Reflexão sobre a ofensiva e a defesa da vida espiritual
Arrumei meu escritório, em casa, mas não removi o cantinho de oração e a poltrona de oração. Eu o tornei mais privado. Tudo o que já li e experimentei me ensina que a profunda influência espiritual para o bem dos pecadores e para a glória de Deus procede de homens e mulheres que se dedicam à oração e à meditação. Meus anelos sempre excederam minhas ações, eu admito, mas não desistirei sem lutar, e separar um lugar faz parte do esforço de guerra.
Acabei de ler, por exemplo, sobre o segredo de Charles Simeon, que suportou imensas dificuldades em seu poderoso pastorado de cinqüenta e quatro anos, em Cambridge, na Inglaterra (1782-1836). R. Housman, um dos amigos de Charles Simeon, esteve com ele por alguns meses e nos diz algo sobre a devoção deste homem: "Nunca vi tal consistência e realidade de devoção, tal fervor de piedade, tal zelo e amor... Invariavelmente, ele se levantava cada manhã, mesmo no inverno, às quatro horas. E, depois de acender o fogo, ele dedicava as primeiras quatro horas do dia à oração particular e ao estudo devocional das Escrituras... Este era o segredo de sua grande graça e vigor espiritual. Ao receber instrução dessa fonte e procurá-la com diligên¬cia, ele era confortado em todas as suas provações e se preparava para todos os seus deveres".
Isto é verdade tanto para os crentes individualmente quanto para as igrejas. Nenhuma oração, nenhum poder. Considere a história relatada em Marcos 9. Os discípulos foram incapazes de expulsar um espírito imundo de um jovem oprimido. Jesus entrou em cena e expulsou o espírito imundo. Os discípulos perguntaram: "Por que não pudemos nós expulsá-lo?" Jesus respondeu-lhes: "Esta casta não pode sair senão por meio de oração"2 (Mc 9.28-29). Jesus disse que existem forças espirituais difíceis de serem vencidas. Os discípulos perguntaram por que eram incapazes de vencer o demônio. Jesus respondeu: "Oração insuficiente!"
O que significa a resposta de Jesus? Provavelmente, Ele não estava dizendo que os discípulos não haviam orado em favor do jovem endemoniado; parece que essa foi a maneira inicial como eles lidaram com o problema. Talvez Jesus queria dizer que os discípulos não viviam em oração. Haviam sido apanhados em período sem oração ou uma atitude mental sem oração. Observe que Jesus expulsou o demônio sem oração: "Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele" (Mc 9.25). Mas Jesus havia orado. Ele vivia em oração. Gastava noites em oração. Estava pronto quando o mal se manifestou. Porém, os discípulos, aparentemente, haviam se tomado fracos e negligentes em sua atitude de orar, por isso, ficaram incapazes diante de poderosas forças malignas. "Esta casta não pode sair senão por meio de oração."
Em outras palavras, sem oração persistente não temos qualquer ofensiva na batalha contra o mal. Individualmente e como igrejas, somos destinados a invadir e despojar as fortalezas de Satanás. Mas, nenhuma oração, nenhum poder.
O mesmo é verdade no que concerne à defesa. Considere as palavras do Senhor Jesus dirigidas a Pedro, Tiago e João, quando eles se renderam ao sono, no jardim, em vez de vigiarem em defesa contra o mal — "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação" (Mc 14.38). Se não vigiarmos, seremos enredados pela tentação. Nossa defesa e nosso ataque é a oração ativa, persistente, fervorosa e confiante.
Que o exemplo de Charles Simeon, as palavras de nosso Senhor e a repreensão aos discípulos nos impulsionem não somente a orações ocasionais, mas também a uma vida de oração — como disse Housman, à "consistência e à realidade da devoção".
Nenhum comentário:
Postar um comentário