INTRODUÇÃO
1. O juiz se apresenta para aplicar o juízo
A última visão de Amós é diferente das demais. Antes Deus lhe mostrara a visão, agora o próprio Deus se apresenta como a visão. O juiz está presente e a hora do julgamento vai começar. Antes havia intercessão e apelo da parte de Amós, “Senhor Deus, perdoa… cessa”. Agora, há uma ordem expressa para despedaçar o santuário. Antes houve promessa de suspensão do juízo; mas, agora, há uma descrição detalhada do caráter radical do juízo.
2. O juízo começa pela Casa de Deus
A última visão mostra o templo de Betel sendo destruído de cima para baixo. Amós vê o povo reunido no santuário e o Senhor ordenando a destruição do edifício, de forma que ninguém escape com vida. O próprio Deus faz desmoronar o símbolo da religião sincrética que afastou o povo da sua presença e agora, os adoradores enganados, perecerão e serão sepultados debaixo dos escombros do próprio símbolo da sua falsa confiança.
Amós descreve a ira de Deus contra toda a adoração idólatra de Israel e seu juízo sumário contra ela, um juízo para o qual não há remédio nem possibilidade de escape. Warren Wiersbe diz que o altar, o lugar onde o Senhor estava, era um lugar de sacrifício e expiação, mas Deus se recusava a aceitar seus sacrifícios e a perdoar seus pecados (5.21-23). A religião postiça dos israelitas, conduzida por sacerdotes ilegítimos, era uma abominação para o Senhor, e ele iria destruí-la.
O desmoronamento dramático do santuário, de alto a baixo, é a conseqüência necessária da influência corruptora dos santuários que, desencaminhavam os israelitas (2.8; 4.4,5; 5.4,21-26; 8.14) e também, o cumprimento das profecias implícitas (5.6) e explícitas (7.9).
3. O juízo divino desmascara a imitação da falsa religião
O Reino do Norte não se afastou apenas politicamente do Reino do Sul, mas também e, sobretudo, afastou-se espiritualmente. O rei Jeroboão I estabeleceu uma nova religião, com uma nova teologia, com novos sacerdotes e novos rituais para impedir seus súditos de irem adorar em Jerusalém. O seu pecado, seguido pelos reis que o sucederam foi usar a religião para os interesses da política.
Jeroboão I de uma forma fajuta tentou imitar os rituais do templo de Jerusalém e planejou uma festa realizada no quinto dia do oitavo mês, igual à festa que se fazia em Judá (1Rs 12.32), colocando-se ele mesmo junto ao altar para oficiar. J. A. Motyer diz que a coisa toda era uma imitação: uma festa de imitação, sobre um altar de imitação para apoiar uma monarquia de imitação.
Ascende ao trono, agora, o grande monarca Jeroboão II e na última visão do profeta Amós, ele tem uma visão não do rei no altar, mas do Rei dos reis em pé junto ao altar (9.1). A imitação é substituída pelo real, o humano pelo divino, o rei que procurava apoiar sua dinastia pelo Rei que viera para derrubá-la. O dia da imitação se acabara. O edifício recebe grandes golpes de cima para baixo até que todo ele se desmorona sobre a cabeça dos seus ocupantes. Muitos deles fogem da ruína, mas nenhum escapa (9.1b). Nesta mesma linha de pensamento James Wolfendale escreve:
Deus se levanta sobre o altar e destrói o templo idólatra. Ele está pronto para afastar-se deles e puni-los por causa de sua apostasia. Deus abandonou seu povo porque o seu povo o abandonou. Antes, porém, de afastar-se deles, Deus os advertiu. Porém, a idolatria obstinada do povo provocou a Deus e transformou o lugar de sacrifício no trono da vingança.
Rev. Hernandes Dias Lopes
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