Cada crente deve ser agradecido a Deus. A salvação é        pela graça, tanto no planejar quanto no executar. Deus que fez o        plano, também o executa. E tudo é pela graça, o favor        imerecido de Deus. Deus é o arquiteto e também o construtor        da casa feita de pedras vivas. Cristo disse: "Eu edificarei a minha igreja".        Se pudermos mudar a figura de linguagem; Deus prepara a mesa e nos dá        o apetite para dela comermos do pão da vida. O Espírito Santo        enche a casa do Pai convidando-os a entrar. Esta coerção não        é externa, de modo a não interferir no livre arbítrio        do homem, mas uma compulsão interna pela qual o pecador se torna        disposto. E esta prontidão é resultado da convicção        dos seus pecados pelo Espírito Santo, e uma revelação        de Cristo, no pecador, como Senhor e Salvador. Em outras palavras os homens        crêem pela graça. Quando Apolo chegou a Acaia, trazendo cartas        de recomendação aos apóstolos, diz-se que "aproveitou        muito aos que pela graça criam". Atos 18:27.      
Um homem, certa vez, referiu-se a si mesmo como tendo sido feito por si        próprio. Um ouvinte comentou: "É bom que confesse tal fato.        A maioria acusaria sua a má sorte, ou a sua esposa, ou mesmo o criador".        É fácil e natural, o homem louvar-se a si mesmo. Mas todo        crente é produto da graça. Paulo, como crente, alegrava-se        em dizer: "Mas pela graça de Deus sou o que sou". 1 Coríntios        15:10. Numa obra de graça, o Espírito Santo, pelo poder de        convicção das Escrituras, dá ao pecador uma visão        de si mesmo, e em seguida, livra o pecador da frustração resultante,        ao lhe dar uma visão de Cristo, através da luz do evangelho.        Um velho Puritano certa vez clamou: "Ó, onde estaria eu, se não        tivesse olhado para Cristo?"      
DEFINIÇÕES DE GRAÇA      
A palavra grega "charis" aparece na Bíblia (Novo Testamento) mais        de cento e cinqüenta vezes e é geralmente traduzida como "graça"        em nossa Bíblia. Não é fácil pegar uma palavra        que aparece tantas vezes e com tanta diversidade de aplicações        e desenvolver uma doutrina uniforme e constante. Além disso, toda        a verdade sobre o assunto nunca poderá ser condensada em uma só        frase. Graça é um dos atributos divinos ou perfeições        de Deus em Sua natureza, que é exercida na salvação        de pecadores. Grandes e bons homens já batalharam com a verdade da        "graça", tentando defini-la e descrevê-la. Que possamos agora        meditar no que alguns disseram:      
Dr. Dal: "Graça é amor que ultrapassa todos os limites de        amor". Graça não é algo que se deve ao pecador, mas        é algo que ele recebe; não é algo que ele pode reivindicar.      
Alexandre Whyte: "Graça e amor são essencialmente o mesmo,        sendo que graça é o amor se manifestando e operando em certas        condições, e adaptando-se a certas circunstâncias. O        amor não tem limite nem lei como tem a graça. O amor pode        existir entre iguais, ou pode ir até aos que estão acima de        nós, ou descer aos que estão abaixo de nós. Mas a graça,        por sua natureza, só conhece uma direção. Ela desce        aos que estão abaixo; é amor de verdade, mas amor às        criaturas, portanto humilhando-se. O amor de um rei por seus iguais ou pelos        outros do palácio real é amor. Mas seu amor aos súditos        é graça. É por este motivo que o amor de Deus é        chamado de graça". Esta citação merece ser relida várias        vezes.      
Alexandre Maclaren: "A palavra graça é um tipo de sumário        da totalidade de bênçãos imerecidas que vêm ao        homem através de Jesus Cristo. Em primeiro lugar, ela descreve o        que nós chamamos de "disposição" na natureza divina;        e ela indica um amor perdoador de Deus, imerecido, espontâneo, eterno        e que chega ao nível do homem. Todas as disposições        de Deus são ativas. Portanto a palavra passa de uma disposição        a uma manifestação, fazendo da graça de Deus um amor        ativo. Desde que as atividades de Deus nunca são infrutíferas,        a palavra passa a significar todas as coisas abençoadas da alma que        são conseqüências da mão condescendente de Deus        que produz frutos em nossa vida por Seu amor imerecido e gratuito". Estude        esta citação para entendê-la.      
Phillips: "Graça é algo em Deus que está no coração        de todas as Suas atividades de redenção, Seu rebaixar-se e        estender de Sua mão das alturas de sua majestade, para tocar o insignificante        e a miséria".      
Em análise destas definições e descrições        do que é graça, encontramos que a palavra é aplicada        a três coisas nas Escrituras. A primeira: a atitude de Deus ou Sua        disposição de amor e favor ao pecador, é graça.        A Bíblia diz que Noé achou graça aos olhos de Deus.        A atitude de Deus para com ele era uma disposição de favor        e amor, e sendo Noé pecador, esta disposição foi graça.        A segunda: quando Deus faz algo de bem pelo pecador, isto é graça.        "Pela graça sois salvos". A terceira coisa é que os efeitos        ou frutos da graça dada ao crente são também chamados        de graça. As graças ou virtudes do salvo são produtos        da graça de Deus operando nele. A disposição dos macedônios        de ofertarem com liberalidade é chamado de "graça", (2 Coríntios        8:1); e o dinheiro dado aos santos pobres de Jerusalém é também        chamado de graça, (2 Coríntios 8:19). A vida transformada        do povo que Barnabé viu em Antioquia é chamada de graça        de Deus. Atos 11:23.      
"Graça! Que som admirável, harmonioso para escutar; os ecos        a ressoam no céu e toda terra o ouvirá".      
COMO MELHOR COMPREENDER A GRAÇA      
Talvez o melhor sistema de compreensão do que é graça,        é ver como ela se contrasta com outras coisas na Bíblia:      
1. Ela se diferencia da lei em sua origem e natureza. "Porque a lei foi        dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo".        João 1:17. Moisés era a voz da lei; Cristo era o porta-voz        da graça. É a natureza da lei fazer demandas; é a natureza        da graça outorgar bênçãos. A lei é um        ministério de condenação; a graça é um        ministério de perdão. A lei coloca o homem a uma distância        de culpa do Senhor; a graça traz o homem para perto de Deus. A lei        condena o melhor dos homens; a graça salva o pior dos homens. A lei        diz: "Faça e viverás"; a graça diz: "Crê e viverás".        A lei exige perfeição; a graça providencia a perfeição.        A lei condena; a graça liberta da condenação. Enquanto        o homem estiver debaixo da lei, ele está perdido. O único        modo para o homem escapar do jugo da lei é pela fé em Jesus        Cristo, "Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo        aquele que nele crê". Romanos 10:4. "Porque o pecado não terá        domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei,        mas debaixo da graça". Romanos 6:14.      
2. A graça se contrasta com o pecado em seu domínio. O pecado        reina para a morte; mas a graça para a vida eterna. Romanos 5:21.        O pecado recebe seu poder de condenação através da        lei 1 Coríntios 15:36; mas a graça rouba do pecado este seu        poder ao entregar Cristo para a satisfação da lei. 1 Coríntios        15:57. A única e verdadeira fonte de perigo é a lei violada;        o único meio de verdadeiro escape é a lei satisfeita. Cristo        satisfez a lei por Seu povo, para que a lei pudesse ser satisfeita com eles.      
3. A graça se contrasta com as obras na salvação dos        pecadores. "Pois pela graça sois salvos por meio da fé; e        isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem        das obras para que ninguém se glorie". Efésios 2:8-9. A salvação        é pela graça do Criador em lugar das obras da criatura. A        salvação pela graça exclui a possibilidade de obras,        sejam elas grandes ou pequenas, morais ou cerimoniais. A salvação        pela graça não dá ocasião para o homem se gloriar.        Toda gloria é dada a Deus.      
"A graça planejou salvar o ser humano. A graça efetuou cada        passo do plano".      
4. A graça se contrasta com dívida quanto a causa da salvação.        "Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado        o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas,        àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica        o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça".        Romanos 4:4-5. O pensamento aqui é que o homem que recebe o salário        pelas suas obras, não recebe da dádiva da graça, mas        recebe do que lhe é devido. Não existe graça onde o        homem recebe por causa do que merece ou ganha. Graça exclui a noção        de débito ou obrigação. A salvação pela        graça implica que Deus não é obrigado a salvar. Se        existe uma obrigação da parte de Deus para com o homem, não        seria a graça a causa da salvação. Foi pela graça        de Deus não por obrigação alguma que Ele salvou o pecador.        Toplady disse bem: "O caminho ao céu não é uma estrada        de pedágio, mas uma estrada livre, pela graça imerecida de        Deus em Cristo Jesus. A graça nos encontra como pobres mendigos e        nos deixa como devedores".      
"Como as montanhas elevam-se sobre os vales, assim a graça excede        aos nossos mais altos pensamentos".      
A GRAÇA NA TRINDADE      
Todas as três pessoas da Trindade são igualmente graciosas        para com o pecador. A graça do Pai, do Filho e do Espírito        é igual em sua extensão, mas é distinta em operação        e administração.      
1. O Pai é a fonte de toda graça. Ele propôs o fato        e o plano da graça. Ele formulou o concerto de graça e preparou        um meio pelo qual "os pecadores banidos da presença dEle, não        fossem expulsos dEle". Ele fez a escolha, pela graça, de quem seriam        os beneficiados por Sua graça, e na plenitude dos tempos mandou Seu        Filho ao mundo para servir como mediador da graça.      
2. O Filho eterno é o canal de graça. O único meio        pelo qual a graça de Deus pode atingir o pecador é através        de nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que rejeita a graça de Deus        jamais deve se considerar como beneficiário da graça de Deus!        Sua obra reconciliou graça e justiça, como está escrito:        "A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a        paz se beijaram". Salmo 85:10.      
João Bunyan, bem-aventuradamente perdido na contemplação        da incomparável graça do Filho de Deus, exclamou: "Ó        Filho do Bendito! A graça Te tirou de Tua glória; a graça        Te trouxe para a terra; a graça fez com que tomasses sobre Ti o peso        de nossos pecados, peso inexplicável de maldição; a        graça se encontrava em Teu coração; a graça        sangrou de Teu lado ferido; a graça estava em Tuas lágrimas;        a graça se achava em Tuas orações; a graça se        derramou de Tua fronte coroada de espinhos! A graça se apresentou        com os cravos nas mãos e os espinhos na fronte! Ó, aqui estão        as insondáveis riquezas da graça! Graça para alegrar        o pecador! Graça para a admiração dos anjos! Graça        para atemorizar os demônios!      
3. O Espírito Santo é o administrador da graça. Sem        a graciosa operação do Espírito Santo na conversão        do pecador, nenhum pecador seria beneficiado pela graça. O Espírito        toma o que é de Cristo e o dá ao pecador. Ele desperta todas        as almas escolhidas por Deus, e conduz a Cristo todas as ovelhas pelas quais        o Bom Pastor dera Sua vida. João 10:11. Ele conquista o mais endurecido        dos corações, e limpa a lepra mais imunda do pecado. Ele abre        os olhos cegos pelo pecado e os ouvidos fechados por Satanás. O Espírito        Santo revela a graça do Pai e aplica a graça do Filho.      
"Podemos escutar a verdade do púlpito, mas aplicação        da verdade é a obra de Deus".       
Revisão 2004: David A Zuhars Jr
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