Desmamando os cristãos dos seios da autoconfiança
Como Paulo cria que o sofrimento fazia parte da vida do cristão fiel, ele investigou por que isso acontecia. Sua própria experiência de sofrimento introduziu-o profundamente nas formas pelas quais Deus ama seus filhos. Por exemplo, ele aprendeu que Deus usa o sofrimento para nos desmamar da autoconfiança e nos fazer depender exclusivamente dele. Depois de sofrer na Ásia Menor, ele diz: "Não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós e sim no Deus que ressuscita os mortos (2Co 1.8,9). Este é o propósito universal de Deus para todo sofrimento humano: que as pessoas estejam mais contentes com Deus e menos satisfeitas consigo mesmas e com o mundo.
Jamais ouvi alguém dizer: "As lições verdadeiramente profundas da vida aprendi-as em tempos de tranqüilidade e conforto". Mas ouvi santos fortes dizerem: "Todo avanço importante que já obtive em termos de compreender a profundidade do amor de Deus e de crescer profundamente com ele veio pelo sofrimento". Samuel Rutherford disse que, quando foi lançado nos porões da aflição, lembrou que o grande Rei sempre guardava seu vinho ali. Charles Spurgeon disse que aqueles que mergulham no mar da aflição trazem pérolas raras para cima.
Para engrandecer Cristo como a máxima satisfação
A pérola de maior valor é a glória de Cristo. Por isso Paulo destaca que, em nossos sofrimentos, a glória da graça todo-suficiente de Cristo é exaltada. Se nos apoiarmos nele em meio à calamidade, e ele nos sustentar ao nos "alegrarmos na esperança", então ficará visível que ele é o Deus de graça e força, que nos satisfaz em todos os aspectos. Se nos segurarmos firmes nele
"quando tudo desmorona à nossa volta", então fica evidente que vale mais a pena desejar a ele do que tudo o que perdemos. Cristo disse ao seu apóstolo que sofria: "A minha graça te basta, porque o [meu] poder se aperfeiçoa na fraqueza". Paulo respondeu a isso: "Portanto, eu me sinto mais alegre ainda por estar orgulhoso pelas minhas fraquezas, para assim ter a proteção do poder de Cristo em mim. Alegro-me com essas fraquezas, insultos, necessidades, perseguições e dificuldades por causa de Cristo. Porque, quando estou fraco, aí sim é que sou forte" (2Co 12.9, 10). Portanto, o sofrimento é determinado claramente por Deus não apenas como meio de desmamar os cristãos de si mesmos e fazê-los mamar na graça, mas também de iluminar a graça e fazê-la brilhar. É exatamente isso que faz a fé": ela engrandece a graça futura de Cristo.
As coisas profundas da vida em Deus são descobertas no sofrimento. Assim foi com o próprio Jesus: "Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu" (Hb 5.8). O mesmo livro em que lemos isso também nos diz que Jesus nunca pecou (Hb 4.15). Portanto, "aprender a obediência" não significa mudar da desobediência para a obediência. Significa crescer cada vez mais profundamente com Deus na experiência da obediência. Significa experimentar as profundezas da entrega a Deus que, de outra forma, não seria exigida.
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