Meditação sobre Filipenses 1.21
Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.
Para toda pessoa melancólica, que pensa de maneira patológicasobre a morte, existem provavelmente milhões de pessoas que não pensam muito a respeito dela. Quando Moisés contemplou a brevidade da vida, ele orou: "Ensina-nos a contar os nossos dias" (SI 90.12). É bom pensarmos na morte. Devemos viver bem para que morramos bem. Parte do viver bem inclui o aprendermos por que a morte é lucro.
Nesta meditação, oferecemos cinco razões, mas elas representam apenas um pouco das glórias. Por exemplo, elas não contemplam a grande glória da ressurreição; mas, embora fiquem aquém daquele grande Dia, existe o suficiente para nos deixar sem fôlego e dizer, como Paulo:
Para mim, o viver ê Cristo, e o morrer é lucro.
1. No momento da morte, os crentes serão aperfeiçoados.
Não haverá mais pecado em nós. Acabaremos com a luta interiore com os desapontamentos de ofender o Senhor, que nos amou e a Si mesmo se entregou por nós.
"Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, aJerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universalassembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, oJuiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados" (Hb 12.22-23).
2. No momento da morte, seremos libertos do sofrimento deste
mundo.
Ainda não desfrutaremos da alegria da ressurreição, mas teremos o gozo de ser livres do sofrimento. Jesus contou a história de Lázaro e o rico para mostrar a grande reversão que ocorre na morte: "Então, [o rico] clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos" (Lc 16.24-25).
3. No momento da morte, ganharemos profundo descanso
em nossa alma.
Haverá uma serenidade sob o olhar e o cuidado de Deus que ultrapassa qualquer coisa que já conhecemos neste mundo, no maisbrando entardecer de verão, ao lado do mais pacífico lago, em nossos momentos mais felizes.
"Vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, o Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo" (Ap 6.9-11).
4. No momento da morte, experimentaremos um profundo
senso de estar em casa.
Toda a raça humana, mesmo sem perceber, sente muita falta deDeus. Quando formos ao lar, para viver com Cristo, haverá um contentamento que excede qualquer senso de segurança e paz queconhecemos. "Estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor" (2 Co 5.8).
5. No momento da morte, estaremos com Cristo.
Cristo é a pessoa mais maravilhosa que qualquer outra na terra.Ele é mais sábio, mais forte e mais amável do que qualquer pessoa com quem nos alegramos em passar tempo. Cristo é sempreinteressante. Ele sabe exatamente o que fazer e o que dizer, em cada momento, para tornar os seus amigos tão felizes quanto puderem ser. Cristo transborda amor e infinita percepção a respeito de como usar seu amor para fazer que os seus sintam-se amados. Por isso, Paulo disse: "Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Fp 1.21-23).
Com estas cinco razões para considerarmos a morte como lucro, vimos apenas a superfície da maravilha. Existe mais — muito mais.
Filipenses 1:12-26
por
Vincent Cheung
FILIPENSES 1:12-26Quero que saibam, irmãos, que aquilo que me aconteceu tem antes servido para o progresso do evangelho. Como resultado, tornou-se evidente a toda a guarda do palácio e a todos os demais que estou aprisionado por causa de Cristo. E a maioria dos irmãos, motivados no Senhor pela minha prisão, está anunciando a palavra com maior determinação e destemor.É verdade que alguns pregam a Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade. Estes o fazem por amor, sabendo que aqui me encontro para a defesa do evangelho. Aqueles pregam a Cristo por ambição egoísta, sem sinceridade, pensando que me podem causar sofrimento enquanto estou preso. Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro.De fato, continuarei a me alegrar, pois sei que o que me aconteceu resultará em minha libertação graças às orações de vocês e à provisão feita pelo Espírito de Jesus Cristo. Aguardo ansiosamente e espero que em nada serei envergonhado. Pelo contrário, com toda determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo. Convencido disso, sei que permanecerei e continuarei com todos vocês, para o seu progresso e alegria na fé, a fim de que, pela minha presença, outra vez a exultação de vocês em Cristo Jesus transborde por minha causa.
[...]Os filipenses se preocupavam profundamente com Paulo, e tinham repetidamente lhe enviado apoio financeiro e prático. O aprisionamento de Paulo tinha renovado a preocupação deles por ele, e assim, o apóstolo responde ao interesse deles sobre o seu bem-estar. Visto que os filipenses tinham sido parceiros fiéis no evangelho com Paulo desde o princípio, nós podemos facilmente entender o porquê Paulo se regozija sobre isso e os recomenda por isso. Mas agora Paulo procede para falar sobre o seu aprisionamento. Esperamos alguma coisa dele a não ser queixas amargas?Mas Paulo não é um hipócrita. Assim como ele recomenda os filipenses por colocar o evangelho em primeiro lugar, mesmo quando isso demande auto-negação e auto-sacrifício, Paulo mostra que ele também coloca o evangelho em primeiro lugar, mesmo quando ele está na prisão por causa do evangelho. Assim, ele relata aos filipenses informações sobre sua situação no contexto de sua preocupação com o evangelho, não por sua própria auto-preservação. Ele sumariza seus pensamentos sobre sua situação dizendo que o que lhe aconteceu tem servido para o “progresso do evangelho” (v. 12). Visto que essa é a preocupação principal tanto de Paulo como dos filipenses, essa é a forma de Paulo ver a situação e de assegurar os filipenses.Então, ele fornece alguns detalhes sobre como o evangelho está sendo promovido. Primeiro, por causa de seu aprisionamento, “toda a guarda do palácio” ficou sabendo do evangelho. Os soldados que guardavam Paulo estavam cientes de que ele não estava aprisionado por crimes como assassinato ou roubo, mas que ele estava aprisionado por causa de sua religião. Talvez discussões sobre esse prisioneiro entre eles mesmos tenha resultado em mais pessoas conhecendo sobre o evangelho. Segundo, por causa da corajosa posição de Paulo em favor de Cristo, agora que ele tinha sido aprisionado, outros crentes foram motivados a pregar o evangelho com grande ousadia e diligência.Relacionado com o seu segundo ponto, Paulo menciona algumas pessoas que na verdade “pregam a Cristo por inveja e rivalidade”, e “por ambição egoísta”. É possível para um ministro perder de vista as suas prioridades, de forma que ao invés de colocar o evangelho em primeiro lugar, até mesmo às custas de seu bem-estar e proeminência, ele procura se tornar um maior pregador do que os outros, se tornar uma celebridade. Os Doze tinham argumentado entre si sobre quem seria o maior, mas Cristo lhes explicou que o ministério não é um lugar para se alcançar a maior proeminência, mas um lugar para se prestar serviço servil por causa do evangelho.Assim, essas pessoas tinham motivos muito errados, visto que elas pregavam a Cristo por “inveja”, “rivalidade” e “ambição egoísta”. Contudo, Paulo nunca disse que elas estavam pregando uma falsa mensagem, e essa é certamente a razão pela qual ele nunca disse que eles deveriam parar. Como Martin observa: “O autor de 2 Coríntios 11:4 e Gálatas 1:6-9 nunca permitiria a doutrina errônea nem deixaria escapar uma oportunidade para combater o falso ensino”. [33] Essas pessoas não estavam pregando uma doutrina falsa, mas estavam pregando a doutrina bíblica a partir de motivos errados. Um comentarista escreve: “Se eles quisessem afligir Paulo, eles poderiam ter mais sucesso atacando sua doutrina. Eles deviam ser um tanto estúpidos”. [34] Certamente, eles estavam errados, e Deus os considerava culpados, mas Paulo nunca diz para eles pararem, pois “Cristo está sendo pregado”.Agora, muitas pessoas hoje parecem estar dizendo a mesma coisa, mas o que elas dizem difere grandemente do que Paulo está dizendo. Elas podem dizer que nossas diferenças em teologia não importam, conquanto que Cristo seja pregado. Mas se há diferenças em nossa teologia, todos nós estamos pregando a Cristo? Isso depende de sobre o que estamos discordando, e isso é precisamente o porquê devemos argumentar sobre os pontos nos quais discordamos, com respeito à verdade e relevância deles. Paulo nunca diz que nossa teologia não importa conquanto que Cristo seja pregado, visto que o fato de estarmos pregando realmente a Cristo depende, antes de tudo, de nossa teologia ser correta.O que Paulo diz é que pessoas pregando com motivos errados – não teologiaerrada – podem, todavia, promover o evangelho, e por isso ele se regozija. Hoje em dia, as pessoas tendem a fazer o contrário – elas desejam parar aqueles que pregam a partir de motivos errados, mas não aqueles que pregam uma teologia errada. Certamente, isso não significa que Paulo aprove os motivos errados deles, mas ele está dizendo que ele se regozija, a despeito dos motivos errados deles, pois eles ainda estão pregando uma mensagem correta, por meio da qual Deus ainda pode salvar seus eleitos. Gordon Clark relata o seguinte incidente:Na Universidade da Pensilvânia, um professor de história leu para os seus alunos o sermão “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado” de Jonathan Edwards. O objetivo do professor era mostrar quão rudes, desagradáveis e rabugentos os Puritanos da Nova Inglaterra eram. Por causa de sua leitura, contudo, pelo menos um estudante foi convertido ao Cristianismo. [35]Esse professor estava obviamente lendo o sermão a partir de uma razão imoral, mas o que ele estava lendo, todavia, apresentou uma mensagem bíblica, por meio da qual Deus converteu pelo menos uma pessoa na sala de aula. Embora desaprovemos o motivo do professor para ler o sermão, e ele era mui provavelmente um não-cristão, nós, todavia, nos regozijamos em sua ação má-intencionada por causa de seu efeito. Isso é o que Paulo está tentando transmitir. Mas quando diz respeito à teologia, Paulo nunca abre mão, e nem nós deveríamos.Paulo continua para dizer que ele está confiante de sua “libertação” (v. 19), mas isso não significa necessariamente que ele pense que será solto da prisão, visto que ele imediatamente começa a tratar da possibilidade da morte. Antes, ele está mais provavelmente se referindo à sua última vindicação, especialmente diante de Cristo, de forma que ele “em nada será envergonhado”, e “Cristo será engrandecido”, quer “pela vida quer pela morte”.O que se segue são alguns versículos difíceis e debatidos (v. 21-26). Eu concordo com muitos comentaristas que o versículo 22 não significa necessariamente que Paulo tinha uma escolha entre a vida e a morte. De fato, é muito improvável que Paulo esteja dizendo isso, visto que a vida e a morte estão nas mãos de Deus somente (Tiago 4:13-15). Antes, parece que Paulo está abrindo uma janela para nós olharmos para o seu pensamento, e observar a tensão interna gerada pelas duas possibilidades.Para Paulo, a morte cumpriria o desejo de toda a sua vida, isto é, encontrar a Cristo. Contudo, seria mais benéfico para os crentes se Paulo permanecesse. Se a escolha fosse concedida a Paulo, qual ele escolheria? Uma conduz ao ganhar a Cristo, e a outra conduz ao trabalhar mais para Cristo. Ele conclui que há trabalho adicional que ele pode fazer pela causa do evangelho, e para o progresso dos crentes na fé. Se o versículo 25 está realmente dizendo que ele tinha confiança que permaneceria, não parece que ele tenha obtido isso a partir de revelação direta; antes, parece ser o resultado de seu processo de raciocínio nos versículos 21-24. Todavia, o versículo 27 implica que ele estava incerto sobre o que lhe aconteceria.Embora o significado preciso desses versículos requeira uma discussão mais longa, as preocupações dominantes que ditavam o pensamento de Paulo são óbvias. Isto é, Paulo se importava relativamente pouco com o que lhe aconteceria, mas ele se importava principalmente com a glória de Deus, o avanço do evangelho no mundo, e o progresso da fé nos crentes. A obsessão de Paulo é o evangelho. Qual é a sua?
NOTAS:[33] - Martin, p. 76.
[34] - Clark, p. 28.
[35] - Ibid., p. 29.
(Comentário sobre Filipenses , páginas 30-33)
Nota sobre o autor: Vincent Cheung é o presidente da Reformation Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Ele é o autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como um sistema de pensamento compreensivo e coerente, revelado por Deus na Escritura. Ele e sua esposa, Denise, residem em Boston, Massachusetts. [http://www.rmiweb.org/ ]Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 31 de Agosto de 2005.
Fonte:Monergismo
Se o Viver é Cristo o Morrer é... - Josemar Bessa
Um escritor espanhol - Noel Clarasó, disse que a "vida é um naufrágio onde, na última hora, só se salva o barco" - Muitas vezes, pessoas na igreja tem a mesma dificulldade em enfrentar essa realidade, a sua própria morte. Vivem na filosofia de La rochefoucaud, escritor francês do século XVII - "O sol e a morte não podem ser olhados fixamente" - Isso não pode ser a verdade a nosso respeito.
Outros apelam pra o humor para enfrentar um assunto tão "delicado e desagradável" - eu acho que o Millor Fernandes aí é insuperável: "O pior não é morrer. É não poder espantar as moscas" - "Um cadáver é o produto final. Nós somos apenas a matéria prima". Mas o escritor americano, David Gerrold mostra que podia ser pior: "A vida é dura, então você morre. Depois jogam sujeira no seu rosto. Finalmente, as minhocas comem você. Seja grato que isso aconteça nesta ordem".
Outros apelam pra o humor para enfrentar um assunto tão "delicado e desagradável" - eu acho que o Millor Fernandes aí é insuperável: "O pior não é morrer. É não poder espantar as moscas" - "Um cadáver é o produto final. Nós somos apenas a matéria prima". Mas o escritor americano, David Gerrold mostra que podia ser pior: "A vida é dura, então você morre. Depois jogam sujeira no seu rosto. Finalmente, as minhocas comem você. Seja grato que isso aconteça nesta ordem".
Por mais imaginosos que sejamos, não podemos imaginar o céu como realmente ele é. Certa vez um sábio disse: "Se pudéssemos imaginar a experiência mais agradável possível e pensássemos na possibilidade de repetí-la por toda a eternidade, estaríamos imaginando algo mais próximo do inferno do que do céu". Absoluta felicidade é inimaginável para nós. Nós não temos uma referência verdadeira para isso aqui neste mundo. Portanto a vida após a morte não pode ser claramente imaginada, mas sim crida. Muitos se sentem comoHamelt que preferia: "gemer e suar debaixo de uma vida dura, ante o pavor de algo após a morte. O país desconhecido de cujas fronteiras nenhum viajante jamais retornou, intriga a vontade. E nos faz preferir suportar os males que temos, que voar para outros dos quais nada conhecemos. Assim a consciência nos torna a todos covardes" - Hamlet, Ato III, Cena I.
Uma das coisas mais difíceis que o homem experimenta ao se aproximar da morte, é o conhecimento angustiante de que essa é a jornada que ele fará sozinho - não haverá companhias humanas. Podem haver queridos a sua volta, segurar suas mãos, mas é só.
Temos a tendência em pensar na morte como perda. O apóstolo Paulo declara: "Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão do Espirito de Jesus Cristo, me redundará em libertação, segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, tembém agora, será Cristo engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte., porquanto para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz frutos para o mei trabalho, já não sei o que hei de escolher: Ora, de um e de outro lado estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Fl 1.19-23).
Esse melhor, é mais do que uma melhora ligeira - O ganho éINCOMPARÁVEL: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda a comparação, não atentando nós para as coisas que se vêem, porque as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas. Sabemos que se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo gememos, aspirando por ser revestidos da nossa habitação celestial... para que o mortal seja absorvido pela vida" (2Co 4.17-5.5). O contraste tremendamente desenvolvido por Paulo aqui é entre o temporário e o permanente - o temporal e o eterno.
Preparado para viver e morrer
Luther King Jr., arauto e protagonista de grandes pugnas em sua pátria pela quebra da maldição do racismo, causa que o fez tombar em campo de batalha como mártir, pontificou com palavras candentes: “Se um homem não descobriu alguma coisa pela qual morrer, ele não está preparado para viver.” Quem não está preparado para viver, não está preparado para morrer. Há muitas pessoas que vivem por viver, mas não têm sonhos, não têm ideais, não caminham para um alvo definido. Vivem dando voltas em círculo, sem avanço, sem progresso, sem fazer diferença no meio em que vivem. São pessoas acomodadas, conformistas, passivas, acovardadas, que preferem ficar na sombra, no anonimato, indiferentes ao que acontece à sua volta. Por isso, essas pessoas são cauda e não cabeça, elas não influenciam, não são formadoras de opinião, pelo contrário, são inocentes úteis e massas de manobra que se adequam e se conformam ao status quo.
O cristão é alguém que sabe quem é, de onde veio, porque está aqui e para onde vai. É alguém que rompeu com um estilo de vida e abraçou novos valores, nova conduta, novos sonhos. É alguém que abandonou o caminho largo das facilidades e das permissividades sem limites. É alguém que agora trilha o caminho estreito da verdade e da probidade, rechaçando as propostas vergonhosas e despudoradas daqueles que corrompem e são corrompidos. O cristão é alguém que é sal da terra, luz do mundo, mas não tem aqui cidadania permanente, pois sua pátria está no céu. O cristão é alguém que granjeia tesouros aqui, investe recursos deste mundo nos projetos terrenos e temporais, mas está cônscio que a sua verdadeira herança está no céu, e lá ajunta os seus tesouros mais excelentes.
O cristão é alguém pertinente no seu tempo. Ele faz diferença. Ele é referencial e modelo. Sua vida é digna de Deus. Sua palavra é verdadeira, sua conduta é ilibada, suas ações são justas, suas reações são misericordiosas, pois seu viver é Cristo e seu morrer é lucro. O cristão é alguém que está preparado para viver e morrer. A vida não o acovarda, a morte não o amedronta. A vida é a semeadora, a morte é a colheita. A vida é a luta, a morte é a coroação. A vida é o percurso do ventre materno à sepultura, a morte é a porta da eternidade que nos leva ao paraíso, ao nosso lar permanente, onde a morte não mais existirá, mas viveremos para sempre com o Senhor.
Rev. Hernandes Dias Lopes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário