Se  é bem-sucedido, obviamente vem de Deus. Certo? Se traz benefício  espiritual, não resta dúvida! É assim que muitas pessoas julgam pessoas e obras dos  homens, imaginando que o fim justifique o meio, e até prove a aprovação de Deus  das pessoas usadas para o bem dos outros. Deus pode usar pessoas com falhas  para cumprir seus planos? Ele pode permitir que alguém sirva para ajudar  outros, e ainda reprovar aquele mensageiro?
As  aplicações deste raciocínio são muitas. Alguns justificam o adultério porque Davi  era homem segundo o coração de Deus (Atos 13:22). Outros defendem práticas erradas nas igrejas (mulheres pregando, todo tipo de show musical,  atividades de entretenimento, apelos materialistas, etc.) porque servem para  encaminhar algumas pessoas para Cristo. Num mundo de marketing e comércio,  não deve nos surpreender que o “lucro” no final da folha de balanço se torne  o único medidor importante.
Mas  o estudo da palavra deixa bem claro que o julgamento de Deus é outro. Ele frequentemente usa pessoas com falhas, e até atos errados destas  pessoas, para cumprir seus planos. Jamais devemos distorcer este fato para justificar o  erro. Considere:
Perez  era filho de Judá e Tamar, e se tornou antepassado de Jesus (Mateus 1:3).  Mas a relação deles envolvia promessas quebradas, engano e prostituição (veja  Gênesis 38). Deus usou estas pessoas, mas não aprovou os pecados delas. A  genealogia de Deus inclui adúlteros, assassinos, idólatras, etc. Deus usou pessoas com falhas para trazer Jesus ao mundo!
Deus  pode usar o pecado do homem para cumprir seus planos, mas isso não justifica o  erro. Os irmãos de José pecaram nas suas más intenções, mas Deus usou o erro deles para salvar uma nação (Gênesis 50:20). Judas pecou, mas Deus usou  sua traição para um fim proveitoso (Mateus 26:24).Os judeus mataram Jesus,  mas Deus usou este pecado para cumprir seus planos (Atos 3:13-19).
Se refletir  um pouco, perceberá que Deus constantemente usa pessoas com falhas para cumprir seus propósitos, porque ele trabalha por meio de pessoas imperfeitas – como você e eu! Ele escolheu sacerdotes imperfeitos  (Hebreus 7:23,27), apóstolos imperfeitos (2 Coríntios 4:7; Gálatas 2:11;  Filipenses 3:12), etc.
O  fato de alguém servir para pregar a verdade aos outros não significa que a  própria pessoa necessariamente chegará ao céu (1 Coríntios 9:27). Cada um será julgado pelo reto Juiz (2 Coríntios 5:10; João 12:48).
–por Dennis  Allan
Davi e Bate-Seba
O pecado de adultério
O pecado de adultério
Qualquer desobediência da palavra de Deus é pecado. Jamais devemos sugerir que há pecadinho e pecadão. Mas, nesta vida, alguns pecados levam a  conseqüências maiores. Alguns pecados machucam outras pessoas mais profundamente do  que outros. Alguns causam seqüelas desastrosas e irreversíveis. Não é por  acaso que o adultério sempre se encontra entre os piores dos pecados, tanto  nos olhos de Deus como entre os homens. 
Deus  não nos deixa sem defesa contra este pecado destruidor de vidas. Além de  várias advertências bíblicas, há diversos exemplos de como o adultério  complicou a vida de pessoas que o praticaram, e de suas vítimas inocentes. Um  exemplo clássico é Davi, o segundo rei de Israel. Vamos aprender as lições valiosas deste tropeço triste na vida dele. 
Erros que levaram Davi ao pecado 
Quando  uma pessoa se entrega à tentação, pode se encontrar numa situação  praticamente impossível, onde não tem força para resistir. É essencial aprender  como evitar essas situações difíceis. O exemplo de Davi sugere algumas coisas  que vão nos ajudar. (1) Devemos nos dedicar  ao papel que Deus nos deu. Davi não se ocupou com seus próprios  deveres. 2 Samuel 8 e 10 mostram que Davi era um guerreiro bem-sucedido. De fato,  seu papel como um dos primeiros reis era de comandante do exército de Israel. Ele corajosamente conduziu suas tropas a vitória após vitória. Mas, num determinado ano, Davi ficou para trás e mandou Joabe e seus servos à  batalha (2 Samuel 11:1). Enquanto muitos dos homens de Israel arriscaram a vida  na guerra, ele ficou na casa do rei em Jerusalém. Hoje, um dos fatores que contribui ao pecado é falta de ocupação e dedicação em nosso trabalho. Homens desempregados mostram uma tendência maior de se envolver numa  série de pecados, incluindo adultério, abuso de álcool e outras drogas, etc.  Jovens ociosos tendem a se envolver em coisas erradas, por ter muito tempo  livre. Mulheres sem responsabilidade participam mais das coisas do Adversário  (1 Timóteo 5:13-15). (2) Não devemos alimentar  pensamentos errados. Uma vez que Davi se colocou no lugar errado, ele foi  tentado. Ele viu Bate-Seba, uma mulher bonita, tomando banho (2 Samuel 11:2).  Neste momento, ele deveria ter virado os olhos para outra coisa, procurando  não pensar mais na imagem do corpo da mulher de outro. Nós não devemos  hospedar pensamentos maus, porque levam às consequências graves (Jeremias 4:14;  6:19). O domínio próprio, uma das características fundamentais do servo de  Deus, inclui a disciplina para controlar nossos próprios pensamentos (Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:6; Filipenses 4:8-9; 2 Coríntios 10:4-6). É bom  lembrar que um passarinho pode passar por cima da nossa cabeça, mas não temos que o convidar a fazer ninho em nossos cabelos. (3) Devemos respeitar as advertências sobre o pecado. Davi ignorou, pelo  menos, três advertências contra seu pecado, antes de ter relações com Bate-Seba. Primeiro, como conhecedor da palavra de Deus, ele sabia que sua cobiça e  o ato de adultério são pecados contra Deus. Mesmo entre dois solteiros, tais  relações são erradas. Segundo, ele já era casado, e o compromisso de casamento  deveria ter sido mais um impedimento. Quantos homens têm evitado o pecado de  adultério por causa de uma aliança ou fotografia da esposa, os lembrando do  compromisso matrimonial na hora de tentação? Terceiro, ele sabia, antes de a  convidar para casa, que Bate-Seba era mulher casada (2 Samuel 11:3). Nós devemos  sempre respeitar as advertências sobre o pecado e suas conseqüências, antes de  cometê-lo. (4) Não devemos procurar circunstâncias  que facilitam o pecado. Davi estava no lugar errado e pensou nas  coisas erradas. Cada passo o levou mais perto do relacionamento pecaminoso que  ia piorar a vida dele e de outras pessoas. Quando ele perguntou sobre  Bate-Seba e a convidou para a casa dele, ele se colocou numa situação onde a tentação seria mais forte ainda. Ele já sentiu atração de longe, como resistiria quando estava a sós com ela? Há muitas lições aqui. A pessoa que sente a tentação de usar drogas deve ficar longe dos lugares onde as tem, e das pessoas que as usam. A pessoa tentada a beber deve evitar bares e festas  onde servem bebidas alcoólicas. Um casal de namorados deve evitar lugares  escuros e isolados, e jamais deve usar roupas sensuais ou participar de atividades  que enfatizam o sexo. 
Como Davi multiplicou o seu pecado 
Uma  série de erros e pecados mentais levou Davi ao ato de adultério. A Bíblia não oferece nenhuma cena romântica para justificar o erro. Simplesmente diz:  “Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele se deitou com  ela” (2 Samuel 11:4). Muitos filmes e novelas de hoje procuram colocar o pecado  no contexto de romantismo e “amor” inegável. Procuram fazer do pecado  alguma coisa bonita e agradável. Mas, as Escrituras relatam os fatos. Ela veio,  e eles pecaram. Neste momento, Davi deveria ter sentido remorso profundo e  tristeza sincera. Mas, ele não virou para Deus naquela hora. Achou que o pecado  poderia ser escondido, e as conseqüências evitadas. Foi o começo de uma série de pecados que parecem tão estranhos na vida de um homem escolhido por  Deus. 
Ao  adultério, Davi acrescentou mentiras. Quando soube que Bate-Seba estava grávida,  ele chamou Urias para descansar em casa com a esposa. Ele achou possível  esconder seu pecado, enganando o próprio marido traído. Mas Urias não facilitou o plano de Davi. Um soldado dedicado, ele recusou tirar férias quando os  colegas estavam na batalha. Frustrado, Davi avançou das mentiras ao homicídio. O  próprio Urias levou a carta que selou a morte dele e de mais alguns soldados.  Neste plano sinistro, o rei envolveu mais uma pessoa. Joabe, o comandante do  exército, serviu de cúmplice sem saber os motivos de Davi. As tentativas de  esconder o pecado geralmente levam o pecador ao fundo do poço. Davi, cujo coração costumava ser dedicado ao Senhor, se entregou ao pecado e à vontade do  diabo. 
Não escondeu nada de Deus 
Talvez Davi  conseguiu enganar os vizinhos, e até o próprio coração. Mas, ninguém é capaz de esconder de Deus. “E não  há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas  as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de  prestar contas” (Hebreus 4:13). Deus mandou Natã, um profeta, para confrontar Davi com seu pecado (2 Samuel 12:1-14). Ele contou a história  de um homem pobre que perdeu sua única ovelha por causa da maldade do vizinho  rico. Davi ficou bravo, e demandou o castigo duro do ladrão. Falou que este  homem teria que pagar quatro vezes o valor da ovelha, e que seria morto pelo  crime. Natã disse a Davi: “Tu és o homem.” Ele o acusou de pecados contra Deus, contra Urias, e contra Bate-Seba.  Davi confessou o pecado, e Deus lhe poupou a vida. 
O arrependimento sincero 
Há algumas  diferenças notáveis quando comparamos a confissão de Davi com outras famosas confissões na Bíblia. Adão e Eva procuraram culpar outras  pessoas para justificar sua desobediência (Gênesis 3:12-13). Caim mentiu para  Deus, tentando negar sua culpa (Gênesis 4:9). Arão apontou o dedo para o povo,  e fingiu que o bezerro de ouro tinha aparecido praticamente sozinho (Êxodo 32:21-24). Saul disse que tinha obedecido a palavra de Deus. Depois,  quando reconheceu sua culpa, ele se preocupou em manter sua posição de honra  perante o povo, em vez de mostrar um espírito quebrantado (1 Samuel  15:13,24,30). Judas sentiu remorso e confessou sua traição, mas fugiu da presença de Jesus e  se suicidou (Mateus 27:3-5). Mas o arrependimento e a confissão de Davi  foram diferentes. Davi não ofereceu desculpas. Ele não perguntou sobre as  conseqüências. Ele se entregou nas mãos do Deus justo, e simplesmente confessou a culpa  do pecado cometido: “Pequei contra o Senhor” (2 Samuel 12:13). O Salmo 51 mostra a profundidade do remorso de Davi.  Ele assumiu plena responsabilidade pelo pecado, e pediu a ajuda de Deus para  renovar seu coração. É este arrependimento que Deus quer. O pecador que volta  para Deus precisa reconhecer seu pecado, e não retornar fingidamente  (Jeremias 3:10,13). 
Consequências do pecado perdoado 
Deus  não tirou a vida de Davi. Ele foi perdoado, mas ainda tinha que sofrer  muitas consequências graves. Ele foi humilhado quando um dos próprios filhos  tomou algumas de suas mulheres. E, como Davi falou que o ladrão do cordeirinho  deve pagar quatro vezes, ele mesmo pagou quatro vezes. Tirou a vida de Urias,  e pagou com a vida de quatro de seus filhos. O filho de Bate-Seba nasceu, e  morreu logo depois (2 Samuel 12:15-25). Depois, Amnom foi morto pela espada de  Absalão (2 Samuel 13:23-36). Joabe matou o rebelde Absalão (2 Samuel 18:9-18).  Depois da morte de Davi, Salomão mandou que Adonias fosse morto (1 Reis 2:13-25). 
As  consequências do pecado de Davi mostram um fato importante. Deus pode perdoar o  pecador, sem tirar todas as consequências do pecado. Há muitas pessoas arrependidas  de seus pecados que ainda vão ficar muitos anos encarceradas. Há famílias  destruídas por causa de pecados já confessados e perdoados por Deus. Deus pode  perdoar um assassino, mas este perdão não ressuscita a vítima. Ele pode perdoar a  mãe que abusou álcool ou outras drogas durante sua gravidez, mas a criança  que nasceu com defeitos físicos ou mentais por causa desses vícios continua sofrendo. Deus é capaz de perdoar as mulheres e médicos que fazem  abortos, mas as crianças já mortas nunca nascerão vivas. Muitos outros exemplos  provam que o pecador perdoado, ou suas vítimas, podem continuar sofrendo depois do  perdão. Através da fé, arrependimento e batismo, Deus lava os pecados e nos  purifica. Assim, escapamos das consequências eternas do pecado. Mas, às vezes, continuamos sofrendo as consequências temporâneas dos erros do passado. 
Como Deus vê o adultério 
O  adultério tem se tornado um pecado comum e até glorificado em novelas, filmes,  livros e revistas. Mas, desde a criação do primeiro par de seres humanos, Deus  sempre tem ensinado a mesma coisa. As relações sexuais pertencem exclusivamente  ao casamento lícito. Ele sempre condena a fornicação e o adultério. A  vontade de Deus para os dias de hoje é bem clara: um homem pode casar com uma  mulher, e os dois terão relações normais até a morte. Estude bem as seguintes passagens: Mateus 19:4-6; Romanos 7:2; 1 Coríntios 7:1-9; Hebreus 13:4. Enfrentamos tentações, como Davi as enfrentou. O próprio Deus considerou  Davi “homem segundo o meu coração, que  fará toda a minha vontade” (Atos 13:22). “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Coríntios 10:12). Quando respeitamos a vontade de Deus, receberemos as grandes  bênçãos de felicidade nesta vida, e por toda a eternidade.
por Dennis Allan
Lidando com o pecado
Saul e Davi: um estudo de caso
Saul e Davi: um estudo de caso
Todos pecaram (Romanos  3:23). A única diferença é como as pessoas respondem aos seus próprios  pecados. Saul e Davi foram os dois primeiros reis de Israel. Ambos eram homens  humildes e fiéis quando foram escolhidos. Ambos reinaram bem, no princípio. Ambos pecaram. A diferença entre Saul e Davi  era suas reações quando confrontados com seus pecados.
Saul
Devido a exigência do povo, o  Senhor selecionou um rei para Israel (1 Samuel 8). Ele escolheu Saul,  um homem belo de uma família militar. Saul, que estava procurando as jumentas  extraviadas de seu pai quando Samuel o ungiu, ficou perplexo (1 Samuel 9). Sua timidez fê-lo esconder-se quando sua escolha  foi anunciada publicamente (1 Samuel 10:21-22). Ele certamente não estava procurando glória pessoal.
Saul reinou bem, no  princípio, mas gradualmente sua autoconfiança cresceu e sua confiança no  Senhor diminuiu. Em 1 Samuel 15 o Senhor ordenou que Saul e seu exército conquistassem os  amalequitas, uma nação que tinha atacado erradamente Israel séculos antes (veja Êxodo 17). Deus ordenou  que os amalequitas fossem exterminados; nada deveria ser poupado. Em vez disso, Saul poupou o rei e os melhores  animais. Agindo assim, ele pecou.
Deus disse a Samuel que  fosse falar com Saul, que estava erigindo um monumento a si mesmo (1  Samuel 15:10-12). Quando Samuel se aproximou, Saul abriu a boca: “Bendito sejas tu do SENHOR; executei as  palavras do SENHOR” (15:13). Ele parecia muito ansioso para assegurar a  Samuel de que a ordem tinha sido cumprida. Samuel respondeu perguntando pelo som de bois mugindo e ovelhas balindo. Este  era o ponto crítico. O que faria Saul quando confrontado com seu pecado? Saul defendeu-se (15:15). Ele  explicou que era o povo que tinha poupado os animais. Ele raciocinou que isso era por uma boa causa: sacrificar ao  Senhor. Desde Adão até agora, os pecadores têm tentado afastar a culpa e dar desculpas pela sua desobediência. É  duro aceitar a responsabilidade pelos próprios atos.
Samuel repreendeu Saul,  contrastando sua primitiva humildade com a vontade própria e o orgulho  que ele, então, estava demonstrando (15:16-18). Essa dura reprovação penetraria as  defesas de Saul e faria com que ele se humilhasse e se arrependesse? Não, Saul endureceu seu coração. Ele  reiterou suas desculpas, alegando que tinha de fato obedecido ao Senhor. Ele insistiu que não era sua culpa, uma vez  que o povo é que tinha poupado os animais e que tudo, afinal, era para sacrificar. A consciência de Saul era  impenetrável. Mais tarde Saul recitaria a palavra “Pequei”, mas somente porque ele queria que Samuel voltasse e o honrasse  diante do povo, não porque estivesse arrependido de fato.
Como resultado do coração  impenitente de Saul (note Romanos 2:5), Deus afastou Seu espírito de  Saul, e um espírito mau entrou nele. Dai em diante, a vida de Saul foi torturada e arruinada  pela culpa. Ele se tornou paranóico, suspeitando de seu genro, Davi, e tramando matá-lo (veja Samuel  20:30-33). Ele assassinou 85 sacerdotes de Deus (1 Samuel 22) e resolveu consultar uma feiticeira (1 Samuel 28).  Finalmente, ele se suicidou (1 Samuel 31). Saul demonstra o que acontece a uma pessoa que se recusa a confessar e  arrepender-se do pecado. A culpa leva à insanidade.
Davi
Como Saul, Davi era humilde e  justo quando foi escolhido para ser rei. Ele se tornou um governante  popular e capaz, abençoado com vitórias militares e prosperidade. Infelizmente, o pecado  entrou. Davi viu Bate-Seba, a mulher de um vizinho, enquanto ela se banhava. Inflamado pela cobiça, Davi indagou a  respeito dela e soube que era a esposa de um dos seus mais condecorados soldados. Ele convidou-a ao palácio e  cometeram adultério. Depois ela voltou para casa.
Cedo ou tarde, o Senhor  confronta-nos com nossos pecados. Bate-Seba engravidou e mandou avisar  Davi que ele era o pai. Em vez de admitir seu pecado, Davi chamou o esposo dela,  Urias, da batalha e lhe disse que fosse para casa. Davi queria fazer com que a criança parecesse legítima. Por  respeito aos seus camaradas, Urias se recusou a passar a noite com sua esposa. Frustrado, Davi enviou um recado, pela  própria mão de Urias, para o comandante do exército, Joabe, para metê-lo na frente da batalha e, então,  retirar-se dele. Deste modo, Urias foi assassinado e Davi tomou Bate-Seba como sua esposa.
A melhor coisa a fazer  quando pecamos é admitir e nos arrepender. Davi não o fez. Em vez disso,  ele tentou encobrir seu pecado e fazer com que parecesse que nada de errado tivesse  acontecido. Assim, o Senhor tomou medidas mais fortes para levar Davi ao arrependimento. O profeta Natã foi a Davi e o  condenou por seu pecado. Ele advertiu a Davi que ele tinha cometido tanto adultério como assassinato e que o Senhor o  puniria severamente: (1) a criança morreria; (2) a espada nunca se afastaria de sua família; (3) as suas  próprias concubinas seriam violadas à vista de todos.
Até este ponto, Saul e Davi  eram iguais. Ambos pecaram. Um profeta foi enviado a cada um deles para  condená-los pelo seu pecado. Ambos os profetas (Samuel e Natã) anunciaram o  julgamento contra eles. É aqui que a diferença entre os dois homens pode ser vista. Saul tentou desculpar-se e afastar a  culpa. Davi disse: “Pequei contra o Senhor… contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus  olhos…” (2 Samuel 12:13; Salmos 51:4). Ele implorou perdão e restauração de sua relação com o Senhor  (veja Salmo 51). Portanto, Deus perdoou a Davi (2 Samuel 12:13). 
Que diferença o  arrependimento faz! A vida posterior de Saul foi atormentada pela culpa,  levando-o a paranóia, ciúmes e depressão. Seu reinado, começado tão esperançoso, terminou em  suicídio. Davi, por outro lado, ainda que enfrentasse terríveis conseqüências de seu pecado (morte da criança,  discórdia na família, estupro de suas concubinas), foi purificado de sua culpa e não foi atormentado pelos  distúrbios mentais como Saul. Ainda que mortificado pelo horror de seu pecado, ele continuou a ter amizade com  Deus e a servi-lo fielmente.
Aplicação para nós
O Salmo 32 registra as  meditações de Davi com respeito a seu pecado:
Versículos 1-2: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é  perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR  não atribui iniqüidade, e em cujo espírito não há dolo.” Davi regozijava-se com seu perdão, e sentiu aliviado por ter sido limpo.  Contudo, o perdão não é automático. Ele chega àquele em cujo espírito não há engano: àquele cujo arrependimento é  honesto, sincero e real.
Versículos 3-4: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram  os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o  meu vigor se tornou em sequidão de estio.” Davi se lembrava da agonia do pecado não  confessado. Sua consciência não tinha descanso. Ele se sentia esvaziado, exausto. Ainda que confessar o pecado seja  duro, uma recusa desavergonhada a aceitar a responsabilidade por ele é ainda mais forte com o passar do tempo. A  culpa tortura.
Versículo 5: “Confessei-te o meu pecado e a minha  iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu  pecado.” Perdão! Alívio! Paz! Quando Davi confessou foi como se a pressão da água atrás de uma represa  fosse aliviada pela abertura de uma comporta.
Versículo 7: “Tu és meu esconderijo; tu me preservas da  tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento.” Você vê o que a confissão e o perdão podem  fazer? Admiravelmente, essa é a mesma pessoa descrita nos versículos 3-4. Ver a alegria do perdão deverá motivar-nos ao  arrependimento e confissão dos nossos pecados ainda que seja difícil.
Versículos 8-9: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que  deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais  com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem.” Davi contrasta o  homem que responde ao simples olhar do Senhor com o homem parecido com a mula! Esse precisa de freio e rédea  para fazer com que obedeça. Talvez ele estivesse pensando como teria sido melhor se ele tivesse se arrependido e  confessado o seu pecado imediatamente, em vez de esperar até que Natã tivesse que lhe “bater” na cabeça.  Algumas crianças são bastante sensíveis e, sendo assim, um olhar duro as corrige na hora, enquanto outras exigem diversas  boas surras. Estaremos muito melhor sendo sensíveis à mais leve indicação da desaprovação do Senhor em vez  de precisar de castigo severo para nos corrigir.
E quanto a nossos pecados? A  diferença entre aqueles que seguem o Senhor e aqueles que não seguem,  não está em seus pecados ‒ todos pecam. A diferença está no que eles fazem após  pecarem. O que acontece quando alguém aponta o pecado em nossa vida ou quando lemos na Bíblia que o que  estamos fazendo é errado? Agimos como Saul: afastando a culpa, dando desculpas, tentando defender-nos? Agimos como  Davi: admitindo humildemente nossos pecados e nos arrependendo quando a repreensão de um irmão nos força a  enfrentá-los? Ou melhor ainda: desenvolveremos sensibilidade ao Senhor e a sua palavra de modo que  vejamos nossos próprios pecados e imediatamente venhamos a confessá-los, nos arrepender e pedir o perdão  ao Senhor?
Todos pecam. A diferença  entre os homens está em como eles respondem aos seus pecados.
-por Gary Fisher
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