No capítulo precedente, demos diversas definições        harmoniosas sobre a graça por vários autores, e acrescentamos        a nossa de maneira a esclarecer-lhe o significado. Neste capítulo        nosso objetivo é mostrar aos nossos leitores os vários aspectos        da graça. Onde quer que a graça opere, ela tem um trono e        é sobre ele que escreveremos:      
O REINO DA GRAÇA      
"Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça        reinasse pela justiça para a vida eterna, por Cristo Jesus nosso        Senhor". Romanos 5:21. Paulo personifica Pecado e Graça, e fala deles        como duas figuras reais... dois reis sobre seus tronos. Depois mostra o        que cada Palavra dá aos seus súditos. O pecado tem a morte        em sua mão manchada, ao passo que a graça tem a vida nas mãos.      
1. A graça é mais poderosa que o pecado. Aqui jaz a única        consolação do pecador, ainda que ele não reconheça        tal fato, até ser despertado pelo Espírito. Não há        quem se livre da tirania do pecado. O pecado é demais para as forças        humanas. Os homens são levados cativos por Satanás. 2 Timóteo        2:26. Os homens podem se reformar, mas não se regenerem a si mesmos.        Eles podem deixar seus crimes e vícios, mas nunca seu pecado. "Porventura        pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então        podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal". Jeremias        13:23.      
2. A graça reina em retidão. Seu reino é de perfeição.        A graça não é contra a lei. A graça não        procura destruir a justiça; isto seria dividir Deus contra Si mesmo.        A graça respeita a lei quando dá Cristo nosso Senhor que satisfaz        a lei tornando-Se nosso penhor, tomando sobre Si a culpa de nossos pecados        e levando-as ao madeiro. Deus tratou com Seu Filho em justiça, para        que pudesse tratar com o pecador em misericórdia e graça.      
3. A graça reina por Jesus Cristo, nosso Senhor. Cristo não        é a fonte, mas o meio da graça. A graça tem sua fonte        no coração de Deus, e opera de acordo com a soberana vontade        de Deus. A palavra reinar, sugere a idéia de um rei ou de uma rainha        sobre um trono. E um trono fala de poder e recursos. O poder da graça        é o poder de Deus. Assim é próprio falarmos da graça        irresistível. E certamente podemos falar de um Deus irresistível.        Os recursos da graça são encontrados em Deus. O sangue de        Cristo é o fundamento da graça. Quando Seu sangue perder o        valor, a graça vai à falência e o crente estará        perdido. Mas isto jamais acontecerá!      
"Há poder, sim, força sem igual, Só no sangue de Jesus!"      
4. A graça reina em cada fase e a cada passo da salvação.        A graça de Deus salva e protege até o final. A salvação        é um termo compreensível que abrange todos os aspectos e períodos        da libertação do homem de seus pecados. Cada aspecto e cada        instante da salvação é pela graça, e isto exclui        os méritos humanos em cada aspecto e passo. A salvação        é do início ao fim, uma obra da graça.      
A. A graça reina na presciência. A primeira obra de Deus para        com Seu povo foi a de conhecê-los de antemão. Em Sua presciência        Ele colocou sobre eles o seu amor. Ele os conheceu de antemão com        o intento de abençoá-los. Ele os amou com amor eterno, e este        amor foi um amor gracioso e, de maneira alguma merecido.      
B. A graça reina na eleição. A eleição        é pela graça. Romanos 11:5. A eleição não        foi feita tendo como base o mérito previsto em nós pecadores,        pelo contrário, ela é baseada no amor gracioso de Deus!. Em        2 Tessalonicenses 2:13, Paulo fala sobre os que perecem por não haverem        recebido o amor da verdade, para que fossem salvos; e em seguida fala sobre        os santos: "Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós,        irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio        para a salvação, em santificação do Espírito,        e fé da verdade". Neste texto encontramos duas coisas: primeiro,        por que os homens são salvos; segundo, como os homens são        salvos. A Bíblia diz que são salvos, porque Deus os escolheu        para a salvação. E são salvos pela santificação        do Espírito Santo e por crerem na verdade, a verdade do Evangelho.        É isto que os diferencia dos que perecem: "pois não receberam        o amor da verdade". Se não fosse a escolha de Deus e a santificação        do Espírito, os tessalonicenses, teriam também rejeitado a        verdade. Portanto, devemos dar graças pela Sua salvação.        Agora, por que Deus os escolheu? Será que a base de Deus para esta        escolha foi a fé prevista destes, ou algum bem neles? Ou será        que foi graça da Sua parte? Romanos 11:5-6 nos dá a resposta:        "Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo        a eleição da graça. Mas se é por graça,        já não é pelas obras".      
C. A graça reina na predestinação. Predestinar é        determinar o destino de antemão. Nunca se fala sobre predestinação        á condenação, mas sempre se refere à salvação.        Deus não é a causa de ser algum sofrer a condenação;        o pecado é que condena o homem. Mas Deus é a causa de Salvação.        A Bíblia diz que aos que antes conheceu, Deus os predestinou para        serem conformes a imagem de Filho de Deus. Romanos 8:29. Qual seria a causa        da predestinação a tal glória? Seria ela a fé        ou bondade prevista nos homens? Em Efésios 1:5-6, temos a resposta:        "E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo,        para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade. Para louvor        e glória da sua graça, pelo qual nos fez agradáveis        no amado".      
D. A graça reina em nosso chamado. "E aos que predestinou a estes        também chamou". Romanos 8:30. A palavra "chamado" no N. T. nunca        aplica-se aos recipientes dum simples convite externo ao Evangelho. Ela        sempre indica um chamado interno e eficaz... um chamado que nos leva a Cristo        e a salvação. E este chamado é pela graça de        acordo com 2 Timóteo 1:9: "Que nos salvou, e chamou com uma santa        vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o        seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo        Jesus antes dos tempos dos séculos". E em Gálatas 1:15, Paulo        diz que Deus o chamou pela Sua graça.      
E. A graça reina na justificação. Pode-se definir        justificação como o ato judicial de Deus no qual Ele declara        o crente a não estar mais debaixo da condenação, mas        como reto diante dEle. A justificação e condenação        são anônimos. O justo é liberto da culpa do pecado.        Esta bênção é fruto de mérito ou de graça?        Romanos 3:24, diz: "Sendo justificados gratuitamente (sem méritos        próprios, C. D. Cole) pela sua graça, pela redenção        que há em Cristo Jesus".      
F. A graça reina na conversão. Na conversão, efetua-se        uma transformação no pecador. Há uma mudança        de trevas para luz, de morte para vida e do poder satânico para poder        divino. Há uma mudança de opinião e ele crê no        que antes rejeitava; mudança nas afeições, e agora        ama ao que antes odiava. Qual é a explicação para tal        fato? Pode o pecador transforma-se a si mesmo? Podem as trevas gerar luz?        Ou a morte criar vida? Pode o sujo transformar-se em pureza? Então,        e só então, poderá o pecador converter-se a si mesmo.        Se Deus é quem converte o pecador, será isto por obrigação        ou pela graça? Paulo dá o crédito de sua salvação        à graça. Depois de mencionar como era perseguidor da igreja,        ele diz: "Pela graça de Deus, eu sou o que sou".      
G. A graça reina na glorificação. "e aos que justificou        a estes também glorificou". A glorificação é        o livramento completo de todo aspecto do pecado e de qualquer vestígio        dele. É a obra coroadora da redenção pela qual somos        pessoalmente glorificados e postos num ambiente de glória. Ela inclui        tanto a alma quanto o corpo. Nossa salvação não é        completa enquanto estes corpos estiverem na sepultura, ou se vivos, continuarem        mortais. Ainda que o tempo enrugue e as tristezas envelheçam as faces        com lágrimas, e doenças e dores mutilem o corpo; e ainda que        morte transforme em pó; a graça ganhará para nós        um novo corpo o qual será modelado à semelhança da        perfeição de Deus. "Portanto, cingindo os lombos do vosso        entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça        que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo". 1 Pedro        1:13. "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado        o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos        semelhantes a Ele; porque assim como é o veremos". 1 João        3:2.      
PROVISÕES DA GRAÇA      
A graça, como o bom samaritano, não somente satisfaz na emergência        do presente, mas provê para as bênçãos futuras        e eternas. Que o pecador constrangido possa saber que as provisões        da graça em Jesus Cristo são amplas. Cada um que sentir a        praga de seu próprio coração pode vir a Cristo para        ser curado. Ele convida a todos, e a todos dá seu bem-vindo. Escute        Suas palavras: "o que vem a mim de maneira alguma o lançarei fora".        João 6:37. Ainda que ímpio como Manassés, imundo como        Madalena, culpado como o ladrão na cruz, Ele não lançará        fora os pobres de espírito. Ele não manda embora o verdadeiro        mendigo que bate à Sua porta, seja qual for a sua iniqüidade        e impureza. Seu coração é revestido de doce compaixão        e Suas mãos estão cheias das mais ricas dádivas. Ele        tem providências para todas as necessidades: pernas para o mendigo        aleijado, olhos para o cego, vigor para o esmorecido, vestes para o que        está nu, uma fonte de água para o imundo. Sim, e uma corda        para o mendigo falso que clama por misericórdia, mas, fala de méritos.        "Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação,        que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou        o principal". 1Timóteo 1:15.      
O fundamento da fé para o santo do Senhor é Sua palavra,        e seu refúgio é Cristo Jesus.      
A GRAÇA DE DEUS É MULTIFORME      
Existe a graça que sustém nos tempos de tristeza, a graça        triunfante nas horas de tentação, a graça perseverante        nos dias de desencorajamento. Há a graça que ensina, a graça        para viver e a graça para morrer. Mas tempo e papel me faltariam        para falar do pecado de frustrar a graça, o qual vem com o ensino        de salvação pelas obras, e de abusar da graça, quando        alguns transformam a graça de Deus, em lascívia, usando-a        como desculpa para pecar. A graça livrou cada crente da culpa do        pecado, do amor pelo pecado e um dia livrá-lo-á da presença        do pecado. Até o dia quando o Senhor retornar para completar Sua        obra da graça, todo crente provará, como o apóstolo        Paulo, das obras internas do pecado, e confessará com ele, que "o        que aborreço isso faço". Romanos 7:15.       
Revisão 2004: David A Zuhars Jr
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