Agora vamos levar tudo isso lá para Gálatas 6.14, e veremos como chegamos a viver totalmente para a glória de Cristo crucificado. "Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo". Isto é, não se gabe de nada a não ser da cruz. Como nos tornaremos tão radicalmente exaltadores da cruz? Como podemos nos tornar a espécie de pessoas que rastreamos toda nossa alegria de volta à alegria em Cristo e ele crucificado? Resposta: o velho eu que adora gabar e exultar e alegrar-se em outras coisas morreu. Pela fé somos unidos a Cristo. A morte dele torna-se a morte de nossa vida exaltadora de nós mesmos. Somos erguidos a ele em novidade de vida. O que vive é uma nova criatura cuja única paixão é exaltar Cristo e a cruz dele.
Para dizer isso de outro modo, quando você deposita sua confiança em Cristo, seus laços com o mundo e sua atração opressora são arrebentados. Você é um defunto para o mundo, e o mundo é um defunto para você. Ou, para colocar isso de modo positivo, segundo o versículo 15, você é nova criatura". O velho "você" está morto. Um novo "você" está vivo. E o novo você é o você da fé. E o que a fé faz é gloriar-se não no mundo, mas em Cristo, especialmente em Cristo crucificado.
É assim que você se torna tão centrado-na-cruz que você diz com Paulo: "Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo". O mundo não é mais nosso tesouro. Não é a origem de nossa vida nem de nossa satisfação nem de nossa alegria. Cristo é.
Vamos prezar o que ele apresenta ou aquilo que é apresentado dele?
Mas como fica a questão de segurança no acidente de carro? E o pagamento do seguro que recebemos? Eu não disse que fiquei contente com isso? Isso não é mundano? Então eu não estou realmente morto para o mundo? Morto para pagamentos de seguro e carros novos?
Peço a Deus que eu esteja morto do modo certo. Eu creio que estou. Não de modo perfeito, tenho certeza, mas em um sentido real. Como pode ser isso? Se eu me sinto alegre sobre segurança ou saúde ou qualquer coisa boa, e essas coisas são coisas do mundo (o que são), então será que estou morto para o mundo? Sim, porque estar morto para o mundo não significa não sentir nada sobre o mundo (1Jo 2.15; lTm 4.3). Significa que todo prazer legítimo no mundo toma-se uma evidência comprada com sangue do amor de Cristo, e uma ocasião de gloriar-se na cruz. Estamos mortos ao receber pagamentos de seguros quando o dinheiro não é o que nos satisfaz, e sim Cristo crucificado, o Doador, satisfaz.
C. S. Lewis ilustra o que eu quero dizer com uma experiência que ele teve num barracão de ferramentas.
Eu estava em pé hoje no barracão escuro. O sol estava brilhando lá fora e através da fresta em cima da porta um raio de sol entrou. De onde eu estava posicionado aquele raio de luz, com as partículas de pó flutuando nele, era a coisa que mais chamava a atenção lá dentro. Tudo mais estava quase preto como piche. Eu estava vendo o raio, não enxergando as coisas à luz dele.
Então eu saí do lugar, de modo que o raio de luz incidia nos meus olhos. Instantaneamente sumiu todo o quadro anterior. Não vi o barracão, e (mais de tudo) nenhum raio. Em vez disso eu via, emoldurado na abertura irregular em cima da porta, folhas verdes em movimento nos galhos de uma árvore lá fora e mais além, a uns sessenta milhões de quilômetros de distância, o sol. Olhar dentro do raio, e olhar para o raio são experiências muito diferentes.
Os raios de sol de bênçãos em nossa vida são fortes em si. Também dão luz ao piso onde caminhamos. Mas há um propósito superior para essas bênçãos. Deus quer que nós façamos mais do que ficar fora deles e admirá-los por aquilo que são. Mais do que isso, ele tenciona que andemos e entremos neles e vejamos o sol do qual vêm. Se os raios são lindos, o sol é mais lindo ainda. O alvo de Deus não é que meramente admiremos suas dádivas, mas que admiremos ainda mais a glória dele.
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