- É verdade que tomar nossa cruz envolve uma transação espiritual, na qual nossa "velha natureza" ou "a carne" morre com Cristo e uma "nova criatura" nasce. Esse é o modo pelo qual o apóstolo aplica o chamado de Jesus para tomar nossa cruz. "Os que são de Cristo crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências" (Gl 5.24). "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gl 2.19-20). "Foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos" (Rm 6.6). "Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo em Deus" (Cl 3.2-3).
Mas a essência dessa morte espiritual não é que ela toma o lugar de uma aplicação real e prática do ensino de Jesus para o sofrimento físico e morte, mas que ela faz essa aplicação possível. Precisamente porque nosso velho egoísmo, mundanismo, desamor, temor e orgulho morreram com Cristo e um novo ser confiante, amoroso, voltado para Deus e cheio de esperança veio a existir - precisamente por causa dessa morte interior e de uma nova vida, somos capazes de assumir riscos, sofrer a dor e até mesmo a morte, sem desespero mas cheios de esperança.
"Se me Perseguiram a mim, Também Perseguirão a vós"
Portanto, não devemos diminuir o chamado para o sofrimento. Não devemos domesticar todo o ensino do Novo Testamento a respeito da aflição e perseguição apenas porque nossas vidas estão bem tranqüilas. Pode ser que não tenhamos sido escolhidos para viver de todos os modos radicais de amor que Deus quer que vivamos. Pode ser que o nosso tempo de sofrimento esteja muito próximo. Mas não significa que devemos tomar nossas próprias vidas confortáveis e fazê-las a medida daquilo que permitimos à Bíblia dizer.
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