Que  é que esta passagem ensina? (Ef 4.1-16). Há muitos que pensam que o  ensino aqui é que somos exortados a ter comunhão uns com os outros,  sejam quais forem as nossas idéias da fé cristã, a fim de que, em última  instância, cheguemos a uma unidade de fé e crença. Há alguns anos um  pregador evangélico expressou-o mais ou menos assim: "Eu sempre  costumava pensar que você não pode ter comunhão com alguém, a menos que  concorde com ele sobre doutrina. A minha posição sempre fora que,  primeiramente, você tem que estar de acordo acerca da doutrina e da sua  idéia de fé e, depois, com base nisso, poderá ter comunhão com as  pessoas". Mas ele continuou e disse que tinha feito uma grande e  impressionante descoberta quando releu este capítulo quatro da Epístola  aos Efésios. Ele observou pela primeira vez na vida que o apóstolo  começa exortando à comunhão: "Procurando guardar a unidade do Espírito  pelo vínculo da paz" (versículo 3). Disse ele: "Descobri que ali você  começa com a comunhão, e que só mais tarde, no versículo 13, o apóstolo  diz: "Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do  Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de  Cristo". Assim, à luz disso, ele agora estava propondo ter comunhão com  os que discordavam dele teologicamente, com os que eram liberais em sua  perspectiva doutrinária, e com os outros. Ele ia fazer isso porque  acreditava que era por meio dessa comunhão que podia esperar chegar  finalmente a um acordo doutrinário. Foi uma inversão completa da posição  que ele defendia antes. Ele se sentia convicto de erro, achava que  estivera pecando. E agora exorta os cristãos a porem em prática a sua  nova idéia sobre
0  ensino de Efésios, capítulo 4. É trabalhando juntos, evangelizando  juntos, orando juntos e tendo comunhão uns com os outros, declara ele,  que finalmente chegaremos à unidade da fé.
A  questão crucial que temos que considerar é se essa parte das Escrituras  ensina isso ou não. De novo o contexto é absolutamente vital e,  portanto, devemos começar fazendo uma análise geral da passagem. O tema,  vê-se com toda a clareza, é a unidade da Igreja. Na verdade, esse é o  tema do apóstolo desde o início da Epístola. De muitas maneiras, o  versículo chave para o entendimento da carta toda é 1:10: "De tornar a  congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos  tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele,  digo". O apóstolo passa a mostrar como Deus esteve fazendo isso,  trazendo o judeu e o gentio para es¬tarem juntos neste novo corpo, que é  a Igreja, e depois chama a aten¬ção em particular para este tema na  parte que estamos examinando.
Uma  análise geral dessa porção revela o seguinte: nos versículos 1 a 3  Paulo faz um apelo geral a favor da unidade; nos versículos 4 a 6 ele  descreve a natureza da unidade; nos versículos 7 a 12 ele descreve a  variedade na unidade e os meios empregados por Deus para preservá-la;  finalmente, nos versículos 13 a 16, ele descreve a unidade completa, ou a  sua final e plena concretização e o seu ornamento. Isto ele apresenta  tanto positiva como negativamente.
A  chave para a exposição completa do capítulo 4 é a palavra "pois" do  versículo 1. Ela nos direciona de volta aos três primeiros capítulos  desta grande Epístola, e acentua que o tema da unidade é algo que  decorre como conseqüência do que se passou antes. Isto, naturalmente, é  típico do método neotestamentário de tratar de questões de conduta  prática. Seu ensino essencial é que a conduta é sempre resultante da  verdade e do ensino. A prática e o compor¬tamento são o resultado da  aplicação da doutrina já estabelecida. E é precisamente isso que o  apóstolo faz aqui. "Rogo-vos, pois", diz ele, "Rogo-vos, pois, eu, preso  do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados".  A exortação que se segue é feita à luz de tudo o que ele estivera  dizendo nos três primeiros capítulos.
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