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30 de dez. de 2010

A Mente Cristã e o Ministério Cristão





James R. Domm

Em 1744, Jonathan Edwards pregou um sermão sobre João 5.35, que diz: “Ele era a lâmpada que ardia e alumiava, e vós quisestes, por algum tempo, alegrar-vos com a sua luz”. Edwards supôs corretamente que João Batista era um protótipo do ministro do evangelho (At 19.4). A tese de Edwards era que a excelência do ministro do evangelho consiste em que ele seja uma lâmpada que arde e ilumina; ou seja, espiritualmente falando, o ministro do evangelho tem de ser um homem de calor e de luz. Ele tem de ser um homem de devoção e de paixão, de conhecimento espiritual e de discernimento. Em relação a este segundo aspecto, os ministros do evangelho têm de ser, por eminência, homens de luz espiritual. Um pastor ignorante não traz qualquer crédito para seu Senhor. Os ministros do evangelho são comissionados por Deus para serem portadores de luz espiritual para homens que se encontram nas trevas (At 26.16-18; 2 Co 4.3-6). Um dos fatores que os capacitará a cumprirem sua função de portadores de luz é a posse de um ponto de vista bíblico a respeito do intelecto. Os ministros do evangelho têm de possuir uma opinião correta a respeito do lugar vital da mente na vida cristã, em geral, e do ministério cristão, em particular, a fim de serem guias espirituais dignos de confiança. Estamos em uma época de antiintelectualismo sem fundamento na Bíblia, por um lado, e de hiperintelectualismo não-santificado, por outro lado. Somente um ponto de vista bíblico a respeito do intelecto capacitará um ministro do evangelho a corrigir esses dois erros.
Neste artigo, oferecemos apenas uma sugestão. Todavia, pensamos que tal sugestão deve ser útil ao desenvolvermos pontos de vistas bíblicos a respeito do importante papel da mente na vida e no ministério cristão. Uma teologia do intelecto pode ser extraída de três assuntos bíblicos: a Criação, a Queda e a Redenção.
1. A Criação
a) O homem foi criado como um ser bipartite. Deus criou o homem constituindo-o de dois componentes: corpo e espírito. De acordo com Gênesis 2.7, Deus criou o homem, por formação, do pó da terra e por transmissão do espírito de vida. Conseqüentemente, o homem é constituído de duas partes: uma parte material e uma parte invisível. O produto dessa dúplice ação de formar e de transmitir foi que o homem se tornou uma alma vivente. Alguns afirmam que o uso do intelecto deveria ser evitado nas coisas espirituais. Alega-se que o segredo da verdadeira vida espiritual consiste em rejeitar a mente e assumir uma postura de passividade aos impulsos e impressões do “espírito”. No entanto, essas idéias estão alicerçadas em um ponto de vista tricotômico do homem, que tem suas raízes na filosofia grega. A utilização da mente não é um exercício inerentemente mau; tampouco é antiespiritual. A mente e o espírito humano não se opõem um ao outro, nem competem um com o outro. Na verdade, a mente humana tem um lugar vital na vida cristã.
b) O homem foi criado como um ser racional. O homem foi criado para pensar. O que estabelece a diferença entre os homens e os animais? Entre outras coisas, a sua capacidade de pensar e raciocinar. Isso é o que a Bíblia chama de entendimento (ver Sl 32.9). Os animais agem por instinto. O homem age por escolha inteligente. Ele foi criado para pensar os pensamentos de Deus, de conformidade com Ele. Deus se revela ao homem como um ser racional. Ele tem se revelado na criação (Sl 19.1). Desde a criação do mundo, os atributos invisíveis, o eterno poder e natureza de Deus são percebidos por meio das coisas que Ele fez (Rm 1.20). Todavia, Deus tem se revelado também através da Palavra escrita. A revelação de Deus é visualizada na natureza. Nas Escrituras, ela é verbalizada. A comunicação através de palavras pressupõe mentes que possam entendê-las e interpretá-las. As palavras são meros símbolos sem significado, se não forem decifrados por um ser inteligente. O homem não pode conhecer a vontade de seu Criador sem a utilização da mente.
2. A Queda
Nos versículos iniciais de Gênesis 3, que instrumento a serpente utilizou para entrar no coração de Eva e levá-la ao erro? O instrumento foi a mente (Gn 3.1-6). Nessa passagem, encontramos a primeira ocorrência de comunicação corrupta nas Escrituras. Por meio de uma comunicação corrupta, a serpente foi capaz de envenenar os pensamentos de Eva, de levá-la a pensar mal sobre o seu benevolente Criador e de plantar as sementes da incredulidade no solo do coração de Eva. Dessa maneira, toda a nossa raça foi levada à rebelião e caiu sob a maldição do pecado. Como resultado disso, a mente do homem, bem como todas as outras partes de sua constituição, sofreu um efeito devastador. Cada parte do ser humano foi corrompida, incluindo sua mente (Ef 4.17,18). Agora, ao invés de pensar os pensamentos de Deus, de conformidade com Ele, o homem caído detém a verdade pela injustiça (Rm 1.18). A mente do homem está inclinada para “a carne”, é hostil contra Deus e contra a sua lei (Rm 8.7). As emoções do homem também foram corrompidas (Gn 3.6).
Até hoje, a mente continua a ser o campo de batalha na guerra espiritual. Sem cairmos na especulação, podemos afirmar, fundamentados na Palavra de Deus, que Satanás tem habilidade para influenciar as mentes dos homens (2 Co 4.4). Como pregadores, é contra isso que sempre nos levantamos em cada vez que proclamamos a Palavra de Deus, não somente quando a pregamos para os incrédulos, mas também quando o fazemos para o povo de Deus (2 Co 11.3). A alma do homem se tornou perdida no campo de batalha da mente e tem de ser recuperada nesse mesmo campo de batalha. Precisamos ter uma teologia correta a respeito da mente, pois, do contrário, estaremos desperdiçando tempo e recursos preciosos ao travarmos a batalha espiritual.
3. A Redenção
O lugar vital do intelecto está evidente na conexão com cinco assuntos que estão, de alguma maneira, relacionados à redenção.
a) Evangelismo. Tem de existir verdade suficiente no conteúdo de nossa pregação, a fim de que a fé seja formada no ouvinte. Temos de apresentar Cristo na plenitude de sua pessoa humana e divina, bem como na plenitude de sua obra de salvação. Os pecadores não invocarão um Cristo em quem eles não creram. Eles não crerão em um Cristo a respeito de quem não ouviram; e não ouvirão, a menos que um pregador lhes fale sobre Cristo (Rm 10.14). Por conseguinte, nossa pregação precisa ter conteúdo bíblico suficiente e sólido. Nossa tarefa como pregadores não consiste em fazer um apelo emocional e antiintelectual em favor de “decisões”, quando nossos ouvintes têm apenas noções obscuras a respeito de quem é Jesus, o que Ele veio fazer, em favor do que e por que eles têm de decidir. Os apóstolos persuadiram os homens. Argumentaram com eles utilizando as Escrituras. Temos de oferecer aos homens afirmativas racionais da verdade, se desejamos que eles respondam corretamente à verdade. Nossa mensagem precisa oferecer-lhes suficiente verdade em relação à qual eles reagirão. Estejamos certos de que os pecadores não serão salvos sem a obra do Espírito Santo no coração deles. Todavia, o Espírito Santo não age em um vácuo intelectual. Se os homens devem ser salvos, certa medida de verdade tem de estar presente em nossa pregação.
b) Santificação. A santificação é a restauração da imagem de Deus no homem. É a obra do Espírito Santo em conformar o povo de Deus à imagem de Cristo. O processo de santificação sempre envolve a Palavra de Deus e se realiza na vida dos crentes, quando o Espírito Santo aplica-a à consciência deles e os torna dispostos a prestar obediência a Deus (2 Ts 2.13). O Espírito Santo é o Espírito da Verdade e santifica o povo de Deus utilizando a Palavra da Verdade. Na santificação, o Espírito Santo não deixa de lado a mente humana. Tampouco Ele trabalha diretamente sobre a mente humana, sem a utilização da Palavra de Deus. Essa é a razão por que nosso Senhor orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). A santificação acontece por intermédio da obra do Espírito juntamente com a Palavra de Deus. Também ela não se realiza pelo Espírito sem a Palavra, o que é misticismo; nem pela Palavra sem o Espírito Santo, o que é formalismo. De acordo com Efésios 4.24, o novo homem foi “criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”. Colossenses 3.10 afirma que o novo homem “se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”. O crente não deve ser forjado nos moldes do mundo, e sim transformado pela renovação de sua mente (Rm 12.2).
Harry Blamires descreveu a “mente cristã” como “uma mente treinada, informada e equipada para manejar as informações da controvérsia secular, dentro de um corpo de referências que está constituído de pressuposições distintamente cristãs” (“A Mente Cristã, p. 43). Ele prossegue afirmando que os verdadeiros pensadores cristãos parecem não existir em nossos dias. “O crente moderno sucumbiu à secularização” (ibid., p. 3). Infelizmente, isso é contrário à nossa redenção em Cristo, o qual, da parte de Deus, se tornou sabedoria para nós (1 Co 1.30). O apóstolo Pedro afirmou: “Vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento” (2 Pe 1.5 - ênfase acrescentada). Ele exortou seus leitores a crescerem “na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3.18). Tanto nós como nosso povo precisamos ser pensadores cristãos!
Nossa habilidade para viver com sucesso a vida cristã está diretamente relacionada não com o que nós sentimos, e sim com o que sabemos, fundamentados no ensino da Palavra de Deus escrita. Diversas vezes nas epístolas do Novo Testamento, os imperativos para o viver cristão estão reforçados por muitas verdades que temos de recordar em nossa mente. (Ver 1 Co 15.58; Ef 6.7,8; Cl 3.23-24 e Tg 1.2-3.) Essa é a maneira como a santificação acontece.
A mente realiza um papel importante em discernir a vontade de Deus, que é outro aspecto vital da santificação cristã. Como o nosso povo discernirá qual é a vontade de Deus para suas vidas? Não é por meio de esfregar uma lâmpada, ou por meio de lançar sortes, ou por meio de expor um pouco de lã ao orvalho. Deus não nos chama para descobrir sua vontade como se ela fosse um tipo de código mágico que precisa ser decifrado. Ele espera que sejamos pessoas que tomam boas decisões; e isso exige o uso da mente. A Palavra de Deus nunca nos instrui a esperarmos passivamente para sermos guiados pelo Espírito, ou a esperarmos passivamente para recebermos paz no que diz respeito a determinado assunto, antes de começarmos a agir. Deus quer que pensemos com oração e com a Bíblia aberta.
c) Adoração. Que tipo de adoração Deus deseja receber? Adoração oferecida em espírito e em verdade (Jo 4.23). Isto significa adoração que é sinceramente tributada com integridade e que está, inteligentemente, em harmonia com os princípios bíblicos. O culto público não é ocasião para desparafusar nossa cabeça e depositá-la debaixo do banco. A última coisa que devemos fazer, quando chegamos ao culto, é desligar as nossas mentes. Deus quer mentes informadas e corações aquecidos, quando nos reunimos para adorá-Lo. Qualquer outra coisa é um sacrifício inaceitável.
d) . A fé bíblica não é apenas credulidade. Como alguém disse, a fé bíblica não é uma credulidade ilógica na ocorrência de algo improvável. A fé bíblica também não é mero otimismo. Não é simplesmente uma atitude positiva diante de circunstâncias negativas. Não controlamos nossas vidas com nossas atitudes mentais. A fé significa crer em tudo que Deus prometeu em sua Palavra. A fé bíblica não fecha seus olhos para os fatos (Rm 4.19-21); ela não consiste em tentar construir nossa autoconfiança. Não é acreditar em nós mesmos. Antes de qualquer outra coisa, a fé bíblica não é puramente mística. Antes de tudo, ela consiste em pensar.
e) Amor. Um dos alvos do conhecimento é o amor (1 Tm 1.5). Amor a Deus e amor aos homens são os alvos gêmeos e supremos do conhecimento bíblico. Acima de tudo, somos ordenados a amar o Senhor Deus, com todo o nosso coração, toda a nossa alma, toda a nossa mente e toda a nossa força. O conhecimento bíblico possui uma ligação vital com a salvação, a santidade, a adoração, a fé e o amor.
Agora deve ser óbvio que o importante papel da mente na vida e no ministério cristão não é um simples assentimento acadêmico; é algo intensamente prático. Um ministro do evangelho que falha em aceitar pontos de vista corretos sobre o intelecto não ensinará doutrina e teologia a seu povo como tem de fazê-lo. Ele será freqüentemente prejudicado pela falsa culpa, imaginando que seu ministério, em alguma medida, não é espiritual, porque ele ensina ao povo doutrinas e se focaliza mais em meditar e raciocinar a Palavra do que em sentimentos e experiências. A regra predominante da vida cristã tem de ser a revelação objetiva da Palavra de Deus, e não a experiência subjetiva. A Bíblia tem de definir e determinar a experiência; ela nunca deve ser interpretada e torcida a fim de adequar-se à experiência. Os crentes precisam conhecer suas Bíblias.
Homens e mulheres crentes que falham em abraçar pontos de vista bíblicos sobre o intelecto não crescerão na graça, como o fariam se abraçassem tais pontos de vistas. O povo de Deus é destruído por falta de conhecimento. Pastores que não

ensinam corretamente ao povo de Deus correm o risco de serem rejeitados por Deus (Os 4.6). Deus afirma: “Darvos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência” (Jr 3.15). Não apascentam com conversas sobre a Bíblia, com histórias impressionantes, com piadas inteligentes ou com humor, e sim com inteligência e conhecimento. Nunca subestime o que pode advir de um ministério de púlpito sadio e firme, que consistentemente satisfaz os padrões de excelência. Tal ministério pode ser o instrumento de treinar homens para a liderança da igreja. Também diminuirá o trabalho da sala de aconselhamento.
Nunca subestime o poder que exercem os pensamentos dos homens no moldar as suas atitudes. Os homens agem da maneira como eles pensam. Alguém já disse corretamente que as opiniões são mais fortes do que exércitos. Muitas vozes estão gritando em nossos dias, dizendo-nos que o importante não é a doutrina, e sim a experiência. Mas, ao contrário de tal afirmação, as duas são importantes. A primeira tem de moldar a segunda. A doutrina é extremamente importante. Temos de rejeitar a idéia de que alguém pode ser crente sem levar em conta o que ele crê. Pelo contrário, o que uma pessoa crê faz toda a diferença no que diz respeito ao cristianismo bíblico. Esse é um dos principais interesses que distingue a fé evangélica do catolicismo romano, no qual a tradição tem sido exaltada acima da Palavra de Deus, o ritual se deteriorou

em ritualismo, e cerimônias vazias se tornaram um substituto sem significado para a adoração inteligente. Também é um dos principais fatores que distingue a fé evangélica do liberalismo, com sua rejeição da dou- trina e sua ênfase na ação social. Não é um acidente que o ecumenismo está divorciado da teologia.
Homens e mulheres crentes que não são instruídos em doutrina e sã teologia revelarão uma tendência para viverem mais pela paixão do que pelo princípio. Eles tenderão a desconsiderar os mandamentos evidentes de Cristo e manifestarão uma inclinação ímpia para preferências e impulsos subjetivos (“Deus não me falou sobre isto ou aquilo.” “Deus não me levou a fazer isto ou aquilo.”). Nenhum discípulo de Cristo deveria necessitar de impressões especiais para motivá-lo a obedecer os evidentes mandamentos e princípios das Escrituras. Deus exige obediência à sua Palavra, independentemente dos sentimentos, inclinações pessoais e preferências de alguém.
Aqueles que deixam de abraçar pontos de vistas bíblicos a respeito do papel da mente na vida cristã estarão freqüentemente à mercê de seus desejos, confundindo seus interesses pessoais e suas preferências com a vontade de Deus (Jr 17.9). Eles revelarão a tendência de abraçar um “Cristo sentimental”, ao invés do Cristo revelado na Bíblia, e de julgarem seu relacionamento com Ele fundamentados em critérios subjetivos, ao invés de fundamentados nas promessas objetivas e nos preceitos da Palavra de Deus (Rm 5.8; Jo 14.15; 15.10-11). Eles revelarão a tendência de aceitar um ponto de vista passivo a respeito da vida cristã, esperando que o Espírito Santo lhes dê impulsos particulares, a fim de guiá-los. (Os verbos de ação do Novo Testamento indicam o contrário: lutar, correr, evitar, arrancar, mortificar, resistir, permanecer firme.) Tais pessoas se mostrarão temerosas de expressarem suas personalidades e identidades, pensando que precisam esperar no Espírito, para receberem alguns impulsos ou impressões, antes de agirem. Eles terão falta de discernimento; serão incapazes de fazer distinção entre os desejos legítimos e os desejos carnais e cairão em uma maneira “hiperespiritual” de pensar e de agir.
Quando pontos de vistas bíblicos a respeito da mente não são entendidos e abraçados, a adoração coletiva tende a focalizar mais os elementos que se destinam a ajustar as emoções do que nos elementos que se destinam a informar a mente. Ao invés de uma sólida exposição e aplicação das Escrituras como o elemento central do culto, a pregação da Palavra de Deus será substituída por outras coisas, tais como música, histórias, vídeos, testemunhos ou apelos emocionais. Os pastores e os membros de tais igrejas serão tentados a pensarem mais em termos de pragmatismo do que nos princípios bíblicos. A questão importante será: “Isto funciona?”, ao invés de ser: “Isto é verdadeiro?”
O testemunho das Escrituras a respeito do lugar vital da mente na vida e no ministério cristão deveria guardar-nos de um antiintelectualismo não-santificado que, em vários aspectos, caracteriza a época em que vivemos, tanto dentro quanto fora da Igreja. Em seguida, mencionamos duas das formas mais comuns desse erro.

1) Um fundamentalismo tacanho — um biblicismo rígido, bombástico e intolerante que se opõe ao estudo e a erudição; a maneira de pensar que equipara a erudição com o liberalismo; uma maneira de pensar que considera os pastores que estudam idiomas e consultam comentários como inimigos do evangelho ou como homens que estão apagando o Espírito Santo; uma postura que olha com suspeita toda erudição bíblica. Esse tipo de antiintelectualismo tem de ser evitado a todo custo.

2) Um pietismo entusiasta — uma abordagem extemporânea da pregação que omite o trabalho de estudo e deixa a pregação para o momento de sua apresentação no culto. Uma abordagem que considera o estudo e a preparação como atitudes que apagam o Espírito Santo; a maneira de pensar que diz: “Não me preparei, nem estudei como deveria, mas confiarei que o Espírito Santo me dará algo para dizer, vindo para ajudar-me no púlpito”. A respeito desse tipo de abordagem, alguém disse: “O Espírito de Deus não motivará um homem sem os seus próprios esforços, visto que Ele trabalha por intermédio da utilização diligente dos recursos humanos. Nada substituirá o estudo laborioso e perseverante no fiel cumprimento dos deveres deste ofício” (Thomas Murphy, “Teologia Pastoral”, p. 92). Aquilo que muitas vezes passa por confiança em Deus é pouco mais do que presunção fantasiada de indolência.
Temos de estudar bastante para sermos usados por Deus. Ele não utilizará um homem ignorante e despreparado. Não temos qualquer base bíblica para esperar que o Espírito da Verdade abençoe nossas ministrações no púlpito, quando temos sido preguiçosos nos estudos. Também não temos qualquer base bíblica para esperar que o Espírito Santo compensará nossa ignorância. No grau e proporção em que formos infectados com essa forma de anti-intelectualismo, não nos mostraremos diligentes o suficiente ao nos dedicarmos ao estudo e à preparação.
Nunca devemos subestimar a grande importância da mente na vida e no ministério cristão. O comentário de James Orr transmite uma advertência penetrante: “Se existe uma religião no mundo que exalta o ofício do ensino, com certeza podemos dizer que é a religião de Jesus Cristo. Freqüentemente se observa que nas religiões pagãs o elemento doutrinário é mínimo. O principal elemento em tais religiões é o ritualismo. No entanto, é exatamente nisso que o cristianismo se distingue das outras religiões. O cristianismo contém doutrina. Ele alcança os homens vindo com um ensino definido e positivo. O cristianismo reivindica ser a verdade e fundamenta-se no conhecimento, embora seja um conheci- mento que pode ser alcançado somente por meio de certas condições morais. Durante toda a história da Igreja, um cristianismo divorciado do pensar sério e elevado tem revelado a tendência de tornar-se fraco, insípido e doentio; enquanto o intelecto, destituído de seus direitos na esfera espiritual, tem buscado sua satisfação fora do cristianismo e se desenvolvido em um racionalismo ímpio” (“O Ponto de Vista Cristão a Respeito de Deus e do Mundo”, pp. 20, 21).

O que necessitamos na Igreja de Cristo não é um intelectualismo árido, e sim um intelectualismo bíblico. Os ministros de Cristo serão luzes para seu povo somente quando tiverem abraçado uma teologia bíblica a respeito do intelecto.

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O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa Deus de maneira pura, legítima e eterna. A.W.Tozer

"A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão." JOHN WESLEY"

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Alimentar-se da Palavra "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4 : 12).Erram por não conhecer as Escrituras, e nem o poder de Deus (Mateus 22.29)Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3

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