Talvez a objeção contemporânea mais comum à evangelização seja esta: “Não é errado impor nossas crenças aos outros?”
Algumas pessoas não praticam a evangelização por acharem que estão se impondo aos outros. E pela maneira como a evangelização é freqüentemente realizada, posso entender a confusão! No entanto, quando compreendemos o que a Bíblia apresenta como evangelização, reconhecemos que evangelizar não é realmente uma questão de impor suas crenças.
É importante entender que a mensagem que você compartilha não é mera opinião, e sim um fato. Essa é a razão por que compartilhar o evangelho não pode ser chamado de imposição, assim como um piloto não pode impor a todos os passageiros a sua crença de que a pista de aterrissagem é esta e não aquela.
Além disso, as verdades do evangelho não lhe pertencem, no sentido de que se referem unicamente a você, ou à sua perspectiva, ou à sua experiência; ou no sentido de que você as descobriu. Quando você evangeliza, não está dizendo: “Isso é o que eu penso sobre Deus”; ou: “É assim que eu vejo as coisas”. Você está apresentando o evangelho de Cristo. Você não o inventou e não tem autoridade para alterá-lo.
Na evangelização bíblica, não impomos nada. De fato, não podemos fazer isso. De acordo com a Bíblia, evangelizar é apenas contar as boas-novas. Não é assegurar-nos de que a outra pessoa responderá corretamente ao evangelho. Gostaríamos de poder conseguir isso, mas, conforme a Bíblia, isso é algo que não podemos fazer. De acordo com a Bíblia, o fruto da evangelização vem de Deus. Como Paulo disse aos coríntios:
Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento (1 Co 3.5-7; cf. 2 co 3.5-6).
Lembro-me de que em certa ocasião, quando estava em Cambridge, conversei com Bilal, um amigo libanês muçulmano. Falamos sobre um de nossos amigos que era um muçulmano secular. Bilal desejava que nosso amigo abraçasse um estilo de vida islamita mais fiel. Eu queria que ele se tornasse um cristão. Condoíamo-nos juntos pela dificuldade de viver em meio à cultura secular britânica. Bilal comentou quão corrupto era o país cristão chamado Grã-Bretanha. Respondi que a Inglaterra não era um país cristão e que, de fato, não existe tal coisa como um país cristão. Aproveitando a oportunidade, ele disse que esse é o problema do cristianismo quando comparado ao islamismo. O cristianismo, ele disse, não provê respostas e diretrizes para todas as complexidades da vida real. Não tem um padrão social e político abrangente para oferecer à sociedade. Respondi que isso acontece porque o cristianismo retrata realisticamente a condição humana e o problema da situação humana. Ele me perguntou o que isso significava.
Disse-lhe que o islamismo tem um entendimento superficial dos problemas do homem porque ensina que nossos problemas são basicamente uma questão de comportamento. A solução para o nosso problema é apenas a vontade. Mas o cristianismo, eu disse, tem um entendimento mais profundo e mais acurado da situação do homem, um entendimento que inclui uma admissão franca da pecaminosidade humana como um agregado de ações más e como uma expressão de um coração mau que está em rebeldia contra Deus. O problema é a natureza do homem. Disse que o cristianismo não tem nada que Bilal reconheceria como um programa político abrangente porque não pensamos que nosso verdadeiro problema pode ser corrigido por poder político. Eu poderia colocar uma espada sobre a garganta de uma pessoa e torná-la um bom muçulmano, mas, disse-lhe, não posso tornar ninguém cristão servindo-me desse método.
A Bíblia apresenta o problema do homem como algo que não pode ser resolvido por força coerciva ou imposição. Portanto, tudo que posso fazer é apresentar as boas-novas com exatidão, viver uma vida de amor para com os incrédulos e rogar a Deus que os convença de seus pecados e lhes dê os dons de arrependimento e fé.
A verdadeira evangelização bíblica e cristã não envolve, por sua própria natureza, coerção, mas somente proclamação e amor. Devemos apresentar o evangelho gratuito a todos. Não podemos manipular ninguém para que o aceite. Os cristãos bíblicos sabem que não podem obrigar ninguém a receber a vida.
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