Ainda não considerastes a gravidade do pecado. (Anselmo)
A conceituação bíblica do pecado. . . começa peia afirmação de que o pecado não se explica apenas como parte do processo de desenvolvimento humano. Pois o pecado é algo exterior em relação ao homem, algo que pode existir, e que existiu, à parte do homem. É algo que penetrou a natureza humana provindo de fora dela. Portanto, nenhuma conceituação que o considere apenas em termos humanos pode ser adequada ou satisfatória, de modo algum. A explicação bíblica vai além, mostrando como é que a experiência real aponta nessa direção.
Temos consciência de que age em nós um poder alheio a nós, poder que nos influencia e com o qual podemos brigar e lutar, poder que podemos vencer ou expulsar. Evidentemente, o exemplo máximo disso é o da tentação a que se submeteu nosso Senhor. Nenhuma tentação poderia surgir — como de fato não surgiu — de dentro dEle, ou de Sua natureza, porque Ele era perfeito. A tentação, o incitamento para pecar, foi inteiramente exterior.
Mas não basta dizer apenas que o pecado é um poder que tem existência independente. É um fortíssimo poder, um poder terrível. Tem qualidades diabólicas, malignidade verdadeiramente terrificante. É um espírito específico, uma atitude positiva, ativa e poderosa. Além do mais, é um poder que o homem permitiu que entrasse em sua vida, e que o atinge profunda e vitalmente. Não é uma coisa de somenos e relativamente trivial. Não pertence à ordem dos vestígios residuais. Não afeta só uma parte do ser humano e sua natureza. Está tão profundamente arraigado e faz parte de nós tão intensamente que o homem todo é atingido — o intelecto, os desejos e, portanto, a vontade. Na verdade, o pecado constitui problema tão terrível que só Deus, em Cristo, pode lidar com ele.
The Plight of Man and the Power of God, p. 46,7.
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