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12 de jul. de 2010

Inimigos da Cruz de Cristo - Charles Haddon Spurgeon

/ On : 15:38/ SOLA SCRIPTURA - Se você crê somente naquilo que gosta no evangelho e rejeita o que não gosta, não é no Evangelho que você crê,mas, sim, em si mesmo - AGOSTINHO.

 
Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. (Fil. 3:18,19).

Meus queridos ouvintes. São Paulo nos oferece o modelo completo de um ministro cristão. Pastor vigilante, ele se preocupava sem cessar com o rebanho confiado a seus cuidados. Ele não se limitava a pregar o Evangelho, e não cria ter completado todo o seu dever em anunciar a salvação, mas seus olhos estavam sempre voltados às Igrejas que havia fundado, seguindo-as, com um interesse zeloso, no seu progresso ou declínio na fé. Quando ele tinha que ir proclamar o Evangelho eterno em outras regiões, ele não cessava de velar pelo bem estar espiritual de suas vibrantes colônias cristãs da Grécia e da Ásia menor, semeadas por ele em meio às trevas do paganismo; e enquanto acendia novas lâmpadas na tocha da verdade, ele não negligenciava aquelas que já flamejavam. É assim que, em nosso texto, ele dá à pequena Igreja de Filipos uma prova de sua solicitude, lhes dirigindo conselhos e advertências. E o Apóstolo não era menos fiel que vigilante. Quando via pecado na Igreja, não hesitava em denunciá-lo. Ele não lembrava a maioria dos pregadores modernos, que se vangloriam de não ter jamais tido uma relação pessoal com seu rebanho ou jamais ter incomodado suas consciências, e que põem sua glória naquilo que é enganoso; porque tivessem eles sido fiéis, tivessem exposto sem impureza todo o conselho de Deus, teriam infalivelmente, uma vez ou outra, ferido a consciência de seus ouvintes.

Paulo agia totalmente diferente: ele não temia atacar frontalmente o pecador, e não somente tinha a coragem de declarar a verdade, mas sabia da necessidade de insistir sobre esta verdade: "Repetidas vezes eu vos dizia, e eu vos digo ainda, que muitos entre vós são inimigos da cruz de Cristo”.

Mas se, por uma parte o apóstolo era fiel, por outra ele era cheio de afeto. Como todo ministro de Cristo deveria fazer, ele amava verdadeiramente as almas sob seu encargo. Se ele não podia admitir que algum membro das Igrejas colocadas sob sua direção se desviasse da verdade, não podia mais ainda lhes repreender sem derramar lágrimas. Ele não sabia brandir a ira com o olho seco, nem denunciar os juízos de Deus de maneira fria e indiferente.

As lágrimas brotavam de seus olhos, enquanto que sua boca pronunciava as mais terríveis ameaças; e quando censurava, seu coração batia tão forte de compaixão e amor, que aqueles a quem ele se dirigia não podiam duvidar da afeição com que suas censuras eram ditadas: “Eu, repetidas vezes vos dizia, e agora vos digo até chorando”.

Meus amados. A advertência solene que Paulo, outrora, dirigiu aos Filipenses nas palavras de meu texto, eu as dirijo a vocês hoje, para que entendam.

Temo que esta advertência não seja menos necessária em nossos dias que nos tempos do Apóstolo, porque em nossos dias como nos dias do Apóstolo, há vários na Igreja cuja conduta testemunha fortemente que são inimigos da cruz de Cristo. Que posso dizer? O mal, longe de diminuir, me parece ganhar terreno a cada dia. Há, em nosso século, um maior número de pessoas que fazem profissão de fé que no tempo de Paulo, mas há também mais hipócritas.

Nossas Igrejas, eu lhes digo para sua vergonha, toleram em seu seio membros que não têm nenhum direito a este título; membros que estariam bem melhor se postos em uma sala de festim, ou em qualquer outro lugar de dissolução e loucura, mas que jamais deveriam molhar os lábios no cálice sacramental ou comer o pão místico, emblemas dos sofrimentos de nosso Senhor. Sim, em vão procurariam dissimular que há vários entre nós – (e se tu voltasses à vida, ó Paulo. Quanto não te sentirias apressado em nos dizer, e quantas lágrimas amargas não derramarias ao nos dizer!...) – que são inimigos da cruz de Cristo, e isto porque o deus deles é o ventre, porque eles dirigem suas afeições às coisas da terra, e sua conduta está em completo desacordo com a santa lei de Deus.

Eu me proponho, meus irmãos, a procurar com vocês a causa da dor extraordinária do Apóstolo. Eu digo: dor extraordinária, porque o homem que meu texto apresenta como derramando lágrimas, não era, vocês sabem, um desses espíritos fracos, de sensibilidade doentia e sempre perto de se emocionar. Eu não li em nenhuma parte nas Escrituras que o Apóstolo chorasse sob o golpe da perseguição. Quando, segundo a expressão do salmista, se traçavam sulcos sobre seu dorso, quando os soldados romanos o lancetavam com suas varas, não sei de nenhuma lágrima que tenha escapado de seus olhos. Foi ele jogado na prisão? Ele cantava e não gemia. Mas, se jamais Paulo chorou por causa dos sofrimentos aos quais se expôs por amor a Cristo, ele chorou, nós vimos, ao escrever aos Filipenses. A causa de suas lágrimas era tripla: ele chorava, primeiramente, por causa DO PECADO de alguns membros da Igreja; em segundo lugar, por causa DOS EFEITOS DESAGRADÁVEIS DA CONDUTA DELES, e enfim, por causa do DESTINO que lhes esperava.

I

Primeiramente, nos foi dito, Paulo chorava por causa do PECADO destes formalistas que, ainda que façam parte exteriormente de uma Igreja cristã, não andam corretamente diante de Deus e dos homens. E notem a acusação que ele faz contra eles: o Deus deles é o ventre, escreve ele. Sua sensualidade.

Este é o primeiro pecado que eles têm, do Apóstolo, sua reprovação.

Havia, de fato, na Igreja primitiva, pessoas que após terem sentado junto à mesa do Senhor, iam participar dos banquetes dos pagãos, e lá se davam sem constrangimento aos excessos de comida e bebida. Outros, se abandonando às abomináveis concupiscências da carne, mergulhavam nesses prazeres (falsamente assim chamados), que não somente fazem perder a alma, mas afligem o corpo com justo castigo. Outros ainda, sem cair em tão vergonhosos excessos, se preocupavam muito mais com a aparência exterior que a interior, do alimento do homem exterior que da vida do homem interior; de sorte que, como os precedentes, ainda que de outra maneira, eles faziam do ventre o seu Deus.

Assim, meus queridos ouvintes, eu lhes pergunto, esta grave reprovação do Apóstolo é, para nós, menos aplicável que à Igreja de Filipos? Seria impossível encontrar entre os membros de nossos rebanhos, pessoas que deifiquem, de algum modo, sua própria carne, que se entreguem a ela num culto idólatra, que se inclinem diante da parte mais material de seu ser?

Não é notório, não é incontestável, ao contrário, que há homens fazendo profissão de fé, que cuidam da sua carne, que acariciam seus apetites sensuais, tanto quanto os mundanos declarados poderiam fazer?

Não há aqueles que são amantes dos prazeres da mesa, que se deleitam em seu bem estar, no luxo, nas luxúrias da vida presente? Não há quem gaste, sem escrúpulos, toda uma fortuna para embelezar o corpo que perece, sem refletir que agindo assim, eles destroem a beleza da causa do Salvador que eles pretendem servir? Não há aqueles cujo negócio da sua vida consiste em procurar seu bem estar, e cuja carne e sangue jamais tiveram ocasião de lastimar, porque não somente são escravos, mas ainda fazem disso seu Deus?

Ah, meus irmãos, há grandes manchas na Igreja, há grandes escândalos.

Ovelhas viciadas foram introduzidas no rebanho. Falsos irmãos introduziram-se entre nós, como serpentes sob a erva; e cada vez mais se descobre que eles têm infligido uma dolorosa ferida na religião e ocasionado sério dano à gloriosa causa de nosso Mestre. Eu repito com profunda tristeza, mas com plena convicção, há vários em nossas Igrejas (falo igualmente das Igrejas dissidentes e da Igreja estabelecida) – Spurgeon, ele mesmo pertencia a uma Igreja dissidente – aos quais se aplicam muito bem estas severas palavras do Apóstolo: o Deus deles é o ventre.

Uma segunda reprovação que Paulo dirigiu aos pretensos cristãos de Filipos, era a que eles se apegavam afetivamente às coisas da terra.

Meus amados; pode ser que a acusação anterior não tenha atingido suas consciências; mas, a presente, me parece bem difícil que dela vocês possam encontrar um escape. Há mais: afirmo que o mal assinalado aqui pelo Apóstolo, tem invadido em nossos dias a maior parte da Igreja de Cristo.

Para se convencer, basta abrir os olhos à evidência.

Assim, por exemplo, é uma anomalia, mas é fato que hoje existem cristãos ambiciosos. O Salvador declarou, é verdade, que aquele que quer ser elevado deve se diminuir; também, se pensava outrora, que o cristão era um homem simples, modesto, acostumado às pequenas coisas; mas em nosso século ele não é mais assim.

Entre os pretensos discípulos do humilde Galileu, há, ao contrário, gente que aspira conseguir a primeira escala das grandezas humanas, e cujo único pensamento é, não glorificar a Cristo, mas de se glorificar a si mesmo e a qualquer preço.

É assim, (para sua vergonha, ó Igreja) que há em entre nós, pessoas que mesmo tendo aparência de piedade, não são menos mundanas que os mais mundanos, e que não sabem mais sobre o Espírito de Cristo, que os homens mais carnais de fora.

É assim, igualmente, que há cristãos avarentos. Sem dúvida, isso é ainda um paradoxo: valeria mais falar, me parece, da mancha nos serafins ou da imperfeição da perfeição, que da avareza de um discípulo de Jesus; e, no entanto (eu chamo a cada um dos que me ouvem), não encontramos todos os dias aqueles que se dizem cristãos, cujo cordão da bolsa dificilmente se desamarra ao grito de um pobre, que maquia seu amor ao dinheiro com o nome de prudência, e que, em vez de colocar seus bens em benefício do reino de Cristo, só pensa em granjeá-los? Eu vou mais longe, e digo que se queremos encontrar homens inflexíveis em seus negócios, ávidos em ficar ricos, duros para com seus credores, homens sórdidos, desleais, os quais, a exemplo dos fariseus de outrora, não têm escrúpulos em devorar as casas das viúvas, eu digo que se queremos encontrar tais homens, é freqüentemente no seio de nossas Igrejas que devemos procurá-los. Meus irmãos, esta confissão, eu enrubesço ao fazê-la, mas eu devo, porque é a verdade.

Sim, entre os membros mais considerados de nossos rebanhos, mesmo entre aqueles que ocupam cargos eclesiásticos, vocês encontrarão quem fixe suas afeições às coisas da terra, e que não possuem absolutamente nada desta vida escondida com Cristo em Deus, sem a qual não existe verdadeira piedade.

Preciso acrescentar mais? Estes grandes malefícios não são os frutos de uma religião sã, mas antes, aqueles de um formalismo vão. Deus seja louvado, o remanescente eleito é preservado dessas funestas tendências, mas a massa dos cristãos nominais que invadiram nossas Igrejas, foi atingida de uma maneira deplorável.

Um último traço pelo qual o Apóstolo caracteriza os falsos irmãos de Filipos é este: Eles põem sua glória naquilo que é enganoso. É isso, com efeito, uma disposição natural do formalista. Ele tira vaidade de seus próprios pecados; mais ainda: ele os chama de virtudes. Sua hipocrisia ele chama de retidão; seu falso zelo, de fervor. Os sutis venenos de Satanás, ele os reveste da etiqueta dos santos remédios de Cristo. O que ele chama de vício nos outros, nele mesmo ele considera como qualidade. Se ele vê seu próximo cometer a mesma ação que ele está acostumado a cometer, se a vida daquele mostra a imagem perfeita da sua própria vida, oh! Como ele se volta contra seu próximo! Sua presteza em cuidar dos deveres exteriores da religião é exemplar; ele é o mais estrito dos sabatistas, o mais escrupuloso dos fariseus, o mais austero dos devotos. Ele cuida de realçar a menor fraqueza na conduta do outro; ninguém o ultrapassa em habilidade; e enquanto ele acaricia à vontade seu pecado favorito, ele olha as faltas de seus irmãos através de uma lente de aumento. Quanto à sua própria conduta, ela não diz respeito a ninguém. Ele pode pecar impunemente; e se seu pastor, por acaso, lhe faz alguma observação, ele se indigna e o acusa de calúnia. As observações, não mais que as advertências, jamais o atingem. Não é ele um membro de Igreja? Não cumpre ele, exatamente, os ritos e as ordenanças? Quem ousaria colocar em dúvida sua piedade? Oh! Meus irmãos, meus irmãos, não façam, pura ilusão! Muitos pretensos membros de Igreja serão um dia membros do inferno. Muitos homens admitidos em uma, ou outra, de nossas comunidades cristãs, que receberam a água do batismo, que se aproximam de nossa mesa sagrada, que talvez, mesmo, tenham a reputação de estarem vivos, não estão menos mortos, em relação ao espiritual, que os cadáveres em seus sepulcros.
Hoje em dia é fácil se fazer passar por um filho de Deus! No lugar da renúncia, do amor por Cristo, da mortificação da carne, o pouco que se exige é aprender alguns cânticos, aprender algumas banalidades piedosas, algumas frases convencionadas, e vocês se imporão, mesmo aos eleitos. Filiem-se a uma Igreja qualquer; mostrem uma conduta exterior, de tal sorte que lhes possam considerar respeitável, e se vocês não conseguirem enganar os mais lúcidos, ao menos terão uma reputação de piedade bem estabelecida para lhes permitir andar com o coração aliviado e a consciência à vontade, no caminho da perdição.

Eu sei, meus amados, que eu digo coisas duras, mas são coisas verdadeiras; por isso não posso calar. Meu sangue borbulha algumas vezes em minhas veias, quando encontro homens cuja conduta me dá vergonha, ao lado de quem eu ousaria apenas me sentar, e que, no entanto, me tratam, com convicção, de "Irmão". O quê? Eles vivem no pecado, e chamam um cristão de irmão! Oro a Deus que lhes perdoe seu desvio de conduta; mas eu declaro - eu não posso de jeito algum me confraternizar com eles, e nem quero, até que se conduzam de uma maneira digna de sua vocação.

Certamente, todo o homem que faz de seu ventre um Deus e que põe sua glória naquilo que é enganoso, é completamente culpado; mas quando esse homem se veste com a roupa da religião, quando conhece a verdade, a qual ele ensina como necessária, faz abertamente profissão de ser um servo de Cristo, quanto mais culpado é ele! Vocês conseguem conceber, meus irmãos, um crime mais atroz que aquele do hipócrita audacioso que, mentindo a Deus e à sua consciência, declara solenemente que pertence ao Senhor e que o Senhor lhe pertence, depois vai viver como vive o mundo, anda seguindo o curso do presente século, comete as mesmas injustiças, persegue os mesmos objetivos, usa dos mesmos meios que aqueles que não são chamados pelo nome de Cristo?

Ah! Se houvesse nesta assembléia alguém que devesse confessar que este é o seu pecado; que chore, sim, que chore lágrimas de sangue, porque a enormidade de seu crime é maior do que poderíamos dizer!


II


Mas se o Apóstolo chorava, como acabamos de ver, por causa do pecado desses homens que tinham de cristão somente o nome, ele chorava mais ainda, talvez, por causa DOS DESGRADÁVEIS EFEITOS DE SUA CONDUTA, porque ele acrescenta esta palavra tão enérgica de forma breve: eles são inimigos da cruz de Cristo. Sim, tu dizes a verdade, ó Paulo! Sem dúvida, o cético, o incrédulo, são inimigos da cruz de seu Mestre; o blasfemador, o profano, o sanguinário Herodes, estes são também; mas os inimigos por excelência desta cruz santa, os soldados de elite do exército de Satanás, são estes cristãos fariseus, caiados por fora de uma aparência de piedade, mas cheios por dentro de toda a sorte de podridão.

Oh! Parece-me que, a exemplo do Apóstolo, todo o filho de Deus deveria derramar lágrimas ardentes, ao pensar que os mais duros golpes contra o Evangelho vêm daqueles que se dizem discípulos. Parece-me que deveria sentir uma dor nunca antes experimentada, ao ver Jesus ferido cada dia por aqueles que pretendem ser dele.

Vejam! Eis aqui meu Salvador que se adianta, os pés e as mãos ensangüentados... Oh! Meu Jesus, meu Jesus! Quem tem feito, de novo, teu sangue verter? Que significam essas feridas? Por que tu tens teu aspecto tão triste? "Eu fui ferido, responde ele, e onde você pensa que eu recebi o golpe?" – Certamente, Senhor, tu foste ferido na casa da intemperança ou da devassidão, tu foste ferido no banco dos escarnecedores ou na assembléia dos ímpios. "Não, diz Jesus, eu fui ferido na casa de meus amigos (Zc. 8:6); estas feridas me foram feitas pelos homens que levam meu nome, se assentam em minha mesa e falam minha língua. Estes são aqueles que me furaram, que me crucificaram de novo, que me lançaram à ignomínia..."

Ferir a Cristo e lançá-lo à ignomínia. Em tudo fazendo profissão de lhe pertencer! Não lhes parece, meus caros ouvintes, que um pecado tão odioso não deveria existir? Entretanto, infelizmente, é mais comum do que pensamos.

A história conta que César, expirando sob os golpes de seus assassinos, só percebeu que estava perdendo seu império, quando viu seu amigo Brutus adiantar-se para lhe dar o golpe. "Até tu, Brutus!" gritou então, e se cobrindo com sua túnica, chorou. Da mesma maneira, meus amigos, se Cristo aparecesse no meio desta assembléia, não poderia dizer a vários de vocês, escondendo a face de tristeza, ou antes, fazendo ouvir sua justa indignação: "E você, que te introduziste em minha Igreja, e você que dizes ser meu discípulo, me estapeias também?...". Se devo ser vencido na batalha, que sejam meus opositores que me vençam, mas meus aliados que ao menos não me traiam. Se a cidadela, que estou pronto a defender até meu último suspiro, deve ser tomada, que o inimigo entre marchando sobre o meu cadáver, mas, ainda uma vez, que meus amigos não me traiam. Ah! Se o soldado que combate a meu lado me vendesse a meus adversários, meu coração seria duas vezes quebrado; primeiro, pela derrota, e em seguida pela traição.

Quando das guerras religiosas que nossos irmãos suíços travaram para manter sua liberdade, um punhado de protestantes defendia valentemente um desfiladeiro contra uma corporação considerável do exército. Ainda que eles vissem seus irmãos, seus amigos, caírem a seu lado, ainda que eles mesmos se sentissem esgotados e prestes a desfalecer, eles não combatiam menos, mas com uma intrepidez heróica. Mas de repente, um grito se fez ouvir, um grito agudo, um grito terrível! O inimigo escalou uma protuberância, e ia cercar a pequena companhia dos reformados. Percebendo isto, seu chefe tremeu de indignação, rangeu os dentes, bateu os pés, porque ele compreendeu que um traidor, que um protestante covarde devia ter vendido seus irmãos a seus implacáveis inimigos. Voltando-se, então, em direção à sua gente, gritou: "Avante!" Com um tom de quem nada mais espera. E como os leões que saltam sobre sua presa, aqueles bravos se lançaram diante de seus inimigos, prontos, agora, a morrer, depois que um deles lhes havia traído.

Meus irmãos, um sentimento desta natureza que se espera de um corajoso soldado da cruz, quando ele vê um de seus companheiros de serviço desonrar a bandeira de seu divino Chefe e trair sua santa causa. De minha parte, não hesito em lhes dizer, que o que eu temo não são os inimigos declarados, mas os falsos amigos. Que haja mil demônios fora da Igreja, antes que um só em seu seio! Não nos inquietemos com os ataques daqueles de fora, mas tenhamos cuidado, oh! Tenhamos cuidado com estes lobos vorazes que vêm até nós vestidos de cordeiro. É contra esses que os ministros da Palavra devem denunciar, com uma santa cólera, os terríveis julgamentos de Deus; é por eles que devem derramar suas mais copiosas lágrimas, porque eles são os mais perigosos inimigos da cruz de Cristo.
Mas, precisemos melhor, e indiquemos resumidamente alguns dos desagradáveis efeitos que resultam da presença dos formalistas na Igreja.

Em primeiro lugar, eles entristecem e afligem singularmente o corpo de Cristo, a assembléia dos fiéis. Eles são a causa, sem igual, dos gemidos mais dolorosos que jamais escaparam do coração dos filhos de Deus. Que um incrédulo me insulte, e me cubra de lama na rua, creio que lhe agradeceria a honraria que me fez, se eu sei que me injuria pelo nome de Cristo; mas se um que se diz cristão, faz jorrar sobre a causa de meu Mestre a sujeira de uma vida desregrada, meu coração lamentaria dentro em mim, porque eu sei que tais escândalos são mais prejudiciais ao Evangelho que as fogueiras e as torturas. Que todo o homem que odeia o Senhor Jesus me sobrecarregue de maldições, não derramarei uma única lágrima; mas quando eu vejo um de seus pretensos discípulos renegá-lo e traí-lo, como não afligirei minha alma e qual o cristão que não se afligiria comigo?

Em segundo lugar, os falsos irmãos trazem infalivelmente, como conseqüência, divisões na Igreja. Eu digo isto com a mais inteira persuasão. Se voltássemos à origem de nossas discórdias eclesiásticas, encontraríamos que todas, ou quase todas, deveriam ser colocadas na conta dos formalistas, que, por sua conduta inconseqüente, obrigaram os cristãos vibrantes a se separarem deles. Haveria mais unidade entre nós, se os hipócritas não se infiltrassem em nosso meio; haveria mais cordialidade, mais abandono, mais amor fraternal, se esses hábeis sedutores não nos tivessem ensinado, às nossas custas, a nos mostrar reservados e cheios de suspeita. E mais, eles são sempre os primeiros a falar mal dos crentes verdadeiros, e a semear divisões entre eles. E em todo o tempo tem sido assim. O que fez a Igreja de Deus sofrer os mais graves danos jamais sofridos por ela? Não foram as tramas mortais de seus inimigos confessos? Não foram os incêndios secretamente semeados em seu próprio campo pelos homens, vestidos, é verdade, da máscara da piedade, mas que não são menos que espiões e traidores?

Notemos, além disso, que tais pessoas fazem um mal incalculável aos não convertidos. Quantos pobres pecadores, que começaram a voltar-se para Cristo, são mantidos longe dele pelos escandalosos paradoxos existentes entre a conduta e os princípios de certos cristãos! Quantas vidas, nascendo para a piedade, que vão se quebrar cada dia nessa pedra de tropeço!

E aqui, permitam-me, meus irmãos, de lhes contar um fato que confirma, de uma maneira surpreendente, a verdade a que me referi. Eu espero discernir o que há de importante e oro a Deus que lhes faça sentir também. Um jovem ministro, de passagem por uma Igreja de uma cidade, pregou um sermão que pareceu causar uma profunda impressão sobre o auditório. Um jovem em particular foi tão tocado pelas palavras graves do pregador, que resolveu ter uma entrevista com ele. Em vista disso, ele o atendeu na saída da Igreja e ofereceu-se a lhe acompanhar até sua casa. Caminho andado, o ministro lhe falou de tudo, exceto do Evangelho. Grande era a angústia do jovem. Este bem que tentou colocar ao ministro que o acompanhava, uma ou duas questões sobre a salvação de sua alma, mas o pastor lhe respondia friamente e de uma maneira evasiva, como se o assunto fosse de pouca importância. Enfim, chegaram à sua casa; várias pessoas se achavam reunidas, e logo nosso pregador travou uma conversa das mais leves, que temperou com boas palavras e piadas exageradas. Logo, encorajado, sem dúvida pelos risos de aprovação que acolheram suas primeiras pilhérias, sem perceber pronunciou palavras que poderíamos chamar quase licenciosas. Indignado, fora de si, o jovem se levantou bruscamente; saiu para o quintal da casa, e aquele que há uma hora atrás chorava ouvindo falar do Senhor, agora gritava com raiva: “A religião é uma mentira! De agora em diante eu não creio mais nem em Cristo nem em Deus. Se eu for condenado, que minha alma seja requerida desse homem, porque foi ele quem a fez se perder! Faria assim, se tivesse convencido das coisas que ensina aos outros? Não! É um vil hipócrita; e de agora em diante não quero mais escutar nem a ele, nem seu Evangelho." O infeliz cumpriu a palavra; entretanto, quando, algum tempo depois, se viu estendido sobre seu leito de morte, pediu para ver o jovem ministro. Por uma notável coincidência, este, que habitava numa paróquia distante, se encontrava naquele momento na cidade, onde Deus, sem dúvida, lhe havia trazido, afim de que lá recebesse a pena de seu pecado. Sua Bíblia à mão, entrou no quarto do moribundo e se apressou a ler e orar, quando o doente lhe fez parar e disse: "Eu lhe ouvi pregar uma vez."- lhe falou olhando fixamente. "Deus seja louvado!" – respondeu o ministro, crendo ter sido usado na conversão daquela alma. "Que eu saiba, não há motivo algum para louvar a Deus, continuou friamente o doente; você está lembrado de ter pregado aqui tal dia, sobre tal texto? - Sim, eu me lembro perfeitamente. – Bem, senhor, naquele dia eu tremi ao lhe ouvir; eu estava perdido. Eu deixei a Igreja com a intenção firme de dobrar meus joelhos diante de Deus e de procurar seu perdão em Cristo. Mas, o senhor se lembra de algumas atitudes tomadas pelo senhor naquela casa? – Não, disse o ministro. – É preciso, então, que eu ajude sua memória, meu senhor, respondeu o moribundo. Mas antes de tudo, deixe-me dizer que, por causa da sua conduta naquela noite, minha alma deverá ser condenada; e se é verdade que ainda tenho um sopro de vida, também é verdade que eu lhe acusarei diante do tribunal de Deus por ter sido a causa de minha condenação!". Tendo dito isso, o infeliz fechou os olhos e expirou.

Eu creio, meus irmãos, que lhes seria difícil de conceber o que passou no coração daquele ministro quando se afastou daquele leito de morte... Toda sua vida ele deverá arrastar atrás de si este horrível, este terrível remorso: "Há uma alma no inferno que me acusa por sua condenação!"

E um remorso como esse, eu temo, pesará um dia sobre a consciência de muitos membros de nossas Igrejas. Quantos jovens, de fato, desistiram de uma séria procura da verdade pelas censuras ásperas e amargas dos modernos fariseus!

Quantas almas sinceras se tornaram prevenidas contra a sã doutrina, pela conduta pouco edificante daqueles que fizeram profissão de aderi-la! Ah! Pior para vocês escribas e fariseus hipócritas! Porque, não somente vocês não entram no reino dos céus, mas impedem de lá entrar aqueles que gostariam de fazê-lo; vocês se apoderaram da chave do conhecimento, vocês fecharam o ferrolho da porta da salvação com duas voltas pelas suas infidelidades, e afastaram, pela sua flagrante hipocrisia, as almas que estavam dispostas a se aproximar!

Um outro efeito deplorável da conduta dos cristãos formalistas, é que ela causa uma grande alegria ao demônio e seu partido. Pouco me importa o que dizem os incrédulos em seus livros e discursos: quão hábeis sejam (certamente eles precisam ser bem hábeis para provar o absurdo e dar ao erro uma aparência de verdade), quão hábeis sejam, repito, pouco me importam seus ataques, há muito tempo que eles se apóiam sobre mentiras. Mas quando nos dirigem reprovações com base, quando as acusações que intentam contra a Igreja de Deus são fundadas, oh! Então devem ser temidos, e é também quando Satanás triunfa.

Quando um homem tem uma conduta cristã reta e íntegra, ele desarma logo a crítica; quando leva uma vida santa e irrepreensível, se cansarão logo de rir à suas custas; mas se ele manca dos dois lados, se ele age ora como cristão, ora como mundano, que não esqueça - ele leva almas para os adversários e lhes dá ocasião de blasfemar do Evangelho. Ah! Quem poderia dizer as imensas vantagens logradas pelo demônio sobre a Igreja, por causa das infidelidades daqueles que pretendem ser seus membros? “Vocês dizem e não fazem; suas vidas não estão de acordo com seus princípios” - tal é a mais temida máquina de guerra com a qual Satanás rompe as brechas das muralhas da Igreja.

Cuidado, meus caros ouvintes; velem constantemente sobre si mesmos, a fim de não desonrarem a causa que vocês fazem profissão de amar.

E aqui, me sinto pressionado a me dirigir em particular àqueles que, como eu, têm trilhado firmemente sobre a eleição da graça. Vocês sabem por que nós cremos em uma salvação puramente gratuita, por que dizemos como São Paulo: pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia (Rm 9:16)? Em outros termos, por que nos chamam de ultra-calvinistas, de antinomianos, nos olham como a escória de toda a terra, acusam nossas doutrinas de encorajar o vício e a imoralidade? Queremos realmente, meus amados, refutar vitoriosamente a calúnia? Esforcemo-nos para viver de uma maneira mais e mais digna de nossa vocação; temamos, por nossas quedas e nossas fraquezas, para não darmos ocasião aos ataques de nossos adversários; em uma palavra: tomemos cuidado para não lançarmos lama sobre estas santas verdades que nos são tão caras quanto à vida, e às quais esperamos permanecer fiéis até à morte.


III


Mas, é tempo de passarmos para a terceira causa da profunda dor que Paulo provou ao escrever nosso texto. Esta causa, como já dissemos, era O DESTINO reservado aos falsos irmãos de Filipos; é o que nos ensinam estas palavras: O fim deles é a perdição. Ouçam, meus irmãos! O fim dos formalistas será a perdição, - e ouso acrescentar, a pior das perdições. Sim, se há no inferno cadeias mais pesadas que as outras; se há prisões escuras, chamas mais ardentes, angústias mais cruéis, tormentos mais intoleráveis, certamente serão a experiência daqueles cuja profissão de fé não tem sido mais que uma indigna mentira!

Na verdade, de minha parte, preferiria morrer pecador abominável, que cristão hipócrita. Oh! Que terrível despertar de uma alma que, depois de ter tido a experiência de viver neste mundo, ser jogada com os mentirosos no outro; aquele que, depois de ser elevado até os céus aqui debaixo, se vê rebaixado até o inferno na eternidade! E quanto mais o formalista se deixe seduzir, mais terrível será sua desilusão. Ele havia pensado ter levado a seus lábios a taça cheia das delícias do paraíso, e no lugar disso, se vê condenado a beber até a borra da bebida do inferno! Ele contava entrar sem dificuldade pelas portas da Nova Jerusalém, e eis que as encontra fechadas!

Ele imaginava que para ser admitido na sala de núpcias, bastaria gritar: Senhor, Senhor, e em vez disso ouve ser pronunciado contra ele, não simplesmente a maldição geral dirigida à massa de pecadores, mas esta sentença, mil vezes mais terrível e amarga, porque ela é mais direta e pessoal: “Retira-te de mim, eu jamais te conheci! Ainda que tu tenhas comido e bebido em minha presença, ainda que tenhas entrado em meu santuário, tu és um estrangeiro para mim e eu o sou para ti!” Meus irmãos, um tal destino, mais lúgubre que o sepulcro, mais horrível que o inferno, mais desesperador que o desespero, tal destino será, inevitavelmente, a experiência desses pretensos cristãos cujo Deus é o ventre, que põem sua glória naquilo que é enganoso, e que colocam seu coração nas coisas da terra.

E agora, permitam-me, antes de terminar, responder a diversos pensamentos que podem ilustrar o que vocês acabaram de ouvir. Se não estou errado, alguns dentre vocês estão dizendo neste momento: “Eis aí um pregador que não poupa as Igrejas; e ele tem razão. Ele nos faz ouvir duras verdades. Quanto a mim, divido com ele o mesmo ponto de vista: essa gente que faz profissão de fé e que tem aparência de santo, é gente hipócrita e impostora. Eu sempre achei que não há um que seja sincero.” Pára aí, meu amigo. A Deus não agradaria se eu tivesse dito algo parecido com o que você disse aí! Eu seria muito culpado se tivesse feito. Há mais: eu sustento que o fato de existir hipócritas é uma prova irrefutável que existem também cristãos sinceros.

“Como é isso?” Você me pergunta. É bem simples, meu querido ouvinte. Você creria que há dinheiro falso no mundo, se não houvesse a moeda verdadeira? Você acha que se poria a falsa em circulação, se não houvesse a de boa qualidade?

Evidentemente, não. A falsificação pressupõe, necessariamente, a existência da coisa falsificada. Se não existisse piedade verdadeira, também não existiria a falsa. Assim, como é o valor da moeda que faz com que o falsário a reproduza, também é a excelência do caráter cristão que dá a idéia a certas pessoas de o imitar. Não tendo a realidade, eles querem ao menos a aparência; não sendo de ouro puro, eles se revestem para dar uma aparência de que são. Eu lhes digo de novo, e o mais simples bom senso basta para que compreendam: porque há falsos cristãos, deve haver necessariamente os verdadeiros.

“Bem falado!” Pensa talvez um outro de meus ouvintes; “sim, graças a Deus, existem os sinceros e verdadeiros cristãos, e tenho a felicidade de ser um deles. Nunca tive dúvida nem medo em relação a isso; eu sei que sou um eleito de Deus, e ainda que, é verdade, eu não me conduza sempre como poderia desejar, ouso dizer que se eu não vou para o céu, poucos irão.

Assim, pregador do Evangelho, dê suas advertências a outro! Há mais de vinte anos sou membro da Igreja; há mais de dez anos tenho a honra de assentar-me no Conselho de presbíteros; eu gozo da consideração de meus irmãos; nada poderia abalar minha confiança. Quanto a meu vizinho, que seja; isso é outra coisa. Creio que fará bem em assegurar-se da realidade de sua conversão; mas, ainda uma vez, no que me diz respeito, tudo está bem; eu estou tranqüilo.”

Ah! Meu querido ouvinte, você me perdoaria se lhe dissesse que seu excesso de segurança me inspira as mais graves inquietações? Se você nunca teve medo sobre a qualidade de sua piedade, eu que começo a tê-lo; se você alguma vez não duvida de você mesmo, eu só posso tremer; Por que? Lhe direi: eu tenho observado que todos os filhos de Deus têm uma extrema desconfiança a respeito deles mesmos; e que eles temem ser iludidos mais do que qualquer outra coisa. Nunca encontrei um verdadeiro crente que estivesse contente com seu estado espiritual. Portanto, depois que você se declarou tão particularmente satisfeito com seu estado, me desculpe, mas não posso, em verdade, apor minha assinatura sobre o certificado de piedade que você se deu. Pode ser que você seja muito bom; entretanto, suporte o meu conselho de examinar-se para ver se você está na fé; por medo que, estando inflado em seu senso carnal, você não caia nas armadilhas do maligno.

Nunca seguro demais, é uma divisa que convém perfeitamente ao cristão.

Observe-se, tanto quanto possível, a confirmar sua vocação e sua eleição; mas, jamais tenha uma opinião muito alta a respeito de si mesmo; guarde-se da presunção. Quantos homens excelentes a seus próprios olhos, que são demônios aos olhos de Deus! Quantas almas muito piedosas na opinião da Igreja, que não são mais que nódoas diante do Santo dos santos! Que cada um de nós prove a si mesmo, e digamos como o Salmista: Ó, Forte Deus! Sonda-me e conhece o meu coração; vê se há em mim algum mau caminho e conduza-me pelo caminho eterno (Sl 139:24).

Meus amados, se as advertências que acabamos de ouvir, tiverem como resultado fazer nascer em vocês pensamentos tais, que lhes inspirem a uma oração como a do salmista, eu louvarei a Deus do fundo de minha alma por ter-me permitido lhas dirigir.

Enfim, há certamente aqui alguns desses espíritos levianos e despreocupados, aos quais pouco importa, dizem eles, pertencer ou não a Cristo. Eles esperam viver como no passado, esquecidos de Deus, indiferentes às suas ameaças e desprezando o seu nome. Insensatos e cegos! O dia virá, saiba você, quando seu riso se tornará em choro, quando você sentirá a necessidade desta religião que hoje você desdenha! A bordo do navio da vida, navegando sobre um mar calmo, você agora zomba do barco de salvação; mas espere a tormenta, e você quererá embarcar no barco a qualquer preço. Agora você não faz nenhum caso do Salvador, porque lhe parece que você não tem nenhuma necessidade dele; mas quando a morte lhe pegar, quando vier a tempestade da cólera divina, - (observem bem isto, ó pecadores!) – você que agora não quer clamar por Cristo, você berrará após ele! Você que agora se recusa a chamá-lo, o perseguirá, então, com o seu grito de desespero! Seu coração que agora não prova nenhum desejo de o possuir, clamará após ele, em uma inexprimível angústia.

Voltai, voltai! Convertei-vos; por que morreríeis, ó casa de Israel.

Oh! Queira o Senhor vos levar a ele, e fazer de vós seus sinceros e verdadeiros filhos, de sorte que vosso fim não seja a perdição, mas que sejais salvos desde agora e por toda a eternidade.



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