(i)  Aprendemos quão grande erro é rejeitar todas as emoções espirituais  como se não houvesse nada de sólido nelas. Este erro pode surgir após um  avivamento religioso. Tendo em vista que as emoções vivas de tantas  pessoas parecem desaparecer completamente tão depressa, as pessoas  começam a desprezar todas as emoções espirituais, como se o cristianismo  não tivesse nenhuma relação com elas.
O  outro extremo é ver todas as emoções religiosas vigorosas como sinais  de conversão verdadeira, sem inquirir sobre a natureza e fonte dessas  emoções. Se as pessoas simplesmente parecem ser muito calorosas e cheias  de loquacidade espiritual, os outros concluem que devem ser cristãos  piedosos.
Satanás  tenta nos empurrar de um extremo ao outro. Quando ele vê que emoções  estão na moda, ele semeia seu joio entre o trigo; mistura emoções falsas  com a obra do Espírito de Deus. Desse modo ele ilude e arruína  eternamente a muitos, confundindo os verdadeiros crentes e corrompendo o  cristianismo. Entretanto, quando as más conseqüências dessas emoções  falsas se tornam aparentes, satanás muda sua estratégia. Tenta agora  persuadir as pessoas que todas as emoções espirituais são inúteis. Desse  modo, procura fechar tudo o que for espiritual para fora de nossos  corações, e transformar o cristianismo num formalismo sem vida.
O  correto é não rejeitar todas as emoções, nem aceitá-la todas, e sim,  diferenciá-las. Deveríamos aprovar algumas e rejeitar outras. Temos que  separar o trigo do joio, o ouro da impureza e o precioso do sem valor.
(ii)  Se a verdadeira religião repousa de tal maneira em nossas emoções,  deveríamos dar muito valor àquilo que produz essas emoções em nós.  Deveríamos desejar o tipo de livro, pregação, oração e cântico que  afetarão nossos corações profundamente.
Não  me interpretem mal. Estas coisas podem às vezes despertar as emoções de  pessoas fracas e ignorantes sem lhes fazer qualquer bem à alma; isto  porque é possível para estas coisas excitarem emoções que não são  espirituais e santas. Deve haver uma apresentação clara e uma  compreensão correta da verdade espiritual em nossos livros religiosos,  nossas pregações, nossas orações e nossos cânticos. Sendo este o caso,  quanto mais tocarem nossas emoções, melhor serão.
(iii)  Se a verdadeira religião consiste em grande parte em nossas emoções,  temos razão em nos envergonhar por não sermos mais influenciados pelas  realidades espirituais.
Deus  nos deu emoções para o mesmo propósito que todas as outras capacidades  que possuímos, isto é, para servir ao fim principal do homem, sua  relação com Deus. Todavia, como é comum que as emoções humanas se ocupem  de tudo, exceto realidades espirituais! Em assuntos dos interesses  mundanos das pessoas, seus prazeres externos, sua reputação, e suas  relações naturais - nestas coisas, seus desejos anseiam, seu amor é  quente e seu zelo é ardente.
No  entanto, como a maioria das pessoas é insensível e indiferente quanto  às coisas espirituais! Aqui seu amor é frio, seus desejos são morosos,  sua gratidão pequena. Podem sentar e ouvir sobre o amor infinito de Deus  em Jesus Cristo, a morte em agonia de Cristo pelos pecadores, e  salvação pelo Seu sangue do fogo eterno do inferno, para as alegrias  inexprimíveis do céu - e permanecem frias, sem resposta,  desinteressadas! O que mais poderia mover nossas emoções, senão estas  verdades? Coisa alguma poderia ser mais importante, mais maravilhosa ou  mais relevante? Poderia algum cristão nutrir o pensamento que o glorioso  evangelho de Jesus Cristo não moveria e excitaria as emoções humanas?
Deus  planejou nossa redenção para que revelasse todas as maiores verdades de  modo mais intenso e tocante. A personalidade humana e a vida humana de  Jesus revelam a glória e beleza de Deus na forma mais comovente  imaginável. Assim como a cruz mostra o amor de Jesus pelos pecadores do  modo mais comovente, também revela a natureza odiosa de nossos pecados  de modo muito tocante, pois vemos o terrível efeito que nossos pecados  tiveram em Jesus, ao sofrer por nós. Na cruz também vemos a revelação  mais impressionante do ódio de Deus pelo pecado, e Sua justiça e ira ao  puni-lo. Mesmo sendo Seu próprio e infinitamente amado Filho que tomou o  nosso lugar, Deus abateu-O com a morte. Quão rigorosa é a justiça  divina, rigorosa e quão horrível a sua ira! Daí, então como deve ser  grande a nossa vergonha, visto que estas coisas não nos atingem mais!
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