Agora está ficando claro por que é tão importante que a adoração seja um fim em Si mesmo. Porque este é o principal propósito com que fomos criados. Também fica claro por que não é idolatria e egocentrismo dizer que nossas emoções são um fim em Si mesmo. Não é egocêntrico porque as emoções da nossa adoração são centradas em Deus! Deixamos de olhar para nós e olhamos para ele, e só depois as multiformes emoções do nosso coração irrompem em adoração.
Da mesma forma, não é idólatra dizer que nossas emoções na adoração são um fim em Si mesmo, porque nossas emoções por Deus glorificam a Deus, não a nós.
Quem jamais pensou que estava glorificando a Si mesmo e não o Grand Canyon ao ficar parado à sua beira por horas, em silêncio respeitoso? Quem me acusaria de glorificar a mim mesmo e não a minha esposa quando lhe digo: "Tenho prazer em passar esta noite com você"? Quem acusaria uma pequena criança de ser egocêntrica no dia de Natal, se ela deixar seus patins novos no chão e correr para abraçar sua mãe e lhe dizer obrigado, por estar transbordando de gratidão feliz?
Alguém poderia objetar que, ao fazer da alegria na adoração um fim em Si mesmo, fazemos de Deus um meio para o nosso fim, e não nosso ser um meio para o seu fim. Assim parecemos elevar-nos acima de Deus. Mas faça-se essa pergunta: O que glorifica mais a Deus: a) uma experiência de adoração que chega ao clímax com prazer na admiração de Deus ou b) uma experiência que chega ao clímax em uma tentativa nobre de libertar-se da admiração para prestar uma contribuição ao objetivo de Deus?
É uma coisa sutil. Lutamos contra a glória de Deus, suficiente em Si mesma, se pensamos que
podemos nos tornar um meio para seu fim, sem fazer da alegria nele o nosso fim. O prazer cristão não nos põe acima de Deus ao fazer da alegria da adoração seu alvo. É exatamente ao confessarmos nossa condição frustrada e desesperada sem ele que o honramos. Um paciente não é maior que seu médico por ansiar ser curado. Uma criança não é maior que seu pai ao desejar a satisfação de brincar com ele.
Por outro lado, aquele que realmente se põe acima de Deus é o que imagina vir a Deus para dar e não para receber. Com pretensa auto-negação, ele se apresenta como benfeitor de Deus — como se o mundo e tudo o que ele contém já não fossem de Deus (Sl 50.12)!
Não, aproximar-se de Deus buscando o prazer na adoração é a única coisa humilde a fazer, porque é a única em que nos apresentamos de mãos vazias. O prazer cristão dá honra a Deus ao reconhecer (e sentir de verdade!) que somente ele pode satisfazer o anseio do coração de ser feliz. Adoração é um fim em Si mesma porque glorificamos a Deus ao ter prazer nele para sempre.
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