"E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito" Ef 5:18
O encher-se do Espírito marca a diferença entre uma vida cristã medíocre e insonsa e outra rica e plena de significado. Sem esse enchimento, o crente não viverá a realidade da vida cristã em sua plenitude, pensará que aquilo que já experimentou é tudo o que poderia experimentar. Por isso, o encher-se do Espírito é como um rio que separa a mediocridade da plenitude espiritual.
Sem a pretensão de aprofundar este importante tema, gostaria de refletir um pouco sobre este enchimento, começando com o que o precede.
O esvaziamento prévio é necessário
Paulo alerta "não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução". Chama atenção duas coisas aqui: a embriaguez (ou intoxicação) e a dissolução (ou desperdício). O vinho aqui não é o determinante, pois a pessoa pode se intoxicar com outra bebida ou substância e pode viver dissolutamente de forma abstêmica. O ponto de interesse aqui é o que controla a pessoa e por conseguinte determina suas atitudes e comportamento.
Penso que podemos considerar neste ponto o que enche a pessoa e a domina. No verso 22 do capítulo 4 Paulo ensina "quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano". Nada é mais embriagante que o próprio eu. O homem é inclinado naturalmente a envenenar-si de si mesmo.
Os resultados disso é uma vida caracterizada pela sonolência ao invés de iluminação (v.14), nesciedade em lugar de sabedoria (v.15), desperdício de tempo e insensatez ao invés de compreensão e realização da vontade do Senhor (v.16-17). Quando a natureza do homem está no controle, ele cambaleia como se estivesse vencido pelo vinho.
O enchimento é um mandamento
Por isso o encher-se do Espírito não é algo facultativo, mas um mandamento do Senhor. O esvaziar-se de si mesmo não é uma prerrogativa, mas uma necessidade para que "haja espaço" a ser ocupado pelo Espírito Santo.
Além disso, não é uma ordem a ser cumprida uma vez para a vida toda. É uma ordem que precisa ser seguida várias vezes, assim como os israelitas precisavam colher o maná diariamente e as virgens precisavam de suprimento extra de azeite, nós precisamos continuamente ser cheios do Espírito, na medida em que nossas reservas diminuem.
Ser cheio significa que todo nosso ser é tomado pelo Espírito. Ao invés de sermos dominados pelo nosso velho eu ou nos entregarmos ao controle externo das substâncias e coisas inebriantes, passamos a ser plenificados do Espírito, que passa a nos controlar e determinar nossas atitudes e ações.
O resultado é adoração e serviço
Vimos que há duas realidades separadas pelo encher do Espírito Santo. É uma ponte que vai da nesciedade e insensatez para a sabedoria e compreensão da vontade de Deus. Apesar disso, sabedoria e compreensão não são a finalidade do enchimento, mas meios para alcançar outros propósitos.
O primeiro e principal deles é nos levar à adoração apropriada. Paulo emenda o encher-se do Espírito com "falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (v.19-20). Não percamos isto de vista: o própósito principal de Deus ao nos encher com Seu Espírito é receber de nós uma melhor adoração.
Apontando para este propósito último temos o serviço ao nosso irmão. Percebemos isso na expressão "sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo" (v.21). Quando finalmente nos enchemos do Espírito, nos esvaziamos de nós mesmo e ao invés de servirmos aos nossos interesses, preocupamo-nos em ser úteis aos nossos irmãos.
Enchei-vos do Espírito é um imperativo e uma necessidade, se quisermos viver plenamente a realidade de Deus para nossas vidas.
Soli Deo Gloria
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