1)   Aquilo que luta contra e se opõe ao maior Bem, deve ser o maior mal,  portanto, o pecado se opõe e luta contra o maior Bem. Por isso um dos  Pais da Igreja chamou o pecado de "Deus-matança",  aquele que luta contra o ser e a essência de Deus, aquele que, se fosse  sufícientemente forte e infinitamente mau como Deus é infinitamente  bom, porfiaria para "acabar" com Deus. Deus é summum bonun, e realmente non datur summum malüm, o pecado não pode ser infinito.
Se  o pecado fosse tão mau quanto Deus é bom, isto é, adequada e  proporcionalmente, se fosse infinitamente mau como Deus é bom, o pecado  seria difícil demais para Deus perdoar. Seria difícil demais para Deus  subjugar, difícil demais para Deus vencer. O pecado se empenharia em  vencer Deus.
Realmente  há mais mal no menor pecado do que há do bem em qualquer um dos anjos  do céu. Por isso o pecado conquistou-os espoliando toda a bondade deles,  tornando-os demônios, o que não aconteceria se o bem existente neles  tivesse sido maior do que o mal do pecado.
Contudo,  ele não é capaz de conquistar a Deus, de vencê-10 (há mais bem em Deus  do que mal em dez milhares de infernos de pecado e por isso ele não pode  vencer o poder de Deus, a misericórdia de Deus, a santidade de Deus),  ainda assim ele batalha e faz complô contra Deus continuamente. Reúne  todas as forças contra Ele e vem em campo aberto desafia- IO todos os  dias.
E  não somente isso, quando expulso do campo aberto pelo poder de Deus e  Suas ordenanças, então o pecado tem fortalezas, como diz o apóstolo em  II Cor. 10:4, e a partir delas luta e se opõe a Ele. Usa sua  concupisciência contra Ele, sua vontade contra Ele, seu coração se  levanta contra Ele.
Quando  o pecado é expulso do campo, ainda leva um longo tempo até que seja  expulso da fortaleza. Quando ele na prática é vencido e conquistado,  mesmo assim, na afeição é difícil de ser vencido. A oposição que há  entre Deus e o seu coração pecaminoso é difícil de ser vencida. Custará a  você muitas batalhas, muitos assaltos, até que possa vencê-lo em suas  fortalezas, vencê-lo em seu coração.
Embora  às vezes possa parecer estar vencido e extirpado, ele ainda  posteriormente se refaz e fará novas investidas contra você, para  enfraquecê-lo e feri-lo.
Ora,  aqui está a malignidade, a maligna e venenosa natureza do pecado,  embora Deus o tenha conquistado, contudo ele nunca foi enfraquecido, ele  ainda irá agir contra Deus e expelir seu veneno.
Temos  um exemplo disso no ladrão sobre a cruz. Quando ele foi pregado na  cruz, mãos e pés cravados, somente um membro não ficou fixo, e esse  membro podia ainda expelir seu veneno, injuriando Cristo. Assim, apesar  de Deus ter crucificado o pecado, enquanto houver vida nele, ele agirá  por si e expelirá veneno contra Deus, o que mostra essa grande oposição  entre Deus e o pecado. E por isso essa obstinação e oposição ao maior  Bem deve mostrar que o pecado é o maior mal.
2)  Aquilo que é universalmente mal não tendo bem nenhum em si, deve ser o  maior mal do mundo. O pecado é inteiramente mal. Como podemos dizer de  Deus "não há mal nEle pois Ele é bom" então posso dizer do pecado, não  há bem nele, pois ele é inteiramente mal!
Há  algo de bom nas piores coisas do mundo e há algo nas piores coisas para  torná-las elegíveis a nossa escolha em alguns casos; algo bom na  doença, algo bom na morte. Entretanto, não há bem algum no pecado e nem  pode qualquer situação no mundo fazer do pecado o objeto de nossa  escolha. Embora um pecado pudesse evitar a morte, ainda assim o pecado é  universalmente mal e não há bem algum nele. Você não deve fazer uso do  pecado a fim de evitar a morte.
Por  isso vemos que quando o apóstolo Paulo se referia ao pior pecado, ele  não encontrou nenhuma expressão pior do que esta para descrevê-lo em  Rom. 7:13 "excessivamente maligno ". Ele o chama de excessivamente maligno - maligníssimo!
3)  Aquilo que é o único objeto da ira de Deus deve ser o supremo mal. Mas o  pecado é o único objeto, não somente o objeto, porém o único objeto da  ira de Deus. Ele não odeia nada a não ser o pecado. Seu amor flui nos  diversos ribeiros em direção a tudo o que Ele tem criado, contudo a Sua  fúria corre por somente um canal, e este em direção ao pecado.
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