Ver esta "luz do evangelho da glória de Cristo" não é algo neutro. Não é possível a alguém vê-la e odiá-la; vê-la e rejeitá-la. Se alguém confessa que a vê e a rejeita, está "vendo-a" apenas da maneira como Satanás a vê e quer que a vejamos. Nesse caso, tal pessoa ainda está presa no poder cegante de Satanás. Não! O tipo de ver que Satanás impede não é um ver neutro que coloca você diante de uma refeição a qual você quer ou não comer. O tipo de "cegueira para ver a luz" que Satanás intenta (v. 4) e o tipo de "resplandecer a luz" que Deus cria (v. 6) é mais semelhante a um provar espiritual do que a um testar racional.
Este tipo de ver não é a inferência circunstancial de que "líquido marrom na garrafa com o favo tem de ser mel". Pelo contrário, este ver é o conhecimento imediato de que é mel mediante o colocar um pouco do líquido na língua. Não existe uma série de argumentos que despertam a certeza da doçura. Isto é o que significa ver a luz. Se você é cego, alguém pode convencê-lo de que o Sol é brilhante. Mas essa persuasão não é aquilo sobre o que Paulo estava falando. Quando os seus olhos são abertos — ou seja, quando Deus diz: "Haja luz!" — a persuasão possui outra natureza. Isto é o que acontece na pregação do evangelho. É o que acontece quando Deus remove, com poder criador, as trevas do coração humano.
Novamente, Jonathan Edwards nos ajuda a ver estas coisas com mais clareza:
Existe um duplo entendimento ou conhecimento do bem para o qual Deus tornou a mente humana capaz. O primeiro é apenas especulativo e nocional... O outro consiste no senso do coração: como quando existe um senso de beleza, amabilidade ou doçura de uma coisa... Assim, existe uma diferença entre ter uma opinião de que Deus é santo e glorioso e ter um senso da amabilidade e beleza desta santidade e graça. Existe uma diferença entre ter um julgamento racional de que o mel é doce e ter um senso de sua doçura... Quando o coração é sensível para com a beleza e amabilidade de algo, ele sente necessariamente prazer na apreensão disto... o que é bem diferente de ter uma opinião racional de que aquele algo é excelente.
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