Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima. (AA) (...) E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora? Dia após dia, morro! Eu o protesto, irmãos, pela glória que tenho em vós outros, em Cristo Jesus, nosso Senhor. Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.” (...) Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. (RA) (1 Coríntios 15:19, 30-32, 20)Paulo pondera sobre como ele poderia estimar seu estilo de vida se não houvesse a ressurreição dos mortos. Ele diz que seria ridículo — digno de lástima. A ressurreição o guiou e capacitou a fazer coisas que seriam absurdas sem a esperança da ressurreição.
Por exemplo, Paulo olha para todos os perigos que prontamente enfrenta. Ele diz que eles vêm “a toda hora”.
(...) em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos. (2 Coríntios 11:26)Então, ele considera a dimensão de sua auto-negação e diz: “Eu morro todos os dias.” Essa é a experiência de Paulo do que Jesus diz em Lucas 9:23: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.” Quero dizer com isso que havia algo agradável no fato de Paulo se mortificar todos os dias. Nenhum dia passava sem que houvesse a morte de algum desejo.
(...) em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; (...) em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas. (2 Coríntios 11:23-25, 27-28)Então ele recorda que “lutou com feras em Éfeso.” Não sabemos a quê ele está se referindo. Um certo tipo de oponente ao evangelho é chamado de fera em 2 Pedro 1:10 e Judas 10. Em nenhum dos casos, isso foi totalmente desanimador.
Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. (2 Coríntios 1:8)Então Paulo conclui de seu perigo de todas as horas, de sua mortificação diária e de sua luta com feras que a vida que ele escolheu em seguir a Cristo é tolice e digna de lástima se ele não será levantado dos mortos. “Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima”. Em outras palavras, só a ressurreição com Cristo e as alegrias da eternidade podem dar sentido a todo esse sofrimento.
Se a morte fosse o fim da matéria, ele diz: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”. Isso não significa: Vamos todos nos tornar glutões e bêbados. Eles são dignos de lástima também — com ou sem a ressurreição. Ele quer dizer: Se não há ressurreição, o que faz sentido é a compostura da classe média para maximizar os prazeres terrenos.
Mas não é isso que Paulo escolhe. Ele escolhe o sofrimento, porque ele escolhe a obediência. Quando Ananias veio até ele em sua conversão com as palavras do Senhor Jesus, “pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9:16), Paulo aceitou isso como uma parte de seu chamado. Ele deve sofrer.
Como Paulo poderia fazer isso? Qual a fonte de sua obediência fundamental? A resposta é dada em 1 Coríntios 15:20: “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.” Em outras palavras, Cristo foi levantado, e eu serei levantado com ele. Assim, nada sofrido em nome de Jesus é em vão (1 Coríntios 15:58).
A esperança da ressurreição mudou radicalmente a forma como Paulo vivia. Ela o libertou do materialismo e do consumismo. Deu a ele o poder para ir sem as coisas que muitas pessoas sentem que devem ter nesta vida. Por exemplo, apesar de ter o direito de casar (1 Coríntios 9:5), ele renunciou este prazer por ter sido chamado para suportar muito sofrimento. Isso ele fez por causa da ressurreição.
Foi desta forma que Jesus disse que a esperança da ressurreição deve mudar nosso comportamento. Por exemplo, ele nos disse para convidar aos nossos lares pessoas que não podem nos pagar nesta vida. Como devemos nos motivar a isso? “Tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos” (Lucas 14:14).
Este é um chamado radical para que nos analisemos duramente nossas vidas presentes para ver se estão moldadas pela esperança da ressurreição. Nós tomamos decisões na base do ganho neste mundo ou no próximo? Nós nos arriscamos por causa do amor de tal forma que só pode ser explicado sabiamente se existir uma ressurreição?
Nós nos desanimamos quando nossos corpos se entregam ao processo do envelhecimento, e temos que admitir que nunca mais faremos certas coisas novamente, ou olhamos para a ressurreição e nos animamos?
Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação. (2 Coríntios 4:16,17)Oro para que nos dediquemos novamente durante esta Páscoa a uma vida disposta a deixar a ressurreição ter seus efeitos radicais.
Por John Piper. © Desiring God. Website: desiringGod.org
Original: Radical Effects of the Resurrection
Tradução: Voltemos ao Evangelho
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