do céu. Mais uma razão, é que foi uma oração humilde; uma oração que põe o eu no devido lugar. O publicano confessou sem rodeios que era pecador. Eis o ABC do cristianismo que salva: jamais começaremos a ser bons senão quando conseguirmos dizer que somos maus. Outra razão, é que a misericórdia era o supremo bem desejado e que ele mostrava a fé, embora débil, na misericordiosa aliança de Deus. Misericórdia é a primeira coisa que devemos pedir desde o dia em que começamos a orar. Misericórdia e graça devem ser o objeto das nossas petições diárias diante do trono da graça até o dia em que morrermos. Finalmente, a oração do publicano veio do coração. Ele estava profundamente comovido ao proferi-la, batia no peito como quem sente mais do que é capaz de expressar. Orações assim são o prazer de Deus. Ele não desprezará o coração compungido e contrito (Sl 51.17).
Autor: J. C. Ryle (1816–1900)
Fonte: Day by day with J. C. Ryle, Eric Russell, Christian Focus Publications, p. 24.
Tradutor: Marcos Vasconcelos
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