
Deus não é seu empregado!
Uma interpretação biblicamente correta dos textos
distorcidos pela “teologia” da Prosperidade
distorcidos pela “teologia” da Prosperidade
Versão 1.0
Por: Renato N. Fontes (renfontes@gmail.com)
Belo Horizonte, Brasil Junho/2008
Belo Horizonte, Brasil Junho/2008
Ouvi,  meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres,  para serem ricos em fé e herdeiros do reino que Ele prometeu aos que O  amam? Tiago 2:5
Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e  roubam;  mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem  corrói, e onde ladrões não escavam nem roubam; porque, onde está o teu  tesouro, ali estará também o teu coração.  Mateus 6:19-21
Pelo  que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas  perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou  fraco, então é que sou forte.  II Coríntios 12:10
Introdução
Este  artigo é uma tentativa singela de colocar à disposição das pessoas uma  boa e sólida interpretação de várias passagens bíblicas que têm sido,  com muita freqüência, deturpadas por pessoas adeptas de uma doutrina que  ficou conhecida como “teologia da prosperidade”, “evangelho da  prosperidade” ou ainda “teologia da confissão positiva”. Os proponentes  dessa doutrina, vários por falta de conhecimento e vários, infelizmente,  por má fé e desonestidade, usam vários textos curtos das Escrituras,  tirados do seu contexto, e torcem seu significado para fazer com que a  mensagem transmitida seja exatamente o oposto do que a Bíblia ensina.  Desta forma, essas passagens foram quase todas reunidas aqui e colocadas  dentro do seu contexto imediato e também do contexto amplo da revelação  bíblica, buscando-se assim seu verdadeiro sentido, aquele que é  coerente com a mensagem do Deus que se fez pobre, não para que todos os  cristãos usufruíssem de bênçãos materiais, mas para seguirmos os Seus  passos e também abrirmos mão do que é nosso por amor aos outros.
A  mensagem bíblica, de capa a capa, é de doação, de entrega, de amor,  aquele amor que, conforme I Co 13, não busca os seus próprios interesses  e tem sua maior expressão no ato dar a vida pelos outros. É verdade que  Jesus se importa não só com nosso espírito mas também com todo o ser  humano, integralmente. Por outro lado, nossa atitude frente a isso faz  toda a diferença: baseado nessa verdade, vamos buscar benefícios para  nós, como fazem os proponentes da teologia da prosperidade, ou será que  isso nos fará ajudar o nosso próximo em primeiro lugar, como Jesus  declara em Mt 25, quando diz, “tive fome, e me destes de comer, tive  sede e me destes de beber”?
Meu  desejo é que este texto abra os olhos de muitos, como um dia os meus  também foram abertos! Se você, leitor, congrega em uma igreja onde se  ensina essa doutrina, aconselho fortemente que tome uma atitude e pare  de dar seus dízimos e contribuições para líderes que acreditam que têm o  direito de “prosperar” às suas custas. Um fato muito curioso e fácil de  notar é que quase todos os líderes que pregam essa doutrina de fato  ficam ricos, porém suas ovelhas quase sempre continuam com o mesmo  padrão de vida e nunca “prosperam” materialmente. Quando, entretanto,  alguém acena com a possibilidade de parar de contribuir com a riqueza  desses líderes, eles usam de intimidação e ameaçam até mesmo com a perda  de salvação. É hora de dar um basta, isso é escravidão – o conhecimento  da verdade liberta (Jo 8:32). Se algo não liberta, é porque não é  verdade!
As citações bíblicas são da Edição Revista e Atualizada no Brasil, da SBB.
Marcos 11:24
Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco. 
Esse  versículo deve ser lido em equilíbrio com outro, que é I Jo 5:14: “...  esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma coisa  segundo a sua vontade, ele nos ouve.” João diz que Deus realmente nos  dá o que pedimos, contanto que seja a Sua vontade. Deus não é nem o  Papai Noel nem muito menos o Gênio da Lâmpada (que chamava Aladim de  “amo e senhor”) – não, Ele é o Senhor, e é Sua vontade soberana que  determina o que Ele nos dará ou não. A questão é que os defensores da  teologia da prosperidade e da confissão positiva dizem que sempre é  vontade de Deus curar e dar riqueza, e citam como prova os demais  versículos que serão discutidos abaixo. O fato, contudo, é que a vontade  de Deus é insondável, oculta em sua maior parte aos seres humanos.  Ninguém, exceto por muita presunção, pode dizer que conhece a vontade de  Deus em todos os casos. Seus caminhos não são os nossos e Seus  pensamentos também não são os nossos (Is 55:8). Seus juízos e Seus  caminhos são inescrutáveis e insondáveis, como bem nos lembra Paulo em  Romanos 11!
Isaías 53:4, citado em Mateus 8:17 e I Pedro 2:24
...  curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que fora  dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas  enfermidades e carregou com as nossas doenças.
...  carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados,  para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas  chagas, fostes sarados.
Os  “teólogos” da prosperidade e da confissão positiva dizem que a passagem  de Isaías, citada de novo em Mateus e I Pedro, provaria que Deus deve  sempre curar, já que Cristo já levou nossas dores e enfermidades.
Tentemos,  então, levar esse pensamento às suas conseqüências lógicas. Se Cristo  levou todas as nossas dores (o que é fato), e se as implicações plenas  disso valessem para nós na presente era (o que questiono aqui), não  deveríamos sequer morrer, já que Ele também levou sobre Si a dor da  morte. 
Também  jamais deveria haver perseguição aos cristãos por causa do Evangelho,  já que Jesus também levou essa dor sobre Si. Mas, pelo contrário, a  realidade da morte é reconhecida em toda a Bíblia como o curso normal da  humanidade, maculada como é pelo pecado. Não somente isso, todo tipo de  enfermidade deveria ser curada – no entanto, nunca ouvimos relatos de  curas de amputados, por exemplo (ainda que ouvíssemos, afinal Deus  também é poderoso para curar esse tipo de mal, isso não provaria nada).  Assim, essa interpretação de Isaías 53 dada pelos teólogos da  prosperidade não se harmoniza com a realidade dos fatos, nem a nossa nem  muito menos a dos escritores bíblicos.
Como  se deve entender, então, o versículo de Isaías? Basta colocá-lo dentro  do contexto de toda a Bíblia, que diz que o homem foi expulso do Éden, e  a Árvore da Vida ficou do “outro lado da porta” (até que ponto é uma  árvore literal ou simbólica não faz a menor diferença neste caso).  Acontece que apenas em Apocalipse, na Nova Jerusalém, é que o homem terá  novamente acesso àquela árvore que é “para a cura de todas as nações”.  Até então, Deus disse que a terra produziria “cardos e abrolhos”. É num  mundo assim que vivemos, e não há distinção entre crentes e incrédulos,  afinal Deus manda a chuva sobre justos e injustos (Mt 5:45). Na verdade,  até o Novo Testamento menciona doenças que não foram curadas  milagrosamente, como o caso de Timóteo (I Tm 5:23), que recebeu do  apóstolo Paulo o conselho de tomar vinho por causa das suas “freqüentes  enfermidades” no estômago. 
Mas,  se Is 53:4 só se aplicará plenamente na Nova Jerusalém, por que esse  versículo é citado em Mateus, sendo cumprido aqui na terra? O que  acontece, neste caso, é que os seres humanos tiveram um "aperitivo" dos  efeitos de Isaías 53 quando Jesus esteve fisicamente aqui. É bíblico  dizer que o Reino de Deus já chegou (Mt 3:2), porém ainda não na sua  plenitude (tanto é que, como já foi dito, nós ainda morremos, ainda  pecamos, ainda sentimos dores etc.). 
Contudo,  quando o Rei esteve fisicamente aqui, pudemos provar um pouco dessa  plenitude. Aliás, analisando bem, Jesus ressuscitou apenas umas duas ou  três pessoas: quantos mortos havia nos cemitérios judeus na época?
Quantos  enfermos havia no tanque de Betesda, onde Jesus provavelmente só curou  um? Mateus cita Isaías 53 porque o que possibilitou que as curas de  alguns se tornassem reais é que Jesus já pagou pelo nosso pecado. Se Ele  não tivesse levado sobre si nossas dores, nenhuma cura teria sido  realizada quando Jesus veio. Mas Ele não curou 100% dos enfermos,  tampouco ressuscitou 100% dos mortos. Isso só vai acontecer na segunda  vinda, quando o Reino de Deus vier na sua plenitude. 
E quanto a I Pedro? Coloquemos a citação em I Pedro  dentro do contexto, e veremos que o apóstolo falava da cura do pecado (ou seja, saúde espiritual) e não de saúde física.
João 14:12
Em  verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as  obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do  Pai.
O  versículo acima tem sido citado para dizer que nós podemos e devemos  fazer a mesma quantidade e os mesmos milagres que Jesus fez, portanto  indo contra a tese de que a presença física de Jesus na terra foi um  pré-cumprimento dos benefícios plenos de Is 53:4. Se nós faremos as  mesmas obras de Jesus, dizem eles, nada mudou desde que Jesus subiu aos  céus. 
Cabe  aqui um esclarecimento. Depois que Jesus ressuscitou e subiu aos céus,  realmente continuaram acontecendo milagres, e creio eu que aconteçam até  hoje. Porém, estes não acontecem na mesma intensidade e freqüência que  no tempo em que Jesus   esteve fisicamente aqui. Não é todo dia que vemos alguém caminhando  sobre as águas, uma tempestade sendo acalmada com uma palavra, mortos  ressuscitando, cegos vendo e outros sinais dessa grandeza. Quando Jesus  subiu aos céus, essas coisas se tornaram bem menos freqüentes e, ouso  dizer, depois que morreram os apóstolos, ficaram ainda bem mais raras.  Mas Deus não é o mesmo ontem, hoje e sempre? Sim, Ele é, mas isso não o  obriga a agir sempre da mesma forma, e a evidência maior disso é que  temos várias alianças diferentes na Bíblia, feitas entre Ele e os  homens.
Entendamos, portanto, o que representam os milagres na história do cristianismo. Em II Co   12:12, Paulo deixa claro que os “sinais, prodígios e poderes  miraculosos” eram suas “credenciais” como apóstolo. Em outras palavras,  essas coisas distinguiam os cristãos comuns dos apóstolos, que eram  aqueles que haviam recebido sua missão diretamente do Senhor e sobre o  fundamento dos quais a igreja estava edificada. Por outro lado, em I Co   12:28, Paulo também fala de dons de milagres e dons de curas, dados a  pessoas que não eram apóstolos. Ainda assim, os dois versos seguintes  deixam claro que, assim como não são todos apóstolos, também não são  todos que possuem esses dons. Tais dons existem e são para a edificação  da igreja, mas não dados a todos os cristãos e nem têm a finalidade de  fazer nossas vontades. Vale lembrar que eles são distribuídos conforme a  soberania de  Deus, que cura e realiza milagres  quando quer. Nem mesmo Jesus curou todos os enfermos do seu tempo. Mas  alguém pode dizer: “Jesus não curou todos aqueles que o buscaram  corretamente?” Com certeza, só que o ato de buscar a Jesus é algo que  primeiramente o próprio Deus coloca no coração do homem, em Sua  soberania.
Voltando  então a João 14:12, o que significa “farão obras ainda maiores que as  que faço”? Primeiro, Jesus não se refere necessariamente aos milagres,  uma vez que não usou qualquer uma das três palavras gregas comumente  usadas para designá-los no Novo Testamento (traduzidas quase sempre como  “sinais, prodígios e maravilhas”, como em II Co   12:12). Segundo, a interpretação mais sólida dessa frase é aquela que  leva em conta que as “obras” de Jesus tinham e têm por finalidade fazer a  vontade do Pai e proclamar o Reino de Deus. Aí fica fácil entender:  Jesus levou a mensagem do Evangelho ao povo de Israel, e a igreja já  levou a mesma mensagem até os confins da terra! 
João 10:10b
...eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. 
Os  teólogos da prosperidade dizem que “vida em abundância” que Jesus veio  para que tenhamos é uma vida de riqueza material e saúde. Será? O que  pensariam disso os mártires, que, ao contrário da riqueza, ganharam como  “prêmio” pela sua fidelidade o sacrifício da própria vida pelo  Evangelho? O que pensaria disso aquele missionário que abandonou tudo  para viver entre uma tribo selvagem da África, pegou malária e nunca  ficou rico, mas por outro lado pregou o Evangelho para aqueles que nunca  tinham ouvido falar em Jesus? O que pensaria disso aquela viúva pobre  que deu as duas últimas moedas e que, pelo menos pelo relato bíblico,  não consta que tenha ficado rica? O que pensaria disso aquela senhora  pobre da igreja que tem sempre a casa aberta para receber pessoas em  necessidade e sempre tem uma palavra de consolo?
Aliás,  o que pensaria Paulo, que passou por inúmeras situações desfavoráveis,  até mesmo fome (Fp 4:12)? Será que essas pessoas seriam consideradas  como de “vida abundante” pelos teólogos da prosperidade? Por outro lado,  será que eles consideram os ricos e poderosos do nosso mundo, incluindo  aí criminosos e vários políticos desonestos, como pessoas de “vida  abundante”?
Marcos 10:29 (e passagens paralelas: Mateus 19:29 e Lucas 18:29,30)
Tornou  Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou  irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e  por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de  casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no  mundo por vir, a vida eterna. 
Creio  que ninguém, em sã consciência, interpreta aquilo tudo literalmente. Se  alguém levar o versículo inteiro ao pé da letra, será um pervertido  sexual com centenas de filhos (e de mulheres também, se seguirmos a  passagem paralela de Lucas!)... Aliás, Jesus falou aquilo para os  discípulos. Não consta que Pedro e os demais tenham se tornado  milionários depois de abandonar tudo para seguir Jesus – pelo contrário,  a maioria deles se tornou mártires. Pedro, por exemplo, continuou  vivendo como pescador, e ainda ganhou a "vida abundante" morrendo numa  cruz de cabeça pra baixo (se é que é verdade essa história sobre a forma  como o apóstolo morreu).
O  que Jesus disse é que, se você abrir mão do que tem, vai ganhar uma  nova família, vai pertencer à Igreja, ao corpo de Cristo, sua nova  família, que representa 100 vezes mais mães, pais, filhos e casas. E, de  brinde, ainda vai ganhar perseguições. Aliás, eu me pergunto, por que  nenhum desses pregadores da prosperidade cumprem a primeira parte do  versículo, que fala sobre abandonar tudo (isso eles só recomendam para  as suas ovelhas, que abandonem tudo nas contas bancárias deles), ou  ainda o que está um pouco antes, no verso 21, quando Jesus diz ao jovem  rico que este deveria vender todos os seus bens e dar o dinheiro aos  pobres?
II Coríntios 8:9
...  pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico,  se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis  ricos. 
Citado  fora do contexto, esse versículo parece indicar que Jesus se tornou  pobre para que todos os cristãos se tornassem ricos. Comecemos a ler o  capítulo 8, no entanto, e veremos que Paulo elogia a igreja dos  macedônios, que era pobre, e dá um “sabão” na igreja dos coríntios, que  era rica. A igreja que era pobre era a mais generosa (o que já contraria  a teologia de que ofertar é "semear bens materiais", uma vez que eles  eram liberais e continuavam pobres), enquanto que a igreja rica era a  mais avarenta. 
Paulo  então repreende os coríntios, e os exorta a serem como Jesus, que era  rico e se fez pobre. Se eles eram ricos, é porque um dia Cristo se fez  pobre, e eles deveriam fazer o mesmo em prol do sustento de Paulo e  outros apóstolos/missionários, abrindo mão de sua riqueza. Não está  escrito ali que Cristo se fez pobre para todos os cristãos fossem ricos  (tanto é assim que os macedônios ainda eram pobres, e não era por causa  de falta de generosidade).
O  que está escrito é que, se os coríntios eram ricos, era por causa da  misericórdia de Cristo, que abriu mão da Sua própria riqueza em prol  deles.
III João 2
Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma.
Sabemos  que Jesus prometeu perseguições (citando, de novo, Mc 10:29). No  entanto, quem tem o costume de escrever "desejo que você seja  perseguido”?
Mesmo  que seja uma certeza da Palavra de Deus as perseguições por causa do  Reino, ninguém as deseja, e isso é perfeitamente natural. Nosso desejo é  saúde e prosperidade – agora, se Deus deseja dar isso para nós ou não,  cada caso é um caso, e vai depender da soberania divina. Eu desejo saúde  para todos os que amo (assim como o apóstolo João desejava a  prosperidade do destinatário daquela carta), mas não tenho certeza se  essa é a vontade de Deus. Se Ele quiser, na Sua vontade soberana, que  alguém morra como mártir ou morra de câncer, essa pessoa tem que dizer  como Jó, "o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor".  Mas eu posso perfeitamente escrever que o que eu desejo é saúde para  quem quer que seja. Foi isso que João escreveu para seu destinatário,  mas não necessariamente aquilo era a vontade de Deus. Não faria sentido  João ter escrito "desejo perseguições pra você"...
Marcos 11:22,23
Ao  que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo  que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não  duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com  ele. 
Esse  ensinamento de Jesus é usado para justificar o ato de falar com as  enfermidades, e ainda o uso de verbos como “decretar” ou “determinar”,  que são verbos perfeitamente adequados para estarem na boca do Deus  Todo-Poderoso, mas nunca de criaturas finitas e falíveis como nós. 
Temos,  de fato, alguns exemplos bíblicos de pessoas falando para as coisas ou  executando algum ato e algo acontecendo por causa disso. Temos o caso de  Jesus, que repreendeu a tempestade e o mar se acalmou, e ainda  repreendeu a febre da sogra de Pedro (Lc 4:39). Acontece que Jesus,  mesmo assumindo forma humana, nunca deixou de ser Deus. Mesmo assim,  temos casos de pessoas comuns fazendo algo semelhante: Moisés colocou o  cajado no mar e este se abriu (Nm 14:16,21); recebeu ordem de Deus para  apenas falar com a rocha e esta soltaria água (Nm 20:8); Pedro mandou o  coxo se levantar e este foi curado (At 3:6), entre outras coisas. Será,  então, que isso significa que podemos fazer o mesmo apenas tendo fé?  Depende: fé em quê?
O  verso 22 diz “tende fé em Deus”. Ter fé em Deus significa acreditar no  que Deus falou. Foi Deus que falou com Moisés para falar com a rocha,  que colocou no coração de Pedro a certeza de que o coxo seria curado,  que falou que abriria o mar... Se Deus falar com certeza que uma  montanha sairá do lugar, pode falar com ela que ela sai. Caso contrário,  vai tudo continuar como está!
Essa  passagem não é, portanto, uma carta branca para sair por aí  “decretando” e “determinando” as coisas, mas, antes, é um convite a  acreditar em tudo que Deus falar – se Ele falar, vai acontecer. Quem  decreta e determina é Deus, nós só podemos proclamar o que Ele já  decretou e determinou. 
Lucas 6:38ª
... dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão.
Trata-se  de mais um texto usado fora do seu contexto, principalmente pelos que  gostam de dizer que as contribuições financeiras para a obra de Deus são  uma espécie de barganha, que rende bens materiais para quem as dá. O  argumento de Jesus começa no verso 27. “Amem os inimigos, ofereçam a  outra face, bendigam (mesmo aqueles que os maldizem), dêem a quem pede  etc.” No verso 31, Jesus arremata: “façam com os outros o que gostariam  que os outros façam com vocês”. Se assim fizermos, se tratarmos bem as  pessoas, se dermos nossas coisas para aliviá-las quando tiverem  necessidade, a conseqüência lógica é que também elas nos socorrerão  quando precisarmos – e nos darão medida plena, recalcada,  transbordante... Se, por outro lado, as julgarmos com severidade (verso  37), seremos julgados assim também. É a lei da semeadura e da colheita.  Tratem os outros bem e vocês receberão o mesmo em troca – e isso não tem  nada a ver com dar ofertas à igreja em troca de bênçãos materiais.
Mateus 16:19, Mateus 12:29 e Marcos 3:27
Dar-te-ei  as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado  nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus. Ou  como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem  primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa. Ninguém pode entrar  na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só  então lhe saqueará a casa.
Essas  passagens são usadas para justificar a expressão “tá amarrado em nome  de Jesus”, ou qualquer outro ritual para “amarrar” os demônios (em  algumas versões em inglês “ligar”, em Mateus 16, é “bind”, ou seja,  “amarrar”). 
Também  são usadas para justificar doutrinariamente uma suposta “legalidade”  que o diabo e os demônios teriam para agir. Em outras palavras, na  teologia da prosperidade e da confissão positiva, quem dá poder para os  demônios agirem (ou tira esse poder) são as pessoas e não Deus. Deus só  observaria, passivo, as atitudes das pessoas, que neste caso dão ou  tiram o poder para que os seres espirituais ajam. A soberania de Deus,  assim, se torna um mero detalhe, e Deus, de supremo controlador e  sustentador de todas as coisas, passa para o posto de mero expectador,  sendo constantemente ameaçado pelas forças do mal e precisando  constantemente ser defendido por ninguém menos que nós, criaturas com o  poder de “amarrar” os demônios... 
Primeiramente,  é preciso mencionar que a gramática de Mt 16:19 não diz que nós  “amarramos” ou “ligamos” na terra e só então se “amarra” ou “liga” algo  nos céus, mas exatamente o contrário. O tempo verbal grego, literalmente  traduzido, é: “tudo que ligardes na terra terá sido ligado no céu”.  “Terá sido” implica que primeiro foi ligado no céu, para só então nós  ligarmos na terra. Em outras palavras, primeiro no céu, depois na terra,  essa é a ordem – como, aliás, qualquer outra coisa que Deus faz:  primeiro Deus toma a iniciativa, depois o  homem  segue o que Ele decretou. Esse entendimento acaba com o orgulho humano,  uma vez que tira do homem qualquer possibilidade de mudar a Deus, que  por falar nisso é imutável e sem qualquer sombra de variação (Tg 1:17). É  verdade que Tiago diz que a oração do justo é eficaz, mas curiosamente o  exemplo dado por ele foi o de Elias orando para não chover (Tg  5:17,18).
Quem,  afinal, colocou no coração de Elias o desejo de orar para que não  chovesse, foi o próprio Elias que convenceu a Deus ou foi Deus que moveu  o profeta? Em segundo lugar, vale lembrar que o texto de Mateus não tem  absolutamente nada a ver com “amarrar demônios”.
Quanto  aos textos sobre “amarrar o valente”, é importante entender que Jesus  não estava ensinando táticas para derrotar demônios, mas fazia apenas  uma analogia entre um ladrão que invade uma casa e amarra o dono para  poder roubar e aquele que expulsava os demônios (no caso, Ele próprio).  Jesus havia sido acusado de expulsar demônios por ser o maioral deles, e  usou dessa analogia para explicar que não fazia sentido expulsá-los  sendo um deles, assim como não fazia sentido invadir uma casa sem  amordaçar (ou amarrar) o dono desta. Além do mais, ainda que Jesus  estivesse ensinando a amarrar demônios, quem disse que isso se faz  gritando uma frase mágica?
Nunca  é demais lembrar, também, que Jesus e os apóstolos só expulsaram  demônios quando estes se apossavam das pessoas, eles nunca os expulsaram  de um determinado lugar, como fazem alguns hoje. 
Mateus 13:58 e Marcos 6:5,6
E  não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles. Não pôde  fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes  as mãos. Admirou-se da incredulidade deles.
Segundo  os proponentes da teologia da prosperidade e da confissão positiva, o  poder de Jesus está limitado pela nossa fé. Quanto mais fé tivermos,  dizem eles, mais poder Jesus terá, e a prova seria essas passagens, que  dizem que Jesus “não pôde fazer muitos milagres em Nazaré por causa da  incredulidade das pessoas”. Mais uma vez, Deus é privado da Sua  soberania, já que só pode agir se os seres humanos permitirem. 
O  sentido dessas passagens, no entanto, fica claro quando entendemos para  que serviam os milagres de Jesus. Um dos termos gregos usados para  “milagre”, embora não seja o que foi usado nessas passagens, mas é  muitas vezes usado indistintamente em outras, significa “sinal”. Um  sinal é algo que se faz para que alguém veja e creia, ou seja, é como se  fosse uma prova jurídica. 
Aliás,  esse é o termo preferido pelo evangelista João para se referir aos  milagres de Jesus. Em Jo 20:30,31, está escrito: “Na verdade, fez Jesus  diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste  livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o  Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” 
Em  Lucas 4, temos um relato mais detalhado da ida de Jesus a Nazaré e da  incredulidade das pessoas de lá, que chegaram ao ponto de tentar  matá-lo. A pergunta óbvia que se faz é, por que Jesus iria desperdiçar  sinais com pessoas que não estavam dispostas a crer? Não, Jesus não teve  seus poderes limitados pela incredulidade do povo, simplesmente não  quis fazer sinais se estes não serviriam para nada.
Deuteronômio  28:1-14, Gênesis 39:3, Êxodo 15:26, Josué 1:8, I Crônicas 22:13, II  Crônicas 26:5, Salmo 1:3, Salmo 25:13, Salmo 112:1-3 etc.
São  as únicas passagens bíblicas ou que prometem prosperidade para quem  obedecer ao Senhor ou que relatam que alguém prosperou por causa disso.  Não é por acaso que todas elas estão no Antigo Testamento. Na Nova  Aliança, não há qualquer promessa de que quem for fiel aos mandamentos  de Deus prosperará materialmente ou não estará sujeito às doenças que  atingem os demais seres humanos. Assim como, na Velha Aliança, não havia  qualquer “promessa”, como há no caso da Nova, de que quem servisse ao  Senhor seria perseguido por causa da justiça – mesmo assim, vale lembrar  que vários personagens do Antigo Testamento foram perseguidos, como  Elias, Daniel e Jeremias.
O  fato é que Deus se relaciona com as pessoas por meio de alianças. Estas  alianças são feitas conforme o nível de maturidade espiritual na qual a  humanidade se encontra. Exemplificando, ninguém trata o filho de 5 anos  da mesma forma que trata o que tem 25. Quando o filho pequeno pede uma  bala, o pai dá. Quando o filho adulto pede a mesma coisa, geralmente a  resposta é “vá trabalhar!”... No Antigo Testamento, Deus tratava as  pessoas como um pai trata um filho pequeno: obedeça, seja fiel, que você  ganhará muitas recompensas, será feliz, suas colheitas nunca falharão,  você será rico, sua mulher nunca será estéril (nem suas vacas), sua  saúde será perfeita. 
Desobedeça,  e os céus não enviarão a chuva, as crias das suas vacas abortarão, seus  inimigos o perseguirão... No Novo Testamento, por outro lado, depois  que Jesus se humilhou e se esvaziou, tendo se tornado pobre mesmo sendo o  criador de tudo e o dono de todo o ouro, Deus passou a tratar a  humanidade como um pai que se relaciona com um filho maduro, ou seja, na  base do amor e não mais das recompensas. A humanidade já estava madura  para entender que deve se relacionar com Deus apenas pelo que Ele é, sem  buscar bênçãos materiais e saúde em troca e sem obedecer só pelo medo  da punição. Na Nova Aliança, as doenças já não são necessariamente  punição pela desobediência, mas muitas vezes podem até ser bênção, já  que é em meio à nossa fraqueza que o poder de Deus se aperfeiçoa. 
O  mais interessante é ver que, ainda na Antiga Aliança, muitos já tinham  entendido essa verdade, principalmente no caso dos profetas que foram  perseguidos. Notem como é tocante a oração de Habacuque: “ainda que a  figueira não floresça, que falte tudo, que todas as colheitas falhem, eu  contudo me alegrarei no Senhor” (Hc 3:17,18), ou ainda a forma como Jó,  pelo menos no início, reage à perda de tudo: “o Senhor deu, o Senhor  tirou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Por mais absurdo que  possa parecer, um defensor da teologia da prosperidade uma vez me disse  que Jó errou por não buscar a cura...
Salmo 103:3 
Ele é quem perdoa as tuas iniqüidades; quem sara as tuas enfermidades. 
Davi  estava num momento de alegria em que, provavelmente, tinha acabado de  ver curado de uma doença, possivelmente a mesma referida nos salmos 51,  32 e 38, por causa do seu pecado. Ele diz à sua própria alma que seja  grata ao Senhor, que é quem cura de todas as enfermidades. Só que Ele  cura quando e  como quer, e ainda assim se quiser.  Eu concordo com Davi, Deus cura tudo (inclusive amputações!), mas só  quando quer. Quando Ele diz não, eu me contento com o fato de que o  poder dEle se aperfeiçoa na minha fraqueza, na minha enfermidade, na  minha tristeza. Aliás, quando Paulo diz em II Co   12:10 que “sente prazer nas fraquezas”, a palavra grega usada para  “fraquezas” é exatamente a mesma usada em Mt 8:17 – ou seja, as  fraquezas nas quais Paulo sentia prazer eram as mesmas que Jesus levou  sobre Si! Por que os teólogos da prosperidade nunca mencionam isso? Será  que eles não sabem, ou escondem deliberadamente?
Provérbios 18:21
A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.
Esse  texto é usado para justificar muitas coisas, dentre as quais a doutrina  das “maldições” e a própria confissão positiva, segundo a qual suas  palavras (confissão, no caso) têm algum poder mágico no mundo  espiritual.
O  livro de Provérbios é um pouco mais complicado quando se trata de  colocar passagens no contexto, já que cada provérbio é um dito isolado e  não faz parte de uma unidade textual. Por outro lado, existe algo  chamado “contexto amplo”, que é a idéia geral do autor ao escrever uma  obra, e ainda o estilo literário.
Neste  caso, vemos que o livro em questão contém conselhos para a vida  prática, discorrendo sobre criação dos filhos, conduta ética, temor de  Deus, sabedoria, obediência às autoridades e outras recomendações que,  seguidas na nossa vida prática, produzem uma vida coerente e centrada na  vontade de Deus. Desta forma, não se trata de um manual de batalha  espiritual nem muito menos de um tratado teológico sobre a ação de anjos  e demônios, mas é um livro bem “pé no chão”. 
Dito  isso, podemos entender que o verso em questão trata do uso da língua no  nosso quotidiano, e do grande poder que ela tem: com a língua você pode  magoar alguém, desfazer uma longa amizade, pode se meter em apuros,  principalmente se ofender alguém com mais poder que você, mas também  pode manifestar amor, produzir reconciliação, pode evitar até uma  guerra.
Quem  usa a língua com sabedoria comerá do fruto que essa mesma sabedoria  produz, e é isso e nada mais que o verso em questão está dizendo. Em  Tiago 3:1-12 temos o mesmo tema novamente, de forma mais elaborada.
I Samuel 24:6 e Salmo 105:15
E  disse [Davi] aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal  coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o  ungido do SENHOR.
Dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas. 
Com  base nesses dois versículos, criou-se dentro do protestantismo o mesmo  sistema sacerdotal católico, no qual há uma classe especial de “ungidos”  que estão acima dos demais crentes e, além disso, não podem ser  criticados ou questionados, pois afinal não se pode “tocar nos ungidos”.  Esses tais se dizem procuradores de Deus, verdadeiros mediadores, como  era, por exemplo, Moisés em relação ao resto do povo de Israel. Cito  essas passagens aqui, portanto, por serem usadas com freqüência pelos  líderes que ensinam a teologia da prosperidade. 
Mas,  afinal, o que significa “ungidos”? “Ungir” significa “derramar óleo  sobre”, e era, na cultura judaica antiga, a forma como os sacerdotes e  reis eram iniciados no seu ofício. Em outras palavras, a unção  credenciava o indivíduo para ser mediador entre Deus e as outras  pessoas. Por esta razão Jesus é chamado de Cristo ou Messias, que são  palavras que significam “ungido”. No Novo Testamento, contudo, o termo  “unção” só aparece duas vezes, dentro da mesma passagem, em I Jo   2:20 e 27, que é um texto que diz que todos nós recebemos a unção do  alto – em outras palavras, bem de conformidade com a doutrina  protestante, todos nós somos sacerdotes. A palavra “ungido”, por outro  lado, só aparece na sua forma transliterada do grego, ou seja, Cristo,  se referindo a Jesus e nunca aos líderes da igreja, nem mesmo aos  apóstolos. 
E  quanto aos versículos de I Sm 24:6 e Sl 105:15? A primeira passagem  fala de Saul, ungido como rei, e a segunda fala dos patriarcas Abraão,  Isaque e Jacó, que Deus aqui chama também de ungidos. “Tocar”, “estender  a mão contra” e “maltratar”, em ambos os contextos, significa utilizar  de violência física e não a crítica ou o questionamento. Não há qualquer  legitimidade exegética para transpor essas passagens do seu contexto  original e aplicá-las aos líderes da igreja, por mais abençoados que  estes supostamente sejam. O leitor pode ficar tranqüilo, o seu líder não  é infalível nem intocável, quem crê dessa forma é o catolicismo em  relação ao papa. Se o seu líder falar ou ensinar algo que não se  harmoniza com as Escrituras, ele deve sim ser confrontado (com respeito e  submissão, obviamente, afinal, a não ser que ele seja um usurpador,  Deus o colocou como líder) e, se ele tentar usar de intimidação citando  as passagens já citadas, desconfie das intenções dele.
Caro  leitor, se você gostou (também se não gostou) deste artigo e quiser  fazer alguma observação, crítica, correção ou agradecimento, sinta-se  encorajado a me escrever. Gostaria muito de saber sua opinião!
Renato (renfontes@gmail.com)
Referências bibliográficas auxiliares
Sobre a teologia da prosperidade:
HANEGRAAFF, Hank. Cristianismoem crise. Rio  de Janeiro: CPAD, 1996.
ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise: decadência doutrinária na igreja brasileira. São Paulo: Mundo Cristão, 1996.
YANCEY, Philip. Decepcionados com Deus. São Paulo: Mundo Cristão.
HANEGRAAFF, Hank. Cristianismo
ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise: decadência doutrinária na igreja brasileira. São Paulo: Mundo Cristão, 1996.
YANCEY, Philip. Decepcionados com Deus. São Paulo: Mundo Cristão.
Sobre a interpretação bíblica:
FEE, Gordon D; STUART, Douglas. Entendes o que lês? São Paulo: Vida Nova, 1997.
ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994.
FEE, Gordon D; STUART, Douglas. Entendes o que lês? São Paulo: Vida Nova, 1997.
ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994.
Obs.: Agradecemos ao irmão Renato Fontes por disponibilizar este artigo ao Blog Bereianos.
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