Quando  lê as Escrituras, a pessoa sensível por certo sente a marcante  diferença entre o mundo como a Bíblia o revela e o mundo como concebido  pelos religiosos de hoje. E o contraste não nos favorece.
O  mundo como o viam os homens e mulheres da Bíblia era um mundo pessoal,  cálido, amigo, povoado. O mundo deles continha primeiramente o Deus que o  criara, que ainda habitava nele como num santuário, e que poderia ser  descoberto a passear entre as árvores do jardim, se o coração humano  fosse bastante puro para sentir e os olhos bastante aptos para verem.  Também estavam presentes lá muitos seres enviados de Deus para  ministrarem àqueles que eram os herdeiros da salvação. Reconheciam  também a presença de forças sinistras às quais era dever dele opor-se, e  que podiam vencer facilmente apelando para Deus em oração.
Os  cristãos pensam hoje no mundo em termos totalmente diferentes. A  ciência, que nos trouxe muitos benefícios, também trouxe com eles um  mundo totalmente diverso daquele que vemos nas Escrituras. O mundo de  hoje consiste de espaços amplos e ilimitados, tendo aqui e ali, a  remotas distâncias uns dos outros, corpos cegos e sem sentido,  controlados somente por leis naturais das quais eles não podem escapar  nunca. Esse mundo é frio e impessoal, e completamente sem habitantes,  exceto quanto ao homem, o pequeno e trêmulo ser efêmero que se agarra ao  solo enquanto gira "no percurso diário pela terra, com rochas, pedras e  árvores".
Que  glorioso é o mundo, como o conheciam os homens da Bíblia! Jacó viu uma  escada posta sobre a terra com Deus no alto dela, e os anjos subindo e  descendo por ela. Abraão, Balaão e Manoá, e tantos outros,  encontraram-se com anjos de Deus e conversaram com eles. Moisés viu a  Deus na sarça; Isaías O viu num alto e sublime trono, e ouviu o cântico  antifônico enchendo o templo.
Ezequiel  viu uma grande nuvem como fogo a revolver-se, e do meio da nuvem saía a  semelhança de quatro seres viventes. Anjos estiveram presentes para  falar do nascimento de Jesus e para cele¬brar esse nascimento quando se  deu em Belém; anjos confortaram nosso Senhor quando orava no Getsêmani;  mencionam-se anjos em algumas das epístolas inspiradas, e o Livro do  Apocalipse refulge com a presença de estranhas e belas criaturas atentas  às atividades da terra e do céu.
Sim,  o mundo verdadeiro é um mundo povoado. Os olhos cegos dos cristãos  modernos não podem ver o invisível, mas isto não destrói a realidade da  criação espiritual. A incredulidade nos tirou o consolo de um mundo  pessoal. Aceitamos o mundo vazio e sem sentido da ciência como sendo o  mundo verdadeiro, esquecendo-nos de que a ciência só ê válida quando  trata com coisas materiais, e nada pode saber de Deus e do mundo  espiritual.

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