Uma grande lição de como a soberania da graça  de Deus conduz à paciência é a história de como o templo foi  reconstruído após o exílio babilônico. A maneira em que Deus age para  transformar as coisas é tão surpreendente que ele mesmo deve ter  sorrido. Israel esteve no exílio por décadas. Agora tinha chegado a  hora, no planejamento divino, do retorno deles à terra prometida. Como  isso poderia acontecer? Esta era, sem dúvida, a pergunta na mente de  muitos judeus no esforço de serem pacientes em relação ao tempo de Deus.  A resposta é a soberania divina sobre a vontade dos imperadores. Esdras  nos conta: "no primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, a fim de  que se cumprisse a palavra do SENHOR falada por Jeremias, o SENHOR  despertou o coração de Ciro, rei da Pérsia [...] para construir um  templo para ele em Jerusalém de Judá" (Esdras 1.1,2). Isso é  absolutamente espantoso. Do nada, Deus move o coração de Ciro para que  ele preste atenção nesse minúsculo povo chamado judeu, e o envia a  Jerusalém para construir seu templo. Quem teria sonhado que isso pudesse  acon¬tecer desse modo? Talvez os que tivessem fé na graça futura. Mas o  melhor ainda estava por vir.
Mais de 42 mil refugiados judeus voltam e  recomeçam a construir o templo em Jerusalém. Imagine a alegria. Mas  cuidado. O caminho da fidelidade raramente é uma linha reta para a  glória. Seus inimigos em Jerusalém se opõem a eles e os desencorajam:  "Então a gente da região começou a desanimar o povo de Judá e a  atemorizá-lo, para que não continuasse a construção. Pagaram alguns  funcionários para que se opusessem ao povo e frustrassem o seu plano. E  fizeram isso durante todo o reinado de Ciro até o reinado de Dario, reis  da Pérsia" (Esdras 4.4,5). Imagine a decepção e a impaciência do povo.  Aparentemente Deus lhes abrira a porta para a reconstrução, e agora  surgia a oposição paralisante.
Contudo, Deus possuía outro plano. E isso  ocorreu para que pessoas com fé na graça futura pudessem enxergar o que  simples olhos físicos não conseguem ver! Sim, o povo da terra  interrompeu a construção. Mas não podemos confiar em Deus que a mesma  soberania que moveu Ciro também prevaleça sobre os oponentes locais?  Somos tão lentos em aprender a lição da graça soberana de Deus! Em  Esdras 5.1, Deus envia dois profetas, Ageu e Zacarias, para inspirar o  povo a recomeçar a construção. E verdade, os inimigos ainda estão ali.  Eles tentam novamente interromper a construção do templo. Escrevem uma  carta a Dario, o novo imperador. Mas o tiro sai totalmente pela culatra,  e agora vemos por que Deus permitiu a pausa temporária da reconstrução.
Em vez concordar com a carta e interromper a  construção do templo, Dario fez uma busca nos arquivos e encontrou o  decreto original de Ciro que autorizara a construção do templo. O  resultado foi espantoso. Ele respondeu com uma notícia que superou a  imaginação ou os pedidos deles. Ele disse aos inimigos de Judá: "Não  interfiram na obra que se faz nesse templo de Deus. [...] Além disso,  promulgo o seguinte decreto a respeito do que vocês farão por esses  líderes dos judeus na construção desse templo de Deus: As despesas  desses homens serão integralmente pagas pela tesouraria do rei, do  tributo recebido do território a oeste do Eufrates, para que a obra não  pare" (Esdras 6.7,8). Em outras palavras, Deus ordenou um revés por uma  época, para que o templo não fosse só reconstruído, mas pago por Dario!  Se a fé pudesse captar esse tipo de graça futura, não estaria vencida a  impaciência?
E para que não duvidemos que tudo isso era de  fato plano de Deus, Esdras 6.22 afirma abertamente esse grande fato:  "...o SENHOR os enchera de alegria ao mudar o coração do rei da Assíria,  levando-o a dar-lhes força para realizarem a obra de reconstrução do  templo de Deus, o Deus de Israel". Se William Cowper (1731-1800) já  tivesse escrito seu grandioso hino: "God Moves in a Mysterious Way"  ["Deus age de forma misteriosa"], penso que o povo de Israel o teria  cantado.
Não julguem o Senhor pelos seus débeis  sentidos, mas confiem na graça dele; por trás da providência sombria ele  esconde um sorriso no rosto.
Viver pela fé na graça futura significa crer  que "o coração do rei é como um rio controlado pelo SENHOR; ele o dirige  para onde quer" (Provérbios 21.1). Deus fez isso com Ciro (Esdras 1.1);  ele fez isso com Dario (Esdras 6.22) e mais tarde o fez com Artaxerxes:  "Bendito seja o SENHOR, O Deus de nossos antepas¬sados, que pôs no  coração do rei o propósito de honrar desta maneira o templo do SENHOR em  Jerusalém" (Esdras 7.27). Deus governa o mundo. Ele rege a história. E  tudo isso ele faz para o bem do seu povo e para a glória do seu nome.  "Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho  nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele  esperam' (Isaías 64.4). O poder da paciência flui por meio da futura e  soberana graça de Deus.
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