Uma das mais simples e profundas descrições do evangelho, no Novo Testamento, ocorre em 1 Timóteo 1.11. Paulo estava descrevendo o uso correto da lei do Antigo Testamento como um instrumento para expor e restringir o pecado. Ele listou doze erros em particular e acrescentou: "Tudo quanto se opõe à sã doutrina". Depois, ele prossegue, utilizando mais uma frase qualificadora: "Segundo o evangelho da glória do Deus bendito" (1 Tm l.ll).1 William Mounce comentou que as palavras "evangelho da glória" não deveriam ser traduzidas por "evangelho glorioso", como o fazem muitas versões modernas. "Pelo contrário, [a glória] é o verdadeiro conteúdo do evangelho, ou seja, 'o evangelho que nos fala sobre a glória de Deus'".
O evangelho revela a glória de Deus. O argumento é que esta revelação é exatamente o que torna o evangelho boas-novas e que não existem boas-novas, se a glória de Deus não é vista no evangelho. Em outras palavras, a glória de Deus não é secundária ou dispensável, e sim essencial em tornar boas as boas-novas.
A FELICIDADE DE DEUS É UM DOS GRANDES ASPECTOS DE SUA GLÓRIA
Em 1 Timóteo 1.11, Paulo focalizou o evangelho como a "glória do Deus bendito". A palavra traduzida "bendito", nesta expressão, (uarapíou) é a mesma que ocorre nas bem-aventuranças de Jesus, em Mateus 5.3-11. "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra." E assim por diante. A palavra significa "feliz" ou "afortunado". Paulo mesmo usa esta palavra em outras passagens para falar sobre a felicidade das pessoas que têm seus pecados perdoados (Rm 4.7) ou das pessoas que têm uma consciência pura (Rm 14.22). É admirável que, em todo o Antigo e o Novo Testamento, somente neste versículo e em 1 Timóteo 6.153 a palavra se refere a Deus. É evidente que Paulo havia feito algo incomum, chamando a Deus demakarios — feliz.
Podemos aprender da expressão "a glória do Deus bendito" que grande parte da glória de Deus é a sua felicidade. Era inconcebível para o apóstolo que se pudesse negar a Deus infinito regozijo e que Ele ainda fosse todo-glorioso. Ser infinitamente glorioso era ser infinitamente feliz. Paulo usou a expressão "a glória do Deus bendito" porque era glorioso para Deus ser tão feliz como Ele é. A glória de Deus consiste, em grande parte, de que Ele é feliz acima de toda a nossa imaginação.
SEM UM DEUS FELIZ NÃO HÁ EVANGELHO
Ainda de maneira mais notável, Paulo disse que isto faz parte do evangelho — "o evangelho da glória do Deus bendito". Uma das partes essenciais do que torna boas novas o evangelho da morte e ressurreição de Cristo é que o Deus revelado no evangelho é infinitamente alegre. Ninguém gostaria de passar a eternidade com um Deus infeliz. Se Deus fosse infeliz, então, o alvo do evangelho não seria um alvo feliz; e isso significa que não haveria evangelho, de maneira alguma. Mas, de fato, Jesus nos convida a passarmos a eternidade com um Deus supremamente feliz, quando Ele nos diz — o que dirá no fim dos tempos — "Entra no gozo do teu senhor" (Mt 25.23). Jesus viveu e morreu para que o seu gozo — o gozo de Deus — estivesse em nós e fosse completo (Jo 15.11; 17.13). Por conseguinte, o evangelho é "o evangelho do Deus bendito [feliz]".
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