Hoje  os homens continuam pondo a sua confiança na filosofia humana. A Igreja  está fazendo isso; ela cita os filósofos, encontra "percepções" numa  variedade de religiões e nos ensinos dos filósofos, sejam eles cristãos  ou não. Se são homens capazes, homens de cultura e pensadores profundos,  argumenta-se que eles devem ter algo para dizer-nos! Mas isso é uma  completa negação de toda a base da pregação apostólica.
"O  mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria"; e a razão disso é óbvia.  Obvia por causa do caráter e da personalidade de Deus. E em 1  Coríntios, capítulo 2, Paulo afirma que "nenhum dos príncipes deste  mundo conheceu" e não reconheceu o nosso Senhor. "Falamos sabedoria",  diz Paulo, "entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem  dos príncipes deste mundo, que se aniquilam" (versículo 6). A sabedoria  humana, mesmo em seus príncipes, em seus maiores homens, é inadequada;  ela nunca nos levará à verdade. Isso porque Deus é o que Ele é! Deus é  infinito, absoluto e eterno em todos os aspectos. Deus é! E no momento  em que você compreende essa verdade, você vê como o homem jamais tem  possibilidade de chegar ao conhecimento de Deus. Como pode a mente  finita abarcar o Infinito? Como pode o homem mortal chegar a um  verdadeiro conhecimento do Deus imortal, do Deus que diz: "Eu sou o que  sou", do Deus que é de eternidade a eternidade, absoluto em todos os  aspectos, do Deus que é "luz, e não há nele treva nehuma?"
Mesmo  que o homem fosse perfeito, não poderia chegar ao conhecimento do Deus  infinito, pois, em comparação com Deus, o homem não é nada. Se você pode  abarcar algum conhecimento com o seu cérebro, significa que o seu  cérebro é maior do que o objeto que você abarca. Assim, quando o homem  tenta entender Deus, e vê-lo mediante a sua pesquisa, o seu poder, o seu  intelecto e seu entendimento, está pressupondo que ele é maior do que  Deus e que Deus é alguém que está aberto para ser examinado. A própria  idéia disso é monstruosamente ridícula.
 
No  entanto, quando nos damos conta de que o homem não somente é finito,  mas também é pecador, decaído, transviado, pervertido, aquela postura se  torna ainda mais ridiculamente impossível. Vejam o argumento: "Qual dos  homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele  está?" (1 Coríntios2:l l).Tem que haver uma correspondência. Se você  quer apreciar música, tem que ter alguma sensibilidade musical. Há  pessoas que absolutamente não apreciam música. Podem ter grandes  intelectos, porém não têm ouvido, não podem apreciá-la. É preciso haver  alguma correspondência ou correlação antes de poder haver entendimento. E  o mesmo se aplica ao domínio espiritual. Deus não é só infinito,  absoluto e eterno; "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma". Não há  comunhão entre a luz e as trevas, não há correspondência entre o preto e  o branco. Deus é sempiternamente santo, e cada um de nós é pecador,  indigno e vil. E o resultado, como diz o apóstolo, é que, para cada uma  dessas pessoas "naturais", as coisas do Espírito de Deus são "loucura"  (1 Coríntios 2:14). O homem por natureza não somente não pode chegar ao  conhecimento; quando lhe é dado o conhecimento, ele o rejeita com  escárnio. É absurdo para ele, é loucura. "Os gregos buscam sabedoria",  mas o evangelho é "loucura" para eles. E tão completamente diferente do  que eles crêem, do que eles são e do que eles têm! E assim será por toda  a eternidade. A passagem das eras não faz diferença. Deus não muda, o  homem não muda, o pecado não muda e, portanto, o que quer que possamos  conhecer cientificamente hoje, que os nossos antepassados não  conheceram, não faz a mínima diferença. Assim, estamos de novo na antiga  situação: "O mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria". Não podia  conhecê-lO. "O homem natural não compreende as coisas do Espírito de  Deus... e não pode entendê-las." O homem não pode entendê-las por causa  da sua fraqueza, incapacidade e pecaminosidade, e por causa da grandeza  de Deus.
Todos  nós estamos, pois, nesta situação, que, mesmo empregando todos os  nossos esforços, por estes nunca chegaremos a este conhecimento de Deus.  Pois bem, então, seria possível o conhecimento? Se devo cingir os meus  lombos com a verdade, como posso achá-la? Há somente uma resposta: se  havemos de ter algum conhecimento da verdade, é preciso que nos seja  dado por Deus. Terá que ser revelado a nós. "É sobremodo elevado, não o  posso atingir", diz o salmista (Salmo 139:6, ARA). Mas Deus, se quiser,  pode dar-nos o conhecimento que desejamos. E a mensagem geral da Bíblia,  do princípio ao fim, é justamente esta, que Ele o fez. "Como na  sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria,  aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação" - pela  mensagem que Ele enviou por meio dos Seus servos. Esse é outro modo de  declarar o fato da revelação.
 
Consideremos  por ora a maneira pela qual o apóstolo Paulo expôs o assunto quando ele  estave pregando em Atenas e se dirigia aos estóicos e aos epicureus. E,  para mim, não somente a tragédia das tragédias, mas também quase  inexplicável, o fato de que a Igreja Cristã, no século passado,  deliberadamente introduziu de novo a filosofia na Igreja e a colocou  numa posição central. É uma negação fundamental da totalidade do  evangelho. E ela continua fazendo isso. Temos que levantar-nos diante do  mundo e dizer o que Paulo disse em Atenas: "Esse, pois, que vós  honrais, não o conhecendo..." (Atos 17:22 e seguintes). Eles estavam  tentando achá-lO; não somente haviam erigido templos dedicados aos seus  diversos deuses, porém havia aquele estranho altar, que trazia a  inscrição: "Ao Deus Desconhecido". Eles tinham a sensação de que Ele  estava nalgum lugar. As raças mais primitivas têm uma crença num Deus  supremo. Não O conhecem, estão tentando achá-lO - e era assim com os  gregos! "O Deus Desconhecido!" E Paulo olha para eles e diz: "Esse,  pois, que vós honrais não o conhecendo" - ou esse que estais tentando  honrar - "é o que eu vos anuncio" (ou "vos declaro", VA). Ele está  fazendo uma declaração.
 
Lá  estavam pessoas andando às tontas, às apalpadelas, na escuridão, e  então chega um homem com autoridade e diz: "Esse é o que eu vos  declaro". Eis aí conhecimento, informação. Isso é revelação! Essa é toda  a posição bíblica. Em nossa incapacidade, em nossa condição finita, em  nossa pecaminosidade, não podemos, nem nunca poderemos chegar ao  conhecimento de Deus. E estamos tão presos a essa condição que, se a  Deus não aprouvesse dar-nos o conhecimento, dar-nos a revelação, não  teríamos nada, estaríamos destruídos, estaríamos sem nenhuma esperança,  "sem Deus no mundo". Mas, diz a Bíblia, Deus fez precisamente isso! Essa  é a glória da mensagem, essas são as boas novas da salvação; a Deus  aprouve dar-nos esta revelação. Essa é a mensagem da Bíblia toda; é o  que ela proclama do começo ao fim. "No princípio... Deus". É uma  declaração autoritária. Como foi que Moisés fez a declaração  autoritária? Foi-lhe dada. Assim vocês vêem o autor da Epístola aos  Hebreus dizendo que "pela fé entendemos que os mundos pela palavra de  Deus foram criados". Sabemos isso "pela fé"; foi dado; é uma revelação.
 
Essa  é a reivindicação do Velho Testamento; e, nesta questão, o Velho  Testamento é tão importante como o Novo. Os dois andam j untos, um  levando o outro. Moisés escreveu cinco livros, não por sua sabedoria  pessoal, não por sua própria filosofia. Ele não nos oferece suas idéias  pessoais e o seu entendimento. A verdade lhe foi revelada, e ele foi  capacitado pelo Espírito Santo para escrevê-la. Quando chegam aos  profetas, vocês vêem exatamente a mesma coisa. Nem um só profeta se  levantou e disse: "Estou dizendo isso porque pensei muito neste assunto;  meditei e li muito a respeito, e cheguei a esta conclusão". Não é isso  que eles dizem. Em vez disso, eles falam do "fardo do Senhor"; "veio a  mim a mensagem do Senhor"; ou "o Espírito de Deus veio sobre mim".  Alguns deles não queriam entregar a mensagem. Jeremias diz: "Eu gostaria  de não ter que falar; só entro em dificuldade quando falo". Mais de uma  vez resolveu que nunca mais falaria, mas disse: "A Palavra de Deus foi  como fogo ardente dentro de mim, e não pude refrear-me". Essa era a  situação deles. O salmista diz quase a mesma coisa.
A  Bíblia é resultado da ação de Deus inquietando homens pelo Espírito,  dando-lhes a mensagem, e depois os capacitando a transmiti-la, falando  ou escrevendo. 
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