/ On : 16:53/ SOLA SCRIPTURA - Se você crê somente naquilo que gosta no evangelho e rejeita o que não gosta, não é no Evangelho que você crê,mas, sim, em si mesmo - AGOSTINHO.
O texto de nossa mensagem  encontra-se na epístola aos  Romanos, capítulo quatro, versículo cinco:
"Porém,  ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica  o ímpio, a sua fé lhe é imputada para justiça."
Considere  estas palavras: "Aquele que justifica o ímpio". Elas soam aos meus ouvidos  como palavras admiráveis.
Não te surpreende a  existência delas na Bíblia? "Aquele que justifica o ímpio'? As vezes, ouço que os  homens que odeiam a doutrina da cruz, a citam como um escrito  difamatório contra Deus, dizendo que ele salva os iníquos e recebe  até mesmo o mais vil dos vis. Veja, agora, como esta passagem que te apresentei, aceita o escrito  difamatório, e claramente, o estabelece! Pela boca de seu  servo Paulo, pela inspiração do  Espírito Santo, Deus toma para si mesmo o título de "Aquele que  justifica o ímpio". Ele torna  justos aqueles que são injustos, perdoa aqueles que merecem  punição e favorece aqueles que não merecem  favor. Pensa, não é verdade, que a salvação era para os bons?  Que a graça de Deus era para os puros e santos, livres do pecado? Havia  imaginado que, se fosse  excelente, Deus haveria então de recompensar-te, e que, por não  ser digno, não há possibilidade  de desfrutar de Seu favor. Deve estar de algum modo surpreso com a  leitura deste verso: "Aquele que justifica o ímpio". Não me espanta o  seu espanto, pois, apesar de toda a minha familiaridade com a abundante  graça de Deus, também nunca deixei de me maravilhar com ela. Parece  surpreendente, não é verdade, que um Deus Santo, justifique um homem  pecador? Nós, de acordo com a legalidade de nosso coração, estamos  sempre falando da nossa própria bondade e de nossos próprios méritos, e teimosamente nos referimos a isso para  dar a entender que há  alguma coisa em nós digna de chamar a atenção de Deus. No  entanto, Deus, que vê através de todas as decepções, sabe que não existe  em nós nenhuma bondade. Diz ele: "Não há nenhum justo, nem sequer um".
Ele sabe que "todas as  nossas justiças são como trapo de imundície"; portanto, o Senhor Jesus  não veio a este mundo procurar bondade e justiça entre os homens, mas  trazer a bondade e a justiça com Ele, e concedê-las às pessoas que não  as têm. Ele veio, não porque somos justos, mas para nos tornar justos:  Ele justifica o ímpio.
Quando um  advogado aparece perante a corte em defesa de alguém, se for um homem sincero,  empregará esforços para provar sua inocência e justificá-lo perante o  tribunal das coisas que lhe são falsamente atribuídas. Pois o propósito  de um advogado deve ser sempre justificar o inocente e nunca obscurecer suas culpas. Não está nem no  direito nem no poder do homem justificar verdadeiramente o  culpado. Este milagre pertence só a Deus. Deus, o eterno, sabe que não  há um homem justo sobre a terra, que faça o bem e viva sem pecado;  portanto, na soberania infinita da sua natureza divina e no esplendor do seu amor inefável,  empreendeu a tarefa, não  de justificar o justo, mas o ímpio. Ele arquitetou modos e meios de fazer o ímpio  comparecer justificado diante Dele, para isso estabeleceu um  sistema por meio do qual, com perfeita justiça, pode tratar o 
culpado  como se tivera sido livre de culpa toda a vida; sim,  como se fora inteiramente livre do pecado. Deus justifica o ímpio.
Jesus Cristo veio a este mundo salvar pecadores
Eis  uma coisa surpreendente, uma coisa para ser admirada sobre todas as coisas. Para  mim, até hoje, a maior de todas as  maravilhas é esta, que Deus me tenha justificado a mim. Reconheço-me  pessoalmente, uma esponja de iniqüidade, massa de corrupção, montão de pecados,  sem o Seu onipotente amor, mas sei, com plena certeza,  que estou justificado pela fé que há em Cristo Jesus,  e sou tratado como se fosse perfeitamente justo, tendo-me tornado  herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo; contudo, por natureza,  cumpre-me tomar lugar entre os piores pecadores.  Eu, que sou inteiramente indigno, sou tratado por  Deus como digno. Sou amado com tanto amor como se  sempre tivesse sido justo, sendo, na verdade, antigamente injusto.
Quem pode deixar de  assombrar-se com isto? Gratidão  por um favor tal deve vestir-se com roupas de espanto!
Agora, embora esta matéria seja grandemente surpreendente, não deixe de notar quão  acessível ela
faz  o evangelho para você e para mim. Se Deus  justifica o ímpio, então, leitor amigo, Ele pode  justificar você. Não é esta a espécie de pessoa que é? Se,  neste momento, ainda não é convertido, este nome te cabe  muito bem: tem vivido sem Deus, tem sido o oposto da piedade; em  uma palavra tem sido e ainda é ímpio. Talvez ainda não  tenha comparecido a algum lugar de culto em dia de  domingo; tenha vivido indiferente para com o dia do  Senhor, a casa do Senhor, a Palavra do Senhor. Isso prova  que você é ímpio. Ainda mais triste, bem pode ser  que alimenta dúvidas a respeito da existência de Deus,  e não te envergonha de exteriorizá-las. Vive nesta terra  agradável, toda ela cheia de provas da presença de Deus, e todo o tempo os seus  olhos se mantiveram fechados às  claras evidências do Seu poder e da Sua divindade. Tem vivido como se não  existisse Deus. Na verdade, teria até se sentido alegre se pudesse  demonstrar a você mesmo, com toda certeza, de que não há Deus. Possivelmente tem vivido muitos  anos deste modo, de maneira que está agora muito bem estabelecido em seus caminhos; no  entanto, Deus não se encontra em nenhum deles. Se fosse chamado  de ímpio, teria recebido um nome que te cabe tão bem como o dizer-se do mar que ele é água  salgada. É possível  também que seja uma pessoa de outro tipo: freqüenta regularmente a  todas as formas exteriores de  religião, e no entanto, o seu coração não está nelas, pelo  contrário, mostra-se realmente ímpio. Embora tenha se reunido com o povo  de Deus, nunca se reuniu com o próprio Deus. Tem estado no coro, mas  ainda não louva a Deus com o coração. Tem vivido sem qualquer amor a Deus, no coração, e sem consideração  para com os seus mandamentos. Bem, você é exatamente o tipo de pessoa  para quem este evangelho é enviado - este evangelho que diz que Deus justifica o ímpio. Ele se  enquadra perfeitamente a  você, não é verdade? Oh! quanto desejo que você o aceite! Se é uma pessoa sensata, verá a  admirável graça de Deus no  que fez para um tal como é, e dirás a você mesmo: "Justificar o ímpio! Por que  então, não serei eu também justificado, e justificado de uma vez?"
Agora, observe a seguir,  que assim deve ser, isto é, que esta salvação de Deus seja para aqueles que não a merecem, e nenhuma preparação  tem para ela. E razoável  que tal ensino se encontre na Bíblia, pois, prezado leitor,  nenhum outro precisa de justificação senão aqueles que não tem nenhuma  justiça própria. Se algum dos meus leitores for perfeitamente justo, não  precisa justificar-se. Você sente que estácumprindo bem  com os seus deveres e quase colocando o céu sob obrigação para com você.  Que é que te falta com relação a um salvador, ou que  necessidade tem de misericórdia? Que é que te falta  relativamente à justificação? Já deve estar cansado do meu livro, neste  momento, pois ele  realmente não te interessa.
Se alguém  assumir tais ares de orgulho, ouve-me por um pouco. Irá se perder tão certo quanto  agora vive. Vocês, homens justos,  portadores de uma justiça de  sua própria fábrica, vocês ou são enganadores, ou enganados,  pois a Escritura não pode mentir, e ela diz claramente: "Não há nenhum  justo, nem sequer um". De qualquer modo, não tenho um evangelho para  pregar aos portadores de retidão própria, nem uma palavra. O próprio  Cristo não veio chamar os justos, e eu não vou meter-me a fazer aquilo  que ele não fez. Se te chamasse, não viria; portanto, não te chamarei,  sob aquela condição. Não, eu te imploro, ao contrário, que olhe para a sua retidão até que veja como  ela é ilusória. Não possui nem sequer metade da substancialidade da  teia da aranha. Acabe com ela! Fuja dela! Oh senhores, as únicas pessoas  que podem necessitar de  justificação são aquelas que não são  justas em si mesmas. Estas precisam de que alguma coisa  seja feita por elas a fim de torná-las justas diante do tribunal de Deus.  Dependam disso. Só o Senhor realiza  aquilo que é indispensável. A sabedoria infinita não tentaria nunca realizar aquilo que é  desnecessário. Jesus nunca tenta efetuar o supérfluo. Justificar o  justo não é a obra de Deus, este seria o trabalho de um tolo, mas  fazer justo aquele que é injusto, eis a obra do amor e da misericórdia  infinitos. Justificar o ímpio - eis o milagre digno de um Deus. E  certamente assim é.
Agora,  veja. Se houver, em alguma parte do mundo, um médico  que tenha descoberto remédios preciosos e infalíveis,  a quem será este remédio enviado? Àqueles que  estão perfeitamente sãos? Não acredito. Ponha-o naquele  lugar onde não há enfermos, e ele sentirá que não  está no seu lugar. Nada há ali para ele fazer. "Os sãos não precisam de médico,  mas os que estão enfermos". Não é igualmente claro que os grandes remédios da graça redentora são para a  alma enferma? Eles não  podem ser para as pessoas que estão sãs, pois não lhes seriam de nenhum préstimo. Se você, prezado leitor, sente que está espiritualmente  enfermo, o Médico veio a este mundo para você. Se você considera inteiramente  inválido em virtude do pecado, você é a verdadeira  pessoa visada no plano de salvação. Digo-te  que o Deus de amor tinha diante dos olhos quando arquitetava  o seu sistema de graça, pessoas como você. Suponha  que um homem de espírito generoso resolva perdoar  todos aqueles que lhe devam. Um há que lhe deve mil libras esterlinas;  outro, cinqüenta; nada tem que fazer senão receber das  mãos do homem generoso o recibo final, e a sua conta estará liquidada.  Contudo, as pessoas mais generosas não podem perdoar dívidas àqueles que não lhes devem  nada. Ainda mesmo a Onipotência  não pode perdoar àquele que não pecou. O perdão, portanto, não  pode caber a você que não tem  pecado. O perdão há de ser para o culpado. Seria absurdo falar de perdão àqueles que não  necessitam de perdão - àqueles que nunca praticaram uma ofensa.
Pensa que deve  estar perdido porque é pecador?
Esta é também a razão porque  pode ser salvo. Uma vez que você se reconheça pecador, sinto que posso  encorajar-te a crer que a graça de Deus foi ordenada para uma pessoa  como você. Um dos nossos poetas teve a ousadia de dizer: 
"Um pecador é uma coisa sagrada; O  Espírito Santo assim o fez".
Na  verdade, é assim porque Jesus veio buscar e salvar aquele que tinha se  perdido. Ele morreu e fez uma  verdadeira expiação em favor de pecadores reais. Quando os homens  não estão brincando apenas com palavras,  ou chamando-se a si mesmos "miseráveis pecadores", por mero  costume, sinto-me sobremodo alegre  ao encontrar-me com eles. Me sentiria feliz em falar toda a noite com pecadores bonafide.  A estalagem da  misericórdia nunca fecha as portas a tais pecadores, quer nos dias de semana, quer aos  domingos. Nosso Senhor Jesus não morreu por pecados imaginários:  antes, derramou o sangue da sua vida para lavar manchas profundas, que  nenhuma outra coisa pode remover.  Aquele cujo pecado é negro, é exatamente o homem cujo coração Cristo veio  embranquecer. Um pregador, certa vez, pronunciou um sermão extraído do seguinte verso: "Agora, o machado  está posto à raiz das  árvores", e o sermão foi de tal ordem que um dos ouvintes lhe  disse: "Poderia se pensar que estava pregando a criminosos. Deveria ter  proferido esta mensagem na cadeia do distrito". "Oh, não", disse o bom homem. "Se eu estivesse pregado na  cadeia, não teria usado aquele texto. Para lá  teria escolhido o seguinte: "Esta é uma palavra fiel e  digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio a este  mundo para salvar os pecadores." Assim é. A Lei é para os  que se julgam justos, a fim de abater-lhes o orgulho; o  evangelho é para os perdidos, a fim de lhes remover o desespero.
Se não  está perdido, de que é que te adianta um Salvador? Sairia o  pastor em busca daqueles que nunca se extraviaram? Por que varreria a  mulher toda a casa a fim de procurar moedas que  jamais caíram da sua bolsa? Não, a medicina é para a  doença, a vivificação é para os mortos, o perdão é para os culpados, a  liberdade é para os que estão em cativeiro e a abertura de olhos é para  os que jazem na cegueira. De que serviria o próprio Salvador,  a sua morte sobre a cruz, o seu evangelho de perdão,  se não existissem homens culpados e dignos de  condenação? O pecador é a razão de ser do evangelho.  Vocês, amigos, para quem estas palavras são dirigidas,  se são indignos, rnal-dignos, inferno-dignos, vocês  são aqueles para quem o evangelho foi designado, planejado  e proclamado. Deus justifica o ímpio.
Desejaria tornar isto ainda  mais claro. Espero que já o tenha feito; contudo, embora esteja tão claro,  só o Senhor pode fazer com que o homem o perceba. Parece, a princípio, imensamente surpreso a todo o homem despertado que a  salvação realmente lhe pertença, sendo ele perdido e culpado. Seu pensamento  é que devia ser dele como um penitente, esquecido de que a própria  penitência é uma parte de sua salvação. Oh, diz ele, "eu devo ser isso e  aquilo". Tudo isto é verdade, pois não há de ser isso e aquilo como o resultado da salvação;  mas a salvação lhe é oferecida antes dele possuir qualquer dos  seus resultados. A salvação lhe é  oferecida, de fato, quando só  merece este nome, infame e abominável, "ímpio". Isto é  tudo que o pecador é, quando o evangelho de Deus lhe é oferecido para  sua justificação.
Seja-me, pois, permitido insistir com todos  aqueles que nenhuma coisa boa possam achar em si mesmos, que temem nada  conhecerem de bom sentimento, ou de qualquer outra coisa que os possa  recomendar a Deus - que eles firmemente creiam que o gracioso Deus é  capaz e está desejoso de tomá-los sem qualquer obra que os recomende, e de  perdoá-los espontaneamente, não porque eles sejam bons, mas porque Ele é  bom. Não faz ele que o seu sol brilhe, tanto sobre os maus como sobre  os bons? Não dá a eles estações  frutíferas, e não envia chuvas e o calor do sol a  seu tempo sobre os povos mais impiedosos? Ah, até mesmo Sodoma teve o seu sol, e Gomorra, o seu  orvalho. Oh, amigo, a grande graça de Deus ultrapassa a minha e a sua  concepção, e eu gostaria que tivesse dela uma idéia digna e elevada.  Assim como os céus estão mais altos do que a terra, assim os pensamentos  de Deus estão mais altos do que os nossos. Ele pode perdoar  abundantemente. Jesus Cristo veio a este mundo salvar pecadores. O  perdão é para o culpado.
Não tente se restaurar fazendo-se diferente do que realmente é, mas venha como é àquele  que justifica o ímpio. Um grande artista, certa vez, pintou uma parte das coisas da cidade em que  vivia, com propósito histórico,  desejou imprimir na sua tela certos caracteres conhecidos da  dita cidade. Um varredor de rua, relaxado,  maltrapilho, imundo, era conhecido de toda a gente, por isso, foi escolhido para  figurar no quadro. O artista disse-lhe: "Te pagarei bem se vier  ao meu atelier para que possa  copiar tua imagem". Na manhã seguinte apareceu o varredor, mas foi logo  despedido pelo artista  porque havia lavado o rosto, penteado os cabelos e vestido um  recomendável terno. Ele fora desejado  como um mendigo, e não de outra maneira.
Do mesmo modo, o evangelho  te receberá em seus átrios, se apresentar-te como  um pecador, e de nenhum outro modo. Não espere até que seja reformado,  mas venha logo para a salvação. Deus justifica o ímpio, e isso  te toca onde está agora. Toca-te mesmo no seu pior  estado.
Venha com o seu desarranjo; isto é,  venha a seu Pai celeste como o seu pecado e  pecaminosidade. Venha a Jesus tal qual é, leproso, imundo, nu, imprestável, quer para a vida, quer para a morte.  Venha, você que é o lixo  da criação; venha, embora não se sinta sequer encorajado a  esperar por outra coisa senão a morte. Venha, embora o desespero esteja pairando sobre você, ou  oprimindo o seu peito como um horrível pesadelo. Venha e peça ao Senhor que  justifique outro ímpio. Por que não o faria Ele? Venha, porque  esta grande misericórdia de Deus  se destina a alguém como você. Eu a ponho na linguagem do texto, e impossível será fazê-la  mais forte: o próprio Senhor assume pessoalmente este gracioso  título: "Aquele que justifica o ímpio". Ele justifica e faz que sejam  tratados como justos, aqueles que por natureza são ímpios. Não é isso  uma coisa maravilhosa para você? Não se levante do lugar em que está sem  que tenha considerado bem este assunto. 
Nenhum comentário:
Postar um comentário